Índice de Capítulo

    Hora da Recomendação, leiam Fagulha das Estrelas. O autor, P.R.R Assunção, tem me ajudado com algumas coisas, então deem uma força a ele ^^ (comentem também lá, comentários ajudam muito)

    Talvez passe a usar mais esse espaço para recomendar outras obras (novels ou outras coisas que eu achar interessante ^^)

    As chamas esverdeadas surgiram como uma maré repentina, inundando o vasto salão de assembleias em um instante e começando a se espalhar por todos os cultistas presentes — como se o fogo estivesse se acumulando no navio por um tempo incontável, seu surgimento acompanhado pelo rugido do vento e do trovão!

    Gritos de espanto e fúria ecoaram de todas as direções. Quase todos os demônios abissais reagiram no momento em que as chamas esverdeadas apareceram. Os demônios mais fracos perderam o controle no local, e mesmo os mais fortes, sob imenso pavor e instinto, se recusaram a obedecer às ordens de seus simbiontes. Fendas abissais escuras começaram a surgir no teto do salão, e os cultistas e sacerdotes arrastados pelos demônios desapareceram gritando naquelas fendas descontroladas. Os poucos “sortudos” restantes tiveram que enfrentar apressadamente o inimigo que invadiu o local.

    Tiros desordenados soaram, e alguns feitiços mágicos insignificantes caíram onde Duncan e Alice estavam.

    Mas as chamas eram como uma muralha. Esses ataques fracos e impotentes não conseguiam sequer se aproximar do fogo antes de perderem a força. As balas, tingidas de verde-espectral nas chamas, caíram inofensivamente no chão. Mísseis e ácido invocados pelo poder demoníaco se transformaram em novas chamas no ar e voaram de volta na direção de onde vieram.

    Alice observava a cena emocionante com os olhos arregalados, surpresa. Ao redor, havia demônios de formas estranhas e cultistas enlouquecidos pelo medo, mas ela não sentia medo. Ela tinha vindo com o capitão para “assistir ao espetáculo”, e o lugar estava realmente animado.

    Mas logo, ela achou que estava barulhento demais.

    Ela olhou na direção dos mais barulhentos, franziu a testa, ergueu a mão e acenou. Fios invisíveis flutuaram e caíram em sua mão. Antes de partirem, o capitão lhe dissera que todas as pessoas naquele salão eram cultistas, e cultistas não podiam ser considerados pessoas.

    Assim, com a senhorita boneca no centro, inúmeros Cultistas da Aniquilação congelaram instantaneamente, com os corpos rígidos, e então, um por um, começaram a ser transformados em bonecos.

    Mas, nesse momento, um som baixo e profundo, como uma batida de tambor, veio de repente do centro do salão. Um poder imenso explodiu, suprimindo momentaneamente o Fogo Espiritual que se espalhava e interrompendo o controle de bonecas de Alice.

    O Santo no palanque finalmente se moveu. Seus pedúnculos oculares se ergueram, e os inúmeros ossos negros entrecruzados estalaram ao redor de seu cérebro como membros articulados dobrados, estendendo-se, expandindo-se e se apoiando. O “corpo”, que antes parecia uma jaula de ossos, rapidamente se transformou em uma forma semelhante a uma aranha. O cérebro assustador era carregado no centro dessa aranha de ossos, balançando, enquanto de seus vasos sanguíneos pulsantes vinha um som de “tum-tum”, que era tanto uma batida de tambor quanto um batimento cardíaco.

    Duncan olhou, um tanto chocado, para o Santo que se levantava subitamente do palanque, observando a aranha de ossos se agarrar à beira da plataforma e emitir uma série de silvos caóticos em sua direção.

    Sua expressão era de surpresa, porque ele não esperava que aquela coisa no palanque pudesse ficar ainda mais feia.

    Mas antes que pudesse fazer qualquer comentário, Duncan e Alice ouviram os gritos de pânico e desespero dos sacerdotes da aniquilação moribundos por todo o salão.

    Eram os cultistas que haviam sobrevivido à primeira onda de demônios descontrolados, que escaparam por sorte da primeira onda de chamas e que, com dificuldade, haviam preservado suas vidas durante a transformação em bonecos de Alice. Em meio aos gritos, seus corpos de repente começaram a inchar, suas formas humanas originais se contorcendo em posturas aterrorizantes e horríveis em um piscar de olhos. Inúmeras marcas pulsantes apareceram sob sua pele, como se um segundo corpo descontrolado tivesse surgido dentro deles e estivesse prestes a romper suas peles.

    Em um instante, os corpos daqueles cultistas se rasgaram, transformando-se em poças de carne e sangue espalhadas pelo chão. Com suas mortes súbitas, os demônios simbióticos ligados a eles também começaram a entrar em colapso e a se desintegrar, um por um.

    Mas os demônios em colapso não se dissiparam diretamente.

    Eles se transformaram em uma fumaça negra esvoaçante, que começou a fluir em direção ao céu acima do palanque no centro do salão.

    O “Santo” ergueu seus membros de osso negro no palanque. A fumaça negra liberada pela morte dos demônios abissais foi absorvida freneticamente por aquele cérebro pulsante. Seu tamanho quase dobrou em um piscar de olhos, e uma aura ainda mais poderosa emanou daquele cérebro, formando vagamente uma barreira de distorção espacial ao redor do palanque.

    “… Você acabou com seus últimos seguidores logo de cara”, disse Duncan, olhando para o palanque, um tanto surpreso. “Isso foi inesperado.”

    “Os fracos não têm utilidade aqui… Eles só se tornariam lenha para suas chamas ou vítimas da Anomalia 099”, a voz do Santo no palanque soou rouca e profunda, seus membros de osso estalando enquanto ele descia lentamente do palanque para o chão. “É melhor que se tornem meu poder… Eu os substituirei e lutarei com você até a morte…”

    Duncan não se deu ao trabalho de ouvir o resto. No meio da frase, ele já havia erguido a mão, e o Fogo Espiritual, que fora suprimido no salão, reacendeu-se em um instante, espalhando-se em direção ao palanque.

    “Você até que investigou bastante”, disse ele, casualmente. “Mas ainda assim, aconselho que coopere. Meu pedido é simples: só quero conversar com o ‘Senhor’ de vocês… E, se possível, gostaria de saber para onde este navio está indo.”

    “Entendo… Você é realmente muito perigoso para nós, ‘Capitão Duncan'”, o Santo moveu seus longos membros articulados, avançando enquanto resistia à erosão das chamas. “Sendo assim, não posso deixar que consiga o que quer… Senhor, abençoe-me!”

    A assustadora aranha de ossos soltou um rugido baixo, e o espaço ao seu redor pareceu se distorcer brevemente. As chamas espirituais que quase o incendiaram foram novamente repelidas por um momento. Em seguida, ele saltou alto e, com uma postura de quem busca a aniquilação mútua, atirou-se violentamente contra Duncan, o mestre daquele mar de fogo.

    “Chegou a hora do martírio!”

    O monstro disforme e assustador gritou fanaticamente, repelindo com um poder espantoso todas as chamas que se espalhavam pelo ar. Como um meteoro negro, ele se chocou, destemido e corajoso, contra aquela “Sombra do Subespaço” que aterrorizava o mundo!

    Duncan estendeu a palma da mão em direção ao monstro. O Fogo Espiritual, que fora repelido, se uniu no ar, interceptando a trajetória de queda do oponente, parecendo que no segundo seguinte envolveria completamente a aranha de ossos.

    Mas o Santo fez uma curva repentina no ar.

    Com um ângulo quase inacreditável, o monstro mergulhou abruptamente. Com um estrondo ensurdecedor, ele atravessou o chão do salão, abrindo um buraco impressionante. Ele caiu reto, escavando freneticamente as camadas de convés abaixo e desaparecendo da vista de Duncan e Alice em um piscar de olhos.

    Duncan: “…?”

    Alice: “…?”

    Tudo aconteceu rápido demais. Nem a cabeça de madeira de Alice, nem mesmo Duncan, conseguiram reagir.

    Afinal, ele já tinha visto mártires e cultistas fanáticos antes, mas era a primeira vez que via alguém desistir do martírio no meio do caminho. Neste mundo onde os deuses realmente existem, como um crente de nível Santo podia dar um bolo em seu “Senhor”?

    Alice virou a cabeça, confusa, olhou para Duncan, depois para o grande buraco no centro do salão, cujas bordas ainda ardiam com chamas espectrais, e finalmente soltou:

    “Ele… fugiu?”

    ‘Fugir? Neste vasto e infinito mar, em um navio completamente corroído e queimado pelo fogo espiritual, para onde aquele “Santo” poderia correr?’

    Duncan franziu a testa. O som alto de conveses e paredes sendo escavados e de algumas estruturas de suporte sendo quebradas ainda vinha de baixo. De repente, ele entendeu.

    “Não, aquele sujeito não está fugindo. Ele vai destruir este navio!”


    Cavando, cavando, sempre mais para o fundo. A casa de máquinas estava logo à frente.

    ‘O mais rápido possível, o mais rápido possível. Antes que aquele capitão fantasma perceba, antes que as chamas espirituais ardentes me alcancem.’

    O fundo do navio estava próximo. Depois das últimas camadas de piso e paredes, depois de passar pela área de dutos… lá estava a nitroglicerina que ele havia mandado seus homens entregarem.

    ‘Basta detonar a nitroglicerina no núcleo a vapor, e a reação em cadeia resultante da perda de controle do reator será suficiente para destruir o navio inteiro. Então… o “Santuário” estará seguro.’

    A enorme e assustadora aranha de ossos escavava rapidamente dentro do navio colossal. Seguindo sua memória, ele rasgou as placas de aço, os dutos e todas as divisórias pelo caminho. Este navio, construído a um custo altíssimo e outrora considerado um símbolo de orgulho pelo culto, estava sendo rapidamente destruído por sua escavação, transformando-se em uma pilha de sucata irreparável.

    Mas o “Santo” não hesitou nem um pouco. Ele continuou a acelerar, abrindo um caminho pelas entranhas daquele monstro de aço a uma velocidade ainda maior.

    Na perscrutação do destino, ele já havia vislumbrado sua própria morte, a morte de todos.

    Os cultistas fracos morreriam gritando, sua carne e sangue queimariam nas chamas. Ele mesmo não sobreviveria, pois a névoa já havia encoberto completamente todas as direções possíveis. Quando se está na borda da sombra, mudar o curso pode ser útil, mas se o navio inteiro já está mergulhado na escuridão sem fim, escolher outra direção não faz mais sentido.

    Confrontar aquele capitão fantasma era imprudente. Na mais clara visão do destino, o “Santo” já tinha visto sua derrota rápida e sem sentido.

    Já que o fim era inevitável, era melhor fazer algo mais ousado.

    Pelo menos, ele não podia deixar que este navio caísse nas mãos daquele “capitão”, não podia deixar que o segredo do “Santuário” fosse revelado. Caso contrário, seu pecado seria imperdoável.

    A última parede desabou diante de seus olhos com um estrondo.

    A cabine profunda que abrigava o núcleo a vapor finalmente apareceu em sua visão.

    A aranha de ossos praticamente tropeçou para dentro do local, pousando em uma plataforma cercada por inúmeros dutos, válvulas e painéis de controle.

    Ele ergueu os múltiplos pedúnculos oculares na borda de seu corpo e examinou a sala.

    Como esperado, não havia mais cultistas vivos ali — apenas alguns corpos caídos em um espaço aberto não muito longe. Perto dos painéis de controle e das válvulas, podiam-se ver algumas sombras distorcidas, com formas humanas, “impressas” na superfície dos equipamentos mecânicos.

    O “Santo” não “lamentou” por aqueles irmãos mortos.

    Ele já havia encontrado o que procurava: os explosivos estavam empilhados no final da plataforma.

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