Índice de Capítulo

    Hora da Recomendação, leiam Fagulha das Estrelas. O autor, P.R.R Assunção, tem me ajudado com algumas coisas, então deem uma força a ele ^^ (comentem também lá, comentários ajudam muito)

    Talvez passe a usar mais esse espaço para recomendar outras obras (novels ou outras coisas que eu achar interessante ^^)

    Duncan olhou para a cabeça de bode na caixa de madeira. A cabeça de bode na caixa, como uma verdadeira escultura de madeira, encontrou seu olhar sem vida ou reação.

    Duncan não se surpreendeu. No momento em que Alice, toda confusa, chegou ao convés com uma caixa de madeira que não abria e que obviamente tinha sido selada com cuidado, ele já tinha adivinhado que dentro dela estava o que ele procurava.

    Afinal, a pontuação que a bela simplória perdia na cabeça tinha que ser compensada de outras formas, como a força das mãos, o otimismo e também a boa sorte.

    “É o Cabeça de Bode!”, Alice espiou dentro da caixa e, finalmente percebendo o que tinha encontrado por acaso, arregalou os olhos de surpresa. “É aquele que os cultistas tinham? Parece exatamente igual ao Cabeça de Bode do Banido!”

    Duncan não disse nada, apenas observava atentamente os detalhes daquele “Crânio dos Sonhos”. Ao lado, Lucretia se agachou e cutucou a cabeça de bode na caixa com sua pequena “batuta de maestro”, franzindo suas belas sobrancelhas. “Sem reação… Também não vejo características de ‘vida’, e não parece emitir nenhuma aura especial?”

    “Como um verdadeiro pedaço de madeira”, Duncan assentiu, pegando a escultura da cabeça de bode da caixa e pesando-a nas mãos. “… Então era tão leve assim.”

    “Você nunca tirou o Cabeça de Bode do Banido da base dele?”, Lucretia olhou para Duncan com surpresa ao ouvir isso. “Parece que ele está apenas colocado sobre a mesa…”

    “Eles estão conectados. O Cabeça de Bode é parte integrante do Banido”, Duncan balançou a cabeça imediatamente. “Embora a cabeça dele possa girar, ela não pode ser removida da mesa.”

    Foi a primeira vez que Lucretia ouviu esse detalhe, e pareceu achar aquilo bastante incrível. Ao lado, Alice, depois de ouvir as palavras do capitão, de repente pareceu pensativa e, em seguida, bateu palmas. “Então é por isso!”

    Duncan virou a cabeça imediatamente. “Hã?”

    “Eu estava me perguntando por que da última vez que tentei tirar a cabeça do primeiro-imediato da mesa ele resistiu tanto. Ele ainda resmungou um monte de coisas para mim, embora eu não me lembre do que ele disse…”

    Duncan ficou boquiaberto. “Por que você queria tirar a cabeça do primeiro-imediato da mesa?”

    “Eu queria limpar a mesa, oras”, disse Alice com a maior naturalidade. “E de quebra queria levá-lo para a copa para lavar… mas não consegui tirar.”

    Duncan: “…?”

    Ele já não queria nem imaginar como seria aquela cena. Sorte que a força daquela boneca não era tão grande! Se fosse Vanna, Sasroka provavelmente já teria morrido pela terceira vez…

    Lucretia notou de repente que a expressão no rosto de seu pai mudou rapidamente algumas vezes.

    “O que foi?”, ela não pôde deixar de perguntar, preocupada.

    “… Acho que não avisei às outras pessoas no navio que a cabeça do Cabeça de Bode é fixa na mesa e não pode ser removida.”

    “A senhorita Vanna é uma pessoa calma, não deve entrar na sua cabine sem motivo.”

    Duncan ficou confuso. “Por que você pensou em Vanna em primeiro lugar?”

    Lucretia ficou paralisada por dois segundos, depois olhou para Duncan com uma expressão um tanto estranha. “E em quem você pensou?”

    Duncan pensou um pouco e decidiu que era melhor não continuar discutindo aquele tópico cada vez mais cômico. Ele voltou sua atenção para o “Crânio dos Sonhos” à sua frente.

    “Isso deve ser de fato outro fragmento de Sasroka, caso contrário, aqueles cultistas não o teriam selado com tanto cuidado. Mas fragmentos e fragmentos são diferentes, nem todo ‘Cabeça de Bode’ tem uma sanidade completa.”

    Enquanto falava, ele colocou a cabeça de bode de madeira preta de volta na caixa e fechou a tampa. A Anomalia 132 imediatamente pulou do convés ao lado, prendeu-se ao fecho da caixa e se trancou com um clique.

    “Primeiro, preciso enviar isso de volta para o Banido e ver o que acontece quando o coloco junto com o Cabeça de Bode do navio.”

    “Ei, já vamos voltar?”, Alice reagiu imediatamente, levantando-se com Duncan e olhando curiosamente para o mar distante. “Pensei que íamos seguir este navio diretamente para aquele tal de… ‘porto-mãe’.”

    Quem respondeu foi Lucretia: “Ainda estamos longe da fronteira. Mesmo que este navio navegue na velocidade máxima, levará cerca de uma semana para chegar perto da ‘Cortina’. Não precisamos ficar todo esse tempo neste ‘navio fantasma’ quase totalmente destruído.”

    “Sim”, Duncan assentiu, acrescentando: “Podemos aproveitar esse tempo para transferir os sobreviventes da prisão para a cidade-estado. Depois, se tivermos a oportunidade, entraremos em contato com a Igreja dos Quatro Deuses. Talvez eles também se interessem por um ninho de cultistas escondido na névoa da fronteira. Além disso, ainda tem o ‘Cabeça de Bode’ nesta caixa… Há muito o que fazer.”

    “Você pode voltar primeiro, eu cuido do que restou aqui”, disse Lucretia, tomando a iniciativa. “Eu tenho mais… ‘experiência em lidar com as consequências’ neste tipo de situação.”

    Duncan apenas assentiu levemente, sem dizer muito.

    Ele sabia que, como uma “Bruxa” que vagou pelo Mar Infinito por um século, a experiência de Lucretia já estava muito além da de uma pessoa comum. Cidades-estado atingidas por desastres, equipes de exploração em apuros, navios amaldiçoados e vítimas de cultos sequestradas e sacrificadas — para ela, tudo isso já era “experiência” com a qual ela tinha lidado.

    Ela sabia como cuidar daqueles sobreviventes que estavam à beira do colapso, tanto física quanto mentalmente.

    “Então, Alice e eu retornaremos primeiro ao Banido”, Duncan assentiu para Lucretia e depois bateu na amurada ao seu lado. “Este navio retornará ao seu porto-mãe por conta própria, você não precisa se preocupar com ele. Depois de resolver as coisas aqui, deixe aquele ‘sinalizador artificial’ no navio, para que eu possa monitorar o estado do navio a qualquer momento e retornar aqui quando for a hora certa.”

    Lucretia abaixou a cabeça. “Entendido.”

    O crepitar de chamas soou do nada no convés. Quando ela levantou a cabeça novamente, um portal de fogo giratório já tinha aparecido diante dela.

    Alice, segurando a grande caixa de madeira (e sua série de “espólios”), foi a primeira a entrar no fogo giratório. Em seguida, Duncan acenou para ela, e seu corpo em chamas espirituais se transformou em um rastro de fogo em um piscar de olhos, desaparecendo dentro do portal.

    E no lugar onde Duncan estava, um resquício de fogo continuava a queimar calmamente no ar, encolhendo e escurecendo gradualmente, até se transformar em um objeto mágico do tamanho da palma da mão e cair no convés.

    Aquele era o sinalizador artificial feito pela “Bruxa do Mar”.

    Lucretia deu um passo à frente e pegou o “sinalizador” do convés.

    Era um pequeno boneco de madeira — esculpido a partir de um pedaço de madeira da amurada do Banido. Dentro dele, havia uma mecha de cabelo de Duncan. Foi grosseiramente esculpido à imagem de Duncan: vestindo um uniforme de capitão da era antiga, com um chapéu de capitão sombrio e um bigode imponente.

    O estilo geral do boneco parecia um tanto exagerado, mas exagerado na medida certa.

    Lucretia passou uma noite inteira fazendo aquele boneco. Para uma bruxa que criou uma “legião de servos” inteira, essa tarefa não era complexa. E aquela incrível criação mágica podia conter um traço do poder de seu pai — embora a “capacidade” fosse muito, muito pequena, era suficiente para substituir um corpo humano e permitir que seu pai abrisse um portal de fogo perto de onde o sinalizador estivesse, sem precisar criar um novo “avatar”.

    O pai não queria mais ocupar outros corpos para criar “avatares”. Para Lucretia, isso era algo muito bom, e por isso ela estava mais do que feliz em usar sua especialidade para ajudar o pai a resolver os “inconvenientes da vida” que isso trazia.

    No convés, as chamas remanescentes do portal de fogo se dissiparam gradualmente.

    Lucretia pegou o pequeno boneco de madeira com a aparência de Duncan, levantou-o sob a luz do sol e o examinou por um tempo. Então, de repente, como se estivesse fazendo algo escondido, ela olhou rapidamente para os lados.

    Claro que não haveria mais ninguém ali.

    Então, a senhorita “Bruxa” desviou o olhar, foi para um canto, hesitou por um momento e esticou o dedo para cutucar a cabeça do boneco.

    O boneco não teve nenhuma reação.

    Ela estendeu a mão novamente, cutucou o bigode do boneco, cutucou o chapéu de capitão exagerado — ela sorriu, e a expressão em seu rosto tornou-se gradualmente alegre.

    O boneco de repente levantou a cabeça e disse com uma voz resignada: “É divertido?”

    Lucretia: “…”

    Momentos depois, o coelho Rabi, que estava saindo do compartimento para se reportar à sua senhora, ouviu um grito que nunca tinha ouvido em sua vida, ecoando por todo o convés.


    O som de metal tilintando quebrou a calma no convés do Banido.

    Duncan olhou, um tanto resignado, para Alice, que andava de um lado para o outro no convés com seus “espólios”. “Dê-me a caixa. Você pode levar seus ‘espólios’ para a cozinha primeiro.”

    “Oh!”

    A boneca respondeu alegremente, entregou a caixa com o “Crânio dos Sonhos” para Duncan e, com um som de tilintar, caminhou em direção à cozinha.

    O barulho das facas de cozinha, espátulas e colheres de ferro finalmente se distanciou.

    Duncan, segurando a caixa com o “Crânio dos Sonhos”, observou as costas de Alice se afastando alegremente. Sentindo a informação vinda do sinalizador artificial em algum mar distante e desconhecido, uma expressão sutil e resignada apareceu em seu rosto. Ele balançou a cabeça e suspirou, sem saber se ria ou chorava.

    “… Deixa pra lá, contanto que ela esteja feliz.”

    Ele se virou e caminhou em direção ao convés da popa. Assim que abriu a porta da cabine do capitão, encontrou o olhar do Cabeça de Bode.

    Parecia que, antes mesmo de ele abrir a porta, o Cabeça de Bode já tinha virado o olhar para a entrada. Agora, seus olhos de obsidiana esculpida estavam profundos. Pela primeira vez, este “primeiro-imediato”, geralmente tagarela e informal, não recitou sua introdução vertiginosa. Seu olhar estava fixo na caixa que Duncan segurava, como se já previsse o que era.

    “Parece que você sentiu”, Duncan caminhou até a mesa de navegação e colocou a grande caixa de madeira sobre ela. “Eu trouxe um presente para você.”

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