Índice de Capítulo

    Hora da Recomendação, leiam Fagulha das Estrelas. O autor, P.R.R Assunção, tem me ajudado com algumas coisas, então deem uma força a ele ^^ (comentem também lá, comentários ajudam muito)

    Talvez passe a usar mais esse espaço para recomendar outras obras (novels ou outras coisas que eu achar interessante ^^)

    Sob o olhar de Duncan, a Anomalia 132 – “A Fechadura”, muito sensata, abriu-se sozinha, soltou-se do fecho e pulou para o outro lado da mesa, onde não atrapalharia.

    Duncan abriu a grande e escura caixa de madeira, tirou a cabeça de bode esculpida de dentro e a colocou sobre a mesa de navegação.

    O “primeiro-imediato” na beirada da mesa virou a cabeça e olhou fixamente para aquela escultura de madeira que era “idêntica” a ele. Os dois pares de olhos, como se esculpidos em obsidiana, se encararam. Depois de um longo tempo, ele soltou uma longa exclamação: “Uau…”

    Duncan ergueu as sobrancelhas. “Só isso de exclamação?”

    “Foi tão impactante que só consegui pensar nisso na hora”, a cabeça do Cabeça de Bode girava em sua base, como se tentasse observar sua “outra cabeça” de diferentes ângulos. Ele esticou o pescoço o máximo que pôde, resmungando enquanto olhava: “Eu senti algo vagamente quando você voltou ao navio, e eu sabia que você traria este ‘Crânio dos Sonhos’ daquele navio. Não estou surpreso com isso, mas a sensação de vê-lo pessoalmente ainda é incrível. Pensar que realmente existe um outro eu…”

    Ele parou de repente, parecendo um pouco confuso. “Por que ele não se mexe?”

    “Você está me perguntando?”, Duncan respondeu com uma expressão estranha. “É a sua própria cabeça.”

    “Mas eu também não o conheço bem”, o tom do Cabeça de Bode era especialmente presunçoso. “Antes desta viagem para Porto Brisa, eu nem sabia que tinha uma espinha dorsal…”

    Duncan ficou sem palavras. “…”

    Uma atmosfera estranha e embaraçosa durou alguns segundos, até que o Cabeça de Bode finalmente se moveu novamente. Ele esticou o pescoço em direção ao “Crânio dos Sonhos”. “Você pode aproximá-lo um pouco mais?”

    “Assim?”, Duncan aproximou o inerte “Crânio dos Sonhos” do Cabeça de Bode, observando com curiosidade. “Sente alguma coisa?”

    “… Que tal aproximar um pouco mais?”

    Duncan aproximou mais um pouco, e depois mais um pouco. Finalmente, ele encostou o “Crânio dos Sonhos” diretamente na testa do Cabeça de Bode, fazendo as duas cabeças de madeira se tocarem. “Pronto, isso é perto o suficiente, não é? Afinal, você sentiu alguma coisa ou não?”

    “Tire, tire… já está perto o suficiente”, o Cabeça de Bode gritou enquanto torcia o pescoço. Só depois que Duncan colocou o “Crânio dos Sonhos” de volta na mesa é que ele soltou um suspiro muito humano e resmungou: “Ainda não sinto nada… Além de poder sentir fortemente a ‘existência’ dele, não consigo estabelecer nenhuma ‘comunicação’ com esta cabeça, nem sentir qualquer pensamento ou memória nela. E ela não me responde…”

    Ele parou para pensar seriamente e balançou a cabeça. “Parece que é apenas uma casca vazia. Além da ‘existência’ e da ‘mesma origem’, não parece ter nenhuma conexão comigo.”

    Ouvindo a descrição do Cabeça de Bode, Duncan franziu a testa profundamente.

    “Esta situação é um pouco inesperada”, disse ele, franzindo a testa. “Afinal, este é outro fragmento de Sasroka. Mesmo que seja uma parte mais incompleta, deveria ter algo de especial. E o ritual de ‘sacrifício’ daqueles cultistas também provou que este ‘Crânio dos Sonhos’ tem ‘atividade’… Como é que, depois de entrar em contato com você, ele não tem mais nenhuma reação?”

    “Não sei, mas pelo menos posso ter certeza de que esta cabeça é absolutamente real. Eu realmente posso sentir sua ‘existência’. É uma sensação muito sutil, não sei como explicar a você…”, disse o Cabeça de Bode, e então acrescentou, com uma certa suposição: “Talvez o método de contato esteja errado? Ou… será que o ritual de sacrifício bagunçado daqueles cultistas quebrou esta cabeça? Afinal, aqueles desgraçados estavam usando o sangue de elfos para estimular o ‘Crânio dos Sonhos’…”

    Duncan parecia sério, com um olhar pensativo. Ao mesmo tempo, ele olhou para o Cabeça de Bode. “Aqueles cultistas eram de fato uns desgraçados. Mas você não se sente estranho ao falar sobre sua outra cabeça ter sido ‘quebrada’?”

    “Claro que me sinto, mas não consigo encontrar a palavra certa”, o tom do Cabeça de Bode era bastante resignado. “Quem mandou eu estar neste estado agora, todo em pedaços…”

    Duncan: “…”

    Ele descobriu que, desde o fim do incidente em Porto Brisa, seu primeiro-imediato tinha mudado um pouco. O ponto mais notável era que ele estava com o coração tão leve que parecia ter tido um infarto…

    Duncan balançou a cabeça, afastando os pensamentos estranhos que surgiram em sua mente, e então bateu com a mão no inerte “Crânio dos Sonhos”.

    “De qualquer forma, o estado atual deste ‘Crânio dos Sonhos’ definitivamente não está certo. Talvez seja realmente por causa das ‘operações’ daqueles cultistas que ele sofreu alguma mudança, ou talvez ainda não tenhamos encontrado o método correto para ativá-lo, ou… ‘falte’ algo nele. De qualquer forma, vou deixá-lo aqui por enquanto, para você observar suas mudanças. O que você acha?”

    “Tudo conforme suas ordens”, disse o Cabeça de Bode imediatamente. “E eu também estou muito curioso sobre o que está acontecendo com esta cabeça. Deixando-a aqui, posso estudá-la quando tiver tempo.”

    Duncan assentiu levemente. “Muito bem.”

    Em seguida, ele ergueu o olhar para a janela.

    Um terço do sol poente já tinha mergulhado abaixo do horizonte. Sem que percebessem, o crepúsculo se aproximava. O brilho dourado e vermelho remanescente do Fenômeno 001 se espalhava magnificamente pelo Mar Infinito. Na outra direção, a luz dourada emitida pelo “corpo geométrico de luz” perto de Porto Brisa tornava-se ainda mais brilhante com a chegada do crepúsculo. Entre a luz do sol que se cruzava, a silhueta da cidade-estado distante parecia um pouco nebulosa.

    Por quanto tempo essa paisagem pacífica do pôr do sol poderia durar?

    Por alguma razão, esse pensamento surgiu de repente na mente de Duncan. Mas logo em seguida, ele soltou um leve suspiro e deixou esses pensamentos de lado.

    “Vou para o meu quarto descansar um pouco primeiro. Quando Lucretia terminar o que tem para fazer, irei com ela à cidade novamente. Enquanto isso, cuide bem do Banido.”

    “Sim, capitão.”

    Duncan assentiu, levantou-se e caminhou em direção à porta do quarto no fundo da cabine do capitão. Mas de repente ele parou e olhou para o Cabeça de Bode na mesa com curiosidade. “Você disse que vai ‘estudar’ este Crânio dos Sonhos. Como pretende estudá-lo? Você nem tem mãos.”

    “Essa é uma boa pergunta”, o Cabeça de Bode começou a ponderar. Momentos depois, ele ergueu a cabeça com confiança. “De qualquer forma, vou tentar conversar com ele primeiro. Talvez essa cabeça tenha ficado introvertida por causa daqueles cultistas. Se eu conversar com ela, talvez consiga resolver seus problemas…”

    Duncan perdeu imediatamente qualquer esperança no “estudo” do Cabeça de Bode.

    Mas ele não disse nada, apenas lançou um olhar de “boa sorte” para o Cabeça de Bode, acenou e entrou no quarto.

    Com um baque, a porta de madeira escura se fechou.

    Na cabine do capitão vazio, restaram apenas as duas cabeças de bode de madeira na mesa, cada uma em seu silêncio.

    Esse silêncio durou um tempo desconhecido, até que o Cabeça de Bode finalmente virou a cabeça e olhou para o imóvel “Crânio dos Sonhos”.

    “… Você já ouviu falar das dezoito culinárias do Mar Infinito?”


    Depois de cochilar por apenas alguns minutos, Duncan foi subitamente despertado por um zumbido vindo de algum lugar.

    Ele se levantou rapidamente da cama, mas nesse momento, dentro e fora da cabine, tudo já estava quieto novamente.

    No quarto escuro, apenas uma lamparina sobre a mesa emitia uma luz que parecia um tanto insuficiente. Do lado de fora da janela próxima, estava tudo escuro, como se a noite já tivesse caído há muito tempo. Do lado de fora da porta, estava tudo silencioso, e nenhum som podia ser ouvido do corredor ou do convés.

    Duncan sentou-se na beirada da cama na escuridão. Uma sensação de opressão de origem desconhecida surgiu sutilmente. Ele se lembrou do que aconteceu antes de voltar para o quarto para descansar e, em seguida, percebeu a dissonância no ambiente.

    Estava quieto demais — nem mesmo o som das ondas batendo no casco do navio podia ser ouvido. E a “noite” do lado de fora da janela parecia escura demais, sem o brilho remanescente da “luz do sol” transmitida pelo corpo geométrico de luz perto de Porto Brisa, nem a luz fria da Criação do Mundo iluminando a superfície do mar.

    Duncan franziu a testa e, de repente, sentindo algo, levantou-se rapidamente da cama e foi até a janela ao lado da escrivaninha.

    Na escuridão do vazio sem fim, um fluxo de luz caótico e sombrio passou silenciosamente do lado de fora da janela, muito distante. No espaço brevemente iluminado pelo fluxo de luz, alguma sombra enorme e disforme apareceu lentamente no horizonte, rolando silenciosamente.

    Subespaço!

    O coração de Duncan deu um salto. Ele percebeu instantaneamente o que tinha acontecido.

    Depois de tanto tempo, ele tinha “vagado” para o Subespaço novamente?!

    Ele ainda se lembrava da primeira vez que entrou no Subespaço, lembrava que também foi depois de um “cochilo”, e lembrava que na época pensou que era um “sonho” estranho. Aquela também foi a única vez que ele entrou neste “espaço-tempo” considerado tabu pelo mundo. Depois disso, muito tempo se passou, tanto tempo que ele quase tinha se esquecido do assunto.

    Agora, a mesma coisa aconteceu novamente.

    Duncan franziu a testa e aumentou silenciosamente sua vigilância. Primeiro, ele invocou uma bola de fogo e a escondeu em sua mão, depois caminhou cautelosamente em direção à porta.

    Ele não trataria mais isso como um “sonambulismo”.

    Porque ele sabia que não sonhava. Embora não soubesse o motivo por trás disso, “sonhos” não pareciam pertencer a ele.

    Ele chegou à porta do quarto, escutou os sons do lado de fora e, em seguida, abriu a porta lentamente.

    Do lado de fora, estava a cabine do capitão, escura e silenciosa. O outro “Banido”, em ruínas, apareceu em sua visão como da última vez, mostrando a decadência de um século de abandono por toda parte. As prateleiras vazias estavam tortas contra o canto, um espelho oval manchado pendia na parede rachada e manchada, e o chão estava coberto de sombras escuras e suspeitas. A única coisa intacta era a mesa de navegação, solitária no centro da sala, com o misterioso mapa náutico emitindo um leve brilho.

    Uma cabeça de bode de madeira preta estava silenciosamente sobre a mesa, levantando lentamente a cabeça e fixando o olhar em Duncan.

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