Índice de Capítulo

    Hora da Recomendação, leiam Fagulha das Estrelas. O autor, P.R.R Assunção, tem me ajudado com algumas coisas, então deem uma força a ele ^^ (comentem também lá, comentários ajudam muito)

    Talvez passe a usar mais esse espaço para recomendar outras obras (novels ou outras coisas que eu achar interessante ^^)

    Apesar de ter passado muito tempo desde sua última entrada no Subespaço, Duncan ainda se lembrava claramente que, no “Banido em Ruínas” deste lado, não havia um Cabeça de Bode na cabine do capitão.

    Na mesa de navegação daqui, havia apenas um mapa náutico que exibia uma rota estranha e suspeita.

    No entanto, agora, uma cabeça de bode preta estava silenciosamente sobre a mesa de navegação, observando-o em silêncio na penumbra. Ao mesmo tempo, Duncan podia ter certeza de que, no instante em que a porta do quarto se abriu, aquela cabeça de bode preta fez um movimento para virar o olhar em sua direção.

    Era uma criatura viva, estava reagindo a estímulos externos!

    Duncan rapidamente controlou a expressão em seu rosto. Enquanto observava com cautela os movimentos da cabeça de bode que o encarava fixamente, ele saiu do quarto e se aproximou lentamente da mesa de navegação. E, com seus movimentos, a cabeça de bode na mesa de fato reagiu — ela virou lentamente o olhar, mantendo-o sempre fixo em Duncan.

    Duncan franziu a testa de repente.

    A aparência desta cabeça de bode era idêntica à do mundo real, mas a posição estava errada. O “Cabeça de Bode” do mundo real ficava na borda esquerda da mesa, mas este à sua frente estava posicionado um pouco mais ao centro.

    Duncan rapidamente vasculhou suas memórias e logo se lembrou: antes de voltar para o quarto para descansar, ele tinha colocado o “Crânio dos Sonhos” naquela posição.

    ‘O Crânio dos Sonhos? Este é o “Crânio dos Sonhos” que eu trouxe do navio daqueles cultistas? Por que ele está no Subespaço?!’

    Inúmeras conjecturas e pensamentos confusos surgiram instantaneamente em sua mente. Duncan chegou cautelosamente ao lado da mesa de navegação. Ele apoiou as mãos na borda da mesa, com o rosto sério como a água, e observou o “Cabeça de Bode” sobre ela. Este, por sua vez, também ergueu lentamente o olhar, seus olhos vazios encontrando os de Duncan.

    Essa observação silenciosa e vazia era um tanto arrepiante.

    Depois de se encararem em silêncio por alguns segundos, Duncan decidiu quebrar o silêncio. Com o rosto tenso e uma expressão séria, ele cumprimentou o outro: “Olá, eu sou Duncan.”

    A estranha cabeça de bode na mesa abriu a boca: “Olá, você não é Duncan.”

    Naquele instante, Duncan quase não conseguiu controlar sua expressão!

    Mas, felizmente, os nervos de aço forjados pelo convívio diário com um monte de figuras cômicas no navio entraram em ação. Ele conseguiu manter a expressão séria no momento crucial, mas a tempestade em seu coração obviamente não era tão fácil de acalmar. Aquela estranha cabeça de bode tinha falado?!

    E o que era ainda mais chocante do que o fato de ela ter falado era, obviamente, o conteúdo de suas palavras!

    Enquanto controlava a mudança em sua expressão, Duncan se esforçou para perguntar com um tom calmo: “Se eu não sou Duncan, então quem eu sou?”

    “Você é o capitão”, disse a cabeça de bode, que se suspeitava ser o “Crânio dos Sonhos”, calmamente.

    Sua voz ao falar era quase idêntica à do “primeiro-imediato” com quem Duncan estava familiarizado, mas revelava uma estranha melancolia e concisão, o que era muito desconfortável.

    Enquanto se adaptava a essa sensação de desconforto, Duncan olhava para a estranha cabeça de bode com um olhar peculiar. Ele achava as palavras do outro muito estranhas e não pôde deixar de perguntar novamente: “O capitão deste navio não é Duncan?”

    “Você é o capitão”, a cabeça de bode encontrou o olhar de Duncan. “Você não é Duncan.”

    Parecia que ela só sabia dizer isso. Não importava como ele perguntasse, não importava como mudasse o método e o ângulo da pergunta, sua resposta era sempre apenas essas duas frases: a pessoa com quem ela estava falando agora era o capitão deste navio, mas não era “Duncan”.

    Após várias interações, Duncan parou de sondar nesse sentido, mostrando uma expressão pensativa.

    Ele era o capitão deste navio, mas não era Duncan — claro que ele sabia que não era Duncan.

    Ele era Zhou Ming, uma alma errante. O grande explorador chamado Duncan Abnomar era apenas a identidade que ele “ocupava” no momento. O verdadeiro Capitão Duncan já tinha morrido há um século, ele sabia disso.

    Mas, até agora, só ele sabia — ou melhor, o primeiro-imediato Cabeça de Bode no mundo real na verdade também sabia disso, mas nunca dizia.

    Este era um fato que não podia ser revelado no Banido.

    No entanto, esta cabeça de bode à sua frente, suspeita de ser o “Crânio dos Sonhos”, tinha dito isso diretamente.

    Duncan ergueu a cabeça, olhou para a cabine em ruínas ao redor e, através da janela vazia, para os mastros, convés e a amurada distante, todos em pedaços.

    Este Banido em ruínas, navegando no Subespaço, não sofreu nenhuma mudança porque alguém na cabine do capitão tinha revelado o fato de que “o capitão não é Duncan”.

    ‘Será porque aqui é o Subespaço? Porque este navio é apenas uma projeção? Ou porque o “Crânio dos Sonhos” que revelou isso não faz parte do Banido, então sua cognição não afeta a estabilidade do navio?’

    Duncan lentamente desviou o olhar, pousando-o novamente na cabeça de bode sobre a mesa.

    ‘Então, o que exatamente é esta cabeça de bode? É o corpo principal do Crânio dos Sonhos, ou uma projeção do Crânio dos Sonhos no Subespaço? Ou… o Crânio dos Sonhos sempre esteve dividido em duas partes, uma encontrada por aqueles cultistas e a outra sempre permanecendo no Subespaço?’

    Depois de franzir a testa em pensamentos por um momento, Duncan perguntou, de forma experimental: “Quem é você?”

    A cabeça de bode na mesa ficou em silêncio. Depois de um longo tempo, quando Duncan pensou que não responderia, ela de repente abriu a boca: “Eu não sei.”

    Duncan de repente sentiu uma certa curiosidade: “Então, o que você sabe?”

    A cabeça de bode ficou em silêncio por um tempo ainda maior desta vez. No final, a resposta foi a mesma: “Eu não sei.”

    “… Você não sabe de nada, mas sabe que eu sou o ‘capitão’ aqui, e também sabe que eu não sou Duncan”, a expressão de Duncan era um tanto sutil. “Então, você conhece este navio? Sabe onde está?”

    A cabeça de bode não respondeu mais. Ela ficou em silêncio e imóvel, como se tivesse se transformado em uma verdadeira escultura de madeira.

    Duncan gradualmente entendeu que a mente deste “Crânio dos Sonhos” não estava completa.

    Diferente do “primeiro-imediato” do mundo real, este Crânio dos Sonhos parecia reter apenas algumas memórias esparsas e uma função de pensamento fragmentada. Mesmo que aqui no Subespaço ele mostrasse uma certa capacidade de comunicação, essa capacidade se limitava a responder a algumas poucas perguntas. Uma vez que a pergunta “ultrapassava o escopo”, ele entrava em estase.

    Mas, mesmo nessa mente fragmentada, o “Crânio dos Sonhos” sabia que o “capitão” atual deste navio não era “Duncan”.

    Duncan ficou pensativo. Ele já tinha uma vaga suspeita em mente.

    Isso ainda poderia estar relacionado ao “acordo” que o verdadeiro Capitão Duncan fez com Sasroka nas profundezas do Subespaço um século atrás.

    Naquele acordo, o Banido, que já tinha sido quase completamente assimilado e engolido pelo Subespaço, teve sua forma física remodelada pelo “Rei dos Sonhos”. E o Rei dos Sonhos, preso e despedaçado nas profundezas do Subespaço, ganhou uma chance de escapar — embora apenas uma espinha dorsal e um fragmento de crânio tenham escapado, e ainda por cima perdendo quase todas as memórias, Sasroka de fato conseguiu retornar ao mundo real.

    Este Crânio dos Sonhos à sua frente deveria ser um dos fragmentos que não conseguiram escapar do Subespaço naquela época. Ele também passou pelo acordo original e, portanto, sabia o que aconteceu com o verdadeiro Capitão Duncan, mas só tinha memórias fragmentadas sobre isso.

    Duncan instintivamente sentiu que este Crânio dos Sonhos deveria saber mais — mais sobre Sasroka, sobre o Subespaço e sobre o Banido daquela época.

    Mas seu pensamento fragmentado e caótico não conseguia organizar efetivamente aquelas memórias triviais.

    No entanto, bem quando a linha de pensamento de Duncan se movia nessa direção e ele começava a pensar em como guiar este “Crânio dos Sonhos” a responder mais perguntas, uma leve vibração e um ruído estranho vindo de uma direção desconhecida de repente interromperam seus pensamentos.

    O Banido estava tremendo, e algo parecia estar se aproximando do lado de fora da amurada!

    Duncan ergueu a cabeça da mesa instantaneamente, olhando inconscientemente para a janela próxima.

    Uma vasta sombra contínua e uma “terra” pálida e rachada apareceram do nada na escuridão infinita do lado de fora da janela. Aquela enorme estrutura pálida se movia lentamente do lado de fora da janela. Em sua superfície, além de feridas rachadas chocantes, podiam-se ver texturas que lembravam pele.

    O coração de Duncan deu um salto instantâneo, como se tivesse pensado em algo. Ele caminhou rapidamente até a janela e, nesse momento, uma nova estrutura apareceu na “terra pálida” que se movia lentamente do lado de fora: primeiro, uma fenda que se alargava; em seguida, cristais solidificados de um amarelo turvo e escuro; e depois, ocupando quase todo o campo de visão da janela, um enorme tecido ocular.

    Um olho gigantesco estava se movendo lentamente do lado de fora da janela da cabine do capitão.

    Duncan ficou parado na janela, observando aquele olho turvo e único que passava gradualmente diante dele. E, conforme seu campo de visão se movia, ele viu a estrutura ao redor daquele olho: um rosto pálido, não humano.

    Então, seu olhar se estendeu para mais longe, e ele viu o corpo enorme que se estendia e ondulava na escuridão, e a terra despedaçada que estava quase “embutida” ao redor daquele corpo.

    Era o ciclope pálido que carregava a terra despedaçada nas costas no Subespaço!

    Duncan se lembrou de repente: na primeira vez que entrou no Subespaço, ele tinha visto de longe este “indivíduo” impressionante!

    Mas, naquela época, ele apenas passou de longe, sem sequer ter tempo de ver claramente quaisquer detalhes do gigante e da terra que ele carregava. Desta vez, no entanto, o Banido passou quase roçando o rosto do esqueleto do gigante.

    O impacto e o choque desta cena superaram em muito os da última vez. Até mesmo Duncan sentiu-se sufocado por um instante.

    Ele ficou ali, observando o gigante que se movia lentamente do lado de fora da janela, observando aquele olho turvo que estava morto há sabe-se lá quanto tempo.

    Aquele olho turvo e morto também o observava silenciosamente. Conforme o Banido se movia, o globo ocular também se virou lentamente, na escuridão caótica do Subespaço, observando Duncan calmamente.

    Duncan: “…?!”

    Ele piscou os olhos e confirmou novamente que o olho turvo do gigante de fato se virou lentamente com o movimento do Banido. Aquele olho viu o Banido, estava olhando para ele!

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