Índice de Capítulo

    Hora da Recomendação, leiam Fagulha das Estrelas. O autor, P.R.R Assunção, tem me ajudado com algumas coisas, então deem uma força a ele ^^ (comentem também lá, comentários ajudam muito)

    Talvez passe a usar mais esse espaço para recomendar outras obras (novels ou outras coisas que eu achar interessante ^^)

    Lucretia, trazendo consigo o assustador e bizarro coelho de pelúcia, aproximou-se de Duncan. Ela se sentou no sofá ao lado dele, enquanto Rabi se esgueirou cuidadosamente para o lado do sofá e sentou-se no chão com um baque surdo.

    “Eu já levei aquele ‘Santo’ para a sala de contenção do Brilho Estelar. Lá existem instalações de selamento especializadas para lidar com contaminações da fronteira e do Plano Espiritual. Ele se recuperará lentamente lá, até que possa atender às necessidades do seu ‘ritual’.”

    “As ‘oferendas’ sobreviventes foram agora acomodadas no centro de ajuda da Cidade-Estado. Falei com Salar Maier, e Porto Brisa cuidará adequadamente dessas pessoas e fará o possível para mandá-las de volta para casa… Alguns deles tiveram a sanidade e a memória destruídas e não conseguem dizer onde moram. Psiquiatras intervirão para ajudar.”

    “Seguindo suas ordens, deixei o ‘sinalizador artificial’ no navio deles. Agora você deve ser capaz de perceber o estado daquele navio através do sinalizador…”

    “Além disso, fiz um inventário dos suprimentos úteis daquele navio. A quantidade é grande e, se houver oportunidade, podemos trazê-los de volta. É um butim generoso, afinal de contas. De qualquer forma, um navio fantasma que navega sozinho certamente não precisa de combustível ou peças de reposição…”

    Lucretia relatou a situação a Duncan, item por item, de forma clara e organizada.

    Era evidente que ela estava familiarizada com esse tipo de trabalho de “limpeza”.

    “Certo”, Duncan assentiu com satisfação, sem poupar elogios. “Fez um ótimo trabalho.”

    Lucretia, no entanto, abriu a boca, parecendo de repente hesitante.

    Duncan percebeu. “Aconteceu mais alguma coisa?”

    “… Eu contei ao meu irmão o que aconteceu aqui. Ele perguntou se precisávamos de uma frota”, disse Lucretia. “Considerando que o ‘ninho’ dos Aniquiladores pode ser uma fortaleza marítima operando por séculos, ou até mais, e localizada na névoa da fronteira, talvez seja necessário um verdadeiro ‘ataque’. Ele disse que, se for preciso, pode enviar a Frota do Névoa do Mar.”

    “Não será necessário”, Duncan ponderou seriamente antes de balançar a cabeça. “Pelo menos, não agora. Ainda não sabemos como é esse ninho. Expandir a operação precipitadamente pode não valer a pena… É melhor investigar a situação na névoa primeiro.”

    “Certo.” Lucretia assentiu.

    Nesse momento, uma presença que surgiu subitamente do lado de fora da casa interrompeu a conversa na sala de estar.

    Lucretia franziu a testa e olhou na direção da entrada. Quase no segundo seguinte, a campainha tocou.

    Luni, que estava de prontidão no canto da sala, levantou-se imediatamente e foi até a porta. Lucretia ordenou rapidamente: “Não assinamos jornais, não compramos seguros, não queremos bilhetes de loteria, não preenchemos pesquisas comunitárias. Se for alguém dizendo que é para doação da comunidade, mande embora na hora. Mês passado já houve um aviso de que era um grupo de golpistas… Não entendo como ainda há gente que se atreve a vir aqui…”

    “Senhora”, disse Luni, retornando à sala antes que Lucretia pudesse terminar. “É o senhor Guardião dos Segredos da Verdade.”

    Lucretia ficou perplexa. “… Hã?”

    Enquanto ela hesitava, uma voz resignada já vinha da porta de entrada: “Eu sei que a senhorita ‘Bruxa’ nunca gostou de visitas, mas desta vez a situação é realmente especial. Tenho um convite das quatro igrejas dos deuses para entregar ao seu pai.”

    Acompanhado por essa voz cansada e resignada, Tad Riel entrou na sala de estar. A aparência do “Guardião dos Segredos da Verdade” era a de sempre, envolto por uma aura de quem trabalhou por um mês sem descanso.

    “Normalmente, as pessoas não se atrevem a se aproximar da sua ‘Mansão da Bruxa’. Taran-El está com dor na lombar hoje e não conseguiu se levantar, então tive que vir pessoalmente.”

    Ao terminar de falar, Tad Riel notou Duncan sentado no sofá e um sorriso apareceu em seu rosto. “Bom dia, Capitão.”

    “Taran-El finalmente pode descansar por alguns dias”, comentou Lucretia casualmente ao ouvir a notícia que Tad trouxera. “Até acho que isso é uma coisa boa.”

    “Para mim, não. Perdi três Soras por causa disso”, disse Tad Riel com um tom de arrependimento. “Apostei com alguns colegas da Academia sobre qual parte do corpo de Taran falharia primeiro. Perdi feio… A propósito, apostei em hemorroidas.”

    A expressão de Lucretia tornou-se um tanto peculiar. “Vocês são realmente entediados…”

    Tad Riel deu de ombros. “Mas acertei nas últimas vezes.”

    Morris, que estava sentado no sofá, levantou-se e cumprimentou o “Guardião dos Segredos da Verdade”: “Tad, você se recuperou?”

    “Apenas um pequeno problema gastrointestinal — o impacto em mim foi menor do que as teses que aqueles moleques entregaram da noite para o dia”, disse Tad Riel, acenando com a mão. Seu olhar então se deteve involuntariamente em Morris. Ele o observou por vários segundos, confuso e um tanto chocado, antes de finalmente falar com uma expressão sutil: “No nosso encontro apressado, não tive tempo de observar. Morris, o seu…”

    Ele parou de repente. Após um momento de hesitação, pareceu entender algo e soltou um suspiro suave.

    “Não é nada. Você parece estar com ótima aparência.”

    “Verdade? Eu também sinto que meu estado atual é muito bom. Minha filha é psiquiatra, e ela também acredita que minha mentalidade está muito saudável”, Morris sorriu. Seus olhos atrás do monóculo estavam tão brilhantes como sempre, e seu sorriso tinha um calor gentil e refinado.

    Apenas os Santos e eruditos com dons espirituais extremamente elevados podiam perceber, em seu sorriso, olhar e voz, a agitação e o ruído quase indetectáveis que já se haviam desviado da sanidade humana.

    O olhar de Tad Riel deixou Morris e pousou em Duncan.

    Muitos, muitos anos atrás, ele e o maior explorador da história foram amigos.

    Para um elfo, construir uma amizade com um humano era algo que exigia muita cautela e uma preparação psicológica considerável.

    Mas o Tad Riel daquela época jamais poderia imaginar que sua preparação psicológica estava completamente equivocada. Ele não deveria se preocupar em se despedir de um humano de vida curta, mas sim em se reencontrar com uma Sombra do Subespaço imortal.

    Felizmente, a luz da humanidade ainda brilhava naquela sombra — embora essa luz estivesse repleta de muitas verdades que ele não ousava espiar e ecoasse muitos ruídos que ele não ousava ouvir.

    “Eu estava justamente discutindo com Morris sobre as igrejas dos quatro deuses”, disse Duncan, tomando a iniciativa. “Eu sabia que haveria uma assembleia, mas não esperava que a notícia oficial chegasse tão rápido.”

    Tad Riel ficou em silêncio por um momento, tirou do bolso uma carta selada com um requintado lacre de cera, colocou-a sobre a mesa de centro e a empurrou em direção a Duncan.

    “Não tenho certeza se você se importa com algo como um ‘convite’, mas de qualquer forma, a Arca da Academia me pediu para entregar isso a você”, disse ele. “Já tem a assinatura dos quatro papas. Você pode considerar isso como o primeiro gesto oficial e formal de boa vontade das quatro igrejas para com a Frota do Banido.”

    O olhar de Duncan pousou na carta elegantemente selada. Ele a estendeu e a abriu, retirando o “convite” especial.

    No cartão rígido, estava escrito em uma bela caligrafia que as quatro igrejas dos deuses realizariam uma “reunião especial a portas fechadas”, com um convite para o “Senhor da Frota do Banido”, o “Grande Explorador Capitão Duncan”. O conteúdo em si não tinha nada de especial, mas as quatro assinaturas brilhantes no final do convite atraíram fortemente o olhar de Duncan.

    Elas eram tão ofuscantes quanto arcos elétricos queimando na escuridão:

    Lahm, Tarukin, Gomona, Bartok.

    Duncan olhou para os nomes com calma e não se sentiu nem um pouco surpreso.

    “Diz aqui que a reunião será amanhã. Tão rápido?”, comentou ele casualmente enquanto guardava o convite.

    “Sim. Pelo menos, a julgar pela atitude de Sua Santidade Luen, quanto mais cedo essa assembleia acontecer, melhor”, Tad Riel assentiu. “Antes do meio-dia de amanhã, as frotas das quatro igrejas dos deuses chegarão sucessivamente perto de Porto Brisa. Todas as Arcas de Peregrinação aparecerão. Será um grande evento.”

    Duncan ficou surpreso, e ao seu lado, Morris soltou um grito involuntário. “O quê? Você quer dizer que a assembleia será no mundo real, e os quatro papas vão se reunir aqui?”

    “Sim. A princípio, eu também pensei que seria uma ‘reunião’ realizada por meio de ressonância psíquica, como as assembleias que os papas e Santos costumavam realizar. Mas não esperava que a reunião fosse no mundo real e, muito menos… amanhã.”

    “Para uma ‘reunião a portas fechadas’ tão importante, isso é quase como não ter preparação alguma. E a viagem das Arcas de Peregrinação também leva tempo…”, ponderou Duncan, parecendo já ter pensado em algo. “Então, a resposta mais lógica é que as quatro Arcas de Peregrinação já foram mobilizadas para perto da fronteira sul antes de hoje. Talvez as quatro igrejas já tivessem um plano de assembleia mesmo antes do incidente em Porto Brisa, e a situação aqui foi apenas uma oportunidade inesperada que os levou a marcar a reunião para cá, para amanhã?”

    “Parece que sim.”

    “… Aconteceu alguma coisa recentemente? Tem a ver com as atividades frequentes da Igreja nas águas da fronteira e com as frotas reunidas perto da ‘Cortina Eterna’?”

    “Eu sei do que você está falando, mas não conheço os detalhes.”

    Duncan ficou um pouco surpreso. “Até mesmo você, o Guardião dos Segredos da Verdade, não sabe sobre isso?”

    “Eu realmente não sei”, Tad Riel balançou a cabeça. “O Guardião dos Segredos da Verdade, assim como o Inquisidor, a Guardiã do Portão e o Portador do Fogo, embora sejamos os mais altos representantes da Igreja na Cidade-Estado, só temos conhecimento dos assuntos da cidade. As quatro Arcas de Peregrinação, na verdade, operam de forma independente de todo o sistema da Igreja. Os quatro papas comandam diretamente essas arcas, e todos os ‘segredos’ são mantidos dentro das frotas das arcas, sem interagir com as operações da Igreja nas Cidades-Estado, especialmente… aqueles segredos mais perigosos.”

    Ele ergueu a cabeça e olhou seriamente nos olhos de Duncan.

    “É uma medida de segurança necessária.”

    Caso queira me apoiar de alguma forma, considere fazer uma doação

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