Índice de Capítulo

    Hora da Recomendação, leiam Fagulha das Estrelas. O autor, P.R.R Assunção, tem me ajudado com algumas coisas, então deem uma força a ele ^^ (comentem também lá, comentários ajudam muito)

    Talvez passe a usar mais esse espaço para recomendar outras obras (novels ou outras coisas que eu achar interessante ^^)

    O olhar de Frem foi instantaneamente atraído pelo enorme “cajado”. Ele o encarou por um longo tempo antes de conseguir forçar algumas palavras de seus lábios: “… Chama Eterna…”

    Após mais alguns segundos de silêncio, ele ergueu a cabeça, seu olhar pousando em Vanna e Duncan: “Vocês o trouxeram para…”

    “A ideia foi de Vanna”, Duncan balançou a cabeça, recuando ligeiramente meio passo. “Ela acredita que este cajado deveria ser entregue à Igreja dos Portadores da Chama.”

    Frem arregalou os olhos, olhando para a jovem inquisidora com um misto de surpresa e espanto.

    “Tarukin me deixou este cajado como uma lembrança de despedida. Mas, naquela época, Ele ainda não sabia da existência da Era do Mar Profundo”, Vanna suspirou suavemente, seu tom calmo. “Talvez o Tarukin que eu vi fosse apenas uma sombra, talvez os Sen’jin da Era do Mar Profundo sejam apenas ‘cópias’ recriadas após a Terceira Longa Noite. Mas algumas coisas… pertencem a quem de direito. O legado de uma civilização não deve se tornar uma coleção pessoal. Entregá-lo à Igreja dos Portadores da Chama deve ser mais significativo do que mantê-lo em minhas mãos.”

    O silêncio caiu sobre a mesa por um momento. Helena, Luen e Banster trocaram olhares e, sabiamente, mantiveram-se calados. Frem, por sua vez, estendeu a mão lentamente, seus dedos com a textura de rocha acariciando cuidadosamente a superfície áspera do cajado.

    As densas inscrições no cajado pareciam gravar o tempo solidificado, narrando silenciosamente a era de uma civilização esquecida por todos os seres vivos. Naquela memória já desbotada e dissipada, uma raça cambaleou para fora do deserto, caminhou em direção à glória e, em seguida, ao seu fim.

    No entanto, Frem não conseguia sequer reconhecer uma única palavra ali. Ele apenas sentia que cada inscrição era incrivelmente familiar, tão familiar que parecia gravada em sua própria alma, mas ao mesmo tempo estranhamente desconhecida, como se fosse a escrita de outra dimensão.

    Uma emoção complexa brotou do fundo de seu coração.

    “Os elfos sentiram o mesmo que você quando escavaram aqueles pergaminhos das ilhas escuras pela primeira vez”, Luen quebrou o silêncio de repente. O velho elfo observou a mudança na expressão de Frem e falou em voz baixa: “Nós passamos por isso uma vez. Eu entendo.”

    “… Isto contém a evolução completa da escrita. Com certeza conseguiremos decifrar seu significado”, disse Frem em voz baixa. “Os Portadores da Chama são especialistas nisso.”

    Ele ergueu a cabeça de repente, olhando nos olhos de Vanna com uma expressão excepcionalmente solene.

    “Vou tirar um decalque de todas as marcas aqui para estudar a escrita e a história dos Sen’jin. Só precisamos levar isso.”

    Vanna ficou surpresa e confusa: “Claro que pode… mas o que o senhor quer dizer é que o cajado…”

    “Este é um presente que meu senhor lhe deu. Mantê-lo em suas mãos é a vontade do senhor”, Frem balançou a cabeça lentamente. “Além disso, senhorita Vanna, o legado de uma civilização não é este cajado trazido do sonho. O verdadeiro legado está aqui, é a história registrada nestas inscrições.”

    Os dedos do Papa dos Portadores da Chama deslizaram suavemente sobre a superfície do cajado. Nas reentrâncias de profundidades variadas, a ponta de seus dedos parecia tocar aqueles tempos antigos e perdidos.

    “Até hoje, quer estejamos dispostos a admitir ou não, o conteúdo registrado no “Livro da Blasfêmia” daqueles cultistas não pode mais ser negado. A verdadeira história do nosso mundo começou na Terceira Longa Noite, e tudo no mundo mortal é uma ‘cópia’ nascida das cinzas. E para um mundo copiado das cinzas… o significado de escavar ‘memórias’ e ‘história’ já ultrapassou em muito a busca pela ‘relíquia’ em si. Senhorita Vanna, só precisamos levar a escrita que está aqui.”

    Vanna piscou. A situação parecia um pouco inesperada. Ela instintivamente olhou para Duncan, que lhe deu um leve aceno de cabeça.

    “… Eu entendo”, Vanna suspirou suavemente. “Então, eu o guardarei bem, considerando-o tão valioso quanto minha honra e minha vida.”

    “Muito bem, então este problema também está resolvido”, Duncan quebrou o silêncio. Ele deu um passo à frente, com um leve sorriso no rosto. No entanto, logo pareceu se lembrar de algo e não pôde deixar de perguntar: “… Mas, por outro lado, depois que Vanna trouxe este ‘Pilar das Eras’ para o mundo real, a Igreja dos Portadores da Chama não recebeu nenhum ‘retorno’ ou ‘revelação’ de Tarukin?”

    “Não”, Frem balançou a cabeça, admitindo com franqueza. “Como mencionamos na reunião, a conexão entre o mundo mortal e os deuses tornou-se extremamente difícil. Não apenas a ‘voz’ em si está enfraquecendo, mas mesmo as informações que mal conseguem ser transmitidas… estão misturadas com cada vez mais interferências e ruídos. A única boa notícia agora é que o ‘poder’ concedido pelos deuses ainda pode ter efeito no Mar Infinito. Mas, fora isso, mesmo nós quatro não ouvimos Suas vozes claras há muitos anos.”

    “Eu só consigo ter acesso a revelações vagas e orientações ocasionais da deusa”, Vanna acrescentou imediatamente ao lado. “Embora a deusa ainda responda rapidamente ao meu chamado, essa ‘resposta’ tem sido consistentemente vaga.”

    “O declínio e a morte de um deus é um processo totalmente diferente do de um mortal”, Luen também interveio. “Ainda não conseguimos decifrar os segredos disso, mas é evidente que Eles ainda mantêm a razão. Só que essa ‘razão’ não pode mais ser transmitida com precisão para a mente dos mortais. É como se tivesse ocorrido algum tipo de ‘desvio cognitivo’ entre os dois, e esse ‘desvio’ torna cada vez mais difícil para nossas mentes compreenderem Suas ‘vozes’…”

    Luen fez uma pausa aqui. Após um momento de reflexão, ele continuou com um toque de hesitação: “Para ser sincero, isso me faz pensar novamente na história do ‘Pássaro do Louco’.”

    A expressão de Helena mudou ligeiramente. Ela pareceu entender imediatamente o que Luen queria dizer: “Você está dizendo que… a natureza do ‘estado de morte’ atual dos deuses é um afastamento gradual do nosso mundo no nível ‘cognitivo’? A crescente interferência e ruído que temos recebido da Arca ao longo dos anos… é algum tipo de ‘efeito Pássaro do Louco’ que está se intensificando?”

    “Esta é uma conjectura que tive recentemente, após o incidente de Porto Brisa”, Luen assentiu levemente. “E é, até agora, a única conjectura que pode explicar aqueles ‘ruídos’ cada vez mais fortes.”

    Duncan ouvia silenciosamente a discussão entre os papas. Quando a discussão deles estava quase no fim, ele falou de repente: “Na verdade… eu já ia dizer. Eu, ocasionalmente, consigo ‘ouvir’ Suas vozes, ou ver as mensagens que Eles transmitem.”

    Helena, Frem e os outros ficaram em silêncio instantaneamente.

    Os quatro papas se viraram lentamente, seus olhares pousando em Duncan, suas expressões como se tivessem visto um fantasma.

    Sinceramente, com as habilidades deles, se realmente vissem um fantasma, provavelmente estariam muito mais calmos do que agora.

    “O senhor está falando sério?!” Helena foi a primeira a falar. “O senhor está dizendo que consegue ouvir claramente as vozes dos deuses? Eles até… lhe transmitem mensagens?!”

    Até mesmo o sempre calmo e sereno Frem não conseguiu se conter. O papa Sen’jin, que parecia um pequeno gigante, contornou a mesa e se aproximou de Duncan: “O senhor tem contato direto com os deuses? Por que meio conseguiu contatá-los?!”

    “Parem, parem, eu só disse ‘ocasionalmente’, ocasionalmente consigo ouvir ou ver as mensagens que Eles enviam”, Duncan acenou com as mãos apressadamente. Ele sabia que os quatro à sua frente haviam claramente entendido mal. “Isso não pode ser considerado um ‘contato direto’, mas é, de fato… bastante claro. Na verdade, eu não entendo de forma alguma o que vocês querem dizer com ‘ruído’ e ‘interferência’. Eu nunca encontrei isso.”

    Os papas se entreolharam.

    Duncan, por sua vez, não escondeu as várias vezes em que, por coincidência, ouviu ou viu as mensagens transmitidas pelos deuses — incluindo as mensagens que viu ou os vestígios da comunicação dos deuses que encontrou naquele estranho espaço escuro.

    Claro, ele omitiu o conteúdo específico dessas comunicações.

    Depois disso, o salão ficou em silêncio por um longo tempo.

    Depois de muito tempo, o primeiro a quebrar o silêncio foi Frem. O calmo Sen’jin voltou seu olhar para Luen: “… Isso parece provar, pelo menos, que ‘Eles’ de fato ainda mantêm a razão.”

    “Sim, mantêm a razão”, Luen despertou de seu breve torpor e começou a pensar imediatamente. “Se isso for verdade… e se a direção da minha conjectura anterior não estiver muito errada…”

    Ele fez uma pausa, organizando rapidamente seus pensamentos.

    “Então, tudo pode ser interpretado da seguinte forma: os deuses ainda têm razão, mas a ‘razão’ Deles já se desviou da mente dos mortais, e até mesmo do mundo inteiro. Por isso, é difícil para nós contatá-los novamente, e até mesmo este mundo começou a ser contaminado por Eles. Mas, por outro lado, o Capitão Duncan, devido à sua própria natureza especial, não é afetado de forma alguma por esse ‘desvio’…”

    Luen parou de repente, como se sentisse que ainda havia alguma ambiguidade ou contradição inexplicável em sua “especulação”. Ele mergulhou em pensamentos, e nesse momento, Duncan de repente pensou em outra coisa.

    “Eu me lembro… de acordo com a conclusão atualmente aceita pelos acadêmicos e pela igreja no mundo, o ‘Senhor das Profundezas’ localizado nas Profundezas Abissais é um deus antigo completamente louco e fora de controle?”

    “Claro”, Luen respondeu imediatamente sem hesitação. “O Senhor das Profundezas é uma existência sem razão, assim como o sol negro. Temos provas diretas disso. Embora os humanos não possam entrar vivos nas Profundezas Abissais, através de rituais complexos e perigosos, podemos ‘observar’ a situação naquela profundidade…”

    “Eu também conversei com o Senhor das Profundezas”, Duncan deu de ombros. “Para ser sincero, acho que o estado mental Dele está muito bem. Embora Ele tenha dito que as coisas estão um pouco difíceis ultimamente.”

    Luen: “…?”

    Duncan olhou para as expressões de espanto nos rostos dos vários papas e, após hesitar um pouco, decidiu continuar. Afinal, o clima já estava propício.

    “Além disso, sobre o ‘sol negro’ mencionado agora há pouco, na verdade… eu também o vi, embora tenhamos trocado apenas uma ou duas frases. Ele, sim, parecia não estar aguentando mais.”

    Luen, Helena, Banster e Frem, todos com a mesma expressão: “…?!”

    Caso queira me apoiar de alguma forma, considere fazer uma doação

    Regras dos Comentários:

    • ‣ Seja respeitoso e gentil com os outros leitores.
    • ‣ Evite spoilers do capítulo ou da história.
    • ‣ Comentários ofensivos serão removidos.
    AVALIE ESTE CONTEÚDO
    Avaliação: 100% (2 votos)

    Nota