Hora da Recomendação, leiam Fagulha das Estrelas. O autor, P.R.R Assunção, tem me ajudado com algumas coisas, então deem uma força a ele ^^ (comentem também lá, comentários ajudam muito)
Talvez passe a usar mais esse espaço para recomendar outras obras (novels ou outras coisas que eu achar interessante ^^)
Capítulo 686: Acidente e Coincidência
Com um baque surdo, a “múmia” feia e ressecada voou do convés, caindo pesadamente em uma pilha de tralha próxima como uma bala de canhão.
Os marinheiros no convés se assustaram com o barulho alto. Lawrence, que observava a situação de perto, saltou instantaneamente da plataforma e correu com um grupo de homens na direção em que o “Marinheiro” havia caído. Em meio a uma grande bagunça de objetos, o corpo ressecado vestindo uma blusa de marinheiro se debatia com dificuldade. Ele mal conseguiu tirar a cabeça de uma caixa quebrada e, ao ver os marinheiros se reunindo, balançou a cabeça, tonto: “Eu… eu vi…”
O imediato Gus, enquanto puxava a múmia com força, perguntou: “O que você viu?”
“Eu vi minha bisavó…”
O imediato chutou a múmia de volta para a pilha: “Que diabos de bisavó você tem, sua anomalia desgraçada?!”
Lawrence confirmou instantaneamente que a Anomalia 077 estava bem e se virou, caminhando em direção ao “náufrago” que acabara de ser resgatado.
Um elfo, vestido com roupas de estilo sulista, estava semi-deitado no convés, apoiado em um guincho de carga, com uma expressão atordoada e vazia. Ele estava encharcado e em um estado lamentável, mas não parecia ter ferimentos externos óbvios.
No entanto, quando Lawrence se aproximou, a reação do elfo foi claramente anormal. Ele apenas virou a cabeça lentamente, como se ainda não estivesse totalmente desperto. Seu olhar vazio varreu os arredores antes de se virar lentamente de volta.
Tad Riel ainda estava imerso em um estado de torpor, sem saber onde estava.
Desde que, por instinto, mandou pelos ares aquela múmia feia e ressecada, ele permaneceu nesse estado. Sua cabeça parecia recheada com uma pasta pegajosa e caótica. Ruídos estranhos ecoavam nas profundezas de seus pensamentos, e sombras tremiam na periferia de sua visão, interferindo em seu julgamento e raciocínio.
Ele sabia que havia deixado o Subespaço. O som da brisa e das ondas do mar que ouvia era, sem dúvida, o do mundo real. Mas a aterrorizante “viagem pela escuridão” ainda deixara uma longa marca de queimadura em sua razão. Essa marca se espalhava lentamente, tornando-se uma terrível sequela de ter testemunhado o Subespaço e continuando a entorpecer seus nervos.
Ele tivera muita sorte. Quase ninguém conseguia sobreviver após testemunhar o Subespaço, muito menos retornar à dimensão da realidade com a sanidade humana intacta após uma terrível “travessia”. Mas ele ainda não tinha tempo para se alegrar com a sobrevivência. O que restava de sua razão o incitava a recuperar a consciência o mais rápido possível, a fixar sua mente na dimensão da realidade, pois a contaminação e as sombras letais ainda não haviam se dissipado completamente. Elas estavam atacando pelas frestas que os humanos não podiam perceber nem compreender, tentando arrastá-lo de volta para aquele lugar escuro e caótico…
Um zumbido veio de perto, soando como um trovão através de uma cortina espessa. Um homem se aproximou, um velho robusto de cabelos grisalhos. Ele parecia estar falando, sua boca se movendo, emitindo sons que os humanos não podiam entender.
“Acorde, acorde”, Lawrence estendeu a mão, dando tapinhas no rosto do elfo desconhecido, tentando despertar o infeliz que, por algum motivo, estava à deriva no mar. “Qual é o seu nome?”
Uma sombra tênue apareceu ao seu lado. Masha, na sombra, o lembrou: “Cuidado, Lawrence, o aparecimento deste homem é muito suspeito. Ele veio flutuando do mar depois que o sol se apagou, não dá pra saber o que ele é…”
“Não se preocupe, Masha, mesmo que seja algo que saiu flutuando do Subespaço, não é muito mais estranho do que nós”, disse Lawrence casualmente, mas ele se tornou um pouco mais cauteloso, colocando uma mão na pistola em sua cintura. Fios de uma fraca chama verde-espectral dançavam no tambor. “Quando este homem apareceu na beira da escuridão, você viu claramente? Como ele surgiu?”
“Sem nenhum aviso”, a sombra de Masha observava com cautela o elfo suspeito que, embora de olhos abertos, não parecia nem um pouco desperto, e respondeu em voz baixa. “Desde o momento em que o sol se apagou, eu estive monitorando a situação ao redor no Plano Espiritual. Ele simplesmente apareceu… um sujeito surgiu do nada na escuridão.”
“É a primeira vez que me deparo com uma situação dessas…”
Lawrence murmurou, olhando instintivamente para além da amurada do navio, para as ondas que se quebravam incessantemente ao redor do Carvalho Branco. Um pequeno trecho de água era iluminado pelas luzes do navio, parecendo manter a aparência normal do mar antes do sol se apagar. Mas, para além daquela área limitada, havia uma fronteira invisível. O Mar Infinito além da fronteira era escuro e bizarro, como se o mundo inteiro tivesse se tornado nada além de um vazio.
E este elfo suspeito havia surgido de repente daquela fronteira invisível.
Nesse momento, o “náufrago” apoiado no guincho moveu subitamente os olhos.
Lawrence se virou abruptamente, seu olhar fixo no outro.
O elfo abriu a boca, mas o que chegou aos ouvidos de Lawrence foi uma série de ruídos roucos que os humanos não podiam compreender, nem mesmo emitir: “@##¥%…?”
Lawrence: “…?!”
No instante em que ouviu aquela série de ruídos, um alarme soou. A experiência acumulada em mais de meio século vagando pelo Mar Infinito fez o velho capitão recuar dois passos, enquanto sacava seu revólver com uma velocidade quase imperceptível a olho nu. Quase ao mesmo tempo, os marinheiros de guarda ao redor reagiram imediatamente, apontando todo tipo de arma para o “náufrago”. Até mesmo o “Marinheiro”, que mal conseguira sair da pilha de tralha, sacou um alfange de algum lugar e o brandiu ao lado, gesticulando.
O “náufrago” no convés arregalou os olhos, parecendo momentaneamente confuso. Ele abriu as mãos para mostrar que não tinha armas e, novamente, emitiu aquele ruído rouco e estridente que parecia capaz de estilhaçar a mente de uma pessoa comum: “%&**%¥!!”
Então, ele parou abruptamente.
Tad Riel finalmente percebeu que o que ele emitia não era a linguagem “humana” — nem sequer era linguagem.
Era uma vibração que nem ele mesmo conseguia entender, um som sem sentido.
Era o eco do Subespaço.
Ele reagiu instantaneamente. No segundo seguinte, notou que o mundo diante de seus olhos estava se distorcendo. As pessoas reunidas ao seu redor, que pareciam marinheiros comuns e inocentes, de repente foram cobertas por sombras que se expandiam e contraíam. Inúmeros globos oculares malévolos apareceram atrás do velho capitão de cabelos grisalhos. O convés próximo começou a amolecer, assumindo a textura de lodo. Uma cortina invisível se abriu lentamente, e a erosão do Subespaço estava prestes a…
No entanto, no exato momento em que Tad Riel se preparava para se sacrificar para impedir que a fenda do Subespaço continuasse a se abrir, uma chama verde-espectral entrou em seus olhos.
Chamas espectrais tênues surgiram no corpo de Lawrence. Em seguida, as chamas, como se estivessem vivas, saltaram e se espalharam, subindo e queimando em cada marinheiro próximo, transformando-os em formas fantasmagóricas. As chamas então se espalharam pelo convés, pelas cordas, pela ponte de comando, pela chaminé…
A múmia que brandia o alfange ao lado soltou um grito no instante em que o fogo espiritual se ergueu, como se tivesse se queimado, e saltou para o lado. Mas logo voltou, fingindo que nada havia acontecido, e até tocou cuidadosamente uma chama no convés com o alfange, acendendo uma pequena faísca na ponta da lâmina e a erguendo sobre a cabeça, fingindo ser também um membro das chamas ardentes.
A porta do Subespaço foi completamente banida antes que pudesse se abrir. Tad Riel sentiu todos os ruídos e sombras dentro de si serem queimados e dispersos por aquela chama invisível. A chama isolou o último resquício do emaranhado do Subespaço com ele. A sensação do mundo real nunca pareceu tão clara e estável como agora.
Ele ergueu a cabeça, chocado, olhando para o velho capitão envolto em chamas verde-espectrais, sentindo-se um pouco atordoado.
‘Por que este fogo parece tão familiar?’
“Que diabos foi isso?” Lawrence também estava um pouco atordoado. Ele murmurou enquanto continuava a observar com cautela o “elfo” à sua frente, que, embora suspeito, não parecia ser um cultista ou um demônio impuro, sem saber o que fazer a seguir. “Foi algum tipo de feitiço?”
“…Quem são vocês?” Tad Riel falou de repente. Desta vez, ele emitiu um som que os humanos podiam entender. “Que lugar é este?”
“Você consegue falar?!” Lawrence se assustou por um instante, mas, ao ouvir o elfo falar a língua humana, não pôde deixar de suspirar aliviado. Embora não soubesse o que estava acontecendo, sua sensação de crise havia diminuído um pouco. “…Este é o Carvalho Branco. Eu sou o capitão.”
“Carvalho Branco?” Tad Riel franziu a testa, parecendo se lembrar vagamente de ter ouvido esse nome em algum momento. No entanto, o trauma mental contínuo e a fadiga severa ainda deixavam sua mente um pouco confusa, e ele não conseguiu se lembrar dos detalhes sobre o navio. “Qual é a sua relação com o Banido? E com o Capitão Duncan?”
“Capitão Duncan?” Lawrence ficou surpreso ao ouvir isso. Era a primeira vez que ouvia alguém mencionar esse nome tão abertamente. Mas ele reagiu rapidamente e assentiu. “Ele é meu chefe.”
Tad Riel: “…?”
“Tad Riel desapareceu?!”
Na “Mansão da Bruxa” em Porto Brisa, Duncan, que acabara de retornar à cidade, ficou chocado ao ouvir a notícia trazida por Lucretia.
“Sim, esta notícia acabou de chegar da academia”, Lucretia assentiu. Ela havia saído há alguns minutos. “Tad Riel deixou a estação de pesquisa perto do ‘Corpo Geométrico de Luz’ há quinze minutos, por meio de um portal. Mas depois disso, ele não apareceu no local previsto em Porto Brisa.”
“Só quinze minutos, né?” Shirley enfiou a cabeça ao lado. “Não parece muito tempo, vamos procurá-lo…”
“Mover-se usando um portal — se a pessoa não chega no instante em que a porta se abre, algo já deu errado”, Lucretia olhou para Shirley. “Isso provavelmente é uma falha de feitiço causada pela extinção do sol.”
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