Capítulo 687: Acomodação e Comunicação

‘A extinção do sol pode fazer com que feitiços de teleporte falhem, fazendo as pessoas desaparecerem do mundo real?’

Ao ouvir a análise de Lucretia, uma dúvida surgiu na mente de Duncan. No entanto, considerando que este mundo já estava cheio de coisas bizarras e estranhas, e que a extinção do sol era o mais bizarro de todos os eventos estranhos, nada que acontecesse agora seria surpreendente. O mais importante no momento era descobrir para onde o “Guardião dos Segredos da Verdade” tinha ido.

Nesse momento, Duncan franziu a testa de repente. Em seguida, como se tivesse ouvido alguma notícia de longe, sua expressão tornou-se um tanto peculiar.

Alice, que estava mais próxima, percebeu imediatamente: “Ei? O que foi, Capitão?”

Duncan ergueu a cabeça, olhando com uma expressão sutil para Lucretia e Morris, que discutiam como iniciar a busca por Tad: “… Hum, não precisam procurar.”

Lucretia e Morris: “Ah?”

“Ele está bem”, Duncan acenou com a mão. “Tad Riel está agora a bordo do Carvalho Branco.”

As pessoas na sala de estar se entreolharam. Após alguns segundos de silêncio, foi Vanna quem o quebrou: “…Carvalho Branco? O navio de Lawrence? Como ele foi parar lá?!”

“Ainda não está claro, parece que nem o próprio Tad Riel consegue explicar”, Duncan suspirou, falando casualmente enquanto mantinha contato mental com Lawrence. “Foi como da última vez, o Carvalho Branco estava navegando no mar quando o sol se apagou. Os marinheiros encontraram Tad Riel à deriva na ‘fronteira escura’ do mar, e então a Anomalia 077 o resgatou… Lawrence disse que o estado mental de Tad estava extremamente confuso a princípio, ele não conseguia nem conversar. Só agora ele se recuperou um pouco. Parece que ele foi para um lugar muito, muito distante. Pelas descrições fragmentadas…”

Duncan parou aqui, sua expressão tornando-se ligeiramente séria.

“Suspeita-se que tenha sido o Subespaço.”

Tad Riel, enrolado em um cobertor grosso, sentou-se na cabine bem iluminada. Alguém lhe entregou uma xícara de chá quente. Ele segurou a xícara e ergueu a cabeça para agradecer: “Obrigado.”

A múmia ressecada e horrenda estava em pé diante dele, acenando com a mão: “Só não me mande voando da próxima vez. Se esses meus ossos quebrarem, não sei se vão se curar.”

A expressão de Tad Riel tornou-se instantaneamente um tanto complexa, como se lembrasse de algo não muito agradável. Ele deu um sorriso sem graça para esta “Anomalia” que estava claramente fora de controle, mas que se movia e trabalhava diligentemente no Carvalho Branco como um tripulante comum. Por fim, não resistiu a perguntar: “Você é a Anomalia 077 – O Marinheiro?”

“Ei, você me conhece?” A múmia pareceu ficar um pouco feliz ao ouvir isso, e se aproximou enquanto falava. “As outras pessoas comuns só sabem ter medo quando me veem, você sabe meu nome e número?”

“… Eu sou o Guardião dos Segredos da Verdade de Porto Brisa,” Tad Riel olhou com calma para a múmia que se sentava ao seu lado. “O documento de transferência de alguns anos atrás foi assinado por mim.”

A múmia, que estava se sentando, saltou de repente, apontando para Tad Riel, tremendo de agitação: “Você… você… você é da igreja?! Você…”

“Acalme-se, ‘Senhor Múmia'”, Tad Riel parecia já ter previsto a reação do outro e disse, impotente. “Eu sei que você está em uma situação especial de ‘anomalia fora de controle’. Fique tranquilo, não vou selá-lo à força…”

No entanto, antes que ele pudesse terminar, a múmia se jogou no chão com um baque, estendeu as mãos esqueléticas e agarrou a borda do cobertor, uivando de uma forma que arrepiava a alma: “Finalmente alguém da igreja chegou! Por favor, me sele! Uma corda que funcione já basta! Se não, um sudário, eu mesmo me enrolo… ou então me bata com mais força do que antes…”

Tad nunca poderia imaginar tal cena. Os uivos da múmia o deixaram atrapalhado. Ele rapidamente puxou o cobertor e recuou: “Pare, pare… acalme-se… não puxe… não foi isso que eu quis dizer… podemos conversar, mas acalme-se primeiro, um novo selamento não é algo que se faz só porque você pediu…”

Mas a múmia claramente não estava ouvindo nada do que ele dizia, apenas continuava a uivar. O barulho de uma “pessoa” era tão animado quanto a casa de máquinas de um núcleo a vapor, balbuciando coisas sem sentido como “selar de novo”, “me dê uma corda”, “me pendure no mastro”, exibindo uma total ruptura com a razão e contaminação emocional.

Sinceramente, meio minuto depois, Tad Riel até começou a sentir falta de seus “adoráveis” alunos. Embora eles muitas vezes o olhassem com olhos claros e estúpidos, o pior que faziam na aula era dormir.

Era muito mais silencioso do que agora.

Felizmente, a algazarra da múmia barulhenta não durou muito. Pouco antes de Tad Riel começar a considerar seriamente a sugestão da Anomalia 077 de espancá-lo até a morte, a porta da cabine se abriu.

Lawrence, ainda envolto em chamas verdes e tênues, entrou.

A Anomalia 077, que estava uivando um segundo antes, ficou em silêncio instantaneamente, cumprimentou o capitão com um sorriso e desapareceu do quarto em um piscar de olhos.

Tad olhou boquiaberto na direção em que o “Marinheiro” desapareceu.

Depois de um bom tempo, ele se virou para Lawrence: “Nunca imaginei que o ‘Marinheiro’, temido por inúmeros navegantes, seria assim depois de perder o controle…”

Lawrence pareceu surpreso: “O senhor nunca viu a senhorita Alice?”

“… Tudo bem, capitão, o senhor tem razão”, Tad pensou por um momento e acenou com a mão. “Qualquer coisa, ao que parece, assim que se envolve com o Banido, torna-se… inconcebível.”

“Sim, inconcebível, mas pelo menos não é ruim”, Lawrence riu, aproximando-se. “Não se preocupe com aquela múmia neurótica, e não leve a sério seu pedido para ser selado novamente. Ele está apenas se exibindo. Embora no início aquele sujeito estivesse de fato fugindo da realidade, agora ele está bastante à vontade neste navio, só não gosta de admitir.”

“Parece que você já conhece bem a Anomalia 077?”

“É o dever e a competência básica de um capitão. Preciso conhecer todos a bordo, e isso inclui aquele sujeito”, disse Lawrence, sentando-se ao lado de Tad e virando-se para observar a aparência de seu “passageiro temporário”. “Como se sente, senhor Guardião?”

“Ocasionalmente, ainda ouço um leve ruído na minha cabeça, mas está muito melhor do que antes”, Tad suspirou. “O maior problema agora é que um monte de memórias confusas está zumbindo na minha cabeça, todo tipo de imagens — reais, falsas, distorcidas pelo efeito de autoproteção. É difícil para mim distinguir qual delas é confiável… Sinto como se tivesse viajado naquele lugar escuro por um século… mas você me disse que eu só saí de Porto Brisa por pouco mais de dez minutos?”

“Sim, pouco mais de dez minutos, senhor Guardião”, Lawrence assentiu. “Quando o resgatamos, você só havia desaparecido do portal por um curto período. Portanto, nós agora estamos muito curiosos sobre suas experiências específicas durante esse ‘curto período’.”

“‘Nós’?” Tad Riel notou agudamente uma palavra que o capitão mencionou.

“Acabei de falar com meu ‘chefe’, ele já está ciente do que aconteceu aqui. O ‘desaparecimento’ do Guardião dos Segredos da Verdade causou alguma confusão em Porto Brisa, mas, felizmente, o Carvalho Branco o encontrou antes que a confusão se espalhasse”, disse Lawrence. “Não se preocupe muito com a cidade-estado, o Banido está perto daquela cidade, então não há lugar mais seguro no Mar Infinito do que Porto Brisa. Quanto a você…”

O velho capitão fez uma pausa aqui, pensou um pouco e continuou: “Agora, ainda não temos certeza de quantas mudanças a extinção do sol desta vez trouxe para este mundo. Tentar abrir um túnel espacial novamente pode ser extremamente perigoso. Portanto, fique à vontade neste navio. Aproveite este tempo para me contar o que você viu naquela ‘escuridão’. ‘Ele’ está muito interessado nisso.”

A expressão de Tad Riel tornou-se gradualmente séria.

Após um momento de reflexão, ele olhou nos olhos do velho capitão: “Você já deve saber, minha experiência está relacionada ao Subespaço. Este conhecimento não é seguro.”

Lawrence deu de ombros: “Meu chefe também está relacionado ao Subespaço. Ele é ainda menos seguro do que seu conhecimento.”

Tad pensou por um momento e achou que o outro estava certo.

“… Tudo bem, então por onde começamos?”

“Vamos começar pela mansão suspensa que você mencionou em seu estado de torpor, flutuando na escuridão…”

“Tad Riel teve sorte. Ele sobreviveu ao Subespaço e sua recuperação não está ruim. Agora ele está a bordo do Carvalho Branco, contando a Lawrence sobre suas incríveis experiências. Talvez em breve recebamos informações surpreendentes sobre o Subespaço.”

Duncan encerrou temporariamente a comunicação com o Carvalho Branco e voltou sua atenção para Porto Brisa. Ele resumiu a situação relatada por Lawrence e então seu olhar pousou em Lucretia.

“Pelo que sabemos até agora, a experiência dele não foi a mesma que a minha.”

“… Afinal, ele só ‘saiu’ por quinze minutos, enquanto você ficou no Subespaço por um século”, a expressão no rosto de Lucretia era evidentemente um tanto complexa. “Apenas quinze minutos já feriram gravemente a razão de um Santo, quase o rasgando em uma fenda do Subespaço… e ele até conseguiu resistir até o fim sob a influência de Silantis…”

“Felizmente, a única perda no Carvalho Branco foi a Anomalia 077 levando um soco”, Duncan acenou com a mão, mudando rapidamente de assunto. “Antes que mais notícias cheguem de lá, vamos nos concentrar no mundo após a extinção do sol… Lucy, quero saber o que é aquele ‘sinal’ estranho.”