Índice de Capítulo

    Hora da Recomendação, leiam Fagulha das Estrelas. O autor, P.R.R Assunção, tem me ajudado com algumas coisas, então deem uma força a ele ^^ (comentem também lá, comentários ajudam muito)

    Talvez passe a usar mais esse espaço para recomendar outras obras (novels ou outras coisas que eu achar interessante ^^)

    Após verificar todos os itens do teste, Duncan adquiriu uma compreensão mais profunda sobre a capacidade de transporte de Ai e sobre a natureza dos objetos a bordo do Banido.

    Ai é capaz de transportar simultaneamente vários tipos diferentes de objetos, incluindo matérias orgânicas, inorgânicas, itens sobrenaturais e objetos comuns. A variedade dos itens não afeta a estabilidade do processo de transporte, e esse processo também não altera a natureza dos objetos transportados.

    Alguns dos objetos a bordo do Banido, que claramente possuem ‘capacidade de atividade’, são, na verdade, ‘subunidades’ de uma consciência de controle maior. Por exemplo, os projéteis são subunidades do sistema de munição, mas, ao serem removidos do navio, perdem suas propriedades ativas e se tornam itens ordinários.

    O processo de transporte realizado por Ai parece não consumir muita ‘energia’. Seja carregando inicialmente o punhal cerimonial ou agora transportando um monte de coisas de uma só vez, o pássaro retorna sempre cheio de vitalidade. Claro, isso pode ser porque a carga total transportada até agora continua muito abaixo do limite de sua capacidade.

    Até o momento, apenas a variedade dos itens foi testada. Ainda não se sabe se há restrições em relação ao peso ou ao volume, o que requer mais testes.

    Duncan resumiu as informações conhecidas, item por item, e, após confirmar que havia pensado em tudo, relaxou na cadeira.

    Ele sabia que os testes realizados até agora eram insuficientes e que ainda havia muitas variáveis não consideradas. Mesmo do ponto de vista da variedade de objetos testados, a amostra escolhida era muito pequena para gerar dados confiáveis.

    No futuro, ele precisaria testar mais tipos de objetos, bem como variar o peso e o volume, para determinar os limites de transporte de Ai e a estabilidade em transportes repetidos. Apenas com uma quantidade suficiente de amostras seria possível obter dados confiáveis.

    Ele era extremamente cauteloso nesse aspecto, e por um bom motivo: Duncan tinha um plano ousado… ou melhor, uma ideia.

    Já que Ai podia transportar objetos intactos entre o Banido e a terra firme, independentemente do tipo de objeto, ele se perguntou: seria possível transportar pessoas?

    E, se fosse possível transportar pessoas, poderia ele transportar ‘não exatamente pessoas’? Por exemplo… Alice?

    Duncan estava ciente de que as habilidades de uma pessoa são limitadas. Contar apenas com sua capacidade de atravessar o Plano Espiritual como elo entre o Banido e as cidades-estado da terra firme levaria inevitavelmente a situações em que ele não teria mãos suficientes ou não conseguiria dar conta de tudo. Ter um ajudante melhoraria muito as coisas.

    A habilidade de transporte demonstrada por Ai lhe deu uma excelente ideia.

    Claro, Alice não era exatamente a melhor opção de ajudante. Apesar de seu elegante e misterioso comportamento quando estava quieta, a ‘Anomalia 099’ de alto escalão imediatamente revelava sua inútil e desastrosa natureza assim que começava a se mover. Mas Duncan realmente não tinha outra opção no momento.

    Pensar que sua única tripulante utilizável era uma incompetente que poderia acabar se cozinhando enquanto fazia o jantar o fez suspirar.

    A posição do Banido como inimigo universal era algo que o deixava de cabeça quente. Ele imaginava que era improvável encontrar aliados no mundo humano; se tentasse, provavelmente só atrairia um bando de fanáticos inconsequentes, do tipo que espera pelo apocalipse toda manhã, corta tubos de gás nas segundas, quartas e sextas, faz sacrifícios demoníacos nas terças, quintas e sábados, e passa os domingos enfrentando guardiões da Igreja.

    Esses tipos provavelmente se dariam bem com o Cabeça de Bode, podendo planejar juntos a invasão de alguma cidade-estado, mas definitivamente não eram o tipo de ajuda que Duncan desejava.

    “… Bem, pelo menos Alice é obediente”, Duncan suspirou enquanto se levantava, murmurando para si. “Com treinamento adequado, talvez ela possa crescer… talvez.”

    Mesmo que não pudesse ser uma ajudante, deixá-la conhecer o mundo humano já seria algo positivo. Afinal, ela havia passado tantos anos presa em um caixão, sem saber como era o mundo lá fora.

    Com seus pensamentos organizados, Duncan começou a arrumar os itens que havia trazido. Ele não planejava retornar ao Banido tão cedo, e muitos desses itens não podiam ser carregados consigo, sendo necessário guardá-los na loja.

    No segundo andar da loja de antiguidades, havia poucos lugares onde podia esconder coisas. Além disso, Nina podia subir a qualquer momento para arrumar o quarto, e itens que claramente não pareciam objetos do dia a dia, como uma bala de canhão de um século atrás, eram extremamente suspeitos. Após considerar brevemente, Duncan encontrou um destino adequado para cada item.

    O Amuleto do Sol foi guardado em seu corpo. O arenque seco poderia ser colocado diretamente na cozinha, onde não chamaria atenção. Quanto à bala de canhão de um século atrás e ao punhal cerimonial, a solução foi ainda mais simples:

    Duncan levou ambos os itens para o andar de baixo da loja e os colocou em um canto discreto ao lado do balcão. Afinal, aquela era uma loja de antiguidades, cheia de itens desordenados e falsificações baratas. Entre tantas coisas, a bala e o punhal seriam facilmente camuflados.

    Quanto ao último item, o queijo que havia pego na cozinha do Banido, Duncan também encontrou o lugar perfeito para ele:

    A lixeira.

    Após cuidar de tudo isso, Duncan bateu as mãos, como se estivesse limpando uma poeira inexistente, satisfeito com seus arranjos.

    Em seguida, ele olhou para o céu lá fora.

    O ‘sol’ preso por duplos selos rúnicos pairava alto no horizonte, marcando o meio-dia.

    Nina voltaria para casa mais tarde naquele dia. Antes disso, ele planejava dar uma volta para conhecer melhor a cidade.

    De qualquer forma, parecia que a loja de antiguidades não teria muito movimento hoje.

    O clima estava um pouco frio. Duncan colocou um casaco marrom-escuro e, antes de sair, arrumou o cabelo desgrenhado, tentando dar um aspecto mais apresentável ao seu corpo debilitado pelos excessos de álcool, drogas e doenças. Finalmente, deixou a loja.

    Assim que saiu, o som de asas batendo veio do andar de cima. Ai voou de seu quarto e pousou em seu ombro, sacudindo a cabeça de maneira confiante e cantarolando: “Para a Ponte dos Imortais, pela Avenida Chenghua…”

    Duncan olhou imediatamente de soslaio para o pássaro. Originalmente, ele planejava que Ai ficasse de guarda no andar de cima. Afinal, andar pela cidade com um pombo no ombro era algo excessivamente chamativo e estranho. Como ambos estavam conectados pelo Fogo Espiritual, Duncan podia chamar Ai a qualquer momento, se necessário.

    Mas ele se esqueceu de dar instruções antes de sair, e o pássaro decidiu ‘pegar carona’ por conta própria.

    Observando o comportamento autoconfiante da pomba, Duncan suspirou e sorriu: “… Tudo bem, se você quer me seguir, pode vir.”

    Com Ai no ombro, Duncan atravessou a rua principal em frente à loja e caminhou por um curto trecho. Logo, ele ouviu sinos misturado ao barulho de uma máquina a vapor, aproximando-se pela estrada principal. Olhando para cima, viu um ônibus de dois andares com pintura marrom e listras azuis se aproximando e parando em uma estação próxima.

    Esse era um meio de transporte público comum em Pland, movido por uma máquina a vapor. A passagem custava seis pesos, permitindo acesso a grande parte da Cidade Baixa. O itinerário, exibido em um cartaz na traseira do ônibus, incluía ainda duas paradas na borda da Cidade Alta, com destino à ‘Encruzilhada’.

    Duncan reconheceu o nome. Ele sabia que aquela área era considerada um ‘ponto de transição’ em Pland, com comércios movimentados e residências confortáveis. Para muitos moradores da Cidade Baixa, viver ali era um sonho de ascensão social. Ao mesmo tempo, muitos cidadãos de classe média que evitavam os altos custos da Cidade Alta também viviam nessa região, que abrigava cinemas, museus e restaurantes de bom nível.

    A escola de Nina ficava próxima à Encruzilhada, assim como o museu que ela havia mencionado.

    Pensando nisso, Duncan caminhou rapidamente até a estação e subiu no ônibus antes que ele partisse.

    O interior estava relativamente vazio, com metade dos assentos no primeiro andar desocupados. Perto do assento do motorista, uma jovem cobradora uniformizada em azul-escuro estava de pé. Ao ver Duncan entrar, ela alcançou automaticamente o porta-tickets, mas então notou a pomba em seu ombro.

    “Desculpe, não é permitido trazer animais de estimação no ônibus. Isso inclui pombas”, disse ela, apontando para Ai.

    Duncan olhou para a pomba, que inocentemente sacudiu as asas e inclinou a cabeça para ele.

    “Vá para o teto do ônibus”, disse Duncan.

    Coo, coo”, respondeu Ai, voando para fora e resmungando enquanto subia no teto.

    A cobradora ficou boquiaberta, observando o homem que aparentemente falava com uma pomba, e a pomba que parecia entender tudo. Por um momento, ela não conseguiu dizer nada.

    “Agora está tudo bem?” Duncan perguntou, lembrando-a de sua presença. Ele apontou para o teto do ônibus. “Se a pomba está no teto, não deve haver problema, certo?”

    Finalmente, a jovem recuperou a composição. “Ah… sim… passagem, seis pesos.”

    Duncan pegou duas moedas do bolso, comprou um ticket azul e sentou-se perto da janela, pronto para desfrutar de sua primeira viagem de ônibus neste mundo.

    O motor a vapor roncou suavemente, e o ônibus começou a se mover. O som de sinos e o barulho de máquinas acompanhavam o ritmo. Duncan se recostou confortavelmente, sentindo as vibrações do avanço mecânico.

    A tecnologia do vapor era uma coisa maravilhosa. Uma sociedade civilizada era uma coisa maravilhosa. O progresso tecnológico era uma coisa maravilhosa.

    Se tivesse a chance, ele queria instalar algo assim no Banido — mesmo que fosse apenas uma caldeira para esquentar água. Afinal, seria bom tomar um banho quente no navio.

    Enquanto sua mente vagava, o ônibus de repente fez uma parada. Duncan ouviu a cobradora abrir a janela e gritar para fora: “Vai subir? Tem lugar! Assentos grandes e confortáveis!”

    Ele parou por um instante e riu suavemente.

    Naquele momento, a cidade-estado, ainda estranha para ele, pareceu muito mais viva.

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