Índice de Capítulo

    Hora da Recomendação, leiam Fagulha das Estrelas. O autor, P.R.R Assunção, tem me ajudado com algumas coisas, então deem uma força a ele ^^ (comentem também lá, comentários ajudam muito)

    Talvez passe a usar mais esse espaço para recomendar outras obras (novels ou outras coisas que eu achar interessante ^^)

    Em meio a uma névoa densa, três pequenos barcos atracaram em silêncio no final de uma rampa suave, em um canto da baía.

    Duncan foi o primeiro a pisar na ilha bizarra que os Aniquiladores chamavam de “Santuário”.

    Tudo ao redor estava em silêncio. A névoa flutuante e fria tornava indistintas as estruturas artificiais de diferentes alturas dentro do porto. Os contornos dos edifícios pareciam se fundir com a paisagem distante, e algumas luzes amareladas que brilhavam através da névoa ao longe não traziam nenhuma sensação de segurança.

    “Nem um único som…” Shirley sentiu o frio que permeava a névoa e instintivamente abraçou os próprios braços, esfregando-os enquanto murmurava e olhava ao redor. “Cão, você sentiu algum ‘cheiro de gente’?”

    “Não há cheiro de vivos, apenas um leve odor de mortos, misturado com uma densa aura Abissal”, resmungou Cão, examinando cuidadosamente o ambiente ao redor, um brilho carmesim piscando em suas órbitas vazias. “… A sensação de ‘casa’ está cada vez mais forte. Não apenas na aura, mas até na ‘atmosfera’… é um pouco parecido.”

    Ele ergueu a cabeça, seus olhos vazios fitando o interior da ilha envolta em névoa, com um tom de confusão em sua voz: “Muitas coisas aqui se parecem com a minha ‘terra natal’, mas… não são exatamente iguais. Não consigo descrever essa sensação.”

    “Sua terra natal é assim?” A atenção de Shirley estava claramente em outra direção. “Então o ambiente de vocês era bem ruim. Não é de se admirar que você tenha dito que os demônios abissais de sua terra natal, além de se morderem, só podiam roer pedras…”

    “Não gosto da atmosfera deste lugar”, disse Vanna em voz baixa, franzindo a testa e mantendo-se alerta ao ambiente. “Sempre me faz lembrar da Cidade-Estado de Geada naquela época…”

    Shirley acenou com a mão: “Névoa, ruas silenciosas, lama rastejante e Cópia de Primal aparecendo de repente, certo? Já entendemos…”

    Duncan não prestou atenção à conversa ao seu redor. Depois de confirmar que não havia um único ser vivo por perto, ele acenou para os fuzileiros que desembarcavam dos outros dois barcos, sinalizando para que todos o seguissem, e começou a circular em direção às luzes amareladas que brilhavam na névoa.

    A atmosfera era estranha e inquietante, o que deixou todos em alerta máximo. Antes, eles tinham imaginado os perigos que poderiam encontrar no covil que os Aniquiladores chamavam de “Santuário”. Imaginaram que poderiam haver milhares de hereges armados e ferozes, inúmeras armadilhas e monstros de carne e osso criados por adoradores de demônios, ou até mesmo que o Culto da Aniquilação tivesse construído secretamente uma frota poderosa que os atacaria de frente nesta névoa…

    No entanto, uma “ilha fantasma” sem nenhum sinal de vida não estava em nenhuma de suas suposições.

    Vanna pegou sua enorme espada de liga metálica das costas e a segurou com firmeza. Desta vez, houve tempo suficiente para os preparativos da exploração, e ela não precisou improvisar com uma espada gigante de gelo como nas situações apressadas anteriores.

    Segurar sua familiar “parceira de batalha” em mãos a deixou um pouco mais segura.

    Passos se aproximaram, e uma jovem vestindo uma armadura leve semelhante à de Vanna, com uma grande espada nas costas, aproximou-se.

    Vanna lembrava-se dela; era a sacerdotisa líder enviada do Maré, a chefe dos onze fuzileiros.

    Sob o olhar curioso e um tanto confuso de Vanna, a jovem sacerdotisa com a grande espada se aproximou dela, falando em voz baixa e com um tom um tanto animado enquanto caminhava: “A senhora é Vanna Wayne, certo? A lendária Inquisidora de Pland, a mais poderosa de todos os tempos…”

    “… Inquisidora lendária? Não sabia que tinha esse título”, Vanna franziu a testa, parecendo um pouco embaraçada. “Mas eu sou Vanna Wayne. Precisa de algo?”

    “Eu… eu me chamo Amber”, disse a sacerdotisa apressadamente. “Ouvi falar de muitas de suas façanhas… como quando saltou de um penhasco para matar a Prole do deus maligno que invadiu a cidade-estado, ou quando saltou do telhado da catedral para matar os cultistas que tentavam destruir a igreja, e também quando saltou do farol no penhasco…”

    Vanna sentiu que não conseguiria mais se conter e interrompeu-a apressadamente, acenando com as mãos: “Pare, eu não tenho tantos registros de abates saltados. As lendas tendem a exagerar.”

    “A senhora… é muito humilde”, Amber sorriu e depois apontou para a grande espada em suas costas. A arma já era bem maior que as espadas de aço padrão usadas pela maioria dos sacerdotes do Mar Profundo, mas ainda era muito menor em comparação com a espada de liga de Vanna. “Eu também estou tentando aprender seu estilo de combate. Meu mentor disse que é a técnica de abate mais antiga e prática da esgrima da tempestade… Claro, ainda estou muito longe do seu nível…”

    Vanna abriu a boca e, com esforço, conseguiu dizer: “Ah, uhm… continue assim.”

    “Estou me esforçando”, Amber assentiu vigorosamente, hesitou por um momento e perguntou novamente. “Mas… como exatamente se consegue ter uma força como a sua? Ouvi falar de muitas de suas batalhas… A senhora tem alguma técnica de treinamento especial?”

    A expressão de Vanna tornou-se ainda mais embaraçada. Ela instintivamente olhou na direção de Duncan, mas descobriu que o capitão não estava prestando a menor atenção. Após alguns segundos, ela finalmente soltou: “Coma mais carne.”

    Amber: “… Hã?”

    “E beba mais água quente, durma cedo e acorde cedo, mantenha uma rotina regular”, Vanna pareceu sentir que sua resposta não era muito convincente e acrescentou.

    A expressão de Amber gradualmente se tornou algo que um simples “hã?” não conseguia mais descrever — era mais para um estado de torpor. “Só… só isso é suficiente?”

    “Sim, e lembre-se de rezar todos os dias, confessando suas dúvidas e confusões à Deusa. Não guarde esse tipo de pressão e hesitação para o dia seguinte”, Vanna assentiu. “E, por fim, o ponto mais importante…”

    A expressão de Amber finalmente mudou, tornando-se instantaneamente séria: “O ponto mais importante?”

    Vanna pensou por um momento, olhou para a jovem colega com uma expressão extremamente séria e disse, com sabedoria: “Não faça juramentos à toa. Se já fez um, não adicione mais conteúdo ao juramento por impulso, ou vai ficar presa.”

    A expressão de Amber voltou a ser de torpor: “… Hã?”

    Mas Vanna já tinha se afastado rapidamente. Deixando para trás a “colega” que a deixava bastante constrangida, ela caminhou em poucos passos até o lado de Duncan, andando de cabeça baixa.

    Duncan, na verdade, estava ouvindo tudo o que acontecia atrás dele. Vendo Vanna se aproximar, ele finalmente falou com um sorriso: “Parece que você é bastante popular entre seus compatriotas, mesmo tendo deixado oficialmente o cargo de Inquisidora e se afastado dos olhos do público.”

    “… Acontece de vez em quando. Era mais frequente quando eu estava na cidade-estado”, Vanna mantinha a cabeça baixa. Na frente do capitão, ela finalmente podia reclamar um pouco sobre essas “pequenas frustrações que não se contam a estranhos”. “E não importa quantas vezes aconteça, nunca me acostumo.”

    Morris tirou o cachimbo do bolso e o colocou na boca sem acender, apenas comentando casualmente: “E sabe-se lá por quê, são sempre as moças que a perseguem…”

    Duncan imediatamente lançou um olhar sutil para a Inquisidora ao seu lado, que por sua vez lhe mostrou uma expressão de total desespero: “… Não me olhe assim… eu não sei por quê…”

    O que Duncan poderia dizer? Ele agora achava incrível que essa bela e valente guerreira ainda tivesse uma amiga normal como Heidi… talvez isso tivesse a ver com o fato de Heidi ser uma estudante de ciências?

    De qualquer forma, isso não tinha muito a ver com ele. Era apenas interessante ver que a normalmente calma e confiável Vanna também tinha um lado tão desamparado e constrangido.

    E, nesse momento, Shirley, que caminhava do outro lado do grupo, pareceu tropeçar em algo, cambaleando subitamente: “Opa, caramba!”

    Cão reagiu instantaneamente, puxando o pescoço para trás e segurando Shirley com a corrente antes que ela caísse: “O que foi?!”

    Shirley, enquanto recuperava o equilíbrio, virou-se resmungando: “Que droga de caminho é esse? Algo me fez tropeçar agor…”

    Ela parou no meio da frase, seus olhos se arregalando ao ver o lugar onde quase tropeçou. O resto de suas palavras se transformou em uma breve exclamação de surpresa: “Puta merda!?”

    Vários olhares se concentraram instantaneamente na direção que ela apontava.

    Duncan também viu o que quase derrubou Shirley: era um braço.

    Para ser mais preciso, era um “braço” negro, com a textura de lama solidificada, “embutido” na estrada, como se estivesse fundido com a superfície ao redor!

    Os olhos de Duncan se contraíram instantaneamente, e ele se aproximou rapidamente do “braço”.

    Era um segmento de braço, cotovelo e antebraço curvados. Sua textura de lama negra estava completamente fundida com a estrada ao redor, como se fosse uma massa que tivesse “crescido” diretamente da superfície.

    Isso levava à inevitável conclusão de que, sob a estrada, poderia estar enterrado o resto de um corpo mais completo, conectado a este braço!

    Quase ao mesmo tempo, a sacerdotisa do Mar Profundo, Amber, que caminhava não muito longe, também descobriu algo na névoa: “Aqui também!”

    O que Amber encontrou foi um torso projetando-se da estrada, conectado a uma cabeça incompleta e um braço que parecia lutar para se estender para a frente. A aparência do braço e da cabeça era semelhante à dos “Esboços humanoides” que a frota aliada tinha visto flutuando no mar perto da ilha do Santuário: negros como lama, sem detalhes nos membros ou feições.

    Mas sua postura era suficiente para imaginar a cena desesperadora e aterrorizante deste “Esboço humanoide” lutando para rastejar para fora de alguma substância que o devorava.

    Duncan olhou para o corpo “embutido” na estrada com uma expressão séria, uma imagem já se formando em sua mente: o chão amoleceu como lama, o dono deste corpo foi engolido pela estrada sob seus pés, seu corpo derretendo como lama em outra massa de lama. Uma luta desesperada adiou brevemente a chegada da morte, mas após uma resistência breve e inútil, ele ficou aqui para sempre…

    E as descobertas de Shirley e Amber foram apenas o começo.

    Meio minuto depois, os fuzileiros, ampliando a área de busca, encontraram mais… corpos humanos “fundidos” com o ambiente.

    Inúmeros, por toda parte na névoa.

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