Índice de Capítulo

    Hora da Recomendação, leiam Fagulha das Estrelas. O autor, P.R.R Assunção, tem me ajudado com algumas coisas, então deem uma força a ele ^^ (comentem também lá, comentários ajudam muito)

    Talvez passe a usar mais esse espaço para recomendar outras obras (novels ou outras coisas que eu achar interessante ^^)

    No vale no coração da Ilha do Santuário, Vanna, que liderava a equipe que acampava na entrada do túnel, recebeu a notícia vinda da caverna. Ela arregalou os olhos, atônita: “Shirley e Cão desapareceram?”

    “Estritamente falando, eles foram ‘transferidos’ para algum lugar por algum mecanismo espaço-temporal dentro da caverna”, a voz de Duncan ecoou na mente de Vanna. “Vocês observaram alguma mudança na superfície?”

    “Não, a situação na superfície está normal. Amber acabou de liderar uma equipe para vasculhar as profundezas do vale. Além de algumas cabanas vazias e alguns restos humanos engolidos pela ilha, não encontraram mais nada”, respondeu Vanna imediatamente. “A ilha está calma agora…”

    Na caverna subterrânea, Duncan assentiu levemente após ouvir o relatório de Vanna da superfície, e seu olhar se fixou em Morris e Alice ao seu lado.

    “A superfície está normal, a Ilha do Santuário não mostrou sinais de ‘ativação’. Parece que a situação que Shirley e Cão encontraram não é a mesma que aquele grupo de Aniquiladores enfrentou.”

    “Para onde eles foram, afinal?”, perguntou Alice, com o rosto ansioso. “O senhor não disse que ainda podia sentir as ‘marcas’ dos dois? Eles estão bem agora?”

    “Ainda estão vivos, mas em um lugar que não consigo localizar. Eu suspeito…”

    Duncan parou no meio da frase, sem tirar conclusões precipitadas, mas claramente já tinha uma suspeita em mente. Após um breve silêncio, ele levantou a cabeça e olhou pensativamente para as profundezas da caverna.

    Na escuridão sombria, uma estrutura enorme parecia se erguer indistintamente.

    A cada vez que ele piscava, um imenso prisma cercado por inúmeros cabos e tubos aparecia ali. Luzes piscavam na superfície do prisma, como se emitindo um convite silencioso.

    Ele foi até lá, ordenando que as chamas dissipassem a escuridão. Na luz trazida pelo fogo espiritual, um portão grandioso se erguia em silêncio, como se estivesse diretamente embutido nas paredes de rocha de ambos os lados.

    No chão ao redor do portão, podiam-se ver muitas ferramentas espalhadas às pressas, e algumas estruturas humanas, derretidas a ponto de ser difícil distinguir detalhes e como se tivessem sido engolidas pela terra e pela rocha, estavam incrustadas no chão e nas paredes, com uma aparência assustadora.

    Sem dúvida, esta era a “câmara secreta final” mencionada por Shirley, o último local de escavação nas profundezas da Ilha do Santuário, o lugar onde aqueles Aniquiladores finalmente “despertaram” a ilha inteira.

    Duncan se aproximou do portão e, com a ajuda da luz do fogo, observou rapidamente sua estrutura. O portão de pedra escura estava hermeticamente fechado. Sua superfície era áspera e irregular, como se videiras tivessem coberto a porta, mas agora se tornaram um emaranhado de depressões e padrões caóticos. No entanto, em meio àqueles padrões caóticos, quase sem lógica ou regularidade, Duncan conseguiu discernir algo.

    Eram os caracteres estranhos que ele viu naquele “grande salão”, os símbolos que ele já tinha visto na ilusão da queda da Nova Esperança.

    Ele franziu levemente a testa, mas antes que pudesse decifrar a informação oculta nos padrões, Alice, que o seguia, quebrou o silêncio em voz baixa: “Líder do Horizonte Um… interface de intervenção?”

    Duncan se virou abruptamente, olhando para a boneca que examinava o portão com a cabeça erguida: “Você conseguiu ler a informação nesta porta?”

    Alice, no entanto, franziu a testa e balançou a cabeça lentamente: “Não vi nenhuma informação na porta… Foi só um pensamento que surgiu de repente na minha cabeça…”

    Duncan encarou os olhos de Alice. Com os pensamentos girando, ele desviou o olhar e se virou para a porta. Após alguns segundos de hesitação e reflexão, ele colocou a mão no portão e, enquanto se concentrava, fechou levemente os olhos.

    Chamas esverdeadas se espalharam da ponta de seus dedos e piscaram na porta antes de desaparecer.

    E em sua outra visão, em uma dimensão escura, distante e estranha, um ponto de luz pareceu ser subitamente soprado pelo vento, tremeluzindo e piscando levemente nas profundezas da escuridão.

    Naquela chama fraca e vacilante, Duncan ouviu a voz de Shirley — um pouco mais clara do que antes, mas ainda separada por uma cortina espessa.

    Ela estava com muito medo, com muito frio, e tinha acabado de perder algo muito importante. Ela estava cautelosamente construindo uma concha de autoproteção, e algo mal-intencionado… se reunia ao seu redor.

    Duncan abriu os olhos abruptamente.

    “Lucretia”, ele chamou em sua mente a “Bruxa” que estava de prontidão no Brilho Estelar.

    A voz de Lucretia veio imediatamente: “O senhor precisa de mim?”

    “Traga aquele ‘Santo’ aqui. Eu encontrei o ‘ponto de conexão’. Agora preciso abrir uma porta para buscar alguém nas Profundezas Abissais.”

    “Entendido.”

    A voz em sua mente se dissipou. Duncan lentamente levantou a mão direita — uma bola de fogo excepcionalmente brilhante, a ponto de ser um pouco ofuscante, estava se formando gradualmente em sua palma.

    Ele pressionou aquela bola de fogo contra o portão de pedra escura, observando-a penetrar gradualmente na porta, na dimensão estranha e escura por trás dela. Antes que a chama desaparecesse completamente, ele disse suavemente para ela: “… Shirley, não tenha medo.”


    Muito escuro, muito frio, o corpo pesado como se estivesse cheio de chumbo. Uma dor estranha se espalhava pelo braço, subindo até o ombro, e depois por metade do corpo. A dor gradualmente se transformou em dormência, como se este corpo não pertencesse mais a si mesma, como se sua carne e sangue tivessem se transformado, sem que ela percebesse, em algo que não podia entender ou controlar.

    O “pântano” ao redor já tinha recuado em algum momento, mas uma malícia e uma sensação de perigo ainda mais intensas subiam de todos os lados. Shirley se escondeu nas profundezas de um “arbusto” emaranhado que parecia feito de fragmentos de ossos, encolhida, imóvel.

    Rugidos e murmúrios caóticos e insanos vinham de longe. Caçadores invisíveis patrulhavam na escuridão, procurando pelo intruso que havia invadido este lugar. O cheiro dos caçadores se aproximava lentamente, e ser descoberta era apenas uma questão de tempo.

    Mas desta vez, não havia um Cão de Caça Abissal para protegê-la.

    Shirley abraçou com mais força seu braço já torcido e deformado, encolhendo-se ainda mais fundo no arbusto. Ela já tinha “farejado” a atmosfera do lugar e entendido onde estava.

    Aqui eram as Profundezas Abissais, a “terra natal” de Cão.

    O covil dos demônios.

    O som de “pum-tum, pum-tum” soou fracamente em seus ouvidos. A pulsação vinda de seu peito despertou Shirley de seu torpor. Ela abaixou a cabeça, atordoada, olhando para os dois corações que segurava.

    “Papai… mamãe…”

    Ela murmurou baixinho, como quando era pequena e não queria dormir, aninhada na cama sussurrando com “eles”—

    “Estou com um pouco de medo… quero abraçar vocês…”

    Os dois corações apenas continuavam a pulsar lentamente, o som de “pum-tum, pum-tum” tão real. Nos últimos muitos anos, eles estiveram batendo dentro de um Demônio Abissal, separados por ossos grossos e fumaça caótica. O som de seus batimentos nunca tinha chegado aos ouvidos de Shirley de forma tão clara.

    Shirley apertou o próprio braço com um pouco de força, mas a sensação que recebeu foi estranha.

    Ela abaixou a cabeça e viu um par de braços cobertos por uma fina armadura de osso. Estruturas em forma de lâmina se estendiam de suas articulações do cotovelo, expandindo-se lentamente como seres vivos. Ela olhou para o próprio peito — um buraco horripilante. No buraco, havia um esqueleto do qual subia uma fumaça preta. Um órgão vermelho-escuro danificado pulsava com dificuldade em meio à fumaça e aos ossos, enfraquecendo a cada segundo.

    Aquele órgão danificado, no corpo humano, era chamado de “coração”.

    “… Então meu coração foi mordido pelo Cão naquela época… não é de se espantar que eu sinta tanto frio…”

    Shirley falou baixinho, ajustando ligeiramente sua posição no arbusto. Ela viu que suas pernas também estavam sendo gradualmente cobertas por uma camada de placas ósseas pretas, ferozes e estranhas, e a fumaça que representava a contaminação abissal subia continuamente das placas, dissipando-se no ar.

    Ela se sentia cada vez mais sonolenta.

    Eu vou morrer na forma de um Demônio Abissal? Ou será que, doze anos atrás, quando Cão se fundiu a mim, eu já era um Demônio Abissal vestindo pele humana?

    Este pensamento passageiro surgiu inexplicavelmente na mente de Shirley, mas logo, até mesmo ele se dissipou na sonolência crescente.

    Ela não queria pensar sobre isso, e não iria pensar sobre isso.

    Ela não entendia essas coisas. Esses problemas excessivamente “filosóficos”… eram muito profundos para ela.

    Ela se preocupava mais com água, comida, combustível para aquecimento e roupas para o inverno.

    Os rugidos e murmúrios estavam mais próximos. Os predadores na escuridão se aproximavam desta terra marginal. Formas que se expandiam e contraíam lançavam sombras ainda mais escuras na escuridão, e uma sensação fria parecia tocar a pele de Shirley com um passo de antecedência.

    Mas seu corpo já estava caindo lentamente para o lado. Os dois corações pulsantes não conseguiam mais despertá-la da forte sonolência. Em sua caixa torácica despedaçada, o coração que fora mordido pelo demônio estava lentamente realizando seu último batimento.

    Uma luz quente surgiu na escuridão, como se um raio de sol estivesse brilhando em seu rosto. Shirley semicerrou os olhos, exalando suavemente com satisfação e relaxamento.

    Era uma tarde de inverno agradável e quente.

    O sol entrava pela janela, caindo sobre o peitoril de madeira com a tinta descascada. A chaleira no fogão assobiava alegremente. A mãe estava ocupada na cozinha, e o cheiro de biscoitos assando flutuava para a sala de estar. O pai não precisava trabalhar hoje; ele estava agachado ao lado da mesa de jantar, consertando a mesa que sempre rangia. Da rua, vinha o som nítido do sino do carteiro passando de bicicleta pelo cruzamento, e o som de uma carruagem passando sobre as lajes de pedra.

    Shirley cochilava no sofá, prestes a adormecer.

    Então, o pai se aproximaria, a pegaria no colo para levá-la para a cama no quarto. A mãe sairia da cozinha e bateria na cabeça do pai com uma concha de cabo longo — porque suas mãos sujas tinham manchado o vestido da filha…

    Shirley deitou-se no sofá, um sorriso aparecendo lentamente em seu rosto, como naquela tarde de muitos anos atrás. Ela se virou gentilmente, seu braço caindo do encosto do sofá para o seu corpo, e se aninhou no peito.

    Ela tocou um coração que já tinha parado de bater.

    Todo o calor desmoronou instantaneamente. A escuridão e o frio, como uma avalanche, perfuraram a luz quente da tarde. Ela arregalou os olhos na escuridão, mas quando o medo avançou, ela viu a figura agachada ao lado da mesa de jantar, que deveria ter se dissipado com o “colapso”, levantar-se lentamente e caminhar em sua direção.

    Aquela figura se transformou em chamas, queimando todas as coisas na escuridão.

    “Shirley, não tenha medo.”

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