Capítulo 72: Informações no Local de Reunião
Para ser justo, esses cultistas são até bem cautelosos.
Eles não acreditaram de imediato nas palavras desse ‘companheiro’ desconhecido só porque Duncan apresentou o amuleto do sol, nem aceitaram facilmente sua explicação sobre os eventos no local de sacrifício nos esgotos. Durante todo o caminho, observaram cuidadosamente cada movimento e gesto de Duncan, e até mesmo no local de reunião, submeteram-no a uma verificação extra para confirmar sua identidade. Para um grupo de cultistas que vivem escondidos, eles já fizeram o melhor que podiam.
Mas todas as suas medidas de verificação partiam do pressuposto de que Duncan era um ‘humano normal’.
Essas precauções eram completamente inúteis contra o capitão do Banido.
O líder magro e alto pegou de volta a tira de tecido que Duncan havia lhe entregado. Ele parecia completamente alheio à mudança ocorrida na energia desse item extraordinário. Após dar as boas-vindas ao ‘novo companheiro’, apontou para um canto do local de reunião:
“Companheiro, descanse aqui primeiro. Você não é o único rosto novo por aqui.”
Duncan assentiu e caminhou até o canto discreto, ao mesmo tempo, observando atentamente cada rosto presente no local.
Diferentemente do que havia visto antes no local de sacrifício nos esgotos, Duncan ficou surpreso ao notar que esses seguidores do Sol não vestiam os característicos mantos pretos. Estavam vestidos como cidadãos comuns e não usavam capuzes para cobrir os rostos, deixando-os completamente expostos.
Curioso, perguntou ao seguidor ao seu lado:
“Aqui, durante as reuniões, ninguém precisa esconder o rosto?”
O seguidor pareceu surpreso:
“… Os seguidores locais de Pland costumavam se esconder durante as reuniões?”
Duncan franziu levemente a testa:
“Vocês não são de Pland…”
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“Viemos de Lensa”, respondeu outro seguidor tranquilamente. Após confirmarem que o estranho era realmente um companheiro da Igreja, os seguidores do Sol presentes claramente baixaram a guarda. “Chegamos na semana passada, mas antes que conseguíssemos estabelecer contato com os companheiros locais, houve aquele ataque…”
“Todos aqui vieram de Lensa?” Duncan estava surpreso. Ele finalmente entendeu por que, mesmo após a destruição do local de sacrifício nos esgotos, ainda havia tantos seguidores do Sol na cidade.
“Sim, todos aqui são companheiros de Lensa, mas também há grupos de outros territórios. Estamos espalhados por diferentes pontos de encontro”, respondeu outro seguidor. “Ah, a situação em Pland… Todos já ouviram falar, de certa forma. Nos últimos quatro anos, aquele maldito regente e os cães de caça da Igreja têm reprimido nossas atividades… Vocês passaram por momentos difíceis, mas felizmente isso ficou no passado.”
Duncan assentiu discretamente, sem confirmar nem negar. Logo ouviu o seguidor que ele havia perguntado inicialmente comentar:
“O que há em seu ombro… essa pomba é realmente… peculiar.”
O canto do olho de Duncan estremeceu.
Ele sabia que não era o único observando a pomba em seu ombro.
Tecnicamente, uma pomba não era nada tão incomum, mas trazer uma para uma reunião de cultistas certamente parecia fora do comum.
Ele respondeu de forma evasiva:
“É meu animal de estimação, ajuda em muitas coisas.”
Enquanto respondia superficialmente, seus pensamentos estavam a mil. A chegada em massa de seguidores do Sol a Pland confirmava uma de suas suspeitas:
A Igreja do Sol, normalmente discreta, organizara algo grandioso nos esgotos. Esses cultistas definitivamente estavam planejando algo significativo!
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Ao se infiltrar nesse local, ele havia, por sorte, encontrado o caminho certo!
Ao mesmo tempo, Duncan também entendeu por que os cultistas presentes não escondiam os rostos e se vestiam como cidadãos comuns.
Antes, nos esgotos, os seguidores do Sol escondiam suas identidades com roupas características e adotavam uma estrutura de comunicação restrita para evitar traições internas ou vazamentos de informações cruciais em caso de captura. Era uma estratégia de sobrevivência diante da intensa repressão da Igreja local.
No entanto, os recém-chegados de outras cidades ainda não tinham essa experiência. Eles não eram mais do que um grupo desorganizado de cultistas, não uma unidade disciplinada de combate.
Além disso, não havia necessidade de disfarces neste contexto: todos aqui eram ‘conterrâneos’ vindos do mesmo território. Estavam familiarizados uns com os outros, e ocultar identidades seria inútil durante as reuniões.
Agora, com roupas que imitam cidadãos comuns, esses cultistas têm maior facilidade para fugir imediatamente caso seus esconderijos sejam comprometidos, dispersando-se e misturando-se à população do subúrbio, que carece de sistemas rigorosos de controle.
Pensando nisso, Duncan vasculhou o local de reunião com o olhar, quando de repente sentiu que estava sendo observado.
Imediatamente seguiu sua intuição e identificou o autor daquela observação.
Era uma garota de cabelos curtos e negros, de aparência frágil e figura pequena, posicionada a cerca de dez metros de distância.
Ela vestia um vestido preto adornado com babados brancos. Seu rosto era delicado e sereno, aparentando ter uma idade próxima à de Nina. Porém, o que mais chamava a atenção era um colar de tom avermelhado em volta de seu pescoço, ao qual estava preso um pequeno sino de prata ornamentado. Embora o acessório parecesse adorável, havia algo estranhamente inquietante nele.
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No momento em que Duncan lançou o olhar em sua direção, a garota, sem pressa, desviou o olhar para outro ponto do local. O movimento foi tão natural que quase parecia ensaiado, mas Duncan tinha certeza absoluta de que aquela jovem era a dona do olhar que o havia incomodado.
Por que há uma garota tão jovem entre esses cultistas?
A dúvida surgiu naturalmente na mente de Duncan, que voltou a observar os trajes da jovem. De alguma forma, ele sentia que ela destoava do ambiente ao seu redor.
Enquanto refletia sobre isso, o som das dobradiças de uma porta girando ecoou nas proximidades. O líder magro e alto ordenou que a entrada do porão fosse trancada antes de caminhar até o centro do local.
Imediatamente, todos os presentes focaram sua atenção no líder, incluindo Duncan, que interrompeu seus pensamentos para observar a mudança na dinâmica do encontro. Ele viu o homem magro e alto posicionar-se com confiança no centro do local, um leve sorriso adornando seu rosto austero. Logo, o líder retirou algo de dentro de sua vestimenta e ergueu-o para que todos vissem.
Era uma máscara solar de tom dourado pálido, idêntica à usada pelo sacerdote que havia conduzido o ritual no local de sacrifício nos esgotos.
“Ofereçam sua reverência à glória do Senhor, e em Sua presença, recitem as palavras sagradas”, proclamou o líder, com uma devoção inabalável na voz. “Curvem-se diante desta máscara abençoada, que carrega a proteção das Proles do Sol e nos guia, irmãos e irmãs reunidos aqui.”
Os cultistas ao redor imediatamente começaram a recitar o nome do Verdadeiro Sol Negro, antes de fecharem os punhos, posicioná-los sobre as sobrancelhas e inclinar a cabeça em sinal de respeito. Curiosamente, eles não reverenciavam o homem que segurava a máscara, mas sim a própria máscara dourada. Parecia que, para eles, a máscara era o verdadeiro objeto de veneração, e o homem que a portava, apenas um veículo.
Duncan imitou os gestos dos cultistas, mas, desconhecendo as tais palavras sagradas, murmurou alguns números da tabuada enquanto analisava atentamente cada etapa do ritual, tentando deduzir seu significado.
O líder, então, colocou a máscara cuidadosamente sobre o rosto.
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No instante seguinte, Duncan percebeu uma mudança sutil mas perceptível no homem.
Ele não sabia explicar ao certo, mas parecia que o homem havia mudado de aura no momento em que a máscara tocou seu rosto. Como se sua presença tivesse adquirido uma sombra adicional, uma camada de significado além do físico. Duncan fitou a máscara dourada, notando que os entalhes em sua superfície pareciam se mover levemente, como se o objeto tivesse ganhado vida. Parecia que uma consciência poderosa e distante projetava uma pequena fração de seu poder através do artefato, conferindo-lhe qualidades sobrenaturais.
Ao colocar a máscara, o homem comum havia completado uma transformação ‘divina’, tornando-se um símbolo de autoridade espiritual.
Os cultistas ao redor começaram a entoar em uníssono:
“Que a glória de nosso Senhor seja eterna! Que o caminho de nosso Senhor se manifeste neste mundo!”
Enquanto recitava a tabuada até o sexto dígito, Duncan tentava recordar o que sabia.
Ele havia visto um sacerdote usando uma máscara dourada no local de sacrifício dos esgotos, mas na ocasião, o sacerdote já tinha completado o ritual de colocação da máscara. Além disso, Duncan estava em um estado debilitado, usando um corpo temporário e incapaz de compreender completamente o ambiente ao seu redor. Por isso, não havia percebido que a máscara dourada possuía propriedades especiais, nem entendido por que o sacerdote era chamado de ‘Emissário’ pelos demais.
Agora parecia claro: a máscara do Sol, longe de ser um objeto comum, era um instrumento usado pelas Proles do Sol para se comunicar, observar o mundo e manipular seus seguidores. Mais precisamente, um dispositivo de projeção espiritual.
Ao perceber o quão interessante aquele objeto era, Duncan olhou para a máscara dourada com um brilho novo nos olhos.
Este artefato… talvez esteja destinado a cruzar meu caminho.
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