Capítulo 75: Caos
Ao perceber a situação à sua frente, Duncan, que estava prestes a se revelar e admitir ser o ‘traidor’, recuou discretamente. Em vez disso, assumiu a postura de um espectador, adotando uma mentalidade de quem apenas observa o desenrolar do caos no local.
Afinal, ele não era o único infiltrado ali – a garota de vestido preto já havia chamado sua atenção desde o início. Originalmente, Duncan pensara que a sensação de desconexão que ela transmitia vinha de sua juventude e comportamento quieto, que pareciam destoar do ambiente daquele culto. Mas agora, a verdadeira razão se tornou clara.
Ele notou que o líder do culto havia mencionado dois termos: Cão de Caça Abissal e Culto da Aniquilação.
O Cão de Caça Abissal referia-se claramente à gigantesca criatura de ossos negros que a garota havia invocado, enquanto o Culto da Aniquilação não parecia exatamente um grupo de atividades comunitárias registradas no cartório de Pland. Ficava evidente que essa garota não era uma seguidora do Sol Negro, mas sim de outro culto sombrio.
Quantos desses cultos obscuros e estranhos estavam escondidos nas sombras deste mundo?
Enquanto Duncan refletia, a garota que havia invocado o Cão de Caça Abissal levantou levemente o braço onde a corrente negra estava presa. Assumindo uma postura de prontidão, ela varreu o olhar pelo ambiente, com um sorriso de desdém nos lábios:
“Culto da Aniquilação… Que pena, eu não tenho nenhuma ligação com eles. Diferente de vocês, bando de vira-latas que precisam servir a um deus perverso para conseguir dormir à noite, eu ajo apenas por conta própria!”
“Essa mentira não vai enganar ninguém. Apenas membros do Culto da Aniquilação sabem invocar entidades abissais da profundidade sombria. Recomendo que desista, herege. Você está no território do Sol Negro, e nem mesmo a maldição do Cão de Caça Abissal pode salvá-la aqui!” O líder do culto, no centro do salão, fixou seu olhar em Shirley, sua voz grave e carregada de ameaça. “Diga, o que vocês querem? O Culto da Aniquilação e o Sol Negro não são aliados, mas também não são inimigos. Por que se infiltraram em nossa sagrada reunião?”
“Eu só queria arrancar algumas informações desses cérebros pouco funcionais de vocês, só isso”, Shirley respondeu, com um sorriso sarcástico. A corrente ligada a seu corpo começou a emitir um som metálico, como se estivesse viva, os elos se retorcendo lentamente. “Ah, e eu já disse que não sou do Culto da Aniquilação…!”
Antes que pudesse terminar sua frase, um som de estalos ecoou pelo salão. As lâmpadas a óleo, posicionadas estrategicamente pelo ambiente, pareceram ser ativadas por alguma força invisível e, de repente, acenderam em chamas intensas!
A luz das lâmpadas inundou o subterrâneo, tornando-o tão claro quanto o dia. Acima de cada uma, pequenas esferas de fogo começaram a flutuar, como pequenos sóis, emanando uma poderosa energia. O líder do culto, por sua vez, estava segurando com força seu amuleto sagrado em forma de sol. O objeto estava cercado por chamas afiadas, que haviam perfurado sua mão, fazendo sangue escorrer e ser consumido pelo fogo, que queimava como óleo, cobrindo toda a sua mão.
Este conteúdo está disponível no Illusia. Se estiver lendo em outro lugar, acesse https://illusia.com.br/ para uma melhor qualidade e maior velocidade.
Claramente, o experiente sacerdote cultista havia usado suas palavras apenas para ganhar tempo. Enquanto distraía Shirley, ele ativou secretamente um poder sobrenatural.
“Renda-se, herege”, declarou a voz ameaçadora por trás da máscara dourada. “O poder do Sol Negro selou este local. Conheço as habilidades dos lacaios do Culto da Aniquilação. Vocês conseguem usar os feitiços retirados dos demônios que invocam, e o próprio Cão de Caça Abissal é formidável com seu sopro sombrio. Mas aqui, neste local selado, nem você nem seu cão poderá obter qualquer força das profundezas abissais!”
Duncan, com as mãos nos bolsos, mexeu levemente os dedos, ponderando se deveria ou não intervir. Embora parecesse uma briga entre dois grupos de cultistas, aquela garota, Shirley, poderia ter informações importantes. No entanto, ela claramente estava em desvantagem agora.
O líder mascarado apontou sua mão em chamas, que segurava o amuleto sagrado, na direção de Shirley. A voz grave e hipnótica que saía debaixo da máscara parecia carregada de poder invisível:
“Desista de resistir. Converta-se ao domínio do Sol Negro e conte-me tudo o que sabe. O misericordioso Sol perdoará seus pecados… Ajoelhe-se, jovem irmã… Você não pode usar os feitiços.”
Shirley, no entanto, ignorou completamente a ameaça. Com uma calma impressionante, ela olhou para as lâmpadas ardendo ao seu redor e depois para os seguidores armados com facas, espadas curtas e até pistolas. Então, perguntou:
“Esse campo de restrição deve estar dando trabalho para você manter, não é?”
O sacerdote soltou um resmungo:
“Hmph! O poder concedido por meu Senhor…”
Antes que pudesse terminar a frase, Shirley agiu.
Em um movimento repentino, ela deu um passo à frente, erguendo seu braço direito envolto em chamas negras. A corrente negra silvou pelo ar, e o Cão de Caça Abissal preso à corrente foi levantado como se fosse uma maça gigante. Em um instante, o enorme cão, várias vezes maior que um cão comum, foi girado em um arco completo e lançado violentamente.
BAM!
Um som aterrador ecoou quando o cão colidiu diretamente com o peito do sacerdote do Sol Negro. O som de ossos quebrando foi claro. O sacerdote, que estava concentrado em manter o campo de restrição, não teve tempo de reagir. Ele foi arremessado como uma boneca de pano, chocando-se contra a parede oposta, onde caiu inerte.
Este conteúdo está disponível no Illusia. Se estiver lendo em outro lugar, acesse https://illusia.com.br/ para uma melhor qualidade e maior velocidade.
Duncan ficou em silêncio, não esperando por isso.
Antes que qualquer um pudesse reagir, o som da corrente cortando o ar voltou a ecoar pelo salão.
Shirley, com uma expressão determinada, girou novamente a corrente negra. O Cão de Caça Abissal foi lançado mais uma vez, varrendo em um arco devastador. O impacto foi imenso, arremessando vários cultistas contra as paredes, deixando um rastro de caos e sangue.
Os seguidores finalmente entenderam o que estava acontecendo. Gritando, eles se lançaram contra Shirley com tudo que tinham. Espadas e facas brilhavam enquanto voavam em direção à garota. Mas Shirley, sem hesitar, girou novamente o cão.
“Vão para o inferno com seu deus, bando de desgraçados!” ela gritou.
A batalha virou um espetáculo de destruição. O Cão de Caça Abissal voava pelo ar como um meteoro negro, arremessando cultistas para todos os lados. Shirley lutava como uma tempestade viva, seus movimentos fluidos e implacáveis. Cada golpe fazia os inimigos voarem ou caírem gritando de dor.
Então, tiros ressoaram pelo salão.
Os cultistas armados com pistolas finalmente encontraram uma brecha. Sem hesitar, dispararam.
As balas cortaram o ar. Duas delas atingiram a corrente negra, gerando faíscas brilhantes, enquanto outras acertaram Shirley.
A garota cambaleou ao ser atingida, o impacto das balas e a dor quase a derrubando. Os cultistas pensaram que a situação havia virado a seu favor, mas, então, o som da corrente voltou a ecoar.
Este conteúdo está disponível no Illusia. Se estiver lendo em outro lugar, acesse https://illusia.com.br/ para uma melhor qualidade e maior velocidade.
“Cão! Bloqueie minha dor!” Shirley gritou.
O cão negro soltou um rugido caótico enquanto investia contra um dos atiradores, arremessando-o com força contra uma coluna. O impacto foi fatal, transformando-o em um borrão grotesco.
Duncan recuou alguns passos para longe da batalha, tentando se manter fora do caos. Ele só queria evitar que seu traje fosse manchado de sangue — afinal, ele havia acabado de trocá-lo, e seria difícil explicar isso para Nina.
Quanto à garota, que transformou um cão gigante em uma arma mortal, ela claramente não precisava de ajuda. Estava em ótima forma.
A batalha inteira não durou muito tempo. O Cão de Caça Abissal da garota de vestido preto era incrivelmente forte e rápido. O espaço subterrâneo apertado, onde era impossível escapar, se tornou um palco exclusivo para sua caçada. Enquanto isso, Duncan permaneceu encostado em uma das paredes, silenciosamente recitando a tabuada ao contrário pela segunda vez. Antes mesmo de terminar, a luta já havia acabado.
Quando todos os cultistas estavam caídos, derrotados, o local mergulhou em silêncio.
Shirley finalmente parou. Ela segurava com firmeza a corrente que prendia o Cão de Caça Abissal e respirava pesadamente no centro da sala. No entanto, de repente, seus olhos captaram algo – uma figura encostada na parede.
Ela finalmente notou Duncan, o último ‘cultista’ ainda de pé naquele salão.
Embora estivesse confusa e intrigada pela calma inusitada daquele estranho ‘cultista’, Shirley não hesitou. Segurando a corrente e o cão, ela avançou em direção ao último alvo.
Sua hostilidade era evidente.
Este conteúdo está disponível no Illusia. Se estiver lendo em outro lugar, acesse https://illusia.com.br/ para uma melhor qualidade e maior velocidade.
Regras dos Comentários:
Para receber notificações por e-mail quando seu comentário for respondido, ative o sininho ao lado do botão de Publicar Comentário.