Hora da Recomendação, leiam Fagulha das Estrelas. O autor, P.R.R Assunção, tem me ajudado com algumas coisas, então deem uma força a ele ^^ (comentem também lá, comentários ajudam muito)
Talvez passe a usar mais esse espaço para recomendar outras obras (novels ou outras coisas que eu achar interessante ^^)
Capítulo 758: A Informação Trazida pelo "Marinheiro"
Os “fragmentos do sol” que iluminaram brevemente o céu noturno quebraram a calma tensa que pairava sob a longa noite. Depois que um quarto do “anel solar” se desintegrou e caiu diante do mundo inteiro, pelo menos sete Cidades-Estado enviaram frotas para procurar os Corpos Geométricos de Luz que caíram no Mar Infinito.
Nas primeiras quarenta e oito horas da longa noite, o Mar Infinito, pacífico por mais de uma dúzia de séculos, esteve mais perto da guerra do que nunca.
Felizmente, a vasta frota liderada pela nau capitânia da Academia da Verdade, o “Equilíbrio de Todas as Coisas”, chegou ao maior “ponto de queda” no mar central antes de todas as Cidades-Estado, controlando os maiores fragmentos do sol com antecedência. A autoridade da igreja mais uma vez prevaleceu, mantendo o equilíbrio precário entre as Cidades-Estado. As frotas não entraram em conflito pela disputa dos fragmentos, mas concordaram com o plano de distribuição da igreja, deixando as disputas de lado por enquanto e enviando os fragmentos para as cidades em pior situação e que mais necessitavam da luz solar.
Mas, durante aquele confronto de quatro horas, uma fissura, um mau presságio, já havia começado a se espalhar silenciosamente entre as muitas Cidades-Estado do Mar Infinito:
Nos dias que viriam, a luz do sol se tornaria um recurso vital e escasso.
No entanto, para Duncan, que ainda permanecia em Porto Brisa, esses assuntos eram distantes.
Uma informação inesperada chegou a Duncan vinda de Faerun. A fonte era Lawrence, capitão do Carvalho Branco, e o conteúdo estava relacionado à misteriosa Anomalia 077, o “Marinheiro”.
No térreo da Mansão da Bruxa, a figura de Lawrence apareceu no espelho oval na parede, e sua voz emanou do espelho: “… Ele disse que costumava ser o imediato do Canção do Mar. Eles cruzaram a linha crítica de seis milhas náuticas na fronteira, e isso aconteceu em 21 de janeiro de 1902…”
Duncan, de pé ao lado do espelho oval, franziu a testa imediatamente ao ouvir o relato do Capitão Lawrence: “Hoje é 22 de janeiro de 1902 do novo calendário das Cidades-Estado. Você quer dizer que… aquela múmia chamada ‘Anomalia 077 – O Marinheiro’, ontem mesmo era um sacerdote da Igreja do Mar Profundo, em uma missão para cruzar a fronteira?!”
“Foi o que ele disse”, falou Lawrence com uma expressão séria, claramente não estava brincando. “Ele disse que sua capitã se chamava Kalani e descreveu em detalhes a partida do navio. Ele disse que sabe que, na verdade, faz apenas um dia que o Canção do Mar cruzou as seis milhas da fronteira, mas me contou que a Capitã Kalani e seus marinheiros vagaram por meio século após cruzar a fronteira…”
Duncan franziu a testa sem dizer nada. Ao lado, Lucretia, que ouviu a conversa, arregalou os olhos, surpresa: “Meio século?!”
“Ou talvez… mais, senhora”, disse Lawrence, no espelho, franzindo a testa e falando com cautela. “De acordo com o ‘Marinheiro’, eles só conseguiram registrar os dias com a mente sã durante o primeiro meio século. Depois, perderam a noção do tempo. Eles vagaram por uma névoa sem fim, nem vivos nem mortos, como se um psiquiatra, durante um tratamento, tivesse caído acidentalmente na ‘falha do vácuo’ na borda de um sonho. O Canção do Mar também caiu na falha na borda do mundo, e então…”
Lawrence parou, aparentemente interrompido por um barulho ao lado. Em seguida, uma voz rouca e indistinta veio da borda do espelho, a voz de caixa de brita do “Marinheiro”: “E então fomos ‘esquecidos’, Capitão, ahá… Fomos esquecidos pela morte, depois pelo mar, e finalmente até o tempo e a razão se esqueceram de nós. E assim nos tornamos imortais, imperecíveis, quase vagando eternamente no fim do mundo… Mas no final… hic, a deusa teve piedade, sim, a deusa teve piedade, e de repente se lembrou de nós… e então voltamos para a rota certa… hic!”
Duncan franziu a testa. Ele entendeu rapidamente o que o “Marinheiro” queria dizer e perguntou: “A rota certa se refere a…”
“Nós a encontramos! Uma gigante…”, o Marinheiro de repente elevou a voz, mas em seguida parou abruptamente, como se alguém o tivesse agarrado pelo pescoço. Depois de uma série de murmúrios confusos, ele continuou: “Não me lembro. Não me lembro da aparência dela, mas nós a encontramos… encontramos a fonte do chamado. Essa era a nossa missão. A papisa nos mandou procurá-la, porque ela transmitiu uma revelação à papisa…”
“A maioria de nós ficou por lá. Eles não queriam mais voltar, não queriam enfrentar aquele mundo que já não tinha salvação. Eles vagaram por tempo demais, e toda a sua glória e fé inabalável foram corroídas por aquela névoa sem fim. E nós também encontramos… encontramos…”
“O que encontramos mesmo? Não me lembro, Capitão, não me lembro muito bem… Só me lembro que eu e a Capitã Kalani voltamos da névoa, só nós dois. E, para ser exato, só eu. A Capitã Kalani, naquela altura, era apenas uma sombra enrugada. Ela já não se lembrava de sua própria aparência, então até mesmo o leme tinha que ser comandado por mim…”
Chegando a esse ponto, a voz do Marinheiro se transformou em uma série de murmúrios confusos. Parecia que sua mente não estava clara, e as memórias caóticas que acabavam de surgir giravam em seu cérebro já definhado como peças de um quebra-cabeça, deixando-o ora lúcido, ora confuso.
Duncan não deu atenção aos resmungos posteriores do Marinheiro. Ele ponderou por um momento e depois falou: “Mas agora você é a Anomalia 077 — um ‘objeto anômalo’ contido pela Cidade-Estado há muitos anos. Você já apareceu neste mundo há centenas de anos, e sua primeira aparição foi em um navio de exploração que estava desaparecido há três anos.”
O Marinheiro ficou em silêncio e não falou por um longo tempo. Depois de um período indeterminado, Lawrence quebrou o silêncio: “Ele disse que também não sabe o que aconteceu. Ele não se lembra de como finalmente voltou a este mundo, nem para onde o Canção do Mar foi, e muito menos por que acabou se tornando o que é, um ‘objeto anômalo’ que causa tempestades por onde passa. Ele disse que o mundo aos seus olhos está desalinhado, que o mundo que ele vê agora é muito diferente do de sua memória… mas não conseguiu me explicar nada disso.”
Duncan ficou em silêncio por um momento e suspirou levemente.
“Entendido. Cuide da Anomalia 077 por enquanto. Entrarei em contato novamente se algo acontecer.”
“Certo, Capitão.”
As chamas no espelho diminuíram gradualmente, e ele voltou a ser um simples pedaço de vidro.
Lawrence desviou o olhar do espelho e virou-se para a múmia sentada no canto do quarto. A Anomalia 077 estava ali, aturdida, com a grande garrafa de bebida já vazia na mão, mas de vez em quando ele a levantava e a virava inutilmente sobre a boca.
“O álcool não tem efeito nenhum em você”, disse Lawrence, finalmente franzindo a testa e se aproximando da múmia. “Você não fica bêbado e não vai conseguir dormir com isso. Álcool não funciona, veneno não funciona, nem mesmo as balas de um revólver funcionam. Você já tentou o último.”
A múmia hesitou, jogou a garrafa de lado e ergueu a cabeça lentamente para olhar o velho capitão. Após dois segundos, resmungou: “E um canhão de doze libras…”
“Se você ainda estiver acordado no dia do fim do mundo, não me importo que tente. Pode até tentar aquele canhão de sessenta e quatro libras no cais, se tiver interesse.”
Lawrence falou casualmente, sentando-se na cadeira ao lado da múmia.
“Mas, já que o mundo vai acabar, não há necessidade de tentar essas coisas. Todos nós descansaremos em paz mais cedo ou mais tarde, embora você tenha pego um desvio um pouco mais longo.”
O “Marinheiro” virou a cabeça e olhou fixamente para Lawrence.
Seu globo ocular, seco e enrugado, moveu-se. A embriaguez autoinduzida não durou muito. Após um momento de torpor, a múmia que havia perdido sua paz finalmente baixou a cabeça, segurando-a com as mãos esqueléticas e secas.
“Eu perdi o diário de bordo…”
A múmia resmungou, com a voz confusa e desesperada.
“O quê?”
“O diário de bordo, o diário da Capitã Kalani. Ela escreveu muitas coisas antes de desaparecer. Ela me pediu para levar o diário de volta, era a nossa missão…”, resmungou a múmia. Ele parecia querer chorar copiosamente, mas parecia ter esquecido como expressar essa emoção exclusivamente humana. “Eu o perdi, perdi o diário da capitã… Lembro-me de tê-lo guardado comigo. Quando o Canção do Mar atravessou a névoa novamente, ele estava comigo, mas não sei onde está agora… Tudo está diferente, não me lembro…”
Lawrence ouvia, atônito, a confissão da múmia. No espelho ao seu lado, a figura de Masha apareceu silenciosamente, com uma expressão complexa. Eles permaneceram em silêncio, observando o “Marinheiro”. No quarto, restava apenas o resmungo baixo e confuso dele… um som como o de um cadáver que esquecera como chorar, tentando arduamente reaprender a soluçar.
Duncan se virou e viu que todos já estavam atrás dele. Muitos pares de olhos o observavam, ou olhavam para o espelho, agora normalizado, atrás dele.
“…Aquela múmia tem uma história e tanto, hein?”, Shirley sussurrou.
Vanna ponderou: “O Canção do Mar, que cruzou a linha crítica de seis milhas náuticas ontem… Lembro que Sua Santidade, Helena, mencionou isso. Ela disse que as principais igrejas já começaram a enviar navios de vanguarda para desafiar a fronteira de seis milhas, na esperança de trazer de volta informações do ‘mundo exterior’.”
“Mas um navio de exploração que cruzou a fronteira ontem, por que seu imediato se tornaria a ‘Anomalia 077’, que apareceu no mundo há mais de duzentos anos?”, Nina estava perplexa. “E ainda tem aquele ‘meio século’…”
“…Talvez seja porque o conceito de ‘tempo’ começou a falhar”, disse Duncan em voz baixa. “Ou talvez, essa seja precisamente a característica da área marítima fora da fronteira. Toda a tripulação do Canção do Mar validou com suas vidas esta primeira característica do que existe além da fronteira.”
Morris franziu a testa ao ouvir isso, como se tivesse pensado em algo imediatamente.
Mas, antes que o velho estudioso pudesse falar, uma batida repentina na porta da entrada interrompeu seus pensamentos.
Um visitante havia chegado.
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