Capítulo 769: Visitante na Névoa

Ao chegar correndo à janela, Zhou Ming finalmente confirmou que não era uma alucinação — realmente havia palavras na janela! E estavam escritas na língua comum das Cidades-Estado, por alguém do lado de fora!

As palavras estavam borradas e tremiam levemente no vidro de uma forma estranha, como se não estivessem escritas em uma superfície sólida e estável, mas refletidas em uma névoa ilusória. Zhou Ming encarou as letras por um bom tempo antes de finalmente decifrar o conteúdo das palavras embaçadas e espelhadas:

“Eu estou fora, você está dentro.”

Zhou Ming ficou perplexo por um instante — sentiu como se tivesse lido uma obviedade.

Algum ser se deu ao trabalho de deixar uma mensagem do lado de fora de seu “casulo protetor”, apenas para dizer algo tão trivial?

Ele instintivamente sentiu uma vontade de rir e chorar ao mesmo tempo, mas logo em seguida franziu a testa, tendo uma vaga ideia.

Zhou Ming se endireitou lentamente diante da janela, olhando para a névoa cinza-esbranquiçada lá fora, franzindo a testa em pensamento.

O que exatamente havia do lado de fora de seu “apartamento” era algo que ele já tinha uma vaga suspeita. Mesmo que os detalhes ainda não pudessem ser confirmados, ele já tinha uma noção geral de alguma lei daquele lugar, ou melhor… alguma lei na lógica mais fundamental deste mundo.

A restrição da “informação” tinha um significado imenso, a expressão da “informação” era a pedra angular da ordem e, com base nisso, a “simbologia” neste mundo recebia um… “efeito” real e válido.

Ele teve uma epifania. Ao olhar novamente para as palavras, sua expressão mudou sutilmente. Ele adivinhou — aquilo não era uma linguagem para se “comunicar” com ele.

Era um “ponto de ancoragem”. Algo… alguma existência que dominava e sabia como usar a “verdade”, havia se “ancorado” do lado de fora de seu quarto.

Zhou Ming franziu a testa de repente, lembrando-se de algo: da última vez que retornou aqui, as batidas que vieram daquela névoa negra!

No segundo seguinte, como se seus pensamentos tivessem realmente influenciado a realidade, no instante em que essa lembrança surgiu, um som apareceu abruptamente ao seu lado — toc, toc, toc.

Zhou Ming olhou bruscamente para a porta do apartamento, mas logo percebeu que desta vez o som não vinha da porta, mas de perto: alguém estava batendo na janela.

Ele olhou na direção do som e viu que a névoa cinza-esbranquiçada ainda pairava do lado de fora. Através do vidro transparente, parecia não haver nada na névoa, apenas o som contínuo de batidas ecoando na superfície do vidro, como se um visitante invisível estivesse do lado de fora, esperando…

Esperando que o dono desta “pequena casa” o reconhecesse.

Estranhamente, Zhou Ming se lembrou daqueles “peixes”.

Ele se inclinou novamente para a janela, colocando a mão no vidro onde as batidas soavam. Ele tentou sentir e ouvir — as batidas continuavam, e gradualmente, ele sentiu que realmente havia uma vibração em sua palma.

Ele ergueu a cabeça, observando a névoa fluida, como se estivesse olhando nos olhos do “visitante” na névoa através do vidro transparente. Ele imaginou um convidado, um convidado que “poderia aparecer aqui” em todas as possibilidades e ramificações razoáveis.

Nos confins da ordem, neste lugar já desvinculado de todas as coisas do mundo, quase na fundação do mundo, quem bateria em sua janela?

Uma sombra embaçada apareceu na névoa e, quase no instante em que a sombra surgiu, Zhou Ming finalmente sentiu, através da espessa cortina, uma presença familiar — uma presença que se originava de sua chama, uma chama que ele havia liberado há muito tempo e que pensava ter se dissipado.

Essa chama fez sua percepção se concretizar instantaneamente. O “visitante na névoa” finalmente colapsou em uma entidade.

A névoa cinza-esbranquiçada do lado de fora da janela desmoronou abruptamente. A “paisagem” aparentemente imutável se transformou, em um tempo de Planck, em um “cômodo” iluminado e de estilo luxuoso, que parecia completamente deslocado da aparência do apartamento deste lado da janela. E do outro lado da janela, uma bela dama de olhos arregalados de surpresa parecia também estar atônita com a mudança espantosa à sua frente.

“Ali…”, Zhou Ming começou a dizer no instante em que viu a figura de cabelos prateados, mas se corrigiu imediatamente. “Não, Ray Nora — é você mesmo?!”

O último fato completou o colapso direcional, e a cena do lado de fora da janela finalmente se estabilizou.

Do lado de fora estava a Rainha de Geada, Ray Nora. Ela era a “visitante na névoa”. Agora, ela ainda encarava Zhou Ming — ou, mais precisamente, uma existência disforme aninhada em um espaço caótico vasto e incompreensível.

Seus olhos refletiam uma infinidade de estrelas distantes. A luz estelar já havia atravessado o “vidro” e iluminado seu quarto, tingindo o que antes era parte da “Mansão de Alice” com um brilho estelar tênue, como se estivesse prestes a cair no céu estrelado a qualquer momento.

Mas, de repente, o olhar de Ray Nora recuperou o brilho. Ela parecia ter finalmente se libertado da influência da luz estelar e “recuperado” a sanidade sob o olhar de Zhou Ming. Ela abriu a boca, parecendo dizer algo, mas através da janela, apenas sílabas embaçadas foram ouvidas:

“…Eu vejo… uma luz…”

Zhou Ming franziu a testa e instintivamente empurrou a janela, querendo ouvir o que ela estava dizendo.

A janela se abriu.

Zhou Ming ficou parado, atônito, olhando para a janela com uma expressão vazia. Demorou um pouco para ele perceber o que havia acontecido — a janela se abriu!

Depois de tanto tempo, depois que a névoa bloqueou este quarto por tanto tempo, esta janela… simplesmente se abriu com tanta facilidade?!

Ele ficou pasmo por um longo tempo, finalmente recuperando os sentidos, e seu olhar pousou na “Rainha de Geada” do outro lado.

Ray Nora viu a cortina cheia de luz fluida se abrir de repente diante de seus olhos. A coisa mais chocante e inacreditável desta “viagem à deriva” aconteceu.

Nos confins do tempo e do espaço, um indivíduo com “intelecto” e possivelmente até “humanidade” apareceu em seu campo de visão.

Embora ela não conseguisse ver nenhuma forma definida na vasta e caótica luz estelar, nem qualquer coisa que pudesse ser compreendida com a razão naquele ninho enlouquecedor, ela percebeu quase instantaneamente que a “entidade” era senciente. Ela respondeu ao seu chamado e abriu um canto do ninho. Agora, um “membro” se estendia daquele aglomerado de estrelas, descendo lentamente em sua direção, com milhões de olhos piscando na ponta do membro, emitindo um ruído áspero e estridente:

“É você mesmo”, disse Zhou Ming, incrédulo, examinando a “Sua Majestade” de cima a baixo. “Espere um pouco, estou confuso, preciso organizar as ideias… Como você veio parar aqui? Você se separou da Mansão de Alice e desde então tem estado… à deriva na fronteira? Foi você que bateu na porta da última vez?”

A vibração entre as estrelas era enlouquecedora, o ruído estridente remodelava a sanidade de Ray Nora repetidamente. Ela franziu a testa, observando o “membro” balançar diante dela, as inúmeras bocas na ponta do membro gritando com ela, mas gradualmente… ela descobriu que estava começando a entender.

Ela estava gradualmente entendendo os sussurros das estrelas — as estrelas estavam perguntando sobre sua origem.

“Estou viajando”, ela disse instintivamente. “Eu vaguei pelo Plano Espiritual, e depois caí nas ondulações do Subespaço… Nos confins de tudo, fiquei presa nesta névoa, mas um feixe de luz guiou meu caminho, e eu segui a luz até aqui, e vi este magnífico ‘palácio’…”

Ela ergueu a cabeça, deu dois passos para trás e olhou para a enorme estrutura que parecia estar no tempo eterno — era como um “casulo” inspirador, flutuando neste lugar que parecia o fim do mundo, por quem sabe quantos anos. E agora, uma fenda se abriu na superfície do “casulo”, e uma existência antiga e surpreendente falou com ela de dentro desta fenda. Cada sílaba, cada vibração, parecia conter uma verdade capaz de enlouquecer mil vezes.

Mas ela sentiu que estava se estabilizando gradualmente, até mesmo capaz de suportar o impacto dessa verdade, e seu pensamento também estava se solidificando rapidamente.

Ray Nora ficou surpresa com as mudanças que estavam acontecendo com ela — ela não esperava que, após um “contato” tão imprudente, ainda pudesse recuperar a “sanidade”.

Ela também não percebeu que sua própria voz estava misturada com vibrações sobrepostas, e que a luz estelar brilhante já estava gravada em sua visão.

“Você caiu no Subespaço?”, Zhou Ming franziu a testa, surpreso. Embora sentisse que o estado de Ray Nora ao responder era um pouco estranho, ele não pensou muito nisso, apenas a examinou instintivamente para verificar se havia sinais de contaminação do Subespaço. “…Por que todo mundo hoje em dia está nadando borboleta no Subespaço…”

Ray Nora sentiu-se um pouco tonta. As estrelas mais uma vez provocaram uma vibração em sua alma. Desta vez, ela não conseguiu entender o significado dessas vibrações, mas descobriu que… estava gradualmente discernindo uma “entidade” estável daquele aglomerado de estrelas pulsantes e daquele “membro”.

Parecia haver uma pessoa, de pé naquele “ninho” magnífico e espetacular.

Ela franziu a testa e inclinou a cabeça levemente: “Você está me convidando para entrar?”

Ao ouvir isso, Zhou Ming ficou surpreso — quando foi que ele a convidou?

Mas ele rapidamente deixou essa dúvida de lado.

É claro que ele não se importava que alguém entrasse para uma visita — na verdade, era algo que ele esperava há muito tempo. Afinal, nesta “jaula” fechada, ele sempre esteve sozinho. Ter um convidado agora não era uma coisa boa?

Ele só estava um pouco sem graça.

Olhando para o parapeito da janela, ele sorriu um pouco sem jeito: “Então você vai ter que entrar pela janela… eu não sei como fazer você entrar pela porta…”

A existência antiga e surpreendente confirmou o convite — agora ele recuou, a fenda do ninho se abriu para ela, e a glória da verdade e do conhecimento já estava à sua disposição.

Ray Nora caminhou em direção àquela glória sem hesitação.

Zhou Ming observou-a subir pela janela sem se importar, profundamente comovido com o estilo de ação decisivo de “Sua Majestade” — só se pode dizer que ela era digna da pessoa que ousou lançar o “Projeto Abismo” décadas atrás; sua capacidade de execução era simplesmente mais forte que a de uma pessoa comum.

Mas ele não pôde deixar de lembrá-la: “Ei, tome cuidado, não caia…”

Ray Nora atravessou a janela.

A realidade em seus olhos desmoronou e se reconstruiu.

Sua Majestade, a Rainha, caiu com tudo no chão.

“Ai!”