Índice de Capítulo

    Hora da Recomendação, leiam Fagulha das Estrelas. O autor, P.R.R Assunção, tem me ajudado com algumas coisas, então deem uma força a ele ^^ (comentem também lá, comentários ajudam muito)

    Talvez passe a usar mais esse espaço para recomendar outras obras (novels ou outras coisas que eu achar interessante ^^)

    Para ser franco, por alguns breves segundos, Duncan chegou a ter um pensamento absurdo e inquietante: será que ele tinha chegado tarde demais?

    Só por ter demorado um pouco para partir, ou por ter se atrasado um instante no caminho, a Deusa da Tempestade, que já estava em um estado de morte “adiado” por dez mil anos, não conseguiu esperar até que ele entrasse e morreu de verdade, completa e totalmente, bem aqui? A sua vontade já tinha se dissipado?

    Mas essa ideia um tanto absurda logo se desvaneceu da mente de Duncan. Ele tinha certeza de que, até o momento em que o Banido ancorou ao lado desta ilha, Vanna ainda “lia” os pensamentos da Deusa da Tempestade, Gomona, o que indicava que, pelo menos até então, ela ainda estava em algum tipo de estado “operacional”…

    Não podia ser uma coincidência tão grande, certo?

    Com uma expressão sutil, Duncan ergueu o olhar para Vanna, apenas para ver que ela também se virou para olhá-lo. Seus olhares se cruzaram por um breve momento antes de se desviarem de forma estranha.

    “…Não vamos pensar demais por enquanto. Vamos descer e ver a situação”, ponderou Duncan por dois ou três segundos e deu o primeiro passo à frente, com os outros seguindo logo atrás.

    Eles entraram no “salão” circular, tão amplo que fazia duvidar das leis da engenharia estrutural, e pisaram na escadaria em espiral que descia camada por camada. Como se caminhassem em direção a um vórtice, eles se dirigiram para o poço de água no final da escada. O enorme e pálido tentáculo da “Rainha Leviatã” se estendia nas proximidades, e os ramos menores que saíam dele, como raízes, já tinham se fundido com os “blocos” de pedra negra que compunham a estrutura, murchando entre os degraus.

    De repente, Duncan teve a sensação de que aquele palácio imenso, e até mesmo a ilha negra que o sustentava, era como uma “concha” gigante e artificial. A antiga besta marinha, dotada de “divindade”, era a carne dentro dessa concha. Quando a besta morreu, sua carne murchou e encolheu, deixando para trás muitas “câmaras” — os corredores, os quartos e o salão.

    Eles caminhavam dentro da “casca” da besta gigante, pisando nos vãos deixados pela carne murcha, aproximando-se pouco a pouco do coração que tinha parado de bater.

    Chamas esverdeadas se espalharam pelos degraus, dissipando a penumbra ao redor. Duncan chegou ao ponto onde o poço circular encontrava a escadaria e notou que havia uma plataforma de pedra em arco, ligeiramente elevada. Uma massa de tecido pálido, do tamanho do telhado de uma igreja de bairro, projetava-se do poço e repousava sem vida sobre a plataforma. E ao seu lado, na borda da plataforma…

    Havia destroços que pareciam mesas, cadeiras e um altar, além de… ossos humanos?!

    Lucretia foi a primeira a notar os esqueletos. Ela parou por um instante e, em poucos passos, aproximou-se da plataforma de pedra. Com uma expressão franzida, ela começou a falar lentamente enquanto observava com cautela: “Não são ossos humanos ou élficos padrão, mas a estrutura é semelhante… Pelo menos, de alguma criatura humanoide.”

    Duncan também se aproximou, olhando para a cena na plataforma com o cenho franzido.

    Os esqueletos eram tão minúsculos em comparação com o corpo da Rainha Leviatã e estavam espalhados em um canto, que ninguém havia notado sua existência ao entrar no salão.

    “De quem seriam… esses restos?”, perguntou Nina, um pouco nervosa e assustada, escondendo-se instintivamente atrás de Duncan. “Exploradores que chegaram antes de nós? A tripulação do Canção do Mar?”

    “Não. A senhorita Lucretia acabou de dizer que estes ossos não são de humanos ou elfos padrão. Também não me parecem ser de um Sen’jin; o esterno deles é uma placa óssea única”, a Anomalia 077 quebrou o silêncio imediatamente. “E eu me lembro… os marinheiros do Canção do Mar se dissolveram na névoa e na espuma perto da ilha para encontrar a ‘paz’. É impossível que tenham deixado restos dentro do templo.”

    Duncan não falou, apenas inspecionou com uma expressão séria as outras coisas espalhadas ao redor dos ossos: fragmentos de armaduras ou roupas, destroços do que pareciam ser armas e utensílios rituais, e o pequeno altar já em ruínas.

    Ao seu lado, Vanna de repente notou algo e quebrou o silêncio em voz baixa: “Essas roupas… são muito parecidas com as que eu vi na ilusão, daquelas pessoas que peregrinavam a esta ilha…”

    “Pessoas que peregrinavam a esta ilha?”, o tom de Duncan carregava surpresa. “Das gerações anteriores à Grande Aniquilação?!”

    O que Vanna viu na ilusão era, sem dúvida, uma cena da época em que a Deusa da Tempestade, Gomona, ainda era a “Rainha Leviatã”, um registro deixado por uma civilização que coexistia e se desenvolvia com a besta gigante antes da Grande Aniquilação. Era como a civilização élfica antes da queda de Silantis, ou a era nas memórias de Tarukin… Seria possível que “matéria” daquela época tivesse sobrevivido até agora?

    Com um toque de espanto, Duncan olhou para as relíquias espalhadas ao redor dos esqueletos. Do lado de fora do palácio, tudo da antiga era já havia se transformado naquela estranha matéria negra e enrugada, ou, como os marinheiros descreveram, em névoa e espuma no mar, assumindo formas irreconhecíveis para os humanos.

    Por que esses ossos e relíquias conseguiram se preservar?

    Nesse momento, a voz de Alice soou de repente, interrompendo os pensamentos de Duncan: “Capitão, olhe! O que é aquilo?”

    Duncan imediatamente se aproximou da boneca. Seguindo a direção que ela apontava, ele viu um objeto coberto de poeira e farrapos no canto do altar.

    Era uma ampulheta de formato peculiar, requintada e antiga.

    Após uma breve hesitação, Duncan estendeu a mão, pegou a ampulheta e soprou a poeira de sua superfície.

    Os complexos símbolos e inscrições na ampulheta se tornaram claramente visíveis.

    “Uma ampulheta?”, Morris olhou surpreso para o objeto na mão do capitão. O conjunto de lentes que se estendia de suas órbitas se ajustou e, em seguida, ele pareceu notar algo incongruente. “Estranho…”

    Vanna perguntou instintivamente: “O que é estranho?”

    Morris pensou por um momento: “…O estilo parece um pouco diferente do templo como um todo, especialmente as inscrições na ampulheta… As paredes externas do templo também têm muitos símbolos, mas claramente não são do mesmo sistema que os da ampulheta. Este objeto parece mais com…”

    Ouvindo a análise do velho erudito, Duncan ficou pensativo. Então, ele subitamente notou algo:

    O contorno geral da ampulheta, visto de lado, parecia com dois triângulos invertidos, um sobre o outro. A forma criada pela moldura decorativa e pelo corpo interno da ampulheta parecia ser… o grande portão de Bartok.

    “…Com algumas das relíquias sagradas da Igreja da Morte!”, disse Morris rapidamente.

    Uma relíquia sagrada da Igreja da Morte… uma criação de Bartok, o Deus da Morte?

    A expressão de Duncan se tornou séria. Ele começou a suspeitar de algo e, conectando isso aos ossos e relíquias preservados dentro do palácio, uma ideia começou a se formar.

    Após um momento de reflexão, ele se virou, encarou os restos sem vida da besta gigante na beira do poço e gentilmente virou a ampulheta em sua mão.

    A fina areia dourada dentro da ampulheta produziu um sussurro inaudível ao ouvido humano. A areia fluiu como névoa, caindo do recipiente e passando entre os dois “portões da morte” invertidos.

    No segundo seguinte, o mundo inteiro se silenciou, como se alguma força o tivesse dividido em duas partes: vida e morte. Tudo na visão de Duncan assumiu tons de preto, branco e cinza, como no Plano Espiritual, e nas bordas de cada objeto, múltiplas ilusões tremeluzentes e sobrepostas apareceram. E na visão, as figuras de todos desapareceram, restando apenas ele mesmo ao lado da plataforma de pedra, segurando a ampulheta, e… aqueles esqueletos que estavam rapidamente se recompondo, com carne e sangue crescendo sobre eles.

    Os restos mortais se transformaram em pessoas vivas: dois homens altos de armadura, com expressões sérias e aparência taciturna, e uma jovem mulher vestindo um manto branco, que sorria para ele.

    Duncan olhou espantado para as três figuras que tinham “invertido vida e morte” diante de seus olhos, mas antes que pudesse falar, a mulher de manto branco balançou a cabeça para ele e recuou silenciosamente.

    Na beira do poço, o membro pálido, tão grande quanto o telhado de uma igreja, tremeu levemente. Sua superfície então começou a brilhar como água, e uma voz gentil soou na mente de Duncan:

    “Finalmente nos encontramos, Usurpador do Fogo.”

    “Gomona?”, Duncan reagiu imediatamente e olhou com surpresa para a ampulheta em sua mão. “…Não esperava que realmente funcionasse. Eu só tentei por tentar.”

    “Sim, agradeço a sua tentativa. No fluxo de tempo dentro do templo, eu estou em um estado de morte completa. A ampulheta guarda uma breve vitalidade, para que eu possa falar com você quando necessário… Bartok disse, quando a forjou, que você certamente a viraria.”

    Ouvindo aquela voz gentil em sua mente, Duncan ergueu as sobrancelhas, surpreso: “Espere, você está dizendo… que vocês sabiam que eu viria, que viraria esta ampulheta e que falaria com você aqui… que tudo estava predestinado?”

    “No dia em que este abrigo nasceu, seu tempo já havia se fechado em um ciclo, Usurpador do Fogo… Aos nossos olhos, o tempo neste pequeno refúgio não é um rio, nem uma linha, mas um plano que pode ser visto de uma só vez. Neste ‘pergaminho do tempo’ desdobrado, tudo o que poderia acontecer já terminou…”

    A voz gentil fez uma pausa de alguns segundos antes de continuar suavemente:

    “Quanto a você, Usurpador do Fogo, sua chegada é o único evento no final deste pergaminho do tempo que era certo que aconteceria, mas cujo desfecho não podia ser determinado.”

    “Eu já aprendi bastante sobre a questão do fluxo temporal… Consigo imaginar o que você está dizendo, só é difícil conectar isso à realidade de imediato”, disse Duncan, enquanto levantava a cabeça e olhava ao redor. “O fluxo de tempo dentro do templo, é?… Não é de se admirar que, depois que entramos, nem eu nem Vanna conseguimos sentir sua ‘atividade’. E ao ver aquelas…”

    Nesse ponto, ele olhou instintivamente para as figuras paradas ao lado e rapidamente desviou o olhar.

    “Depois de ver aqueles ossos, eu suspeitei vagamente que existia algum tipo de ‘diferença’ entre o interior e o exterior deste templo. Ao entrar aqui, parece que entramos em uma ‘ramificação’ única. Por que fazer isso?”

    “Para retardar a ‘decadência’ da barreira externa”, disse Gomona em voz baixa. “Estamos apodrecendo, Usurpador do Fogo. Precisamos encontrar uma maneira de ‘aprisionar’ nosso próprio apodrecimento. Caso contrário, antes que a vida útil do abrigo chegue ao seu limite, este mundo já terá sido consumido pela ‘putrefação’ que liberamos.”

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