Hora da Recomendação, leiam Fagulha das Estrelas. O autor, P.R.R Assunção, tem me ajudado com algumas coisas, então deem uma força a ele ^^ (comentem também lá, comentários ajudam muito)
Talvez passe a usar mais esse espaço para recomendar outras obras (novels ou outras coisas que eu achar interessante ^^)
Capítulo 785: Notícias do Norte
Dizia-se que, no distante e gelado Mar Gélido, uma organização chamada “Federação das Cidades-Estado do Norte” estava sendo estabelecida sob o manto da noite.
O lendário “Almirante de Aço”, liderando sua legião de mortos-vivos, dominou a escuridão, assumindo o controle da situação antes que a tensão acumulada entre as cidades-estado devido à falta de luz solar atingisse seu ponto crítico. Porto Frio e Porto Mossala foram os primeiros a apoiar e firmaram um pacto sob o testemunho do Névoa do Mar.
Agora, uma poderosa frota unificada foi estabelecida e protegia a segurança das cidades-estado com pouca luz solar na escuridão cada vez mais perigosa e distorcida. Um “Comitê de Distribuição da Luz Solar”, estabelecido em conjunto pelas cidades-estado e pelas igrejas, monitorava de perto os fragmentos de sol que caíam no mar, garantindo que esse brilho remanescente do apocalipse pudesse iluminar a tempo os lugares mais escuros da longa noite.
Heidi baixou o jornal e olhou para sua mãe, sentada ao lado do castiçal. O gerador da cidade já havia sido consertado, e lâmpadas elétricas brilhantes iluminavam novamente a sala de estar, mas sua mãe ainda a fazia manter um castiçal na sala, garantindo que pelo menos uma vela estivesse sempre acesa.
“Agora, nenhuma cidade-estado do norte pode possuir um fragmento de sol por muito tempo. O ‘Comitê de Distribuição da Luz Solar’ faz os fragmentos circularem entre as cidades, para evitar que algum lugar sofra uma transformação anômala por ficar no escuro por muito tempo”, disse Heidi, compartilhando as notícias que ouviu quando foi à prefeitura. “Então, as cidades-estado do norte estão basicamente se revezando para ‘ter o dia’. Grandes navios de engenharia rebocando os fragmentos de sol patrulham o Mar Gélido, e pequenos ‘sóis’ mantêm a segurança de cada cidade…”
Ela fez uma pausa e continuou: “E com isso, as atividades de transporte marítimo entre as cidades, que haviam sido interrompidas, foram retomadas. Os navios de carga podem partir junto com os navios de engenharia que rebocam os fragmentos de sol. Embora a eficiência geral seja menor do que antes, pelo menos a logística entre as cidades foi restaurada…”
Ela parou, pensou um pouco e não pôde deixar de suspirar com admiração sincera: “É realmente incrível… Parece que aquele ‘Almirante de Aço’ não é um ‘Rei dos Mortos-Vivos’ que impõe um regime de terror, como alguns rumores dizem…”
“Os rumores raramente são confiáveis. Não se esqueça, o Banido ainda está no fim do mundo procurando esperança para nós”, disse a mãe, costurando, com um leve sorriso no rosto. “Isso que você acabou de dizer foi o que ouviu na prefeitura?”
“Os jornais não têm tantos detalhes”, Heidi apontou para o jornal na mesa. “Ouvi do pessoal do gabinete do secretário. Os detalhes sobre a Federação das Cidades-Estado do Norte e o Comitê de Distribuição da Luz Solar não foram publicados no jornal, mas também não são segredo.”
A mãe ponderou por um momento e disse lentamente: “É mesmo… Então, parece que em breve teremos nossa própria federação de cidades-estado e comitê de distribuição da luz solar.”
Heidi ficou surpresa por um instante; ela não tinha pensado tão longe.
“É uma boa maneira de sobreviver. E hoje em dia, qualquer coisa que permita a sobrevivência na escuridão fará os administradores das cidades-estado agirem. Se essas notícias chegaram até você, significa que o assunto já está pelo menos na metade do caminho entre os governadores”, disse a mãe casualmente, com um tom um tanto reconfortante. “As cidades-estado do norte deram um bom começo… Aquele ‘Almirante de Aço’ nos mostrou um caminho viável. E à medida que essa notícia se espalhar, as cidades-estado em outras áreas marítimas, independentemente de suas intenções secretas, terão que considerar publicamente este plano.”
“…E se as cidades-estado que já obtiveram fragmentos de sol não quiserem cooperar?”, Heidi entendeu o que sua mãe queria dizer, mas não pôde deixar de se preocupar. “Afinal… nem todos são tão altruístas.”
A mãe pensou um pouco e, de repente, fez uma pergunta aparentemente não relacionada: “Dizem que a frota da igreja atracou no porto militar a oeste de Pland há dois dias?”
“Sim, o ‘Abismo Marinho’ da Igreja do Mar Profundo e o ‘Lógica’ da Academia da Verdade, liderando suas respectivas frotas de escolta”, Heidi assentiu. “Disseram que estavam de passagem enquanto patrulhavam a segurança da região.”
“É isso mesmo, Heidi”, a mãe assentiu, com um sorriso carinhoso no rosto. “Adivinhe por que o primeiro passo daquele ‘Almirante de Aço’ para estabelecer a federação de cidades-estado foi primeiro criar uma frota unificada sob seu próprio controle?”
O rosto de Heidi finalmente mostrou um vislumbre de compreensão. Ela era uma psiquiatra respeitada e uma excelente erudita da Academia da Verdade, mas era evidentemente um pouco lenta fora de sua área de especialização. Mesmo assim, naquele momento, ela já havia entendido.
“Heidi, devemos comemorar. Depois de tanto tempo no escuro, finalmente algo de bom vai acontecer”, disse a mãe com um sorriso, levantando-se lentamente e indo em direção à cozinha. “Vou fazer alguns dos meus melhores pratos. Pegue algumas das garrafas de bom vinho que seu pai coleciona. Vamos abrir uma, ele não vai se importar.”
“Oh… oh”, Heidi concordou instintivamente e se levantou, mas logo se lembrou de algo. “Ah, mas o pai parou de beber, ele deu toda a sua coleção de vinhos…”
“No porão, há uma caixa de madeira ao lado da prateleira branca. Parece ter apenas um fundo, mas há um bloco de madeira saliente na lateral que pode ser puxado para revelar um compartimento secreto”, disse a mãe casualmente. “Além disso, no banco-baú atrás da estante no fundo do porão, há mais cinco garrafas de vinho. Você pode escolher uma e trazer para cima.”
Heidi ficou boquiaberta: “…”
A mãe se virou na entrada da cozinha, com a expressão de uma vencedora: “Você acha que eu não o conheço?”
Na proa do Banido, Morris de repente sentiu um calafrio percorrer seu corpo. Embora quase não houvesse vento neste mar calmo, ele sentiu como se o vento frio tivesse atravessado a bomba de óleo e o núcleo de vapor em miniatura de seu corpo forjado.
“O que aconteceu com o senhor?”, Vanna notou um leve ruído vindo de dentro de Morris e perguntou curiosa.
“Que estranho… Este corpo não deveria sentir frio, mas por que sinto um calafrio na alma?”, resmungou Morris, limpando seu cachimbo. “A sensação é como se algo que eu guardava com carinho tivesse desaparecido de repente, ou como se algo do meu cofre no banco tivesse sido levado…”
O velho erudito mal tinha terminado de falar quando a voz do capitão soou atrás dele: “Sua descrição me lembra um velho homem… um macaco comeu as coisas boas da casa dele.”
Morris se virou e viu Duncan parado à sua frente com uma expressão sutil.
“Eu não conheço essa história”, o rosto do velho erudito estava um pouco confuso. “O que é um ‘macaco’?”
Duncan pensou um pouco: “…Um tipo de animal. Apenas imagine que vive no Subespaço.”
O rosto de Morris se encheu de reverência e ele não perguntou mais nada. Vanna, ao lado, ainda analisava seriamente o tópico inicial e, de repente, olhou para o velho erudito com seriedade: “Será que foi um aviso do Deus da Sabedoria? O senhor previu algo que está para acontecer?”
“Não chega a tanto, não é tão sério”, Morris acenou apressadamente com a mão. “Se fosse uma revelação do meu senhor, não seria apenas um calafrio. Provavelmente minha esposa descobriu meu esconderijo de vinhos de novo. Não é grande coisa.”
“Oh”, Vanna assentiu e rapidamente deixou de prestar atenção ao assunto, voltando seu olhar para o capitão. “Capitão, quando deixaremos esta área do mar?”
Voltando aos assuntos sérios, a expressão de Duncan tornou-se imediatamente compenetrada.
Ele ergueu a cabeça, olhando para a ilha negra distante onde se erguia o palácio gigante, e para os destroços da Leviatã que se destacavam na névoa ao redor da ilha. Em seguida, levou a mão ao bolso. Uma sensação de metal ligeiramente frio veio da ponta de seus dedos.
Era a “segunda chave” usada para dar corda na boneca.
“Ainda ficaremos aqui por meio dia. Preciso estudar as ‘rotas’ que Gomona me entregou”, ele disse com uma expressão séria. “Antes que eu ‘volte’, fiquem atentos a qualquer movimento dentro e fora do navio, especialmente se houver alguma mudança na superfície do mar próxima. Se houver, registrem a situação.”
Morris assentiu imediatamente: “Entendido, capitão.”
Duncan se virou e deixou o convés.
O local ficou em silêncio por um tempo. Vanna se virou, olhando com um ar de distração para as ilhas negras, grandes e pequenas, ao longe, sem dizer uma palavra por um longo tempo.
“No que está pensando?”, perguntou Morris ao seu lado.
“…Desde pequena, eu costumava ouvir o som das ondas em meus sonhos. Ondas quebrando suavemente nas rochas”, disse Vanna em voz baixa. “E depois de concluir meus estudos na igreja, aprendi a orar. E em minhas orações, eu sempre podia ouvir o som daquelas ondas… O ‘Cânone da Tempestade’ diz que esse é o som que vem do reino divino.”
Ela parou e, após um momento de silêncio, ergueu a mão, apontando para o mar calmo e mortal à distância: “Mas ouça, senhor. Na verdade, não há som de ondas aqui. O mar está tão calmo, quieto como a morte. Só quando o navio está navegando é que a água faz algum barulho.”
O som suave das ondas ecoou em sua mente, como se para acalmar algo.
“Esses são os sons da memória d’Ela”, Vanna disse em voz baixa após um momento de silêncio. “Ela disse que, na verdade, não via um mar ondulante há muitos, muitos anos. Quase tinha esquecido como era quando o vento levantava as ondas.”
Morris não falou. Ele apenas colocou lentamente o cachimbo apagado na boca e ficou em silêncio ao lado de Vanna.
No quarto do capitão, Alice olhava com curiosidade para a chave de latão de formato peculiar.
“Eu tenho uma chave nova!” ela exclamou com um olhar de surpresa, parecendo muito feliz. Depois de pegar a chave da mão de Duncan, ela a examinou de todos os ângulos. “A estrutura do cabo é diferente, hein? A anterior era um 8 deitado, esta é um círculo atravessado por uma flecha? O que este círculo significa?”
“Provavelmente se refere à ‘barreira externa’ que circunda o Mar Infinito”, disse Duncan casualmente, olhando com um pouco de resignação para a boneca despreocupada à sua frente. “Você não consegue sentir um pingo de nervosismo? Ninguém sabe o que vai acontecer quando esta chave for girada.”
Alice inclinou a cabeça, pensando seriamente, e decidiu que talvez devesse ficar nervosa.
“Acho que… sim”, ela coçou a cabeça, seu tom um pouco incerto. “Estou um pouco nervosa, mas não importa o que aconteça, você certamente vai conseguir resolver, não é?”
Duncan ficou surpreso ao ouvir isso, suspirou com resignação e depois sorriu.
“Sim”, ele pegou a nova chave e assentiu levemente para a boneca. “Pode deixar comigo.”
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