Índice de Capítulo

    Hora da Recomendação, leiam Fagulha das Estrelas. O autor, P.R.R Assunção, tem me ajudado com algumas coisas, então deem uma força a ele ^^ (comentem também lá, comentários ajudam muito)

    Talvez passe a usar mais esse espaço para recomendar outras obras (novels ou outras coisas que eu achar interessante ^^)

    Com a experiência de algumas cooperações anteriores, Alice revelou o buraco da fechadura em suas costas com familiaridade, sentando-se obedientemente na cama à espera que o capitão girasse a chave de corda.

    Duncan segurou a chave de latão com o cabo em anel e a aproximou lentamente do buraco da fechadura de Alice. Mas, nesse momento, ele ouviu a boneca falar de repente: “Capitão, eu tenho uma pergunta.”

    Duncan parou o que estava fazendo imediatamente: “Pergunta?”

    “O senhor disse que esta chave é a rota para os ‘nós’ dos outros três deuses na Barreira Externa, certo? E eu sou a tal… Líder do Horizonte Três, não é? Isso significa que, contanto que eu tenha a rota, posso levá-lo a lugares muito distantes, mesmo que seja no fim do mundo…”

    Enquanto Alice falava, seu tom tornou-se um pouco hesitante, como se não conseguisse encontrar as palavras certas para expressar seus pensamentos. Duncan não a apressou, apenas esperou pacientemente. Depois de um tempo, a boneca pareceu finalmente organizar suas ideias e continuou: “Então, o senhor acha que existem outras ‘rotas’? Ou, se não tivéssemos esta chave nova, eu mesma poderia tentar levá-lo a outros lugares?”

    Duncan sentiu-se um pouco confuso: “…Por que pensou nisso de repente?”

    “Eu só… de repente fiquei um pouco curiosa sobre mim mesma”, disse Alice lentamente. “Parece que eu nunca tinha pensado nesse tipo de coisa antes. Todos os dias, eu estava ocupada no navio, fazendo coisas que gostava e me sentia satisfeita. Mas parece que ninguém mais é assim… Todos sabem muito bem o que precisam fazer, como se chama aquilo… Ah, senso de missão. Parece que todo mundo tem um grande senso de missão, menos eu…”

    A boneca parou de repente e pensou seriamente por um momento: “Será que eu também deveria ter?”

    “…Isso não é uma questão de ‘deveria'”, Duncan balançou a cabeça. “Mas não vou impedi-la de pensar mais e se conhecer melhor. Conhecer a si mesma é parte do crescimento, é algo bom.”

    “Bonecas também crescem?”, Alice perguntou com curiosidade.

    “Sim. Contanto que se tenha vontade, qualquer um pode crescer. Você já cresceu muito desde que chegou ao navio. Adquirir mais conhecimento é crescimento, conhecer mais pessoas também é crescimento, ir a mais lugares, ver mais paisagens, tudo isso é crescimento. Contanto que a você de hoje seja diferente da de ontem, para si mesma, isso é uma forma de crescimento.”

    Alice emitiu um “oh” meio que entendendo, meio que não. Depois de pensar um pouco, ela de repente teve uma ideia feliz: “Ah, então hoje de manhã eu esqueci algumas palavras que aprendi ontem. Isso é crescimento?”

    Duncan ficou em silêncio de repente: “…”

    Alice: “Capitão? Capitão, por que não está mais falando?”

    “…Às vezes, o que eu digo pode ser impreciso”, Duncan olhou para as costas de Alice com uma expressão impassível, esforçando-se para se concentrar no buraco da fechadura. “Você precisa entender as coisas de forma dialética.”

    Alice pensou um pouco, mas não entendeu — porque ela não sabia o que “dialética” significava.

    Mas ela achou que o capitão estava certo, então assentiu feliz: “Tudo bem, então não tenho mais perguntas! Estou pronta, pode me dar corda!”

    Duncan respirou fundo, acalmou rapidamente seus pensamentos e, com cuidado, inseriu a chave de latão no buraco da fechadura da boneca.

    Um clique familiar soou, e a chave de corda pareceu ser atraída e deslizar para dentro do buraco. Em seguida, os complexos e ornamentados padrões ao redor do buraco da fechadura brilharam levemente. A chave começou a girar sozinha, emitindo um suave tique-taque.

    No segundo seguinte, Duncan sentiu aquela tontura familiar e a redefinição de sua percepção vindo de todas as direções. A escuridão desceu como uma cortina, envolvendo tudo ao redor. Em seguida, uma sensação de frio o atingiu. Ele parecia ter atravessado uma porta invisível. Na escuridão, fragmentos de luz e sombra se reorganizaram rapidamente e se estabilizaram em um lugar espaçoso, luxuoso, mas também sombrio e bizarro.

    Duncan se recuperou rapidamente do transe. Depois de se livrar da tontura, ele abriu os olhos e examinou os arredores.

    Ele descobriu que tinha chegado novamente àquela mansão luxuosa e gigantesca: a sala de estar extremamente ampla, os corredores com tapetes vermelho-escuros, a escadaria em espiral para o segundo andar, as janelas góticas altas e estreitas, e o candelabro sombrio pendurado no teto, que parecia balançar constantemente.

    Mas, quase instantaneamente, ele percebeu que o ambiente era diferente da “Mansão de Alice” de suas memórias. A iluminação era mais fraca; a luz pálida das lâmpadas e velas cobria uma área muito pequena, como um véu fino, deixando a maioria dos cantos da mansão envolta em escuridão. O teto estava mais dilapidado, com partes da cúpula manchadas e descascadas, revelando em alguns lugares uma estrutura que parecia um esqueleto. Entre as frestas do esqueleto, só se via um cinza caótico.

    Uma atmosfera mais sombria e sinistra do que a “Mansão de Alice” de suas memórias pairava sobre o lugar. Até mesmo nos cantos escuros próximos, parecia haver inúmeros seres invisíveis à espreita, observando o intruso com olhares frios e vazios.

    Duncan franziu a testa. Ele notou que estava em uma plataforma no segundo andar da mansão, de onde podia ver o salão do primeiro andar e a escada em espiral que levava a ele. Depois de pensar um pouco, ele decidiu não ir para o primeiro andar por enquanto e, em vez disso, virou-se e caminhou em direção ao corredor que levava à parte mais profunda do segundo andar.

    E no momento em que se virou para dar um passo, ele percebeu outra “anormalidade” no lugar.

    Silêncio, vazio, ninguém. Ele não viu as criadas e criados sem cabeça da mansão, não ouviu nenhum som vindo deles, e muito menos viu o mordomo sem cabeça.

    Ele ainda se lembrava que, embora a “Mansão de Alice” anterior também fosse vazia, ele ainda via de vez em quando criados sem cabeça passando apressadamente por portas e corredores. Mesmo nos quartos e salões aparentemente vazios, sempre se ouviam sussurros e o som de objetos se chocando. Às vezes, até se ouvia uma música vaga, como se um baile estivesse acontecendo. Embora esses sons, em uma mansão vazia, a tornassem ainda mais sinistra, pelo menos eram ruídos “animados”.

    Mas aqui, nem mesmo esses sons existiam. Estava silencioso como… a morte.

    Duncan ficou gradualmente mais alerta e caminhou em direção ao corredor do segundo andar.

    Em todo o vasto edifício, ecoava apenas o som monótono e um tanto oco de seus passos.

    Ele parou na entrada do corredor que levava ao “quarto da senhora”, olhou para a parede mais próxima e, de repente, seu olhar se fixou em uma pintura.

    As paredes da “Mansão de Alice” tinham muitas pinturas a óleo, e ele ainda se lembrava de sua aparência: a maioria abstrata e sombria, com grandes manchas de cor retratando cenas que pareciam profecias ou registros históricos. Algumas delas até retratavam a desintegração da Nova Esperança e o “Rubor Profundo do Apocalipse”. Mas aqui, ele descobriu de repente que as pinturas… tinham sido trocadas.

    A pintura mais próxima dele era um amontoado de figuras simples e abstratas: linhas de lápis infantis em papel branco esboçavam a imagem de Shirley girando o Cão pela corrente.

    Duncan: “…”

    Após alguns segundos de silêncio, ele de repente sentiu que a atmosfera sinistra da mansão havia se dissipado um pouco. Então, ele notou outra pintura ao lado, com linhas desordenadas desenhando um “capitão” barbudo e de chapéu grande…

    Ele até começou a sentir que a atmosfera dentro da mansão estava se tornando acolhedora.

    Este lugar, afinal, ainda era a “Mansão de Alice”. Certos detalhes refletiam as memórias e a vida cotidiana da boneca. De certa forma, a conexão com a “boneca Alice” parecia ainda mais próxima aqui do que na “versão normal” da mansão.

    Pelo menos a versão normal não tinha pinturas abstratas de toda a tripulação do Banido penduradas.

    Duncan sorriu com resignação e caminhou em direção às profundezas do corredor.

    Como esperado, ele viu o enorme “vazio” no final do corredor.

    A parte que antes era o “quarto da senhora” tinha desaparecido aqui, como se nunca tivesse existido. O quarto que Ray Nora tinha “levado embora” também era um buraco aqui.

    Duncan parou diante do chão quebrado no final do corredor e baixou a cabeça, pensativo.

    Parecia que este ainda era o lugar que ele conhecia como a “Mansão de Alice”, só que… era “outra versão”.

    Dar corda em Alice com chaves diferentes levaria a “instâncias” diferentes da mesma “Mansão de Alice”?

    Então, qual era a conexão entre esta mansão, com sua atmosfera mais sombria e aparência mais abandonada, e a “rota”?

    Duncan pensou em silêncio por onde deveria começar a procurar pistas sobre a “rota” nesta mansão bizarra. Naturalmente, ele pensou naquele jardim e na boneca que dormia entre os espinhos.

    Mas, no momento em que se virou para ir ao jardim, um brilho no canto do olho o fez parar de repente.

    O contorno revelado por aquele brilho fez o coração de Duncan disparar. Ele imediatamente caminhou até o objeto brilhante e passou a mão pelas sombras que cobriam o ar como um véu negro. A escuridão recuou como se tivesse substância, e ele viu claramente a aparência do objeto: algo… completamente deslocado, não importava como se olhasse.

    Uma “tela” semelhante a uma tela de LCD.

    O objeto estava “embutido” na parede no final do corredor. Sua moldura de metal prateado se “fundia” de forma bizarra com a parede, e a superfície, que parecia uma tela, emitia um brilho fraco, com textos e um quadro vermelho piscando.

    Duncan olhou para o texto na “tela” e imediatamente percebeu que era o mesmo tipo de escrita que ele tinha visto no dispositivo na ilusão da caverna na “Ilha do Santuário”. Em seguida, o significado do texto foi apresentado diretamente em sua mente como informação:

    Cápsula de Fuga do Núcleo Offline — Liberação Ilegal, Operação Não Autorizada.

    Duncan olhou atônito para o texto por alguns segundos, finalmente reagindo. Ele se virou e olhou para a abertura quebrada no final do corredor e para o “grande vazio”, e sua mente alternou entre o “segmento de navegação da Nova Esperança” e a “Mansão de Alice”. Finalmente, ele entendeu um fato que era óbvio, mas que só hoje se tornou claro.

    Acontece que a Rainha de Geada tinha levado embora a cápsula de fuga da Nova Esperança…

    Não é de se admirar que ela pudesse viajar pelo mundo em seu próprio “quarto”. Aquilo era a cápsula de fuga de uma nave espacial!

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