Índice de Capítulo

    Hora da Recomendação, leiam Fagulha das Estrelas. O autor, P.R.R Assunção, tem me ajudado com algumas coisas, então deem uma força a ele ^^ (comentem também lá, comentários ajudam muito)

    Talvez passe a usar mais esse espaço para recomendar outras obras (novels ou outras coisas que eu achar interessante ^^)

    A verdade súbita deixou Duncan um tanto atordoado no corredor. Uma sensação contraditória de “isso é ridículo pra caralho” e “esse ridículo faz todo o sentido” ficou remoendo em sua mente por um bom tempo, até que ele finalmente suprimiu a vontade de reclamar e voltou sua atenção para a “tela” embutida na parede.

    Após um momento de observação, sua expressão tornou-se pensativa.

    A “colisão de mundos” trazida pela Grande Aniquilação remodelou todas as coisas, e a Nova Esperança não foi exceção. Uma parte dela se transformou nesta “Mansão de Alice” flutuando no Subespaço. No entanto, aqui, depois de abrir “outra versão” da mansão com a chave de navegação, uma “tela” apareceu no final do corredor, revelando até mesmo a verdadeira natureza do chamado “quarto da senhora”…

    Em outras palavras, na Mansão de Alice aberta pela chave de navegação, parte da estrutura “restaurou” ou “recriou” sua forma original.

    Pensativo, Duncan ergueu a cabeça e olhou para a saída do outro lado do corredor.

    Como estaria o jardim agora? E a boneca que dormia nele?

    Ele deixou o segundo andar da mansão e, seguindo o caminho de suas memórias, desceu as escadas, atravessou o corredor estreito ao lado do salão principal, passando por quartos de onde antes sempre se ouviam sussurros, mas que agora estavam em silêncio mortal, e se dirigiu para o jardim.

    No caminho, ele parou novamente, atraído por uma porta no corredor.

    Havia muitas portas idênticas alinhadas neste corredor, mas uma delas havia mudado. Ela brilhava com um lustre de metal prateado e era contornada por faixas de luz azul-clara, como a escotilha de um grande equipamento embutida na parede de estilo clássico. Duncan se aproximou desta porta de aparência tecnológica e viu uma janela transparente acima dela.

    Olhando através da “janela de observação”, ele viu que atrás da porta havia uma sala inundada de luz fria. Inúmeros equipamentos em forma de gabinete estavam dispostos em grandes plataformas e suportes, e tubulações desciam do teto, conectando-se a dispositivos de propósito desconhecido.

    Os equipamentos na sala pareciam ainda estar em funcionamento. As luzes na superfície dos dispositivos, que pareciam conjuntos de servidores, piscavam como uma maré. No entanto, a espessa porta de isolamento parecia bloquear todos os sons, e no corredor do lado de fora, não se ouvia o zumbido dos “conjuntos de servidores”.

    Duncan tentou empurrar a porta à sua frente, mas descobriu que ela não se movia. Era como se fosse apenas uma “ilusão” fixada na parede, sem a possibilidade de ser “aberta”.

    Mas, olhando para a cena dentro da porta, Duncan ficou pensativo novamente.

    Ele pensou nos sussurros que frequentemente ouvia nos cantos da versão da Mansão de Alice que ele conhecia, e na música suave que vinha do salão vazio, como se um baile invisível estivesse acontecendo.

    ‘…Aqueles sons fantasmagóricos, talvez fossem o zumbido dos conjuntos de servidores em operação?’

    Com essa associação um tanto incrível em mente, Duncan deixou a porta de metal brilhante e continuou em direção à entrada do jardim.

    O longo corredor parecia não ter fim, muito mais longo do que em suas memórias. A grande porta do jardim, que se destacava vagamente na penumbra, permanecia sempre em seu campo de visão, como um “ponto final” acenando. Duncan gradualmente acelerou o passo, como se um chamado invisível o estivesse apressando.

    O corredor recuava ao seu lado. Nas portas e paredes contínuas, mais e mais “estruturas originais” começaram a aparecer: grandes portões de metal prateado brilhante, paredes de nave com luzes embutidas, placas de metal de formato irregular. Essas “aparências do passado” surgiam aleatoriamente nas fachadas e telhados de estilo clássico e elegante, como se as escamas de um dragão estivessem se soltando, revelando abruptamente o esqueleto de aço e os cabos de energia por entre as frestas da carne…

    Então, o corredor aparentemente interminável finalmente chegou ao fim. A “grande porta do jardim”, feita de inúmeros vitrais coloridos, estava silenciosamente diante de Duncan. A moldura da porta de estilo clássico brilhava com uma luz azul-clara em sua visão, e uma tela piscante estava embutida de forma abrupta entre os vidros coloridos:

    Servidor Central / Compartimento da Unidade Mental do Líder do Horizonte Três

    Parado diante desta porta, Duncan ficou brevemente atordoado e, em seguida, estendeu a mão lentamente.

    A “grande porta do jardim” se abriu facilmente, como em suas memórias, como se nunca tivesse estado trancada. E um enorme espaço com pouca luz se revelou aos olhos de Duncan.

    Ele viu um salão. O fundo do salão estava envolto em uma escuridão densa como névoa, tornando impossível ver seu contorno e limites. Muitas sombras negras, como obeliscos, se erguiam naquela “névoa densa”, piscando com luzes intermitentes. A única coisa claramente identificável no salão era uma plataforma circular no centro.

    Inúmeros tubos e cabos desordenados desciam do céu, conectando-se a uma estrutura saliente de formato estranho na plataforma. Uma luz fraca fluía entre os cabos, como o brilho de vagalumes se reunindo.

    A estrutura inteira parecia uma “árvore” bizarra e incrível, com uma luz quase viva fluindo por cada “galho” de sua copa.

    E na base desta “árvore” bizarra e desordenada, a boneca estava sentada silenciosamente na beira da plataforma.

    Ela estava acordada.

    Mas ela não falava, nem reagia de forma alguma ao intruso que entrava no salão. A boneca, idêntica a Alice, apenas se sentava em silêncio na plataforma central, abraçando firmemente uma tela de pintura branca, com um par de olhos sem foco olhando na direção da porta.

    Ela parecia ter mantido essa postura de “espera” por um longo tempo.

    Duncan respirou fundo e, com cautela, deu um passo em direção à boneca sentada na base da “árvore de cabos”.

    Quando ele ultrapassou uma certa distância, a boneca finalmente reagiu. Ela virou a cabeça levemente, e seu olhar pareceu se mover da porta para Duncan.

    No entanto, a reação foi apenas essa. A boneca ainda não falou, não mostrou nenhuma expressão, e seus olhos nem mesmo focaram. Ela apenas seguia os passos de Duncan com um leve ajuste de seu olhar, como uma verdadeira boneca sem vida ou pensamento, com a função mais básica de “rastreamento de movimento”.

    Mas, vendo essa cena, Duncan sentiu uma estranha emoção. ‘Essa boneca boba finalmente está exibindo algumas características assustadoras e bizarras, como deveria ser.’

    Ele se aproximou da boneca e olhou para ela. A boneca também ergueu a cabeça sem expressão, ajustando lentamente os olhos para acompanhar os movimentos de Duncan.

    “Não há mais caminho”, disse a boneca de repente.

    Sua voz abrupta ecoou neste salão envolto em névoa negra.

    Duncan estava pensando em como se comunicar com esta boneca “acordada” e ficou momentaneamente atordoado ao ouvi-la falar de repente. Ele perguntou instintivamente: “Não há mais caminho? O que quer dizer com não há mais caminho?”

    “Iniciando a transdobra da Nova Esperança para uma zona segura do espaço…”

    A boneca virou a cabeça de forma rígida e lenta, seu olhar parecendo rastrear os servidores escondidos na névoa negra, ou talvez imagens do passado que já haviam desaparecido deste lugar. Uma voz monótona e vazia saiu de sua boca, ecoando ao redor:

    “Iniciando a transdobra para o foco gravitacional… Motores de transdobra desativados, mapa estelar com falha… Desvio de luz estelar padrão… Não foi possível encontrar pontos de referência, análise do destino falhou… Não há mais caminho…”

    Ela pareceu hesitar de repente, seus olhos se arregalando lentamente, como se acordasse de um pesadelo.

    “Não há mais caminho, a Líder do Horizonte Três pede desculpas a toda a tripulação. Não há mais caminho, desculpas. Não há mais caminho, desculpas. Não há mais caminho…”

    A boneca de repente começou a repetir sem parar, como se tivesse entrado em algum tipo de loop, pedindo desculpas e transmitindo a mensagem repetidamente. Um ruído grave surgiu abruptamente da névoa densa em todas as direções. A boneca ergueu a cabeça novamente, procurando por algo na escuridão, sua voz tornando-se cada vez mais apressada: “Não há mais caminho, não há mais caminho, não há mais, não há…”

    O ruído se transformou em um zumbido estridente. Coisas enormes tremeram e caíram na névoa negra, e todo o salão começou a vibrar de forma bizarra. Mas, no momento em que a boneca parecia prestes a perder o controle, Duncan de repente segurou seus ombros por impulso.

    “Alice!”

    Ele gritou quase instintivamente, e enquanto segurava firmemente os ombros da boneca, repetiu: “Alice! Você consegue me ouvir?!”

    A boneca parou abruptamente, como se reagisse ao nome que ouviu. Ela virou a cabeça lentamente, e seus olhos sem vida pareceram ganhar um pouco de brilho.

    O zumbido estridente e a vibração ao redor do salão foram se acalmando.

    “Ca… pi… tão…”

    Ela olhou nos olhos de Duncan e falou com uma voz um tanto travada, como um robô velho e enferrujado reiniciando.

    Em seguida, ela virou a cabeça para a esquerda e para a direita, como se estivesse se “adaptando” a algo. Sua voz tornou-se um pouco mais fluida: “Capitão, você está com fome?”

    Duncan: “…”

    ‘…Por que a primeira coisa que essa boba se lembra ao “acordar” é isso?!’

    “Eu não estou com fome, e agora não é hora de comer”, Duncan ajustou rapidamente sua mentalidade. Ele não esperava que realmente pudesse “despertar” a consciência de Alice aqui, e ainda se sentia incrédulo. “Você… olhe ao seu redor. Você sabe em que estado está agora?”

    Alice finalmente pareceu se dar conta e ergueu a cabeça, percebendo que não estava no familiar Banido.

    Ela ficou atônita por um momento e, ao se virar para Duncan, seu olhar estava claramente perdido e confuso: “Que lugar é este?”

    Duncan pensou por um momento, principalmente em como explicar a essa boba o que era “a sala do servidor central do compartimento de navegação da Nova Esperança, recriada após a remodelação da cognição do observador”. Após um momento, ele assentiu e segurou os ombros de Alice.

    “Este é o mundo dentro do seu cérebro.”

    Alice parecia confusa: “Mas… eu tenho cérebro?”

    Duncan: “…”

    Após um instante de choque e mudez, ele a encarou: “Finja que tem!”

    “…Oh.”

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