Índice de Capítulo

    Hora da Recomendação, leiam Fagulha das Estrelas. O autor, P.R.R Assunção, tem me ajudado com algumas coisas, então deem uma força a ele ^^ (comentem também lá, comentários ajudam muito)

    Talvez passe a usar mais esse espaço para recomendar outras obras (novels ou outras coisas que eu achar interessante ^^)

    Vanna já caminhava por esta estrada há muito, muito tempo. Tanto tempo que já não se lembrava de quando, nem por que, havia embarcado nesta jornada aparentemente interminável. Tanto tempo que esqueceu de onde partiu e qual era o objetivo de sua viagem.

    Ela só sabia que este mundo era desolado. O que via pelo caminho parecia ser apenas areia amarela que cobria o céu, e cidades perdidas em ruínas no deserto, e artefatos antigos enterrados na poeira. Ela atravessou essas ruínas cheias de uma aura de desolação, como se viajasse contra a corrente do tempo esquecido. Ocasionalmente, ela parava por um tempo nessas ruínas, mas logo as deixava para trás. Quando o sol nascia no dia seguinte, ela já teria esquecido a aparência específica das ruínas, apenas se lembrando vagamente de ter passado por elas, de ter visto algumas muralhas quebradas e desmoronadas.

    O vento soprava de longe, uivando pelo deserto. A areia amarela dançava, e entre as rochas gigantes, o vento produzia um som agudo e aterrorizante, como o uivo de fantasmas. E naquele uivo agudo, Vanna ouviu outra voz, um som que ela sempre ouvia nesta jornada:

    “Ding… ding… ding…”

    Soava como metal batendo em pedra, ou como o barulho de uma forja.

    Vanna parou no meio da estrada de areia, semicerrando os olhos e olhando para o horizonte. Ela sabia que, sempre que esse som de “ding, ding, ding” soava, significava que havia novas ruínas ou artefatos por perto.

    Mas por que era assim, e de onde vinha o som, ela não sabia.

    Uma silhueta indistinta de edifícios apareceu abruptamente contra o fundo de areia amarela que cobria o céu, como as inúmeras cenas que ela já havia visto nesta jornada.

    Vanna olhou para o conjunto de edifícios que apareceu abruptamente por um tempo e, após um breve momento de transe, deu um passo naquela direção, caminhando contra a tempestade de areia cada vez mais caótica.

    E, nesse momento, a voz de uma jovem apareceu de repente ao seu lado: “De onde você vem?”

    Vanna olhou na direção da voz, surpresa, mas só viu a areia amarela dançando. Não havia ninguém de onde a voz vinha. Parecia ser apenas uma alucinação.

    Ela franziu a testa, sentindo que a tempestade de areia parecia ter entrado em sua cabeça, tornando seus pensamentos cada vez mais confusos. Ela balançou a cabeça e decidiu continuar.

    A voz soou novamente ao seu lado: “Por que você não me responde?”

    Junto com a voz, parecia haver vagamente o som de outra pessoa caminhando no deserto, bem perto dela.

    Vanna parou abruptamente novamente, olhando para o local ao seu lado. Ela ainda não conseguia ver a pessoa que falava, mas sentia vagamente a… “atmosfera” da presença de alguém.

    Uma viajante invisível estava caminhando com ela, tentando conversar.

    Isso era normal? Existia tal fenômeno neste mundo? Havia realmente uma raça invisível vivendo neste mundo?

    Vanna sentiu sua mente ficar em transe novamente, e algumas associações absurdas e bizarras surgiram do nada. Mas logo esses pensamentos confusos se dissiparam. Ela hesitou por um momento e disse, hesitante: “…Eu não me lembro de onde vim.”

    “Esqueceu de onde veio?”, a companheira de viagem invisível falou novamente, seu tom um tanto animado. “Ah, isso não é bom. Se você esquecer de onde veio, será difícil voltar… Mas não se preocupe, casos como o seu não são raros por aqui.”

    “Aqui? Não são raros?”, Vanna ergueu a cabeça, surpresa. “Há outras pessoas aqui?”

    “Sim, muitas”, disse a voz alegremente. Pelo tom e pelo conteúdo, “ela” parecia estar apontando em uma direção. “Estão ali, naquela cidade.”

    Vanna não conseguia ver os movimentos da companheira invisível, mas instintivamente ergueu a cabeça e olhou para a silhueta do conjunto de edifícios que aparecia vagamente na tempestade de areia, com um tom de curiosidade: “Naquela cidade…”

    “Sim, naquela cidade”, a voz alegre continuou. “Todos são assim, vêm de todos os lugares. Alguns ainda se lembram vagamente de onde vieram, outros até esqueceram seus próprios nomes. Mas isso não é importante. A jornada é assim, de um lugar muito distante para outro lugar muito distante. Às vezes, você para no meio do caminho, e às vezes, quando para, não consegue mais andar. Quando não consegue mais andar, onde quer que você pare, esse é o fim… Bem, foi o que meu irmão me disse.”

    Vanna franziu a testa e, após uma breve hesitação, deu mais um passo em direção ao conjunto de edifícios nebuloso. Ela ouviu outro par de passos soar quase que imediatamente ao seu lado, e uma presença vaga a seguiu.

    “Seu irmão?”, Vanna perguntou casualmente. “Você tem um irmão?”

    Conversar com uma companheira de viagem invisível era uma sensação muito estranha, mas por alguma razão, ela gradualmente sentiu que era algo natural. De qualquer forma, ter mais alguém para conversar nesta longa jornada não era uma coisa ruim.

    “Sim, eu tenho um irmão. Ele é seis anos mais velho que eu”, disse a voz alegre imediatamente. “Mas faz muitos anos que não o vejo. Ele foi para Terra Murcha para estudar, e não tive mais notícias.”

    Vanna franziu a testa, sentindo que tinha ouvido uma palavra familiar… Terra Murcha? O que era Terra Murcha? Uma cidade?

    “Você se preocupa com ele?”, ela perguntou instintivamente.

    “Não me preocupo”, a voz ao seu lado respondeu. “Muitos de nós não recebem notícias de fora há muito tempo, nem mandamos notícias. E não há nada de errado nisso…”

    A voz vinda do vento de repente ficou distorcida, como se a distância tivesse aumentado de repente, seguida por um ruído caótico. Vanna não ouviu claramente as últimas palavras, e então o silêncio tomou conta ao seu redor.

    Ela ficou parada por alguns segundos, mas não ouviu a companheira de viagem invisível falar novamente. Ela hesitou, olhou ao redor e quebrou o silêncio: “Você ainda está aí?”

    Apenas o uivo agudo e bizarro do deserto e o ocasional som de batidas de “ding, ding, ding” a responderam.

    A companheira de viagem parecia ter desaparecido no vento.

    Depois de um tempo, Vanna balançou a cabeça e continuou a caminhar em direção à cidade distante.

    Ela caminhou por um longo tempo e finalmente terminou esta jornada excepcionalmente árdua antes que o céu escurecesse novamente. Ela viu a “cidade” que a companheira de viagem mencionou. Como esperado, não havia nenhuma cidade próspera ou habitantes. O que apareceu diante de seus olhos foram apenas ruínas na areia amarela, edifícios que haviam sido abandonados por um número desconhecido de anos.

    Vanna encontrou uma abertura na muralha da cidade em ruínas, que parecia ser os restos de um grande portão. Através da abertura, ela confirmou a situação nas ruínas da cidade e entrou na “cidade”.

    No entanto, no momento em que ia passar pelo “portão”, uma voz séria e imponente veio de repente do ar: “Pare, estranha! De onde você vem?”

    Vanna ficou surpresa por um momento.

    ‘Um guarda invisível… guardando o portão aqui?’

    Ela já havia enfrentado cultistas no esgoto, monstros que cresciam na escuridão, mas nunca havia lidado com uma situação como esta.

    Ela parou, olhando sem saber o que fazer para a direção vazia. Após um breve momento de reflexão, ela decidiu se comunicar com o outro de forma “normal”: “Estou… viajando, mas não me lembro de onde vim.”

    Ela ainda se lembrava que a companheira de viagem invisível lhe dissera que havia muitos “residentes” nesta “cidade” que, como ela, haviam esquecido de onde vieram. Então, sua resposta provavelmente não pareceria muito suspeita aqui, certo?

    O “guarda” não falou, parecendo estar julgando algo com escrutínio, ou talvez tenha desaparecido no vento naquele instante. Vanna esperou pacientemente por um tempo e, quando estava prestes a desistir de esperar e entrar, uma voz familiar e alegre veio de repente do lado:

    “Ah, você está aqui!”

    Era a “companheira de viagem invisível” que havia desaparecido antes.

    “Eu pensei que você tinha se perdido”, a voz disse alegremente a Vanna. “Há muitos atalhos nesta estrada, especialmente nas trilhas da floresta. Se você for atraída pelas amoreiras na beira da estrada e entrar em uma trilha, pode levar um dia inteiro para sair…”

    ‘Floresta? Trilhas? Amoreiras na beira da estrada?’

    Ouvindo a tagarelice vindo do lado, Vanna olhou para o caminho de onde veio, atônita. Claro que não havia nada lá, exceto areia e pedras. De onde vieram a floresta e as amoreiras?

    E, enquanto ela estava atônita, a voz do guarda apareceu novamente, conversando com a “companheira de viagem invisível”: “Esta é sua amiga?”

    “Sim, nos conhecemos na estrada”, a voz da jovem disse imediatamente. “Ela veio de muito longe, é sua primeira vez aqui e não está familiarizada com o lugar. Vou levá-la para passear na cidade.”

    “…Então podem entrar. Mas não corram por aí. Está quase escurecendo, e a floresta fora da cidade não é segura.”

    “Ei! Obrigada!”

    A voz alegre agradeceu ao guarda e se virou para Vanna: “Podemos entrar.”

    Vanna imediatamente desviou o olhar do deserto fora da cidade e assentiu na direção da voz: “Tudo bem.”

    Ela entrou na “cidade próspera”, caminhando por uma avenida larga e desolada em frente ao portão da cidade. A areia amarela enterrava as ruínas em ambos os lados da estrada, e lajes de pedra quebradas estavam espalhadas desordenadamente no chão. Ocasionalmente, ela ouvia alguns sons indistintos. Pareciam ser vendedores ambulantes, pedestres conversando e o som de rodas rolando na estrada. Mas esses sons indistintos se dissolviam quase que imediatamente no vento, antes mesmo que ela pudesse ouvir qualquer coisa com clareza.

    “E então? É bem próspera, não é?”, a voz jovem e animada disse ao lado de Vanna, como se estivesse apontando para as lojas na beira da estrada e para o tráfego intenso. “Eu moro aqui há muitos anos. Esta cidade é o lugar mais próspero de todo o continente!”

    …’Continente? O que é isso?’

    Vanna sentiu um momento de transe, como se algum conhecimento que não pertencia ao “senso comum” de repente tivesse invadido sua percepção, querendo entrar em sua mente.

    Mas, no segundo seguinte, sua vontade firme dissipou essa sensação de transe.

    O conhecimento não entrou.

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