Índice de Capítulo

    Hora da Recomendação, leiam Fagulha das Estrelas. O autor, P.R.R Assunção, tem me ajudado com algumas coisas, então deem uma força a ele ^^ (comentem também lá, comentários ajudam muito)

    Talvez passe a usar mais esse espaço para recomendar outras obras (novels ou outras coisas que eu achar interessante ^^)

    Um sinal!

    A ponte de comando silenciou-se instantaneamente. Até mesmo Lucretia, que normalmente parecia fria e calma, arregalou ligeiramente os olhos. Um “sinal” aparecer “além da fronteira”, já tendo cruzado a linha crítica de seis milhas náuticas, era algo que dificultaria a manutenção da calma para qualquer um, ainda mais em uma situação de navegação perdida como esta!

    Como poderia haver um sinal neste lugar? Quem o estava emitindo? Seria um “evento” real ou… outra armadilha perigosa criada por esta névoa densa para os intrusos?

    “Preparem as defesas!” Lucretia ordenou instantaneamente, sua figura aparecendo ao lado do console de controle em um piscar de olhos. Ao mesmo tempo, ela puxou uma alavanca entre os equipamentos. Luni, ao seu lado, reagiu imediatamente. A boneca de corda apertou rapidamente alguns botões na plataforma, depois deu um passo para trás, puxou levemente a corda em suas costas e a girou três vezes no sentido anti-horário.

    Com um leve estalo, fendas delicadas se abriram nos braços, pernas e pescoço de Luni, e runas se iluminaram gradualmente sob sua pele. Seus olhos começaram a brilhar com um leve tom vermelho-escuro. Ao mesmo tempo, sons de maquinário em funcionamento ecoaram por toda a ponte de comando. Várias grades e saídas de dutos, antes ocultas, emergiram do chão e das paredes, e o aroma de incenso e um zumbido estranho e baixo envolveram a todos.

    Shirley observou a cena, boquiaberta. Demorou um momento para ela soltar uma exclamação tardia: “…Uau… você tem um dispositivo tão incrível?!”

    Nina também não pôde deixar de ficar boquiaberta, olhando para a boneca de corda em estado de defesa com os olhos arregalados: “…Como você se transformou assim?”

    Luni tremeu sob o olhar de Nina, que parecia um tanto ardente (ou talvez não apenas parecesse), e um som de peças colidindo veio de dentro de seu corpo: “A senhora não permite que estranhos me desmontem…”

    “Aventureira constante na fronteira, é preciso ter alguns preparativos para situações inesperadas”, disse Lucretia, olhando para o demônio abissal e o fragmento de sol que não pareciam sentir a crise, e suspirou levemente. “Fiquem alertas, vou atender a este sinal. Do outro lado do rádio pode não haver uma voz humana, ou mesmo uma ‘voz’… Esqueçam, vocês provavelmente não têm medo disso.”

    Dito isso, ela respirou fundo e colocou a mão no dispositivo de comunicação. Um clique soou.

    Uma voz intermitente, misturada com forte interferência, como se tivesse atravessado inúmeras camadas de distorção e ruído, saiu do alto-falante: “…Chamando… zzz… aqui é… zzz… o farol, chamando… viajantes, aguardando seu… zzz… retorno. Repito, aqui é… zzz…”

    A chamada rouca e monótona repetia-se incessantemente, como um fantasma ecoando nas fendas do espaço-tempo.

    Todos na ponte de comando ficaram atônitos, até mesmo Lucretia parecia surpresa.

    “Farol?” disse Shirley para si mesma, depois de um longo tempo. De repente, ela pareceu se lembrar de algo. “Espere, eu me lembro! Quando partimos, nossa última parada…”

    Lucretia lembrou-se de repente das palavras que a papisa lhes dissera no último porto móvel da fronteira da Igreja do Mar Profundo, antes que a frota cruzasse a Cortina:

    “Três navios de guerra permanecerão perto do farol, aguardando seu retorno… Este porto móvel ficará aqui, e meu avatar também, até vocês voltarem…”

    “…Aquele farol ainda está lá, eles realmente ainda estão esperando?!” Shirley arregalou os olhos. Sua performance acadêmica podia não ser das melhores, mas sua memória sempre fora boa. “O mundo inteiro praticamente parou!”

    Lucretia não falou. Embora se lembrasse da situação na partida, ela não deixou que a excitação afetasse sua calma. Primeiro, ela verificou se o sinal continha traços de distorção ou adulteração, confirmando que não era uma alucinação coletiva “refletida” nas águas da fronteira devido à influência mental da tripulação. Em seguida, ela verificou a situação defensiva do Brilho Estelar antes de pegar o microfone do console de comunicação e levá-lo à boca: “Viajantes na escuta. Aqui é o Brilho Estelar. Estamos tentando retornar da linha crítica. A navegação do navio falhou. Por favor, aumentem a potência da antena do farol.”

    Ela pousou o microfone e esperou pacientemente.

    No entanto, o dispositivo de comunicação continuou a emitir estática. Alguns segundos depois, o que veio foi a mesma mensagem monótona e repetitiva: “Aqui é… zzz… o farol, chamando… viajantes… zzz…”

    Lucretia franziu a testa gradualmente. Com uma expressão séria, ela tentou contatá-los novamente, mas ainda não houve resposta do outro lado. E depois de outra repetição, a voz simplesmente desapareceu, restando apenas o som de interferência.

    “Eles não conseguem nos ouvir?” Nina perguntou, com os olhos arregalados de curiosidade. “Houve interferência?”

    “Não sei, mas é certo que o sinal veio do ‘farol'”, disse Lucretia, franzindo a testa. Ela se virou para Luni. “Consegue rastrear a direção do sinal?”

    “A intensidade é baixa, mas consigo rastrear uma direção geral”, respondeu Luni rapidamente, enquanto operava o equipamento ao seu lado. “Devemos seguir nesta direção?”

    Lucretia se virou e olhou na direção de Morris.

    Depois de trocarem um olhar, ambos assentiram levemente.

    Este era o “ponto de ancoragem de orientação” para o retorno — o “pedaço de madeira” que flutuou do outro lado da linha da fronteira.

    “Pelo menos voltaremos para perto de 1902”, Lucretia murmurou para si mesma.

    O Brilho Estelar começou a ajustar lentamente seu curso. Depois de patrulhar a linha de seis milhas náuticas por um bom tempo e aumentar ao máximo a sensibilidade de sua antena para determinar a direção do sinal, ele finalmente encontrou a “brecha” mais provável naquela linha de fronteira.

    Então, a sirene soou. Com uma determinação inabalável, este viajante, coberto pela ilusão do Banido e que vagara pelos confins do mundo por tanto tempo, mergulhou de cabeça na névoa do retorno.

    Ao cruzar a linha crítica, a tripulação quase não sentiu nada. Apenas Lucretia, que passara anos explorando as águas da fronteira, pôde perceber vagamente a “mudança” indescritível.

    Sua expressão estava tensa, e sua mente, em alerta máximo, percebia tudo ao seu redor, atenta a qualquer atividade no dispositivo de comunicação.

    ‘Voltamos? Voltamos para por volta de 1902?’

    Felizmente, o destino não continuou a pregar peças nos que voltavam para casa. Quase no instante em que a travessia foi concluída, Luni relatou alegremente: “Senhora, o sinal aumentou significativamente! Voltamos com sucesso para o interior da Cortina, e acabamos de receber um sinal de tempo. Nosso tempo está correto!”

    Lucretia finalmente soltou um suspiro de alívio. A última vez que sentira tal alívio e alegria vindo do fundo de seu coração foi quando seu irmão a contatou e lhe disse que “o pai realmente recuperou a humanidade”.

    Gritos de alegria de Shirley e Nina ecoaram pela ponte de comando, e do canto, Rabi e a pequena boneca Nilu, que finalmente se atreveram a respirar, também soltaram pequenos vivas.

    “Continue se aproximando na direção do sinal”, ordenou Lucretia, pegando novamente o microfone do dispositivo de comunicação e chamando o farol mais uma vez. “Aqui é o Brilho Estelar. Cruzamos a linha crítica com sucesso e estamos nos aproximando do farol. Vocês estão bem?”

    No entanto, mesmo depois de chamar duas vezes, o dispositivo de comunicação só emitia ruído de estática. Embora o sinal estivesse forte o suficiente para não afetar a comunicação, ninguém no farol respondeu.

    Era como se a voz que os chamara de volta… fosse apenas um sonho.

    A expressão de Lucretia tornou-se gradualmente séria novamente, e a atmosfera na ponte de comando, que mal havia relaxado, tornou-se um pouco tensa mais uma vez.

    Lucretia pousou o microfone e balançou a cabeça. “…A situação no farol não parece boa. Vamos lá ver primeiro.”

    O “farol”, que se erguia nas profundezas da névoa da fronteira, perto da linha de seis milhas náuticas e que conseguia transmitir sinais através da linha crítica até certo ponto, finalmente apareceu no campo de visão do Brilho Estelar.

    Suas luzes ainda estavam acesas. A luz abençoada brilhava, um pouco mais fraca do que quando partiram, mas ainda penetrava na névoa.

    Ao ver a luz, todos relaxaram um pouco — havia um sinal, a luz ainda estava acesa, o que significava que, pelo menos, o farol havia sido mantido por alguém recentemente.

    Mas por que estava tão silencioso?

    Após uma viagem que pareceu excepcionalmente longa, o Brilho Estelar finalmente chegou perto do farol.

    À primeira vista, Lucretia viu que os três imponentes navios de guerra da Igreja do Mar Profundo ainda estavam atracados em silêncio no porto da plataforma móvel sob o farol. As várias luzes nas laterais dos navios ainda estavam acesas, obviamente ainda em funcionamento — mas não houve nenhuma reação à aproximação do Brilho Estelar.

    Era como se houvesse pessoas nos navios mantendo as instalações funcionando normalmente, mas ninguém reagiu ao retorno dos viajantes.

    “Eu acho que vi uma sombra se movendo no andar de cima do farol”, disse Shirley, que subira ao convés, olhando para longe em voz baixa. “Tem gente lá em cima, mas parece que ninguém está nos dando atenção… Será que eles não conseguem nos ver?”

    “Será que tudo isso é uma ilusão…” Nina murmurou, um pouco preocupada.

    “…E se nós formos a ilusão?” Shirley murmurou de volta, ainda mais assustadora.

    Lucretia, no entanto, não prestou atenção às duas meninas se assustando mutuamente. Ela também notou que parecia haver de fato alguém se movendo nas instalações do farol e, após uma breve ponderação, tomou uma decisão rápida:

    “Eu e Vanna vamos subir para verificar a situação. Os outros ficam no navio. Antes de voltarmos, não saiam do navio e não acreditem em nenhuma voz que apareça no comunicador ou em qualquer figura que se aproxime. Luni, vigie o navio.”

    Luni curvou-se ligeiramente. “Sim, senhora.”

    Após uma breve preparação, Lucretia e Vanna, em um pequeno barco de origami, desembarcaram silenciosamente no farol estranhamente silencioso.

    O ambiente estava quieto. O vento frio soprava pelo porto, carregando um “frio” que parecia penetrar na carne e no sangue, paralisando gradualmente o coração e os vasos sanguíneos.

    Lucretia e Vanna pisaram no cais e, na noite e na névoa, olharam ao redor.

    Havia muitas sombras se movendo na névoa.

    Mas ninguém lhes deu atenção.

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