Hora da Recomendação, leiam Fagulha das Estrelas. O autor, P.R.R Assunção, tem me ajudado com algumas coisas, então deem uma força a ele ^^ (comentem também lá, comentários ajudam muito)
Talvez passe a usar mais esse espaço para recomendar outras obras (novels ou outras coisas que eu achar interessante ^^)
Capítulo 833: A Última Viagem Deles
As “chamas” entre as estrelas fluíam nos confins deste mundo. Na percepção de Duncan-Zhou Ming, ele podia ver claramente as centelhas se conectando lentamente em um anel.
Cada fagulha que ele deixara nos quatro nós da barreira externa agora emanava um brilho estelar uniforme. E esse brilho estava gradualmente penetrando e cobrindo esses nós, cobrindo os “deuses antigos” que os constituíam, cobrindo sua autoridade, sua essência, suas memórias, cobrindo… suas informações.
Assim como da primeira vez que ele penetrou com sua chama na máscara dourada do sol e desvendou os segredos ocultos por trás dela, assim como ele normalmente usava a chama para espiar e controlar objetos transcendentais, o que ele estava fazendo agora era essencialmente a mesma coisa.
Cada dado deste mundo, desde seu nascimento até seu fim, estava gradualmente se refletindo em sua mente durante esse processo.
Porque aos olhos da “singularidade inversa”, todo este Mar Infinito, esta pilha de cinzas que esfriava gradualmente, mas ainda teimosamente fingia que a civilização ainda existia, era em si um “objeto transcendental”.
Alice baixou a cabeça e olhou para Duncan, curiosa. “Capitão, quanto tempo mais vamos esperar aqui?”
“Já podemos ir”, disse Duncan em voz baixa. “Nina e os outros já retornaram em segurança ao Mar Infinito. Também devemos seguir para o próximo lugar.”
Alice ficou muito curiosa. “O próximo lugar? O senhor ainda não me disse onde fica…”
“Teremos que encontrar por nós mesmos — mas não deve ser difícil”, disse Duncan lentamente, baixando a cabeça para olhar um objeto ao seu lado.
Era uma ampulheta de formato antigo e delicado, a “vitalidade” deixada pelo Deus da Morte, Bartok, para a Deusa da Tempestade, Gomona. Três dias atrás, Duncan a retirou do templo.
Agora, a areia que representava a vitalidade na ampulheta estava quase esgotada.
Duncan pegou a ampulheta. Uma chama queimava etérea e silenciosamente dentro do recipiente. Os últimos grãos de areia não caíram, mas flutuaram no centro do recipiente, envoltos pela chama. Ele observou a última “vitalidade”, ouviu uma voz fraca e pequena vindo dela e assentiu levemente. “Sim, estou de partida.”
A voz fraca parecia se despedir dele, mas quase nenhuma informação podia ser discernida.
Duncan, no entanto, parecia ter entendido tudo. Ele sorriu, seu tom gentil e alegre. “Ah, isso parece bom… quer estar com os amigos de novo, quer viajar de novo, ter um grupo de viagem animado… e também quer abrir uma loja de souvenirs?”
“Certo, entendi. Eu vou providenciar… Não duvide nem se preocupe. Haverá. Esta é uma oportunidade única de personalizar o mundo e o futuro — vocês todos merecem essa chance.”
“…Sim, levará algum tempo, um tempo muito, muito longo. Mas não se preocupe, o que eu mais tenho é tempo. Para a eternidade, isso é apenas um piscar de olhos…”
“Agora, vamos. Adeus, Gomona — tenha um bom sonho.”
Os últimos grãos de areia se dissiparam silenciosamente nas chamas, e a ampulheta se desintegrou em pó, sem um som. Eles se espalharam ao vento, e toda a ilha começou a afundar lentamente nas chamas cheias de brilho estelar.
Duncan se levantou e abriu com um aceno o portal de chamas para o Banido.
Momentos depois, eles já haviam retornado ao Banido. Sob o controle do Cabeça de Bode, o navio atravessava firmemente a névoa entre as ilhas Leviatã, aproximando-se da borda da área do nó.
Duncan levou Alice para a cabine do capitão. No instante em que a porta se abriu, o Cabeça de Bode, que estava distraído na borda da mesa de mapas, virou a cabeça imediatamente. Este primeiro-imediato diligente, aproveitando que o capitão ainda não havia mandado calar a boca, soltou um longo suspiro e começou a tagarelar:
“Ah, é um pouco estranho o navio estar tão quieto, normalmente a esta hora a senhorita Vanna já deveria estar se exercitando no convés, e a Shirley com certeza estaria ‘explorando’ por aí com o Cão, no começo eu achava eles barulhentos demais e sempre pensava quando teria um pouco de paz, mas não esperava que de repente ficasse tão quieto e eu me sentisse tão desconfortável, sendo que só voltamos ao estado inicial do navio. Pensando bem o tempo passa rápido mesmo, o coração humano é uma coisa maravilhosa, como eu nunca pensei que passaria por tantas coisas, claro que agora eu não posso ser considerado como tendo um coração humano, bom, terminei, vou calar a boca.”
O Cabeça de Bode calou a boca de forma decisiva, sem dar a Duncan a chance de gritar “cale a boca”. Este último sentiu as palavras densas como uma parede vindo em sua direção. Ele estava prestes a mandá-lo calar a boca, mas não esperava que ele já tivesse se adiantado. No final, as duas palavras ficaram presas em sua garganta, e ele só pôde olhar para a escultura de madeira na mesa. Depois de um tempo, ele disse: “Você consegue calar a boca sozinho?”
O Cabeça de Bode respondeu sem expressão (claro que seu rosto duro normalmente não tinha expressão): “Consigo, desde que eu termine de falar.”
Duncan ficou sem palavras novamente. Ele suspeitava que estava fazendo de propósito e tinha provas suficientes, mas o Cabeça de Bode certamente não se importava com isso, então ele só pôde dizer com uma expressão séria: “…Então continue calado aqui. Eu e Alice vamos resolver o próximo problema de navegação.”
O Cabeça de Bode foi conciso: “Entendido.”
Um canto da boca de Duncan tremeu. Ele levou a boneca em direção ao quarto nos fundos da cabine do capitão. Ao se aproximar, ele não pôde deixar de sussurrar para Alice: “Vou anotar isso, preciso adicionar uma regra ao novo mundo: quem falar sem pontuação terá a língua cortada…”
Alice também se aproximou e sussurrou: “Mas o senhor Cabeça de Bode não tem língua, a voz dele sai direto do pescoço…”
Duncan entrou no quarto, fechou a porta atrás de si e, ao ouvir isso, virou-se para olhar para a boneca. “Agora que você mencionou, fiquei curioso. Você tem língua?”
“Tenho”, disse Alice, séria, abrindo a boca e puxando os cantos com os dedos. “Veja — ahh.”
“…Estou realmente curioso para saber como aquela cópia defeituosa do Líder do Horizonte Um conseguiu te ‘criar’. Até a língua ela fez, mas não conseguiu reforçar as articulações.” Duncan olhou para a adorável boneca com uma expressão um tanto estranha, virou-se para a cama e pegou a chave de corda usada para ativar a “Mansão de Alice versão navegador”, balançando-a na frente da boneca.
Sem que o capitão precisasse dizer nada, Alice sentou-se na frente de Duncan com grande familiaridade, virou-se, abriu o zíper nas costas e revelou o buraco da chave.
Duncan pegou a chave do navegador, mas antes de dar corda, ele olhou para as costas de Alice e ficou em silêncio por um momento. Depois, ele falou: “Alice, tenho uma pergunta.”
“Hum? Diga.”
“Você já pensou… em querer alguma coisa? Como algo que você queira, ou um desejo, por exemplo… não ser mais uma ‘boneca’?”
Alice, enquanto segurava suas roupas, virou a cabeça, um pouco confusa. “Não. O que há de tão ruim em ser uma boneca?”
“Sobre o novo mundo e o futuro, você não tem nenhuma exigência ou ideia?” disse Duncan, muito sério. “Neste assunto, Nina e os outros têm mais ou menos suas próprias ideias. Shirley quer um lugar grande e livre, Morris quer espaço para pesquisar e explorar, até mesmo a Rainha Leviatã tem seus próprios desejos a realizar. Mas você… você sempre esteve muito quieta. Quando discutimos o novo mundo, você nunca deu sua opinião.”
Alice ficou atônita, parecendo pensar seriamente na pergunta do capitão. Mas, depois de um tempo, ela ainda balançou a cabeça. “Porque eu realmente não tenho nenhuma opinião.”
Duncan franziu a testa levemente.
“Porque não estou insatisfeita com nada, tudo está ótimo”, disse Alice, muito séria. “E eu também não sei o que o novo mundo deveria ter. Tudo o que vi no dia em que ‘despertei’ está aqui. Desde que tudo isso esteja aqui, está bom. O resto… não tem mais nada. E ser uma boneca também é muito bom. Eu gosto de ser assim.”
Dizendo isso, ela parou de repente e acrescentou rapidamente: “Ah, se eu tiver que dizer algo, então no novo mundo eu ainda quero ficar com o senhor. Não me acostumei a viver na cidade-estado.”
Duncan ficou atônito. Seu rosto, que antes mostrava surpresa e espanto, finalmente se transformou em um sorriso um tanto resignado e gentil.
“Certo”, ele assentiu levemente, acariciando o cabelo de Alice. “Eu vou te levar, mas isso é apenas o básico. Se você realmente não sabe o que quer, deixe comigo. Eu vou pensar e realizar por você.”
“Oh, certo!” Alice assentiu alegremente, virando-se na cama. Mas de repente, como se lembrasse de algo, ela virou a cabeça, feliz. “Ah, é verdade! Eu quero uma frigideira nova, uma pequena, do tipo para fazer panquecas doces. O senhor pode adicionar isso.”
“…Certo, anotei”, Duncan ficou surpreso por um momento, um sorriso gentil aparecendo gradualmente em seu rosto. Ele assentiu solenemente. “No novo mundo, Alice quer uma frigideira nova.”
“Do tipo para fazer panquecas doces!”
“Sim, do tipo para fazer panquecas doces.”
A chave de corda deslizou para o buraco da fechadura. Com um clique, a chave girou sozinha na fechadura da boneca. Luz e sombra se transformaram, os sentidos se redefiniram. Duncan abriu os olhos e viu que havia retornado ao local de onde saíra da Mansão de Alice.
O salão principal da Líder do Horizonte Três.
A luz fraca vinha de cima. No centro do salão escuro, erguia-se silenciosamente uma “árvore” formada por um emaranhado de cabos, tubos e estruturas metálicas. Na borda da plataforma onde as raízes da árvore estavam, a boneca segurando a tela de pintura abria lentamente os olhos — como um robô ligando gradualmente após receber energia. Ela despertou pouco a pouco e depois sorriu.
“Capitão! Entramos de novo!”
Duncan assentiu e foi ajudar a boneca a se levantar, pois ela ainda estava um pouco instável por ter acabado de acordar.
“Capitão, o que vamos fazer agora? Vamos dar um oi para o sol negro na porta? Vamos procurar a… próxima rota de que o senhor falou?”
Duncan olhou para a “tela de pintura” nas mãos de Alice.
Essa chamada “tela de pintura” era, na essência, a “interface funcional” remanescente da Líder do Horizonte Três.
“Eu quero que você procure por algo”, ele disse.
“Procurar por algo? O quê?”
“A cápsula de fuga da Nova Esperança — ela foi perdida nos confins das cinzas.”
Regras dos Comentários:
Para receber notificações por e-mail quando seu comentário for respondido, ative o sininho ao lado do botão de Publicar Comentário.