Índice de Capítulo

    Hora da Recomendação, leiam Fagulha das Estrelas. O autor, P.R.R Assunção, tem me ajudado com algumas coisas, então deem uma força a ele ^^ (comentem também lá, comentários ajudam muito)

    Talvez passe a usar mais esse espaço para recomendar outras obras (novels ou outras coisas que eu achar interessante ^^)

    Duncan sentiu que seu plano talvez fosse de fato um pouco louco. O Sol Negro, ao ouvir sua frase, provavelmente passou por um teste de sanidade…

    Mas ele estava falando sério. Depois que o Sol Negro disse “hã”, sua expressão ficou ainda mais séria do que antes, e ele repetiu calmamente: “Eu vou detonar a Criação do Mundo. Claro, ‘detonar’ é uma forma figurada. Estritamente falando, vou tomar emprestado seu poder, ou melhor, a parte de seu poder que não foi totalmente liberada durante a Grande Aniquilação.”

    A superfície daquele sol ilusório e ardente se expandia e contraía. A gloriosa coroa solar se erguia como ondas gigantescas, e inúmeros tentáculos pálidos e estranhos se contorciam e se moviam no mar de fogo. Depois de um bom tempo, o Sol Negro se acalmou, e sua voz grave e em camadas, cheia de tremores, adquiriu um leve ruído: “…Este plano, quando foi decidido?”

    “Antes de vir aqui para encontrá-lo”, disse Duncan com uma expressão calma. “Embora na época eu só tivesse uma direção vaga, e a ideia não fosse tão firme.”

    Dizendo isso, ele fez uma pausa e continuou: “Eu sempre tive uma… ‘intuição’. Essa intuição pode vir do ‘conhecimento’ deixado pela civilização que me criou. Muitas coisas eu não entendo seus princípios internos, mas o instinto me diz como fazer ou onde encontrar a direção. Foi sob o impulso dessa intuição que eu pensei que a Criação do Mundo poderia me ajudar a resolver um grande problema que encontrei — o problema do primeiro impulso.

    “Mas só depois de encontrá-lo aqui, e ver a ‘carta’ que você me trouxe, é que confirmei a correção dessa direção. Ou melhor… esta carta em si é muito provavelmente um lembrete, um lembrete do caminho certo.”

    A ondulação e o movimento inquieto na superfície do Sol Negro diminuíram um pouco. Ao perceber que não se tratava de um pensamento louco e insano, mas de um plano calmo e racional, ele finalmente ficou sério: “O que você quis dizer com ‘o problema do primeiro impulso’?”

    “Simplificando, uma ‘grande explosão’ que dá origem ao mundo”, explicou Duncan. “Esta é uma forma figurada. Você pode pensar nela como uma explosão síncrona de informação, matéria e energia. Se considerarmos o mundo inteiro como uma máquina matemática 1 vasta e complexa, então o primeiro rugido desta máquina matemática é a ‘explosão’ que deu origem a todas as coisas.

    “No mar de cinzas, na fronteira da ordem, eu realizei testes preliminares. Esses testes verificaram a hipótese da imortalidade da informação e confirmaram que, através do método de ‘atribuição’, é de fato possível remodelar todas as coisas no mar de informação caótico. Mas, ao mesmo tempo, descobri um problema: a ‘máquina matemática’ do mundo possui uma ‘integridade’. Todos os seus parâmetros de informação devem estar interligados. Não posso reconstruir o mundo tijolo por tijolo, passo a passo, como se constrói uma casa. Antes que este trabalho comece, eu posso ter um tempo infinitamente longo para me preparar, mas uma vez que o processo comece, todo o trabalho deve ser concluído em sincronia.

    “Portanto, eu preciso de uma explosão assim. Em um ‘instante’ infinitamente curto e, ao mesmo tempo, infinitamente longo, para completar a atribuição e a ‘ativação’ síncrona de todas as informações. Se essa condição não for cumprida, o novo mundo será despedaçado e gradualmente retornará a zero — assim como o Mar Infinito de agora.

    “E isso requer uma quantidade enorme de energia, uma quantidade muito, muito grande de energia… até mesmo energia no nível da Grande Aniquilação.”

    Duncan ergueu a cabeça e olhou seriamente para aquele olho enorme, branco e pálido, cercado de carne. “Veja, este é um plano bastante razoável e bem ponderado…”

    “…Começo a ter um pouco de medo quando você menciona as palavras ‘razoável’ e ‘bem ponderado’”, os tentáculos ao redor do Sol Negro tremeram. “Mas tudo bem, pelo menos eu entendi a necessidade deste plano. De fato… uma energia tão vasta, só a Criação do Mundo pode fornecer. Mas como você vai garantir que este processo… realmente aconteça como você quer? Ou, para ser mais direto, como se detona a Criação do Mundo? Como se guia? Como se garante que o processo não saia do controle?”

    Este deus antigo fez uma série de perguntas, obviamente com grande preocupação sobre o plano de Duncan — e essa preocupação era normal.

    Porque ele estava muito perto da Criação do Mundo. Nenhuma “pessoa” neste mundo conhecia a essência e o terror daquela fenda melhor do que ele. Por dez mil anos, ele observou longamente aquele fim do mundo congelado no céu. Isso tornava muito difícil para ele, de qualquer forma, associar aquele fim do mundo a um “novo mundo”.

    E Duncan obviamente também havia pensado nessa série de problemas. Diante das perguntas do Sol Negro, ele não hesitou, apenas organizou suas palavras e falou calmamente: “Todas as coisas são informação.”

    O Sol Negro ficou em silêncio, esperando que Duncan continuasse a explicar.

    “A Criação do Mundo também”, disse Duncan em seguida.

    As chamas ao redor do Sol Negro se expandiram e contraíram. Ele pareceu ter pensado em algo.

    “Depois de entrar em contato com aquele ‘mar de informação’ caótico, eu realmente entendi a teoria de que ‘todas as coisas são informação'”, Duncan não fez mistério e, depois de confirmar que o Sol Negro conseguia acompanhar seu raciocínio, continuou a explicar. “A Criação do Mundo é o próprio ‘fim do mundo’ congelado, mas o fim do mundo também é uma expressão da informação. Do ponto de vista da lógica mais fundamental, a Criação do Mundo não é diferente de todas as outras coisas deste mundo.

    “E para mim, desde que seja algo sustentado por ‘informação’, não existe o problema de ‘perda de controle’. Se existe, é controlável. Se não é controlável… então sua ‘perda de controle’ também deve ser controlável, a menos que a teoria de que ‘todas as coisas são informação’ não se aplique a ela.”

    “Parece que você está muito confiante”, os tentáculos do Sol Negro se expandiram, e ele expressou com um tremor baixo e suave. “E muito determinado.”

    Duncan não falou, apenas assentiu levemente.

    Ele realmente acreditava firmemente: nada poderia impedir a Criação do Mundo de se tornar a aurora do novo mundo — nem mesmo a própria Criação do Mundo.

    “E mais uma coisa fortalece minha confiança”, ele disse de repente.

    O Sol Negro reagiu rapidamente. “Você quer dizer… o aparecimento daquele cubo?”

    “Ele atravessou a fenda da Criação do Mundo e chegou a ‘este lado'”, Duncan assentiu levemente. “Uma carta. Não importa quão requintada seja sua tecnologia de fabricação, quão perfeitas sejam suas medidas de proteção, o fato de ela poder cruzar a barreira entre o novo e o velho mundo e ser enviada a ‘este lado’ é, em si, algo quase impossível. Portanto, sua ‘janela de envio’ deve ter sido cuidadosamente selecionada. Esta janela de envio deve estar no lugar onde os dois mundos estão ‘mais conectados’…”

    Duncan parou lentamente. Seu olhar se voltou para longe, como se estivesse atravessando a coroa solar gloriosa e falsa do Sol Negro, contemplando um espaço-tempo ainda mais distante:

    Todas as coisas do velho mundo desmoronam, e todas as informações finalmente convergem em um “ponto final”;

    O novo mundo nasce em uma grande explosão, e todas as informações jorram de um “ponto inicial”.

    Convergência e explosão, nascendo em oposição, como as duas extremidades de uma ampulheta. E em sua conexão, naquele lugar que é tanto o ponto final quanto o ponto inicial — é o lugar reservado para a “Singularidade Inversa”.

    É também o lugar reservado para a Criação do Mundo.

    As pessoas de um futuro distante enviaram uma carta através da única “abertura” para a outra extremidade da ampulheta. Aquela carta era uma mensagem de segurança para casa e, ao mesmo tempo, um farol para guiar a navegação noturna.

    “Eu vou te procurar”, disse Duncan lentamente, desviando o olhar do horizonte e focando novamente no Sol Negro. “Vou cumprir o acordo de te queimar por completo e reservar um lugar para você no novo mundo. E então — estará feito.”

    A coroa solar do Sol Negro se erguia e abaixava lentamente. Daquela massa de carne empilhada, veio um som de tremor suave e baixo: “Eu acenderei um farol para você. No céu noturno, você deverá navegar na direção mais brilhante.”

    “Certo, até lá.”

    “Até lá.”


    A noite era eterna, uma névoa fina cobria a cidade-estado. A camada de nuvens congelada pairava baixa, como se estivesse ao alcance das mãos. O frio preenchia o mundo. As lâmpadas a gás, alinhadas ao longo da rua, ainda emitiam um brilho intenso, mas as chamas dentro dos globos de vidro estavam como que congeladas, sem emitir um pingo de calor.

    Heidi apertou o casaco com força. Embora não soubesse ao certo por que usava roupas tão grossas, o instinto a levou a tomar a decisão de “se proteger do frio”, mesmo que já não se lembrasse bem do que era “frio”.

    Ela caminhou apressadamente pelas ruas iluminadas pelos postes de luz. Ao passar pelo posto de um pacificador, mostrou seu passe e continuou em direção a sua casa.

    Na rua, viam-se pedestres esparsos. Alguns iam para as fábricas, outros saíam para fazer compras. Em comparação com os primeiros dias da longa noite, o número de pessoas que saíam agora era visivelmente maior. Parecia que, com o passar do tempo, as pessoas da cidade-estado haviam se acostumado gradualmente a esta noite.

    Mas, mesmo assim, em comparação com os dias em que “tudo era normal”, a cidade ainda estava muito mais deserta.

    Heidi ignorou os transeuntes que caminhavam lentamente na névoa fina e apenas seguiu seu caminho de cabeça baixa. Ocasionalmente, ela ouvia sons de confusão vindos da rua ou do bairro vizinho. Parecia que alguém estava lutando ou gritando de medo. Às vezes, ela até via guardas da igreja totalmente armados em conflito com alguns transeuntes que pareciam em pânico na névoa, mas logo desviava o olhar, sem prestar atenção a essas coisas.

    Ao passar por um poste de luz, Heidi ergueu a cabeça e, com o canto do olho, viu um panfleto colado no poste. O panfleto continha algumas frases simples:

    “Ondas, morte, a temperatura do fogo — se você viu e entendeu estas palavras, por favor, dirija-se imediatamente ao ponto de abrigo no bairro XX ou XX para receber ajuda. Não entre em pânico, mantenha a calma, ainda há pessoas protegendo vocês.”

    Heidi franziu a testa, olhando para os símbolos tortos e irreconhecíveis.

    Ela teve a vaga impressão de que ultimamente via com frequência esse tipo de pichação perto de sua casa.

    Mas isso também não era digno de atenção.

    Ela virou a cabeça e continuou em direção a sua casa, através da névoa fria.

    1. Eu havia traduzido errado antes como ‘modelo matemático’, o correto é máquina matemática. Você pode pensar em ‘Máquina Matemática’ como outra forma de dizer ‘computador’. É basicamente algo criado para automatizar e resolver cálculos e problemas lógicos.[]
    Caso queira me apoiar de alguma forma, considere fazer uma doação

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