Capítulo 53 – Superando as alturas
Akemi iniciou as tentativas de intervir. — Sanada, sei que é assustador, mas a Nikko tem razão. Não podemos ficar parados, e se a plataforma já está aqui, talvez seja mais seguro do que subir pelos obstáculos.
Mayumi olhou para ele, cheia de desconfiança, mas dava para ver que ela buscava um pingo de esperança nela mesma.
Nikko aproveitou a deixa. — É isso aí! E a gente vai segurar a alavanca direitinho dessa vez. Sem surpresas, prometo!
— Eu não confiaria tanto nessa garota — Minoru resmungou algo inaudível, mas acabou concordando. — Argh, vamos logo com isso. Quanto mais tempo a gente perder, mais chance de algo dar errado.
Mayumi fechou os olhos por um momento; quando os abriu novamente, uma determinação renovou-se no olhar. — Sei que um de nós já superou desafios maiores, então, não seria justo da minha parte não tentar. Não precisam mais me fazer promessas — ela deu um passo à frente e olhou para Akemi com um toque de agradecimento. — Um passo de cada vez… certo?
O garoto sorriu aliviado. — Certo…
Os quatro se preparavam para subir pela plataforma.
— Prontos? — Nikko segurou a alavanca.
— Espera! — Minoru novamente agarrou o braço da garota — dessa vez, eu puxo.
— Tudo bem, tudo bem. Vai lá, herói.
Minoru respirou fundo, agarrou a alavanca, e cuidadoso, puxou-a devagar.
A plataforma começou a subir, porém, de forma mais lenta e controlada. Mesmo assim, Mayumi, com sua cara neutra, fechou os olhos, e rapidamente apertou a primeira mão que achou.
— Está tudo bem, estamos quase lá — disse Akemi, tentando acalmar a espadachim à esquerda que apertava sua mão.
A plataforma continuava sua subida lenta e constante, o vento acalmava os nervos.
Nikko e Minoru, relaxados, observavam o cenário gélido.
Mayumi ainda estava em uma batalha interna contra sua fobia de altura.
E Akemi, com as mãos pressionadas com toda a força de uma samurai treinada, inicialmente não reclamava, afinal, ele era quem mais podia compreender o medo que ela sentia. No entanto, à medida que a plataforma subia, a pressão em sua mão aumentava exponencialmente. Ele tentou disfarçar, mas logo percebeu que sua mão estava ficando dormente. — Pera aí… S-Sanada, não precisa apertar tão forte!
A resposta foi um aumento na força, como se aquilo fosse a única coisa que impedia a ruiva de cair em um abismo sem fim.
Nikko e Minoru estavam alheios ao desastre que ocorria com o pobre garoto atrás, pensar sobre o futuro lhes interessava mais.
— Ai ai, qual será o nosso próximo desafio, hein?
— Tá tão animada assim?
— E você não? — Risonha, Nikko encarou o colega, que no entanto, não retribuiu o gesto.
— Não dá pra ficar animado quando se está em um lugar tão imprevisível.
— Não pense assim, tenho certeza de que o próximo será tão fácil quanto este!
— Tsc. Apenas espero que possamos colaborar mais um com os outros. Devemos estar atrasados para chegar até o topo.
— Sanada! — Um chamado abafado não conseguia atrair a atenção dos que dialogavam.
— Você pensa bastante no grupo, não é? Confesso que não esperava isso de você. Fico feliz.
— Sanada!
— E por que você pensava isso? — Minoru finalmente respondeu o olhar.
— He hiii! Por nada. Só agradeço pela sua complacência.
— C-complacência? — O rapaz olhou torto, claramente constrangido. Talvez aquela palavra fosse inesperada para alguém que tentava manter uma postura de ego elevado, mas que, no fundo, guardava um bom coração, mesmo que não fosse isso o que ele quisesse demonstrar.
— Sanada! — Finalmente os gritos são percebidos.
— Ei, tá escutando isso?
— Pois é, que barulheira é essa? — Minoru olhou para traz e deparou-se com uma cena um tanto quanto… cômica.
— Sanada, você não vai cair! Por favor, solta a minha mão! Aaa-! — Akemi tentava alertar a garota, mas a força do aperto fez com que ele se dobrasse e caísse de joelhos no chão gelado. A voz parava na garganta, engasgada pelo desconforto. — Aagh! Por favor, Sanada, para com isso! — ele segurava o pulso com a outra mão, mas era impossível aliviar a pressão que ameaçava esmagar seus ossos.
— He hiii! Cuidado, Akemi! Se ela continuar assim, tu vai ter que viver com uma mão só daqui pra frente.
— Aaagh- comentários assim não ajudam em nada!
— Que situação deplorável. Pelo menos estamos chegando — disse Minoru ao olhar para cima.
A plataforma chegou no topo, encaixando-se com um estalo. Mayumi finalmente abriu os olhos por um breve momento e observou ao redor. Ela não acreditava que havia sobrevivido àquela experiência.
— Sanada, a mão…
A ruiva notou e soltou a mão de Akemi, que mesmo aliviado, tremia.
— Ah, perdão. Como vocês sabem, altura não é o meu forte.
— É, eu percebi… — respondeu o dolorido, aliviado por ter um pouco de circulação de volta na mão.
— Muito bem, ruivinha! Viu, não foi tão ruim assim.
— Devo agradecer ao Akemi, se não fosse por algumas palavras dele, não sei se eu acumularia coragem. Aliás, garoto, pode me chamar pelo primeiro nome, acho que todos nós nos comunicaremos melhor assim.
O mencionado levantou-se, coçou a nuca e sorriu sem graça. — Tudo bem… Mas sério, você tem uma força impressionante.
Nikko aproximou-se e deu um tapinha nas costas de Akemi. — Bom trabalho, herói. Agora entendemos que confrontar a Mayumi em pânico é mais difícil do que lutar contra uma besta áurica, he hiii!
De repente, Minoru decidiu tomar a frente do grupo, passando por todos com passos largos e destemidos. — Vamos logo com isso antes que eu mude de ideia e os faça voltar lá pra baixo — disse ele, com um tom de voz que deixava claro que não estava blefando.
Nikko, que sempre tinha uma resposta na ponta da língua, levantou uma sobrancelha e colocou as mãos na cintura. — Nossa, grosso! E a complacência?
— Complacência é meu ovo.
Bam! A porta foi fechada.
…
O silêncio que se seguiu foi tão pesado que até mesmo o vento parou.
Todos tentavam entender o que acabaram de ouvir: Nikko sorriu sem graça, Mayumi inclinou a cabeça para o lado como se estivesse decifrando um código, e Akemi simplesmente abriu a boca, sem palavras.
— Oookay… Então, vamos atrás dele, né?
Enquanto o grupo se movia em direção à porta, o clima mudou. O desafio das alturas havia sido superado, mas algo no ar mantinha todos alertas.
Ainda com um resquício de mal pressentimento nos ombros, Akemi olhou para Mayumi, que parecia um pouco mais confiante. Mas, ao mesmo tempo, uma dúvida chegou em sua mente. “O que mais nos espera nesse inferno congelado e sem fim?”
À frente, só restava a porta que agora estava sendo empurrada por Nikko. O cenário a seguir começou a se revelar lentamente.
Todos se concentravam para o que estava por vir: algo grandioso, ou talvez, terrível…
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