Capítulo 74 — Leveza após furacão.

A terça amanheceu e, ao despertar do príncipe, ele viu Night dormindo consigo. O jovem beijou a testa dela e se levantou enquanto deixava-a dormir coberta na cama.

A mente de Kevyn planeou por um momento e ele caminhou para o banheiro, onde lavou o rosto e se encarou no espelho.

“Pera… quando Humbra falava sobre beijos no livro, ele não falava que era na bochecha… será que eram que nem os meus e da Night?! Se for… quê?”, pensou, fechou os olhos e apenas balançou a cabeça.

Com um suspiro, o jovem escovou seus dentes e foi trabalhar.

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Por meio de marteladas erradas, Kevyn novamente viajou por seus pensamentos. Daniel percebeu que ele estava errando pelo barulho e disse:

— Ei, Kevyn… você tá errando.

O príncipe despertou e, com uma marretada, o liberar de uma faísca de mana. — A-ah! Sinto muito.

— Tá tudo bem? — perguntou o elfo.

— Sim… eu só tô pensando um pouco.

— Pode me dizer?

Kevyn saltou a marreta na bigorna e olhou para sua mão calejada. — A Night me beijou na boca.

— Boca? Eu não sabia que ela estava fazendo isso… mas… você gostou? — Eles estavam sentados de costas um para o outro, suas bigornas estavam próximas por ser chato forjar sozinho.

— Eu gostei, mas o que é tudo isso?! Ela nem me pediu em namoro e já fica tentando me engravidar!

Quieto, o elfo parou de martelar e coçou a cabeça por um momento. Ele então se levantou e pegou o metal martelado com um alicate.

— Olha, garoto, não sei o que te ensinaram, mas beijos não engravidam ninguém… e muito menos são os homens que geram os bebês! Além disso, a garota não sabe beijar não. Só para te informar. — Ele levou o metal até um balde d’água e o deixou ali dentro.

— Ela… não sabe beijar? Como assim?

— Olha… ela provavelmente te beijou toda torta.

— Ah… sim! Ela ficou tentando girar minha língua com a dela! Fora tentar chupar meu pescoço pra me transformar no servo dela.

Daniel olhou para ele com a maior cara de taxo possível e caminhou até a forja, onde já tinha um metal pré-aquecido.

O ferreiro tirou o metal e levou até sua bigorna. Ele se sentou e começou a martelar enquanto continuava a conversar:

— Olha, se você quiser… assim, não querendo atrapalhar o relacionamento de vocês, mas… conversar com ela sobre esses ataques.

Kevyn fez biquinho. — A gente não tá num relacionamento! Ela não me pediu em namoro ainda.

Confuso com quem era a mulher da relação, Daniel coçou a cabeça e fez novamente a mesma cara de taxo. Ele teria que conversar com Night sobre isso.

O elfo suspirou e viu de relance o garoto levando uma lâmina até o balde d’água.

— Kevyn, por que você não pede ela em namoro?

Indo até a forja, o garoto parou e encarou ele enquanto dizia: — Eu não sou adulto para namorar! Como príncipe, não posso arranjar esposas antes de poder protegê-las.

— QUÊ?! Ah! Hm… ahhh… — Daniel coçou a cabeça novamente e continuou — Olha, você disse esposas no plural? Tá… deixa eu pensar um pouco.

O garoto levou um novo metal até sua bigorna e começou a martelar enquanto seu mestre pensava sobre o que fazer: “Ele é muito inocente! O que fizeram com essa criança?! Ele não sabe o que é um beijo! Meu cosmos, MEU COSMOS!!!”, ele balançou a cabeça e voltou a trabalhar.

“Namorar… beijar… ah~ que coisas estranhas… eu não pensei que a Night fosse assim”, pensou o príncipe, que corou e então respondeu:

— Eu não converso sobre os ataques porque… sei lá, eu sinto que gosto deles.

— Isso me faz lembrar… como foi a luta?

Kevyn corou e respondeu: — Foi excitante, como falei antes.

— Excitante… eh? Entendo. Você sabe ao menos o que significa um eu te amo? — Incomodado, o homem inclinou o pescoço para o lado e coçou seu pescoço com seu ombro.

— Não…

— É equivalente a uma mordida no pescoço para vocês vampiros. É como se fosse a maneira humana para demonstrar esse sentimento. Sabe? Para alguém especial, amor, afeto, carinho… pode ser bobo, mas um eu te amo é uma palavra extremamente especial.

O príncipe entendeu, mas várias perguntas começaram a brotar em sua mente.

Nervoso, o garoto novamente soltou uma faísca de mana através de sua marretada.

Daniel então levantou e levou sua peça de metal até o balde com água. — Por acaso quer saber algo mais? — ele perguntou.

— Sim! Mas… por enquanto não, talvez amanhã.

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Após o almoço, Kevyn estava em cima de uma colina. Uma árvore fazia sombra para si e, ao observar o longe, ele cortou o ar com Kind e sentiu toda matéria sendo repartida por sua lâmina.

Humbra, agora curado, observou-o. Após duas horas de treino, alguém veio até o príncipe que, chocado com tal presença, disse:

— Améli? Por que veio aqui?

De roupas não tão casuais, Améli, vestida com um leve sobretudo negro, respondeu com um sorriso no rosto: — Eu vou atrás da fonte da imortalidade, quer vir comigo?

Curioso, o garoto inclinou a cabeça. “Não é perigoso? Tudo bem!”, pensou, guardou sua espada na bolsa dimensional e enfim perguntou:

— Como assim, fonte da imortalidade?

— Para a Aradam, lembra? — Ela cruzou os braços.

— Ah!!! Verdade. — Desviou o olhar por um momento.

— É em Twilight, talvez possamos passar na universidade! — Ela sorriu.

Kevyn arregalou os olhos e concordou com a cabeça animado. Ele então voltou a olhar para ela e esperou-a dizer mais alguma coisa.

Vendo o radiante olhar do príncipe, Améli tocou o topo da cabeça dele e o acariciou.

— Como recompensa por me ajudar, vou te dar um dinheiro. Daniel me falou sobre você estar trabalhando, então acho que pode ser legal. Até porque lá não vão ter só slimes.

Ainda mais animado, Kevyn sorriu e a respondeu enquanto dava leves pulinhos: — Sério?! Sério?!!!! Tá! Eu vou!

— Esse é meu garoto. Vamos!

Améli se virou de costas e, com o seu estalar de dedos, um monstro distorcido apareceu ao seu lado e criou um portal pelo qual eles logo atravessaram.