Capítulo 1527 - Deixando Arrebol

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O Quebrador de Correntes deixou os restos afogados de Arrebol para trás e se afastou dos sóis nascentes. Flutuando acima das correntes, ele atravessou o terrível campo de batalha e escapou para águas claras. O Grande Rio fluía abaixo deles. Agora, a visão do mundo em constante movimento era familiar e calmante. Sunny tinha a sensação de que retornar à realidade, onde o chão era sólido e imóvel, seria uma experiência estranha.

Não havia nenhuma Criatura do Pesadelo nas proximidades de Arrebol, então eles puderam relaxar por alguns dias. Os membros da coorte descansaram e se recuperaram, sem fazer nada em particular. Eles dormiram, consumiram refeições deliciosas e passaram seu tempo na ociosidade. Nem mesmo a presença de Mordret abafou o clima de paz. Ele não era nada além de complacente, até mesmo agradável de se estar por perto. Claro, ele era… monstros de verdade sabiam melhor do que ninguém como parecer simpáticos e amigáveis, afinal. E o Príncipe do Nada era uma existência singular mesmo entre os monstros insidiosos.

Mas tudo bem. Sunny não se importava em dividir um navio com ele, contanto que Mordret fosse um aliado. Os deuses sabiam que a coorte precisava de toda a ajuda que pudesse obter neste terrível e completamente irracional Pesadelo. O próprio Sunny não fez muita coisa nos primeiros dias de sua jornada através do Grande Rio. Ele dormiu um pouco mais, passou algum tempo olhando para o céu e conversou com Kai, descrevendo os eventos passados ​​do Pesadelo em mais detalhes.

O mês que ele passou com Nephis na carcaça da Tartaruga Negra, a batalha com a Serpente Azul. O encontro deles com Ananke e a visita à desamparada Weave. A jornada para Graça Caída e seu reencontro com Cassie. A batalha contra a Sylbil Profanada… os meses terríveis que eles passaram na Ilha de Aletheia e sua eventual fuga. No processo, Sunny também falou sobre os muitos mistérios que eles resolveram e as revelações surpreendentes que receberam na Tumba de Ariel. Olhando para trás… ele realmente aprendeu muito aqui, tanto sobre o passado quanto sobre o presente.

E sobre si mesmo.

Kai era o público perfeito para seus contos ultrajantes. Compartilhar suas experiências com um amigo acalmou um pouco o coração conflituoso de Sunny. Ele não estava bem — depois de sofrer tanto na Antártida e no Grande Rio, como poderia estar? Mas ele pelo menos estava de volta ao seu eu espirituoso de sempre.

Quase.

Ainda havia a questão do que tinha acontecido no final de Arrebol para lidar. Se havia uma maneira de lidar com isso, até. Sunny sentiu que ele pelo menos devia a si mesmo ter uma conversa com Nephis, inútil ou não. Mas com Nephis naquele estranho estado desapaixonado, falar com ela sobre questões profundamente emocionais não parecia uma boa ideia. Ela estava se recuperando lentamente, pelo menos. Então, Sunny decidiu esperar até que ela voltasse ao seu estado normal antes de abordar o assunto.

Com isso, não havia mais nada que ele pudesse fazer. Por fim, o Quebrador de Correntes viajou para longe de Arrebol. Eles ainda estavam banhados pelo lindo brilho do amanhecer sem fim, mas as águas que o gracioso navio estava enfrentando haviam mudado imperceptivelmente. Eles estavam cercados pelo perigo mais uma vez.

Daqui em diante, haveria horrores incalculáveis ​​se escondendo sob as ondas mais uma vez. O céu radiante abrigaria abominações aterrorizantes mais uma vez. E então, os membros da coorte teriam que manter vigilância o tempo todo mais uma vez, prontos para lutar por suas vidas.

O clima a bordo do Quebrador de Correntes mudou sutilmente. Dito isto… estranhamente, Sunny não estava muito preocupado. Talvez fosse arrogância, mas olhando para as sete pessoas reunidas no gracioso navio, ele se sentiu confiante nas chances de pelo menos chegarem a Verge ilesos.

Já houve uma coorte de Mestres mais mortal? Certamente não.

Kai e Effie eram veteranos tanto da Costa Esquecida quanto da campanha da Antártida, com muitos feitos incríveis em seus currículos. A Ceifadora de Almas Jet era um dos indivíduos mais temidos do mundo, com até mesmo os Santos sendo cautelosos com sua lâmina sinistra. Cassie era alguém cuja letalidade não podia nem ser avaliada por meios mundanos.

E então havia Sunny, Nephis e Mordret. Os três portadores de Aspectos Divinos, inéditos na história. O poder individual deles já estava fora do escopo do que os Mestres supostamente eram capazes, e quando colocados juntos… Na verdade, Sunny deveria ter se preocupado com seus inimigos.

Falando em Mordret…

Sunny queria evitá-lo completamente, mas ter acesso ao poço de conhecimento que o Príncipe do Nada possuía era simplesmente tentador demais. Certo, o bastardo mentia tão facilmente quanto respirava, então qualquer coisa que ele dissesse tinha que ser levada com um grão de sal. Na verdade, como regra geral, nada que Mordret dissesse era confiável. Mas Sunny ainda queria fazer algumas perguntas a ele, especialmente aquelas que quase ninguém mais conseguia responder.

Mordret geralmente podia ser visto na proa do Quebrador de Correntes, onde a Santa estava de guarda com o Arco de Guerra de Morgan nas mãos. Ele parecia estar muito interessado na graciosa cavaleira de pedra, ou talvez no arco que ela segurava. De qualquer forma, ele podia ser encontrado lá na maioria das vezes. Sunny deixou seu lugar habitual sob os galhos da árvore sagrada, passou pelo veleiro de Ananke e se aproximou do Príncipe do Nada. Sentindo seu olhar, Mordret olhou para cima.

“Ah, Sunless. Que surpresa agradável. Você queria alguma coisa?”

Sunny olhou para ele por alguns momentos, então suspirou e convocou a Cadeira das Sombras. Ao perceber isso, Mordret levantou uma sobrancelha, como se lembrasse de algo desagradável.

“Ah, não.”

Sentando-se, Sunny permaneceu em silêncio por um tempo, então disse calmamente:

“É, eu queria uma coisa. Só… conversar um pouco.”

Ele olhou para Mordret e perguntou, tentando manter seu tom desprovido de hostilidade:

“Então, como Ravenheart está tratando você?”

O Príncipe do Nada lançou-lhe um olhar curioso.

“Ah, você sabe. O clima não é ótimo, mas as pessoas são realmente… charmosas. Bem, você conheceu Seishan e a Mestre das Bestas, então você deve ter uma ideia. É como se eu estivesse vivendo em um jardim de flores.”

Sunny sorriu, assentiu e perguntou cordialmente:

“Entendo, entendo… então, o que os Soberanos estão tramando? Eles realmente vão abandonar o mundo desperto?”