Capítulo 1070: Cidadela Disfuncional

Combo 70/100

Enquanto subiam as escadas, Sunny não conseguia deixar de pensar no que tinha visto na câmara de pedra embaixo do grande pagode. O círculo de runas, o cristal sublime pairando no meio dele… aquilo tinha que ser o centro da torre de da Esperança, assim como de toda a ilha. O próprio coração da Cidadela.

Mas qual era o seu propósito?

Uma conclusão fácil seria que o Fragmento de Alma Divino era a fonte de energia que alimentava os encantamentos que mantinham a Ilha de Marfim flutuando. Mas isso não fazia sentido algum… as runas tinham sido esculpidas pela própria Daemon do Desejo, o que significava que os encantamentos tinham sido criados antes de seu reino ser destruído.

Naquela época, era apenas um lugar próspero. Não havia ilhas, muito menos voadoras. Pensando bem, Sunny não tinha muita clareza sobre como o Reino da Esperança havia se tornado as Ilhas Acorrentadas… ela havia suspendido os restos de seu reino despedaçado acima das chamas devoradoras, para preservar ao menos parte dele, ou havia sido arranjado pelo Deus do Sol?

Havia outras perguntas também. Se o Fragmento de Alma Divino era o coração da Cidadela, ele estava energizando o Portal? Mas o Portal só foi criado recentemente, depois que a Semente do Pesadelo foi conquistada. O Feitiço o fez aparecer, não a Esperança. O Feitiço havia criado encantamentos inteiramente novos ou construído sobre os existentes?

Cassie disse que havia outras funções da Cidadela que ela ainda não dominava. Quais eram, exatamente?

Agora que Sunny começou a pensar sobre isso, ele percebeu que não sabia muito sobre Cidadelas. Essa palavra era usada apenas para descrever uma fortaleza humana construída ao redor de um Portal no Reino dos Sonhos. Ele havia visitado duas — o Santuário de Noctis e a Torre de Marfim. Não, na verdade, três — a Torre Carmesim também teria se tornado uma Cidadela, se não tivesse sido destruída.

Talvez houvesse mais nas Cidadelas do que ele sabia? Todas elas tinham funções ocultas?

Sunny olhou para Cassie, que estava traçando a parede de pedra com os dedos enquanto subia as escadas.

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“Na verdade, aprendi um pouco sobre a feitiçaria rúnica da Esperança no Pesadelo. Se quiser, podemos comparar o que sabemos depois.”

Cassie virou a cabeça e sorriu com certa excitação.

“Sério? Isso seria muito útil!”

Sunny suspirou. Claro, seria… nenhum deles tinha esperança de realmente aprender feitiçaria rúnica — ou a magia da Esperança, como Noctis a chamava em sua linha de vida. No entanto, aprender a decifrar e usar encantamentos já existentes não estava fora de questão.

Afinal, uma pessoa pode brandir uma espada sem saber como forjá-la.

A feitiçaria rúnica era diferente da tecelagem, mas talvez tão engenhosa quanto. Na era primordial do Reino dos Sonhos, os mortais só conheciam um tipo de feitiçaria — a Feitiçaria dos Nomes. Eles eram capazes de invocar os verdadeiros nomes das coisas para exercer grande poder, mas falar esses nomes em voz alta era frequentemente uma tarefa impossível.

Esperança, no entanto, inventou o conceito de escrita e o presenteou aos humanos. Com o conhecimento da escrita, os humanos aprenderam a transcrever nomes verdadeiros e não precisaram mais pronunciá-los em voz alta. Mais titânico que isso, os nomes podiam ser vinculados a objetos materiais por meio da escrita, garantindo assim a permanência das invocações… e também podiam ser moldados em canções e frases.

No entanto, tudo ainda era baseado no conhecimento de nomes verdadeiros — sem saber o significado do nome, transcrevê-lo não teria efeito. E não havia como Sunny ou Cassie aprenderem isso em menos de alguns séculos.

Afinal, ambos eram mortais.

Então, tudo o que eles podiam fazer era usar encantamentos rúnicos deixados por alguém muito mais poderoso e conhecedor.

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Sunny balançou a cabeça levemente, imaginando que segredos a Torre de Marfim guardava.

Eles voltaram para o primeiro andar e então foram mais alto. No passado, os Guardiões do Fogo tinham feito sua casa nos níveis superiores da Torre de Marfim, mas agora ela estava vazia — os Despertos seguindo Nephis e Cassie tinham se mudado para a vila de madeira do lado de fora.

O segundo andar, o terceiro andar. o quarto… finalmente, eles chegaram ao quinto, penúltimo nível do pagode. Ele era separado em muitos salões e câmaras, alguns dos quais tinham sido recentemente reformados para servir a vários propósitos. Tudo se assemelhava ao interior de uma bela, mas um tanto quanto precária mansão.

Um aroma de dar água na boca vinha de uma porta entreaberta no final de um dos corredores. Effie correu em direção a ela com olhos brilhantes.

Atrás da porta havia um corredor bem iluminado que foi transformado em uma cozinha. Sunny notou que alguém tinha se esforçado muito para construir aparelhos de cozinha ou trazê-los aqui do mundo desperto — trazer esses itens só poderia ser feito por um Mestre, é claro.

Embora a maioria das tecnologias avançadas não funcionasse no Reino dos Sonhos, similar a como falhou nas proximidades dos Portais do Pesadelo, dispositivos mais primitivos funcionavam perfeitamente bem. Havia soluções de tecnologia do feitiço caras, mas muito mais convenientes, também. Então, embora você não pudesse realmente ter algo como um fogão elétrico ou uma geladeira aqui, você poderia ter um fogão a lenha ou uma frigideira, bem como análogos que funcionassem.

Sunny também notou várias caixas grandes de ingredientes para cozinhar, bebidas e lanches, que obviamente tinham sido entregues do mundo desperto pelos membros do grupo.

Mas ele não prestou muita atenção, pois havia alguém em pé na frente do fogão, mexendo a fonte do aroma delicioso: uma quantidade generosa de arroz frito que estava sendo cozido em uma frigideira em formato de tigela.

Alta, esbelta, com lindos cabelos prateados e usando um avental branco… espera, um avental?

Sunny piscou algumas vezes.

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Ao ouvir seus passos, Nephis olhou por cima do ombro e gritou:

“Está quase pronto…”

Então, de repente, ela ficou tensa e se virou lentamente.

O rosto de Nephis permaneceu calma como sempre, mas havia um toque de agitação em seus marcantes olhos cinzentos.

“Sunny?”

Ele permaneceu em silêncio por um momento, depois olhou para além dela.

“Claro. Mas é melhor você se virar. Não queime nosso jantar!”