Capítulo 1237 - A resposta é…

Combo 34/50

No passado, receber uma nova Memória sempre foi um evento importante e memorável para Sunny. Afinal, com sua vantagem em decifrar os segredos de seus encantamentos, Memórias eram uma de suas ferramentas mais poderosas. Sunny confiava muito em seu arsenal.

No entanto, com o passar do tempo, a importância das Memórias diminuiu em grande medida. Claro, ele ainda dependia delas — mas, atualmente, a maioria das recompensas que ele recebia do Feitiço eram muito fracas para seu nível de poder ou inferiores a algo que ele já possuía.

Com raras exceções, seu valor residia principalmente em expandir seu repertório de tecelagem e servir como combustível para a evolução de suas Sombras.

Então, ganhar uma nova Memória não foi um evento tão memorável quanto antes.

… Ainda assim, não foi a ponto de Sunny conseguir esquecer de ter recebido uma.

‘Que diabos?’

Ele parecia estar dizendo essa frase muito ultimamente.

Sunny ficou confuso, mas não podia negar o que viu: havia de fato uma nova sequência de runas no final da lista de suas Memórias, uma que ele não reconhecia nem nunca tinha visto antes.

Ele fez uma careta e então lançou um olhar desconfiado para o Pecado do Consolo.

Depois de hesitar por um tempo, Sunny decidiu não dizer nada e voltou sua atenção para as runas.

Não apenas a nova Memória surgiu do nada, mas seu nome também o fez sentir uma profunda sensação de desconforto.

As runas mostraram:

Sunny olhou por um minuto ou dois, perturbado. Ele estava pensando sobre a Tumba de Ariel, o Grande Rio e seu estuário… e agora, isso?

O que significava o nome da Memória?

De onde veio?

E, mais importante… quando surgiu?

Ele não havia matado nada, nem ninguém, depois de entrar no Pesadelo. Suas Sombras estavam dentro de seu Mar da Alma — elas também não poderiam ter matado uma Criatura do Pesadelo.

Exceto pela Serpente da Alma. Mas se Rain tivesse sido atacada por uma abominação e a Serpente a matasse enquanto a defendia, o Feitiço ainda deveria ter anunciado a morte e a aquisição de uma Memória para Sunny. No entanto, ele não tinha ouvido sua voz desde que entrou no Pesadelo.

Aconteceu enquanto ele dormia?

Com uma expressão sombria, Sunny desviou sua atenção da misteriosa Memória e olhou para a lista de suas Sombras. As runas da Serpente da Alma ainda estavam escuras e sem vida, mas estavam lá — o que significava que a Serpente não havia sido destruída, pelo menos.

Não deixaria nada acontecer com Rain sem se sacrificar primeiro. Então, Rain estava definitivamente bem… ela tinha que estar.

De repente, Sunny sentiu seu coração ficar frio e pesado. Ele olhou para a bela extensão de água cintilante com uma expressão sombria, seus olhos cheios de preocupação e escuridão.

Então, ele balançou a cabeça levemente e olhou para baixo.

“Não faz sentido algum.”

Quais eram as chances de uma abominação aleatória no distante NQSC presentear Sunny com uma Memória que estava conectada ao Grande Rio? Por que isso aconteceria?

Franzindo os lábios, ele soltou um suspiro pesado e voltou sua atenção para as runas. Concentrar-se na Chave do Estuário fez com que mais símbolos brilhantes aparecessem no ar.

Assim que Sunny começou a lê-los, sua expressão mudou.

‘Supremo?!’

Seu coração disparou.

Ao mesmo tempo, o desconforto de Sunny aumentou.

Ele deveria estar animado por se encontrar em posse de uma Memória tão poderosa. No entanto, em vez disso, tudo o que Sunny sentiu foi uma sensação fria de pavor. Era porque ele acreditava firmemente que nada neste mundo — dois mundos, na verdade — era de graça. Então, obter uma Memória Suprema do nada só o fez sentir apreensão.

‘… Será que a Serpente conseguiria matar uma Criatura do Pesadelo Colossal?’

A Serpente da Alma era um Tirano Ascendente, assim como Sunny. O próprio Sunny não era poderoso o suficiente para ousar enfrentar uma abominação Colossal… suas chances de sobreviver a tal luta não eram zero, mas muito próximas disso. Os avatares do Skinwalker eram a prova.

Franzindo a testa, Sunny engoliu suas perguntas e continuou a ler.

‘Sexto grau…’

Ele nem se preocupou em considerar as implicações e se voltou para a descrição… que era estranhamente curta.

Havia apenas algumas runas brilhantes:

Sunny olhou severamente para a curta sequência de runas, perplexa.

“A resposta?”

Ele estava confuso.

Para qual pergunta?

O esquecimento era a chave para o Estuário? O que isso significava?

Ou não era esquecimento, mas Oblivion — o Daemon do Esquecimento? Mas o que aquele daemon facilmente esquecido tinha a ver com qualquer coisa?

Sunny esfregou o rosto, então olhou para os encantamentos da misteriosa Memória. No entanto, para sua decepção, não havia mais dicas escondidas nas runas. Tudo o que ele viu foi:

E foi isso.

Parecia haver apenas um encantamento, mas não tinha nome nem descrição. Era como o encantamento [Onde está meu olho?] da Máscara de Weaver, que não tinha nome até Sunny usá-lo.

Havia uma diferença, porém… [Onde está meu olho?] era um encantamento ativo, enquanto o encantamento da Chave do Estuário parecia ser passivo.

Sunny respirou fundo.

‘Então… qual é a probabilidade de que a Serpente da Alma tenha matado um Terror Colossal enquanto eu dormia, e que a Memória recebida por mim como resultado tenha a ver com o Grande Rio?’

Essa era a única explicação lógica e, ainda assim, a lógica dessa explicação era altamente questionável.

Ele permaneceu imóvel por um tempo, então suspirou e invocou a Chave do Estuário.

Claro, teria sido mais prudente estudar primeiro a misteriosa Memória no Mar da Alma… mas, de alguma forma, Sunny se sentiu relutante em tocá-la dentro de sua alma.

Logo, inúmeras faíscas de escuridão surgiram ao redor de sua palma e então lentamente se formaram em um pedaço irregular de pedra preta.

A pedra irregular era completamente preta e fria ao toque, lembrando Sunny dos blocos de construção da Tumba de Ariel. Não havia nenhuma característica nela, nenhuma runa ou imagem esculpida em sua superfície. Era apenas um pedaço de pedra áspero, do tamanho de uma palma, que parecia algo que alguém pegaria aleatoriamente do chão.

Como o misterioso encantamento da Chave do Estuário era passivo, ele deveria entrar em vigor assim que a Memória fosse invocada. No entanto, se estava fazendo alguma coisa, Sunny não sabia dizer.

Ele não sentiu nenhuma mudança, nem em si mesmo nem no mundo.

‘Ah… Sinto que estou ficando louco.’

Ele foi bombardeado por perguntas cada vez mais bizarras desde o início do Pesadelo, e nenhuma delas tinha respostas.

Também havia uma resposta que parecia não ter uma pergunta.

Até o Pecado do Consolo ficou um pouco estranho.

Soltando um palavrão baixo, Sunny se concentrou e olhou abaixo da superfície da pedra preta e irregular.

Mesmo que o encantamento não tivesse nome nem descrição, ele ainda poderia estudar sua trama por si mesmo. Afinal, agora, ele tinha algum conhecimento de tecelagem, assim como a habilidade de sentir intuitivamente o propósito de várias tramas.

Dentro da Chave do Estuário, havia uma vasta trama de fios etéreos. Não era a trama mágica mais complicada que Sunny já tinha visto — essa seria a trama da Máscara de Weaver — mas ainda era incrivelmente complexa e inimaginavelmente intrincada. Um encantamento como esse estava irremediavelmente fora do escopo do que ele próprio poderia criar, pelo menos.

Sunny ficou atordoado.

No entanto, não ficou surpreso com a complexidade ou intrincação.

Em vez disso, o que o paralisou foram os próprios fios.

Porque, diferentemente dos fios de Essência de Alma que compunham as tramas de todas as Memórias criadas pelo Feitiço, estes não eram etereamente luminosos e de um branco prateado.

Em vez disso, eles eram escuros e sem luz.

… Como algo que o próprio Sunny criaria.

1. oblivion em inglês[↩]