Capítulo 1339 - Seguindo em frente
Combo 82/250
O Quebrador de Correntes avançava firmemente pelo Grande Rio. A ventania que Nephis conseguia invocar ao pronunciar seu nome não era forte o suficiente para empurrar o navio tão rápido quanto havia empurrado o veleiro, mas, para a sorte deles, os ventos estavam soprando na mesma direção.
Levada tanto pelo seu poder quanto pela corrente do tempo, a graciosa embarcação avançou em grande velocidade.
Ao redor deles, não havia nada além de luz do sol e água brilhante. A vasta extensão do Grande Rio era linda e estimulante… é claro, grandes horrores estavam escondidos por trás da fachada enganosa de sua beleza.
Mas nada os havia atacado ainda.
… A vida continuou.
Sentado à sombra da árvore sagrada, Sunny sentiu-se estranhamente indignado com esse fato.
Ele esteve constantemente ocupado durante a semana que passaram consertando o navio danificado, o que foi uma misericórdia. Agora que não havia realmente nada para ele fazer, Sunny se sentiu entorpecido e vazio. Sua alma sem luz parecia ainda mais escura do que o normal ultimamente.
Com um suspiro, ele fechou os olhos e se concentrou no som calmante do farfalhar das folhas.
‘Apenas… quanto uma pessoa pode suportar?’
Ele estava cansado da perda.
Ele também estava cansado de perder.
‘Às vezes parece que era melhor não me importar com ninguém, exceto comigo mesmo. Aqueles dias eram assim, não eram?’
Enquanto ele sorria torto, uma voz familiar de repente ressoou de cima:
“Você quer dizer os dias em que era um pequeno miserável, patético e assustado, com quem nenhuma pessoa no mundo se importava, em troca? Bem… suponho que é realmente o melhor que você merece. É assim que você vai acabar de qualquer maneira, eventualmente.”
Abrindo os olhos, Sunny olhou para cima com uma expressão sombria.
O Pecado do Consolo estava parado acima dele como se nada tivesse acontecido. O espectro repugnante parecia como sempre… exatamente como Sunny. O bastardo estava até usando uma cópia perfeita do manto de Ananke. Seu rosto estava cheio de frio desprezo.
Sunny zombou.
“Uau. Olha quem decidiu aparecer. Pensei que você tivesse escolhido rastejar de volta para qualquer poço que o gerou e nunca mais voltar. Onde diabos você estava?”
A aparição sorriu.
“Talvez eu tenha ficado cansado de ver você falhar, perder e fazer pessoas morrerem o tempo todo. Até criaturas imaginárias como eu têm um limite, sabia? Ah, claro que não. Você não sabe de nada, o idiota que você é.”
Sunny o encarou por um tempo, em silêncio. Seus olhos estavam frios e sombrios.
Por fim, ele balançou a cabeça e disse calmamente:
“Para alguém que me odeia tanto, você com certeza é muito prestativo. Por que me salvar do Príncipe Louco se você se sente assim? Você não acha que me deve uma explicação?”
O Pecado do Consolo riu.
“Te devo? E você ainda tem a audácia de chamar alguém de louco depois de falar uma bobagem dessas… Eu não te devo nada.”
Ele balançou a cabeça e disse com um sorriso irônico:
“Vamos deixar algo claro. Eu não salvei você. Eu apenas me salvei de ter que suportar mais miséria. Ficar preso com um verme odioso como você já é ruim o suficiente, mas ficar preso com você se você se tornar Corrompido? Deuses… isso seria realmente insuportável.”
Sunny inclinou a cabeça, pensando.
‘Então, o segredo que o Príncipe Louco queria me contar era realmente perigoso o suficiente para me transformar em um Corrompido…’
Ou não? Ele deveria acreditar em qualquer coisa que o Pecado do Consolo dissesse? O espectro da espada agia como um ser independente, e em certo sentido, era… mas a fonte desse ser ainda era o próprio Sunny. Portanto, o bastardo não podia saber nada que ele próprio não soubesse.
Afinal, o Pecado do Consolo fazia parte da mente dele.
… Não era?
Sunny franziu a testa.
‘Para ser sincero, não tenho mais ideia do que seja essa coisa.’
Ele havia descoberto a natureza do espectro da espada na Antártida, e até mesmo tinha tido uma boa noção de como lidar com a aparição. Mas uma vez que eles entraram na Tumba de Ariel… essa natureza parecia ter mudado sem nenhuma explicação.
Por que mudou? E como?
Foi a influência da própria Tumba? Afinal, ela foi construída pelo Demônio do Pavor, de cujo sussurro nasceu a maldição que fez o espectro da espada se manifestar. Ou havia algo mais sinistro em jogo?
Olhando para o Pecado do Consolo, Sunny perguntou:
“O que você é, realmente? Como você sabia que o Príncipe Louco do meu sonho era perigoso? Por que você tentou impedi-lo de me submeter à Corrupção?”
A aparição sorriu.
Sem dizer nada, ele permaneceu ali por um tempo, então olhou para baixo e tocou a manga do manto escuro de Ananke.
“A propósito, que manto maravilhoso. Você realmente deveria matar mais pessoas e coletar uma peça de roupa de cada uma. Então, poderemos adicionar uma seção de vestuário ao Empório Brilhante. Ah! Pena que você não pensou nisso na Antártida…”
Sunny rosnou e golpeou a aparição sorridente, mas ela já tinha ido embora. O espectro da espada havia desaparecido tão repentinamente quanto havia aparecido.
“Aquele bastardo!”
Rangendo os dentes, Sunny se recostou e olhou para os galhos balançando da árvore sagrada. Ele estava cheio de raiva sombria.
Mas…
A aparição do Pecado do Consolo o distraiu de sua melancolia, pelo menos. Até que aquelas últimas palavras o mergulharam de volta no desânimo.
Ele suspirou.
‘Eu vou descobrir a verdade eventualmente…’
Por agora…
Ele se sentia melhor quando estava ocupado, então a melhor solução para esse humor sombrio seria se manter ocupado novamente.
Controlar as velas não exigia muita atenção dele, então Sunny teve que fazer outra coisa.
Felizmente, havia muito para ele fazer.
Ele tinha que continuar estudando a Chave do Estuário. Também tinha que tecer muitas Memórias para ajudar Pesadelo ascender, assim como inventar maneiras de tornar os membros da coorte mais fortes.
‘Vamos lá, então. Faltam uma ou duas semanas para chegarmos a Graça Caída. Posso conseguir muita coisa em duas semanas…’
Abandonando a sombra da árvore sagrada, Sunny foi até a proa do Quebrador de Correntes, onde o veleiro de Ananke estava preso ao convés. Ele e Nephis o recuperaram da água antes de zarpar, planejando usar o veleiro como um bote salva-vidas se necessário.
Invocando a Cadeira das Sombras, ele a colocou perto do veleiro danificado, sentou-se e olhou para a extensão brilhante do Grande Rio.
Então, Sunny suspirou e pensou em qual tarefa enfrentaria primeiro.
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