Capítulo 1472 - Promessa Dada
Combo 215/250
Fora da Torre de Aletheia, a ilha ainda era a mesma. E, no entanto, era inteiramente nova. A névoa ainda fluía entre os pinheiros antigos, e as Criaturas do Pesadelo congeladas ainda estavam de pé na ponte de pedra branca. Mas era um novo dia. Sunny já conseguia observar mudanças sutis.
A névoa estava ficando mais fina. A Besta Devoradora, que deveria estar nas proximidades da torre naquele momento, não estava em lugar nenhum. Ele não ousou enviar suas sombras para explorar, mas sabia que a giganta bestial estava agora em algum outro lugar da ilha, caçando uma presa diferente do normal. A Matança Imortal também estava em algum lugar lá.
Por um momento, Sunny quis liberar o Fragmento do Reino das Sombras. Não saber de tudo o estava corroendo. Mas, no final, ele se conteve.
Nada mudaria se ele soubesse de cada detalhe do que estava acontecendo com as duas Santas Profanadas. A única coisa que importava era o resultado final — se as Pragas prevaleceriam contra os prisioneiros da Ilha de Aletheia ou não. E essa pergunta não seria respondida tão cedo.
Então, Sunny ficou sozinho com seus pensamentos sombrios… por um curto período.
Então, ele ouviu o som de passos e viu Nephis subindo os degraus. Ela entrou no quarto e congelou por um momento, olhando ao redor com sua compostura indiferente de sempre. Seu olhar permaneceu na fuligem que cobria as paredes e então se fixou em Sunny.
Ele ergueu os olhos do chão onde estava sentado e a encontrou em silêncio.
Nephis demorou-se um momento.
“Eu queria parabenizá-lo por se tornar um Terror. Mas… você não parece muito animado.”
Sunny desviou o olhar e deu de ombros, sem saber o que dizer. Ele deveria expressar sua indignação com a morte inevitável da Flor do Vento? Isso seria… um pouco infantil. Ela não era a primeira pessoa que ele conhecia que merecia um fim menos amargo, e certamente não seria a última.
Dizer tais coisas a Nephis, que havia perdido e enterrado sua própria cota de pessoas preciosas, parecia especialmente cruel. Com um suspiro, Nephis andou até ele e sentou-se perto dele. Ela hesitou um pouco, então gentilmente colocou o braço em volta do ombro dele.
“Você cumpriu sua promessa à Santa adormecida?”
Acalmado pela firmeza familiar de sua voz calma e pelo calor de seu abraço, ele assentiu.
“Sim. Ela queria que eu queimasse o corpo dela, então… bem, você pode ver.”
Depois de um tempo, um suspiro pesado escapou de seus lábios.
“É um pouco estranho, você não acha? Os Pesadelos são supostamente testes de força para nós, os desafiantes. Mas o que mais me lembro é da força das pessoas ilusórias que viveram, lutaram e morreram nesses mundos conjurados. Noctis, Ananke, Flor do Vento… de alguma forma, a paixão com a qual eles viveram parece muito mais real do que a nossa.”
Nephis permaneceu em silêncio por alguns momentos, então disse lentamente:
“Não acho nada estranho. Lembro-me daqueles que conheci nos Pesadelos também.”
Ela fez uma pausa antes de acrescentar, com a voz um pouco mais baixa do que antes:
“Mesmo que às vezes eu queira esquecer.”
Sunny sorriu amargamente.
Não seria legal esquecer algumas coisas? Ele estava pensando em como seria legal esquecer toda a agonia que ele tinha experimentado na Ilha de Aletheia recentemente. Tinham sido apenas alguns meses de tormento… e ainda assim, ele estava quase enlouquecido. Se o ciclo continuasse por mais um mês… um ano… alguns anos…
Talvez Sunny realmente tivesse se tornado parecido com aquele bastardo, o Príncipe Louco. Balançando a cabeça, ele olhou para a fuligem e as brasas deixadas no leito de morte de Flor do Vento e ficou em silêncio.
Depois de um tempo, inclinando-se ligeiramente para Nephis, Sunny perguntou:
“Você uma vez me disse algo. Que pessoas como nós nascem para destruir coisas, não para salvá-las. Você realmente acredita nisso?”
Ela não respondeu imediatamente. Eventualmente, porém, Nephis assentiu.
“Sim. Talvez. Você e eu, Sunny… nascemos em uma época de guerra, desastre e ruína. Em um mundo que está sendo morto por uma onda de invasores. Um mundo assim não precisa de salvadores e construtores… a hora deles chegará depois que assassinos e destruidores como nós fizermos a nossa parte. Se não fizermos, não haverá mundo para salvar, nem lares para reconstruir.”
Um sorriso pálido apareceu em seu lindo rosto.
“Então, sim… eu acredito. Mas também acredito que não é algo ruim. É uma benção, na verdade.”
Sunny permaneceu em silêncio. Que bênção terrível era… bem, o que mais ele esperava ouvir? Ela era a Estrela da Mudança1, afinal. A última filha do clã Chama Imortal, a herdeira do fogo.
Ele suspirou.
“Eu prometi à Flor do Vento que conquistaria esse Pesadelo, sabia?”
Um sorriso sombrio apareceu em seu rosto.
“Essa é a segunda vez que prometi conquistá-lo.”
Nephis se levantou e olhou para ele, então sorriu pelo canto da boca.
“Bem, então… é melhor realmente conquistá-lo. Você não gostaria de se tornar um mentiroso, não é?”
Suny riu e se levantou também, a lembrança do calor dela ainda persistindo em sua pele.
“Claro que não. Eu sou a pessoa mais honesta do mundo, afinal. Dois mundos, até.”
Com isso, eles deixaram o quarto queimado e desceram para o primeiro andar da Torre de Aletheia, onde o resto da coorte se preparava para o dia seguinte.
Cassie tinha ido estudar as runas no porão, Effie estava ocupada assando a carne do Tirano Colossal em brasas. Jet tinha dispensado sua armadura danificada e estava sentada em cima do Cofre Cobiçoso, remendando preguiçosamente uma peça de roupa de couro.
Ao notar os dois, ela olhou para cima e sorriu.
“Ei. Qual é o plano para hoje?”
Sunny tentou não olhar para onde não deveria e tossiu.
“Nada demais. Descansar, recuperar. Reunir nossas forças.”
Ele parou por um momento e então acrescentou, com a voz sombria:
“Precisaremos de toda a força que pudermos reunir para derrotar suas gêmeas malignas, famintas ou não.”
- tbm pode ser traduzido como Estrela da Ruína[↩]
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