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    Combo 18/300

    Véu da Lua estava armada com um sabre. Quando Nephis atacou, sua própria espada — a Assassina de Reis1 — caiu sobre ela como um raio prateado. Ela havia ativado um de seus encantamentos, infundindo a lâmina sombria com dano elemental e, ao mesmo tempo, invocado o Sol Sem Nome e a Vontade da Malícia.

    O primeiro concedeu à espada espelho a habilidade de causar dano às almas, enquanto o último fortaleceu seu fio com uma qualidade corrosiva — não muito potente, mas cumulativa. Nephis também havia ativado os encantamentos de sua armadura — eles eram, em sua maioria, de natureza defensiva, apoiando seu corpo em sua investida.

    Quanto mais encantamentos ela usasse, mais de sua essência seria drenada. Mas sem o gasto exigente de seu Aspecto Divino, essência era a única coisa que Nephis tinha à disposição — não havia sentido em tentar conservá-la. Todas as suas Memórias foram fortalecidas pela Coroa do Amanhecer, que ela usava desde a Costa Esquecida. E ainda assim…

    A força supressiva de Véu da Lua e seus Reflexos era tão poderosa que as Memórias ainda se sentiam fracas e impotentes. Era como se sua armadura fosse feita de papel, e sua espada fosse feita de aço enferrujado. A Assassina de Reis ainda resistia, mas Nephis tinha a sensação de que ela teria que solicitar outra armadura dos encantadores do Clã Valor depois que a batalha terminasse.

    Infelizmente, eles não conseguiram criar um novo corpo para ela. Apesar da aparência suave de Véu da Lua, ela era uma lutadora habilidosa — Nephis não esperaria nada menos de uma princesa de Song. Além disso, seu corpo delicado parecia possuir uma força feroz e bestial. Ela desviou a Assassina de Reis facilmente, deslocando seu peso e posicionando seu sabre em um ângulo que canalizaria e dissiparia a força do impacto.

    A expressão de Véu da Lua era calma. No entanto, tudo mudou no instante em que as duas lâminas se encontraram.

    Nephis mal havia começado a construir a Frase, mas ela já estava começando a Moldar o mundo. A lâmina do sabre estava profundamente lascada e quase quebrada, enquanto os ossos de Véu da Lua quase quebraram. A filha da Rainha recuou com um silvo abafado e olhou para sua oponente com uma expressão atordoada.

    Nephis não teve tempo de aproveitar o choque. Os dois Reflexos já estavam sobre ela. Havia um enxame de faíscas girando em volta do braço dela — a Memória que ela estava tentando invocar levou apenas alguns segundos para se manifestar. No entanto, em uma batalha como essa, alguns segundos podem se tornar uma eternidade.

    O mundo explodiu em um turbilhão de violência.

    Nephis era forte e rápida, mas lutar contra três inimigos era uma tarefa perdida. Nem Véu da Lua, nem os Reflexos eram fracos, e eles tinham a vantagem inestimável de serem capazes de atacá-la simultaneamente de todas as direções, trabalhando juntos para mutilar seu corpo e acabar com sua vida.

    Tudo o que Nephis tinha era sua habilidade com a espada… mas era isso que ela conhecia melhor. Tudo parecia desaparecer na canção melodiosa do aço. Sua mente foi limpa de todos os pensamentos desnecessários, entrando em um estado de concentração absoluta e transcendente.

    Um milhão de observações, conclusões e cálculos estavam sendo concebidos nele ao mesmo tempo. Nephis conhecia cada músculo, cada tendão, cada osso, cada nervo. Sua essência fluía e se enfurecia, aprimorando seu corpo na hora certa e na quantidade certa.

    O comprimento de sua espada, a resistência à tração de sua lâmina prateada. A multidão de forças afetando o que cada impacto fazia e como era resolvido. Os movimentos de seus inimigos e os dela — tudo isso era como uma dança complicada que seguia uma lógica linda, e alguém que entendia que a lógica poderia definir o ritmo e a cadência da dança.

    Acima de tudo, havia outra camada, muito mais labiríntica. A camada de habilidade e intenção. Nephis também as entendia bem — admito, sua percepção era inferior ao que Cassie era capaz, e Sunny parecia ser melhor também. Mas era o suficiente para ler o que o inimigo faria, na maioria das vezes.

    Então, ela resistiu.

    Sua espada era como um fluxo de metal prateado, movendo-se tão rápido que quase parecia se transformar em uma esfera ao redor dela. Cada passo, cada movimento dela era perfeitamente calculado e ótimo, permitindo que ela se defendesse contra os três inimigos ao mesmo tempo. Ela bloqueou, desviou e evitou um ataque sufocante de golpes, impedindo Véu da Lua de fazê-la sangrar.

    Por agora. Era… estranho lutar sem usar seu Aspecto.

    Nephis quase tinha esquecido como era, confiar apenas em seu corpo treinado e sua habilidade como espadachim. Verdade, ela invocava seus poderes tão raramente quanto podia, sempre tentando vencer sem recorrer ao seu Aspecto — mas as circunstâncias raramente permitiam, e mesmo que ela conseguisse resistir, o conhecimento de que suas chamas eram suas para comandar estava sempre lá.

    Ela esperava que ter que lutar sem elas, e mesmo sem a possibilidade de invocá-las, seria limitante e sufocante. Mas, na verdade, foi libertador. Foi quase eufórico, porque pela primeira vez em muito, muito tempo… ela estava livre da dor. Uma coisa tão simples, mas que mudou completamente o clima dessa batalha.

    Nephis deveria estar tensa, sombria e à beira do desespero. Ela deveria estar agarrando a chance de reverter a situação. Ela deveria estar sentindo muita falta dos seus poderes. Mas, em vez disso, ela ficou aliviada. O alívio tomou conta dela como uma maré, e o simples prazer de se entregar completamente à espada colocou um leve sorriso em seu rosto.

    O sorriso dela pareceu surpreender Véu da Lua. A princesa de Song hesitou por um momento, então perguntou entre dois golpes graciosos de seu sabre:

    “Por que você está sorrindo, Estrela da Mudança?”

    Nephis bloqueou um ataque de um dos Reflexos, recebeu outro golpe em seu braçal e cambaleou para trás, sentindo um fluxo de sangue escorrendo em sua palma. Seu sorriso não vacilou.

    “É simplesmente… revigorante. Estar impotente, por uma vez.”

    Com isso, ela soltou o punho da espada com uma mão e estendeu a palma ensanguentada para fora. Naquele momento, as faíscas giratórias finalmente se manifestaram em uma Memória.

    Aquela Memória era uma tocha de madeira preta, com uma massa de chama azul fantasmagórica queimando em uma gaiola prateada em seu topo.

    As chamas azuis refletiam-se na profundidade plácida dos seus calmos olhos cinzentos.

    1. lembrem-se, eu ainda acho que é um erro o nome da espada, se nao for, a tradução correta é Assassina de Parentes/ Assassina de Familiares[]

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