Capítulo 1900 - A Luz Destrutiva
Combo 26/300
Em meio às chamas que consumiam o que restava do pináculo do templo do jardim, Nephis lutava contra Véu da Lua e seus dois Reflexos. Incontáveis ferimentos cobriam seu corpo, e ela sentia uma sensação estranha, quase esquecida, de ficar fraca por perder muito sangue.
Corpos Transcendentes eram resistentes, mas não eram indestrutíveis. Ela havia levado em conta seu físico milagroso ao calcular quanta punição seu corpo poderia suportar sem sacrificar muito de sua funcionalidade… e esse limite estava se aproximando rapidamente.
No entanto, sua expressão era calma, e seus movimentos eram tão fluidos e desenfreados quanto antes. Suas mãos nunca vacilaram no punho de sua espada. A batalha foi implacável e torturante. Triunfo e derrota foram separados apenas por uma linha fina e quebradiça.
Véu da Lua era forte… mas Nephis era mais forte. Véu da Lua empunhava seu sabre como se fosse uma extensão de seu corpo, sua habilidade era bela e polida a um estado de quase perfeição… mas Nephis era uma espadachim muito melhor, e tinha um comando muito mais profundo sobre a cadência da batalha. Mesmo sem seu Aspecto, ela poderia ter derrotado a orgulhosa princesa de Song. Mas, precisamente por essa razão, havia dois Reflexos Supremos auxiliando Véu da Lua… e lidar com eles era muito mais difícil.
Alguém avaliou muito bem a força dos campeões do Domínio da Espada. Nephis estava usando Moldar1 para controlar as chamas ao redor e manter os Reflexos afastados. Às vezes, ela conseguia retardá-los, e às vezes, ela falhava. Ao enfrentar dois ou mais inimigos ao mesmo tempo, ela seguia sua estratégia perigosa — ignorar tudo em busca de matar Véu da Lua, mesmo que isso significasse sacrificar seu sangue e ossos.
Como resultado, a bela princesa foi forçada a se defender sem ter a chance de lançar um contra-ataque. Suas Reflexos, no entanto, compensaram isso com uma vingança.
‘Ah. Isso dói…’
Tanto Nephis quanto Véu da Lua estavam ensanguentadas… no entanto, Nephis estava sangrando mais. Seus ferimentos eram mais terríveis e mais abundantes. Isso já estava começando a prejudicar sua força e mobilidade — não porque ela estava paralisada pela dor, mas simplesmente porque seus músculos estavam cortados, seus tendões estavam danificados e seus ossos estavam rachados.
Ela conseguiu evitar receber danos realmente debilitantes, mas o dano causado por inúmeros pequenos ferimentos estava aumentando lentamente. Véu da Lua também podia ver isso. Portanto… ela ficou um pouco mais confiante.
Nephis teria sorrido se não parecesse muito esforço.
‘Peguei ela.’
Ela se lembrava de ser uma pessoa bastante direta, há muito tempo. Mas, de alguma forma, ao longo dos anos — ela não conseguia se lembrar bem como — Nephis passou a valorizar o engano e a desorientação, mesmo que não fosse algo em que ela fosse naturalmente boa. Ela deve ter aprendido a usar mentiras a seu favor observando silenciosamente as pessoas ao seu redor. Se sim, ela foi abençoada com bons professores.
Mudando seu peso de uma perna para outra, como se estivesse se preparando para lançar um novo ataque, Nephis fez uma careta e balançou. Parecia que sua perna direita, que havia sido cortada horrivelmente por um dos Reflexos antes, finalmente a traiu.
O próprio Reflexo estava a uma dúzia de metros de distância, empurrado para trás por uma torrente de chamas. O outro estava logo atrás de Nephis, já que ela tinha acabado de escapar do ataque e desviado da criatura. Levaria um tempinho para ele girar e renovar seu ataque.
Então, a única que poderia usar sua perda momentânea de equilíbrio era a própria Véu da Lua.
Estranhamente, Nephis era uma boa atriz. Sua atuação foi sutil, mas convincente. A careta que ela fez foi pequena o suficiente para parecer involuntária. A natureza de seu passo em falso foi razoável e crível, já que sua perna direita estava realmente danificada com bastante severidade. Seus olhos até se arregalaram um pouco, vendendo mais o momento de realização.
Se Véu da Lua hesitou, ela não demonstrou. Em vez disso, lançou-se decisivamente para um ataque rápido, com seus cabelos brancos esvoaçando ao vento. O olhar de Nephis imediatamente ficou frio e pesado.
‘… Ingênua demais.’
Quem imaginaria que a temível princesa de Song seria um pouco ingênua? Abandonando toda a pretensão de fraqueza, ela endireitou sua postura e lançou sua espada longa em um golpe simples. Seu ataque foi simples e sem enfeites… no entanto, isso não o tornou menos mortal.
Porque, mesmo quando dois campeões Transcendentes lutavam, os fundamentos do combate ainda desempenhavam um papel significativo no resultado da batalha. Velocidade, massa, força, tempo, movimento e espaço. Nesse caso, o princípio fundamental que condenou Véu da Lua era bastante óbvio, algo cuja importância a maioria dos humanos do mundo andante aprendeu quando crianças.
Era o simples fato de que a espada de Nephis era mais longa que seu elegante sabre.
E portanto…
Antes que Véu da Lua pudesse decapitar Nephis com um golpe decisivo, a Assassina de Reis perfurou seu peito, penetrou seu coração, quebrou sua espinha e saiu de suas costas. Sangue derramou no chão. O sabre fez barulho ao cair. A delicada mulher olhou para Nephis com descrença, seus lindos olhos se arregalando de horror.
“Eu ganhei.”
Nephs havia alcançado seu objetivo… no entanto, não sentia nenhuma alegria ou euforia. Tudo o que sentia era arrependimento. Porque a humanidade havia perdido uma poderosa Santa — uma dos muitos que morreriam nessa guerra terrível e sem sentido.
Foi um desperdício. Mas, novamente, a batalha ainda não havia acabado. Ela não tinha tempo… Empurrando seu corpo mutilado o mais forte que pôde, Nephis recuou para evitar o sabre do Reflexo. A criatura passou por ela, a lâmina afiada assobiando perto de seu pescoço. No momento seguinte, uma pequena mão a atingiu no peito, fazendo Nephis voar para trás — ela caiu no chão a algumas dezenas de metros de distância e rolou desajeitadamente, sua visão ficando momentaneamente turva devido à terrível onda de dor.
Quando ela cambaleou de volta para seus pés, ambos os Reflexos estavam perto de Véu da Lua. Um estava segurando-a em seus braços, enquanto o outro estava de pé entre eles e Nephis. Ela injetou um pouco de ar em seus pulmões em chamas.
‘Agora… o que acontece depois depende da natureza do Aspecto de Véu da Lua.’
Ou o feitiço colocado nela desapareceria com a morte de Véu da Lua, revelando seu Aspecto… ou não. Se fosse o primeiro, ela conseguiria lidar com os Reflexos bem facilmente. Se fosse o último… as coisas ficariam realmente feias. Entretanto, no segundo seguinte, algo inesperado aconteceu… algo que Nephis não havia previsto, embora devesse.
Véu da Lua estava morrendo, mas seus olhos recuperaram a nitidez por uma fração de segundo, perfurando Nephis com um olhar pesado.
E então…
Nephis sentiu o selo que prendia seu Aspecto de repente se desfazer. Véu da Lua o havia liberado. Ao mesmo tempo, o Reflexo segurando a princesa de Song em suas mãos brilhou levemente. E mudou, assumindo uma nova forma. Cabelos prateados, pele clara e olhos cinzentos calmos.
Um rosto que poderia ter sido bonito se fosse expressivo e vivo, em vez de frio e imóvel como uma máscara sem vida. Um corpo ágil e esbelto. Era seu próprio rosto e seu próprio corpo.
O Reflexo refletiu Nephis. Ela percebeu tardiamente seu erro. Um momento depois, um brilho suave envolveu as mãos do Reflexo, derramando-se no corpo de Véu da Lua. E as terríveis feridas de Véu da Lua curaram-se milagrosamente.
… Nephis olhou para ela de longe, sentindo-se consternada.
“Que trapaceira.”
A princesa de Song estava como nova.
…É claro que, agora que Nephis havia recuperado seu Aspecto, suas feridas também estavam se curando, e uma chama ardente estava surgindo em sua alma. Por um momento, ninguém se moveu. Véu da Lua estava ofegante, olhando para Nephis com um toque de cautela.
Nephis, enquanto isso… Sorriu um pouco.
‘Por outro lado… isso também funciona.’
Véu da Lua e seus dois Reflexos exibiam expressões sombrias enquanto se preparavam para continuar a batalha — que se tornaria infinitamente mais devastadora e terrível agora, sem dúvida. Mas Nephis estava prestes a surpreendê-los também. Ela liberou o poder suprimido de seu Aspecto, assumindo a forma incineradora do espírito radiante. Ao mesmo tempo, ela invocou o mar de chamas que os cercava, envolvendo-o em torno de si mesma como um manto.
No entanto, ela não direcionou todo esse poder ígneo para seus inimigos.
… Em vez disso, ela mirou no chão de madeira sob seus pés.
Cercada por uma luz ofuscante e uma maré furiosa de fogo imolante, Nephis fugiu da batalha e correu para baixo, perfurando um nível da antiga Cidadela após o outro como uma estrela cadente. Incontáveis camadas de madeira mística se separaram na frente dela, desintegrando-se em cinzas, enquanto ela queimava um caminho escaldante nas profundezas do castelo.
Cada vez mais baixo… E ainda mais baixo.
Até que ela mergulhou em um mar de escuridão impenetrável, vencendo-o com sua luz.
- Modelar tbm serve[↩]
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