Capítulo 1958 - Corrida de prática.
Combo 84/300
Sunny tinha muito a considerar.
Ele queria dar a Rain a melhor chance de, se não prosperar, pelo menos se manter firme na guerra entre Song e Valor. O problema era que havia apenas um punhado de indivíduos no mundo capazes de se manter firme no inferno sufocante da Sepultura dos Deuses.
O resto deles — os soldados Despertos, os oficiais Ascendentes, até mesmo os generais Transcendentes — estavam realmente perdidos. Não deveriam estar ali, no meio de uma Zona da Morte angustiante, e definitivamente não deveriam derramar o sangue uns dos outros em benefício de dois Soberanos insensíveis.
Se nem mesmo os Santos podiam garantir sua sobrevivência na guerra, então meros Despertos como Rain só podiam contar com sorte e boa fortuna para sobreviver. É claro que Rain tinha seu fiel companheiro de sombra para mantê-la segura… mas ela não sabia ao certo até onde seu professor estava disposto a ir para protegê-la.
Era intencional. Sunny havia intencionalmente se mostrado excêntrico e pouco confiável na frente dela, para que ela não ficasse sufocada em sua vasta sombra. Ainda assim, ele conseguia pensar em algumas coisas que ajudariam Rain nos dias e meses seguintes.
Ele pensou em suas experiências na Costa Esquecida e nas Memórias nas quais ele confiou para sobreviver ali.
Em certo sentido, Sepultura dos Deuses e a Costa Esquecida eram um tanto semelhantes. Esta última era um caldeirão terrível no qual os Adormecidos da Cidade das Trevas haviam sido forjados em guerreiros incomparáveis… aqueles que sobreviveram, é claro. Até mesmo Aiko era alguém muito mais perigosa e capaz do que um Desperto comum, apesar de sua aparência exteriormente caprichosa e covarde.
O primeiro caso foi praticamente o mesmo para os soldados dos dois grandes exércitos. Aqueles que estavam destinados a sobreviver sairiam muito mais temíveis e valentes do outro lado. Então, Sunny poderia muito bem recorrer à sua própria experiência para determinar o que Rain mais precisava naquele momento.
A natureza da guerra também estava mudando. Antes, em seu estágio inicial, os perigos que sua irmã enfrentara eram predominantemente aqueles representados pelo próprio Reino dos Sonhos. A selva escarlate, o abismo branco incandescente acima, as hordas de poderosas Criaturas do Pesadelo que suas armas mal conseguiam ferir…
Mas as coisas seriam diferentes agora. Os dois Domínios já haviam se estabelecido sobre os ossos da divindade morta, o que significava que, em breve, os confrontos entre seus soldados se tornariam muito mais frequentes. Haveria escaramuças sangrentas, emboscadas tortuosas e batalhas em larga escala travadas sob o véu cinzento das nuvens. Lutar contra humanos era muito diferente de lutar contra Criaturas do Pesadelo, especialmente se Rain tivesse o azar de enfrentar um Mestre ou um Santo no campo de batalha.
… Matar humanos também era muito diferente de matar Criaturas do Pesadelo. O próprio Sunny não tinha certeza de como lidaria com o próximo estágio da guerra do Domínio por causa disso.
Não, ele nem podia mais chamá-la de Guerra de Domínios. Agora que a Casa da Noite havia sido exterminada e o governo fora forçado a romper sua neutralidade, não havia nenhuma parte alheia à guerra — o mundo inteiro fora arrastado para o conflito entre o Rei das Espadas e a Rainha dos Vermes. Ambos os mundos, na verdade… então, era uma Guerra Mundial.
Ou uma Guerra de Reinos, para ser mais preciso.
Principalmente porque Sunny tinha sido um pouco negligente em seu papel como substituto do Feitiço do Pesadelo.
‘Então, do que Rain mais precisa?’
Havia várias áreas que precisavam de melhorias. A primeira e mais óbvia era sua incapacidade de matar inimigos de Níveis mais altos. A maioria das Criaturas do Pesadelo da Sepultura dos Deuses eram Transcendentes, então muitos Despertos eram fisicamente incapazes de feri-las.
É claro que as abominações locais também eram estranhas, pois nasciam mais fracas do que a maioria das criaturas de seu nível, amadureciam e ganhavam força verdadeira em questão de dias — pelo menos na superfície. Foi assim que os dois grandes exércitos conseguiram repelir a selva escarlate, matando essas Criaturas do Pesadelo antes que o inimigo pudesse recuperar seu poder natural.
No entanto, Rain podia usar uma arma capaz de perfurar a pele até de abominações adultas com pelo menos algum grau de facilidade. Considerando que sua arma preferida era um arco, isso significava flechas. Sunny olhou para as duas flechas pretas e balançou a cabeça.
Se nem Aiko estava segura ao lidar com elas, Rain também não estaria. A segunda área que precisava de melhorias era a defesa de Rain. O Manto do Marionetista era uma boa armadura, mas não era a mais durável de todas. Seus principais benefícios eram ser leve, suficientemente resistente e proteger a mente. Melhor ainda, também tinha um efeito revigorante na mente, ajudando seu mestre a lidar melhor com a fadiga mental — que talvez fosse o presente mais valioso que Sunny poderia ter dado a Rain em uma guerra terrível.
Dito isso, ele não previu que ela acabaria no meio de brigas com tanta frequência ao transferir a Manto do Marionetista. Ela não deveria ser uma arqueira?! Por que sua irmã lutava constantemente lado a lado com aquela garota, Tamar de Sorrow?
Sunny fez uma careta e balançou a cabeça. Por outro lado, ele também deveria ser um assassino furtivo. A vida nunca era como se queria…
O Manto do Marionetista parecia suficiente no início da guerra. Mas agora que os dois grandes exércitos estavam prestes a se chocar, Rain entraria em batalha contra humanos… contra Despertos. Ela estaria exposta a inúmeros Aspectos, e estes eram variados e imprevisíveis.
Então, ela precisava reforçar suas defesas gerais e ganhar resistências contra uma variedade de ataques, desde elementais relativamente simples até formas de dano mais estranhas e sofisticadas. Sunny hesitou por um momento, olhando ao redor do armazém lotado. Então, assentiu.
“Flechas, equipamento defensivo, memórias utilitárias.”
Ele tinha muito trabalho pela frente.
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