Capítulo 2432 - Caravana do Reino dos Sonhos
Ver uma caravana chegando era sempre impressionante, e foi por isso que Aiko levou Ling Ling ao bazar para a última parada de sua pequena aventura.
“Uau!”
O garoto ficou realmente encantado.
O Reino dos Sonhos era vasto, e a rede de estradas entre as cidades humanas nascentes ainda era incipiente. Além disso, a natureza selvagem fervilhava de Criaturas do Pesadelo e horrores de todos os tipos, então era preciso preparação e muito esforço para chegar ao destino ileso, ou até mesmo alcançá-lo.
A situação era um pouco melhor no Oeste, onde o Rio das Lágrimas servia como um meio de conexão entre as Cidadelas em sua bacia, mas aqui no Leste, as caravanas tinham que ser forças formidáveis para enfrentar a extensão angustiante do Reino dos Sonhos.
Lá fora, em frente à cidade, uma longa cadeia de Ecos colossais se movia lentamente pelo terreno acidentado. Cada um era tão alto quanto um prédio — a fera líder era especialmente impressionante, elevando-se acima dos demais, com escamas escarlates cobrindo o corpo e três longos chifres coroando sua cabeça colossal.
Os Ecos estavam vestidos com armaduras pesadas, cada um puxando uma enorme carroça atrás de si. As próprias carroças também eram fortemente blindadas, assemelhando-se a fortalezas rolantes. Suas grandes rodas esmagavam o solo enquanto giravam, e guerreiros Despertos experientes vigiavam as ameias, carregando cicatrizes de inúmeras batalhas.
As carroças também apresentavam muitas cicatrizes — algumas antigas, outras novas. Suas armaduras estavam tortas e danificadas, rasgadas em alguns lugares, com a madeira encantada embaixo lascada e carbonizada. Os guerreiros Despertos estavam cobertos de poeira e sujeira, seu cansaço e exaustão palpáveis mesmo à distância.
Até os Ecos pareciam fatigados, com as correntes colossais que os prendiam aos vagões fazendo um barulho surdo. Mesmo assim, era uma visão incrível de se ver, especialmente para uma criança.
“Tia Aiko! Esses Ecos são ainda maiores que eu! Ah. Será que essas carroças são pesadas? Acha que eu consigo puxar uma?”
Aiko olhou para Pequeno Ling com um sorriso.
“Lobinho, não vamos falar da sua potencial carreira como lobo de carga, está bem? Duvido que sua mãe fique feliz em saber que seu precioso bebê está sonhando em fugir com uma caravana para puxar carroças. Na verdade, ela pode arrancar minha cabeça dos meus ombros se fizer isso. E eu quero manter minha cabeça firmemente presa ao meu corpo, muito obrigada.”
O pequeno Ling deu uma risadinha.
“Tia, a mamãe não precisa saber, né?”
Aiko olhou para ele em choque e indignação.
‘O quê, ele sabe mentir agora?’
‘Quem o ensinou?! Que canalha estava sendo uma má influência para esse garoto puro e inocente?’
Ela iria levá-los à falência.
“Sua mãe pode não saber, mas a tia Cassie sabe. Ela sabe de tudo, então seja um bom menino e nunca minta para sua mãe!”
Aiko bufou de indigestão. O pequeno Ling olhou para ela e sorriu.
“Devo contar a ela como convencemos aquele tio a assinar um contrato de ex-testemunha com você hoje, tia?”
Ela pigarreou e se virou.
“Pensando bem, o que a Effie não sabe não pode machucá-la. Sua mãe é uma pessoa muito ocupada, então não devemos sobrecarregá-la com cada pequeno detalhe, certo?”
Ela levantou a mão e apontou rapidamente para a frente.
“Olha! Eles estão se aproximando!”
A caravana chegou às proximidades da cidade. Os Ecos colossais e as carroças pararam. De repente, o bazar inteiro fervilhava, inúmeras pessoas correndo para testemunhar a chegada — já que todos ali ganhavam a vida servindo às caravanas, aquele era o momento que tanto esperavam.
Ninguém se apressou em deixar os limites da cidade, no entanto. Primeiro, a caravana que chegava teve que ser inspecionada com a ajuda de Memórias especiais e ferramentas mágicas. Não demorou muito, no entanto. Finalmente, os guardas terminaram sua tarefa e deixaram os viajantes cansados passarem. As carroças foram levadas para o espaço vazio em frente aos portões, os Ecos foram dispensados e o longo processo de descarregamento da carga começou.
Na confusão caótica que se seguiu, Aiko encontrou um homem imponente com uma armadura de couro de monstro e acenou elegantemente para ele. O homem era um Mestre e dono da caravana que havia retornado. Ele estava discutindo algo com alguns de seus subordinados, mas os dispensou quando Aiko se aproximou.
Sua voz baixa e confiante soou um pouco surpresa:
“Senhorita Aiko? Pensei que nosso encontro só seria amanhã. Não esperava que viesse pessoalmente.”
Ela sorriu.
“Bem, por acaso eu estava por aqui. Por que deixar algo para amanhã quando pode ser feito hoje, certo?”
O homem ficou ali por um tempo, depois olhou confuso para o Pequeno Ling.
“E ele é?”
Aiko manteve uma expressão educada.
“Ah, ele? Este é o Santo Ling, filho da minha querida amiga. Lobinho, diga oi para o tio.”
O pequeno Ling fez uma careta e virou o nariz.
“Eu não quero. Esse senhor tem um cheiro estranho.”
O sorriso de Aiko ficou um pouco forçado.
“Ling Ling! Não seja rude. E também não saia por aí cheirando as pessoas!”
O garotinho apenas deu de ombros, infeliz. Ela o estudou por alguns segundos e então se virou para o Mestre da caravana.
“Por favor, perdoe os modos dele. Ele costuma se comportar bem, sabe, quando está em casa. Com a mãe. Santa Atena, Criada por Lobos. Guardiã do Leste. Ah, do que eu estava falando? Certo, a carga especial que você entregou… estou pronta para tirá-la das suas mãos imediatamente. Digamos… mil fragmentos de alma?”
O homem estudou Little Ling por um momento ou dois e então sorriu largamente.
“Que menino barulhento. Desculpa, garoto. Estou na estrada há meses. Sabe o que dizem sobre o cheiro da aventura? Bem, é mais um fedor, na verdade. Mas a gente se acostuma.”
Então, ele olhou para Aiko e assentiu.
“Mil fragmentos de alma parecem adequados. Vamos assinar os documentos?”
O sorriso de Aiko congelou. Ela olhou para Pequeno Ling e depois novamente para o Mestre da caravana. Depois de permanecer em silêncio por alguns segundos, ela riu.
“Ora, claro. Tempo é dinheiro, certo? Ah, mas antes disso. Eu queria te mostrar uma coisa.”
Ela ergueu a mão, invocando uma Memória. Ao mesmo tempo, moveu os dedos para formar um sinal de sombra. A alguma distância, os olhos de Quentin de repente ficaram penetrantes.
‘O pequeno Ling não gostar do cheiro já era suspeito o suficiente.’
Aiko manteve uma expressão relaxada.
‘Mas um comerciante que não pechincha? Que se dane!’
Havia algo muito, muito errado com esse Mestre.

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