Capítulo 520: Libertação

Sunny quase tropeçou por causa da terrível percepção.

O corpo mutilado dentro do ninho de musgo… ainda estava vivo?

‘Como isso pode ser?’

Milhares de anos devem ter se passado desde que o navio voador caiu nesta ilha desolada. Há quanto tempo essa pobre alma sofreu essa tortura angustiante? Que pecado ele cometeu e quem o condenou a uma eternidade de sofrimento horrível? Como as videiras acabaram crescendo de sua carne e por quê?

Mas o mais importante… como diabos aquela coisa mutilada não estava morta?! Nem mesmo a chama divina era capaz de acabar com sua existência macabra e horripilante.

Se Sunny pudesse encontrar a resposta, talvez ele fosse capaz de matar o Monstro Corrompido, afinal.

Usando a calmaria momentânea no ataque das videiras que a aparição da Santa lhe trouxe, ele se afastou da luta e tentou entender o que o hospedeiro do musgo abominável estava apontando.

Ele esperava desesperadamente que o humano antigo estivesse, de fato, tentando apontar para algo, e não apenas convulsionando em uma dor terrível.

‘Onde está… o que é…’

Seu olhar voou para um certo ponto na parede do porão de carga e permaneceu nele.

À primeira vista, não havia nada de diferente. Aquela seção da antepara era como todas as outras, antiga e coberta de musgo marrom. Mas, ao olhar mais de perto, ele notou uma pequena abertura na camada de musgo, bem como uma curva estranha nas videiras que cresciam naquela parede em particular.

Era como se elas também quisessem evitar algo alojado nas tábuas de madeira.

Tinha que ser isso!

No entanto, Sunny não viu nada na pequena abertura circular, apenas uma lasca de madeira saindo dela em um ângulo agudo. Seu coração batia como uma fera selvagem em uma gaiola, consumido igualmente pela esperança e pelo desespero.

Lançando um olhar para a Santa, que estava lentamente se afogando na enxurrada de videiras escorregadias, ele hesitou por um momento e então correu em direção à parede em vez de se juntar a ela na luta.

‘Tem que haver algo… tem que haver!’

Ele tinha certeza de que o humano antigo apontava para aquela parte da parede por um motivo. Ou melhor, Sunny esperava que ele tivesse…

Pulando sobre uma videira e cambaleando para o lado para evitar outra, Sunny cortou, perfurou e rasgou seu caminho através do porão de carga, sentindo mais feridas aparecendo em seu corpo e mais veneno fluindo por sua corrente sanguínea.

Neste ponto, até o Sangue de Weaver estava tendo problemas para resistir à toxina mortal. Bem… era milagroso o suficiente que ele pudesse resistir a isso, considerando que o veneno veio de uma criatura dois Níveis inteiros acima de Sunny. A linhagem de Weaver era, de fato, uma coisa assustadora. Talvez houvesse uma razão para que fosse proibida…

Finalmente, Sunny cortou a última videira em seu caminho, deixando-a quebrada e chamuscada, e colidiu com a antepara coberta de vegetação perto da pequena abertura no musgo marrom. Respirando fundo, ele olhou para ela com intensidade suficiente para derreter pedras.

‘Espere… é?’

Seus olhos se arregalaram ligeiramente.

A coisa que ele pensou ser uma farpa acabou sendo outra coisa.

Lá na parede do porão de carga, enfiada profundamente pela mão de alguém, estava uma faca de aparência bastante simples. Seu formato, no entanto, era muito familiar para Sunny.

Era exatamente a mesma faca que estava no altar branco do Santuário de Noctis, exceto pelo fato de que esta não foi cortada de um único pedaço de obsidiana.

No entanto, também não foi cortada de marfim.

…Em vez disso, parecia ser feita inteiramente de madeira, como se um galho de árvore tivesse crescido de alguma forma no formato de uma faca, e então quebrado para se tornar uma.

‘O que isso significa?’

Sunny se permitiu permanecer confuso e perplexo por uma fração de segundo, e então agarrou decisivamente o cabo da faca.

‘Aja agora, pense depois! Droga… por favor, não me diga que preciso de mil moedas para levantar esta também!’

Felizmente, desta vez, não houve necessidade de uma oferenda. Embora tenha exigido algum esforço, um momento depois, a lâmina de madeira deslizou de onde foi enfiada na parede, e Sunny se viu segurando a Visão Cruel em uma mão, e a estranha faca de madeira na outra.

Outra coisa aconteceu, no entanto.

Assim que ele colocou as mãos no cabo de madeira, todas as videiras no porão de carga avançaram em sua direção com fúria frenética, esquecendo completamente da Santa e sua espada cruel.

Sunny empalideceu.

‘Droga!’

Antes que a massa de videiras deslizantes pudesse esmagá-lo, ele abandonou todas as tentativas de escapar e empurrou a mão para frente.

… A faca de madeira escorregou de sua mão, cortou um arco agudo no ar e foi agilmente pega pela Santa.

Sem desperdiçar a oportunidade que a mudança repentina no comportamento do Monstro Corrompido lhe deu, o demônio taciturno imediatamente correu em direção à massa pulsante de musgo marrom… e enfiou a faca de madeira bem em um dos olhos vazios do humano antigo.

No momento seguinte, todo o navio estremeceu.

A massa de musgo se contraiu violentamente, jogando a Santa para longe. As videiras de repente perderam qualquer aparência de coesão e se debateram violentamente, forçando Sunny a recuar o mais perto possível da parede. Ainda assim, o mar de espinhos negros estava a meros centímetros de seu rosto, furioso em uma tempestade de movimentos caóticos.

Até o musgo marrom contra o qual ele estava pressionado parecia estar convulsionando, como se estivesse dominado por uma dor insuportável.

Apesar de tudo isso, a única coisa que Sunny viu foram os olhos restantes do humano antigo terrivelmente malformado.

Ele o encarou por alguns momentos, o vazio e a escuridão lentamente dando lugar a outra coisa. Uma sensação de alívio tão vasta que estava quase além do conceito de emoção.

Então, aquele olhar de libertação também se foi.

O olho terrível estava vazio mais uma vez, agora verdadeiramente e para sempre.

A cabeça do humano antigo rolou para trás sem vida.

E assim que isso aconteceu, as videiras de repente caíram no chão também, mortas e imóveis.

De repente fraco, Sunny deslizou impotente para o chão.

A voz do Feitiço sussurrou em seu ouvido: