Capítulo 613: Escolas de Feitiçaria
Combo 38/120
Faltavam horas até que fossem levados para a arena novamente. Sunny olhou fixamente para as paredes da masmorra, como se esperasse descobrir alguns segredos das pedras antigas.
Mas o que ele podia ver? Eram apenas pedras velhas. Não havia nada de interessante na superfície delas, e também não havia nada de interessante por baixo.
Depois de um tempo, Sunny respirou fundo e sentou-se novamente, tentando se sentir o mais confortável possível na gaiola estreita. Então, desligou seus sentidos, afastando a presença de inúmeras abominações ao seu redor, o fedor da prisão, a dor em seu corpo exausto… tudo o que o distraía de pensar.
‘O que eu sei sobre feitiçaria?’
Essa era uma pergunta assustadora.
Até a palavra em si era enganosa. Os humanos de seu mundo a usavam para descrever qualquer Aspecto capaz de causar dano direto aos oponentes, em vez de aumentar a habilidade de combate dos Despertos — especialmente aqueles que podiam fazer isso à distância. Mas não era isso que Sunny queria.
Não, o que lhe interessava não era o tipo de habilidades que existiam dentro da estrutura familiar de poderes sobrenaturais, mas os próprios meios usados para criar essa estrutura, ou pelo menos aqueles que existiam fora do reino dos Aspectos.
Isso, para ele, era a verdadeira feitiçaria.
‘Mas existem diferentes tipos de feitiçaria também… quais são as que eu testemunhei?’
Ele raciocinou que existiam três. A primeira com a qual ele estava mais familiarizado — a trama1 mágica, que ele acreditava ser a própria feitiçaria de Weaver. A própria Magia foi criada a partir dela, assim como todos os itens mágicos que a Magia presenteou os Despertos — Memórias e Ecos. Essa era a magia que todos os humanos conheciam, e a maioria acreditava ser o único tipo que existe.
Sunny, no entanto, já havia aprendido que feitiçaria não era sinônimo de Magia, e que havia maneiras de criar magia diferentes da trama mágica.
O primeiro deles ele testemunhou dentro do Eco da Santa, que tinha resquícios de uma trama muito mais primitiva escondida sob o padrão usual de fios etéreos antes de transformá-la em uma Sombra. Mais tarde, ele encontrou o mesmo tipo de trama alienígena dentro das paredes da Torre de Ébano.
Esse tipo de Feitiçaria pertencia ao Príncipe do Submundo, o irmão mais novo de Weaver. A semelhança entre eles era difícil de não notar, mas Sunny não sabia qual dos daemons havia copiado qual — se Weaver aperfeiçoou a feitiçaria criada por seu irmão, ou se o filho mais novo do Desconhecido havia baseado o método de sua arte na invenção do mais velho.
A julgar por esses dois tipos de feitiçaria, era fácil imaginar que todos eles envolviam algum tipo de trama. No entanto, essa conclusão estaria errada… Sunny sabia disso por causa do terceiro tipo de magia que ele havia encontrado.
A criação milagrosa do Deus do Sol — a faca de obsidiana que ele havia tirado do altar branco do Santuário de Noctis antes de partir para o Templo da Noite, e agora estava descansando, inacessível, no fundo do Cofre Cobiçoso.
A faca preta não tinha trama escondida sob sua superfície… em vez disso, estava cheia de brilho ofuscante, como se abrangesse um oceano ilimitado de Essência da Alma, com um único Fio do Destino colocado na luz imaculada enquanto se dobrava sobre si mesmo infinitamente e formava um círculo sem fim.
Essa era a feitiçaria do Deus do Sol… se um milagre divino pudesse ser chamado de feitiçaria. Em todo caso, a faca de obsidiana — e mais tarde, a de madeira que ele havia usado para matar Solvane — provava que não era preciso basear sua magia em uma trama de algum tipo. Essa era apenas a maneira única de Weaver lançar a sua, e seu irmão o imitou.
Então… a feitiçaria da Esperança também pode ter sido completamente única.
Preso na gaiola de ferro, Sunny franziu a testa. Como ele deveria procurar por algo que poderia parecer qualquer coisa?
Pensando bem… havia outro tipo de feitiçaria que ele havia encontrado. Ou melhor, várias diferentes, todas unidas pelo mesmo método de criação: magia rúnica.
A primeira vez que ele a viu foi embaixo da catedral em ruínas da Cidade das Trevas, em uma pequena cela onde um cadáver usando a máscara de Weaver havia sido acorrentado dentro de um círculo quebrado. Esse círculo estava esculpido no chão de pedra, cercado por inúmeros símbolos que Sunny não havia reconhecido.
O Portal dentro da Torre Carmesim também era cercado por um círculo de runas… assim como o arco de pedra no último nível da Torre de Ébano e aquele conectado a ele, situado no lindo mirante branco na Ilha de Marfim.
Outro lugar onde ele havia encontrado runas de feitiçaria era o Templo da Noite… lá, elas haviam sido inscritas por alguém do clã Valor, ou pelo menos encontradas e reaproveitadas por eles.
Então, basicamente, ele estava familiarizado com três tipos gerais de criação de feitiçaria. Um era a trama mágica, assim como uma versão dela usada pelo Príncipe do Submundo. O outro eram os milagres divinos do Deus do Sol, que ele não conseguia nem começar a entender.
E o último era baseado na inscrição de runas, e parecia ter sido usado principalmente por humanos — aqui no Reino da Esperança e na vizinha Costa Esquecida.
‘Huh…’
Havia uma pequena discrepância, no entanto.
‘Por que o portal na Torre de Ébano foi criado com magia rúnica em vez da trama mágica primitiva, como todo o resto lá?’
Seria, talvez, porque o portal de conexão na Ilha de Marfim tinha sido? O Príncipe do Submundo construiu a torre no Céu Abaixo muito depois que Esperança construiu a dela, afinal. Na verdade, ele fez isso depois que sua irmã já estava presa, para colher as chamas divinas que destruíram seu domínio. Teria feito sentido para ele usar magia rúnica para invadir um sistema de portais já existente que tinha sido baseado nela.
Então… Esperança era, talvez, a fonte da magia rúnica? Ou pelo menos uma usuária dela?
Sunny suspirou, sentindo-se esgotado e cansado, então fechou os olhos.
Ele tinha que dormir pelo menos um pouco, para permitir que seu corpo e mente descansassem um pouco antes das batalhas de amanhã.
Especialmente agora que ele não tinha apenas que sobreviver a elas, mas também fazer isso enquanto procurava por qualquer sinal de runas escondidas pela arena…
- malha[↩]
Regras dos Comentários:
Para receber notificações por e-mail quando seu comentário for respondido, ative o sininho ao lado do botão de Publicar Comentário.