Capítulo 681: As inacreditáveis aventuras de Sunny (Volume III)

Combo 106/120

Logo, os quatro estavam reunidos no quarto de Sunny. Havia bastante comida na mesa e uma chaleira de chá perfumado. Eles fizeram uma refeição tranquila, evitando discutir qualquer coisa importante… mas logo, era hora de ter uma discussão séria.

Nenhum dos quatro parecia muito animado com a ideia, talvez porque isso significaria revisitar suas experiências no Pesadelo e abrir feridas que mal tiveram tempo de cicatrizar. Havia muitas cicatrizes invisíveis que cada um deles estava escondendo… nenhum dos quatro havia sobrevivido ileso a esses três meses.

Effie olhou para seu prato vazio por alguns momentos e então suspirou.

“Não podemos tirar alguns dias de folga antes de ir trabalhar? O mundo não vai entrar em colapso se tirarmos umas pequenas férias… uh, eu acho…”

Sunny olhou para seus amigos — a garota machucada, o aleijado com o rosto desfigurado e uma bela jovem cujas órbitas oculares vazias estavam cobertas por um pano preto — e balançou a cabeça lentamente.

“Se fizermos isso, Noctis pode ficar… impaciente. Prometi dar uma resposta a ele depois que encontrar meus amigos. Ele já foi gentil o suficiente para se abster de me matar, colocar minha alma em um boneco… ou um esfregão… e ordenar que lhe desse as facas. Então, é melhor não demorarmos.”

Cassie virou a cabeça ligeiramente e perguntou, sua voz profunda e agradável ainda soando estranha e desconhecida:

“Uma resposta? Para qual pergunta?”

Sunny fez uma careta e então desviou o olhar.

Este conteúdo está disponível no Illusia. Se estiver lendo em outro lugar, acesse https://illusia.com.br/ para uma melhor qualidade e maior velocidade.

“… Certo. Todos vocês já devem ter entendido qual é o conflito deste Pesadelo. Esperança, a Daemon do Desejo… Noctis está se preparando para se rebelar contra a vontade dos deuses, matar os outros imortais e quebrar suas algemas. E temos que ajudá-lo a atingir seu objetivo ou, de alguma forma, impedir que Esperança escape. O primeiro parece insano, mas o último… o último parece impossível, considerando que ela já é capaz de influenciar o mundo de dentro de sua prisão.”

Ele estremeceu, ficou em silêncio por alguns momentos e então acrescentou:

“Cada um dos imortais representa — ou melhor, personifica — uma das algemas eternas da Esperança. Eles só podem ser destruídos por uma das facas do Deus do Sol. Estou de posse de duas das quatro facas restantes, Noctis sabe onde a terceira está sendo mantida, e a quarta está nas mãos de Solvane, que a oferecerá livremente a qualquer um que possa lhe dar uma morte digna. Então… embora seu plano signifique ir à guerra contra três antigos Santos, não é totalmente louco. Apenas… mais ou menos.”

Sunny suspirou, serviu-se de um pouco de chá e concluiu:

“Então, precisamos decidir se queremos ajudá-lo nessa loucura ou não.”

Cassie assentiu, aparentemente não surpresa com o que ele disse a eles. Então, ela demorou um pouco e disse:

“Então, primeiro, precisamos compartilhar tudo o que aprendemos sobre o Pesadelo enquanto estávamos separados. Quanto mais informações tivermos, mais bem informada será nossa decisão.”

Sunny tomou um gole de chá e deu de ombros. Era isso que ele queria fazer também. Ele estudou os rostos de seus companheiros e então agarrou o amuleto de esmeralda com mais força.

“Nesse caso… eu começo, eu acho.”

Effie, Kai e Cassie se viraram para ele, tentando não mostrar o quão curiosos eles realmente estavam. E quem poderia culpá-los? Dos quatro, a situação de Sunny era de fato a mais… anormal.

Este conteúdo está disponível no Illusia. Se estiver lendo em outro lugar, acesse https://illusia.com.br/ para uma melhor qualidade e maior velocidade.

Ele hesitou por alguns momentos e então falou:

“Como vocês devem ter notado, o Feitiço me enviou para o corpo de um demônio… um demônio das sombras, para ser mais preciso. Eu me vi bem a oeste, no território dos seguidores da Guerra. Pior ainda, segundos depois de voltar aos meus sentidos, tropecei em uma linda mulher vestida de vermelho. Aquela mulher… era Solvane, a sacerdotisa Transcendente do Deus da Guerra. Ela facilmente me dominou, mas decidiu me manter vivo.”

Os olhos de Effie brilharam quando ele mencionou Solvane. Kai também parecia abalado por essa revelação… afinal, ele era um oficial do exército que estava envolvido em uma guerra sangrenta contra o culto de Solvane. Para os soldados da Cidade de Marfim, seu nome deve ter sido sinônimo de poder, morte e horror. Para eles, Solvane era tanto uma pessoa quanto um mito antigo e aterrorizante.

O rosto de Sunny ficou sombrio.

“Depois disso, me vi no Coliseu Vermelho… um antigo teatro construído por Esperança, que os Bélicos transformaram em um perverso templo de matança. Havia milhares de Criaturas do Pesadelo trancadas em suas masmorras, assim como alguns humanos azarados. Todos os dias, éramos forçados a matar uns aos outros. Aqueles que sobreviviam recebiam a duvidosa honra de lutar contra os próprios Bélicos, e se de alguma forma prevalecêssemos… bem, então teríamos que viver mais um dia, apenas para repetir todo o processo ao amanhecer.”

Ele permaneceu em silêncio por um tempo e então acrescentou:

“Dois meses… Passei dois meses naquele purgatório. Claro, eu teria sucumbido aos meus ferimentos muito rápido se não fosse pelo meu parceiro, um jovem cativo da Cidade de Marfim… Elyas. Seu Aspecto de cura me manteve vivo, e eu o mantive vivo na arena. Juntos, suportamos o massacre, dia após dia, semana após semana. Ainda assim, nossos dias estavam contados, então continuei procurando uma maneira de escapar. E depois de dois meses, finalmente encontrei.”

Sunny tocou a terrível cicatriz em seu pescoço e sorriu.

“Acontece que tudo o que eu tinha que fazer era enganar nosso carcereiro Ascendente para cortar minha cabeça. Livre da coleira, eu o matei, e então fiz Elyas prender minha cabeça de volta…”

Kai, que estava no meio de tomar um gole de chá, cuspiu.

Este conteúdo está disponível no Illusia. Se estiver lendo em outro lugar, acesse https://illusia.com.br/ para uma melhor qualidade e maior velocidade.

“… O quê?!”

Effie só permaneceu em silêncio porque estava engasgando com um doce. Seus olhos, no entanto, estavam igualmente arregalados. Até Cassie pareceu atordoada.

Sunny riu.

“Ah, veja bem. Aquela sacerdotisa Transcendente, Solvane… na verdade, eu já a tinha matado uma vez. Ela estava servindo como corpo hospedeiro para um Monstro Corrompido que os Guardiões do Fogo e eu tínhamos matado no Reino dos Sonhos para capturar os destroços do navio voador de Noctis. Foi lá que recebi uma armadura encantada que permite que seu portador permaneça vivo enquanto tiver essência… Eu também tinha meios de recuperar a essência, e então, fui capaz de sobreviver sem uma cabeça por tempo suficiente para Elyas me curar.”

Effie finalmente conseguiu engolir seu doce e olhou para Kai com olhos arregalados.

“Kai… me diga que ele está mentindo, por favor…”

O jovem piscou algumas vezes, então balançou a cabeça solenemente. A garotinha xingou, então murmurou em voz baixa:

“Bastardo louco… ele é louco!”

Sunny deu de ombros indiferentemente.

“O quê? Essa nem foi a parte mais louca. De qualquer forma, Elyas e eu quase conseguimos escapar do Coliseu Vermelho, mas no último momento, fomos interceptados por Solvane… aquela demônio amaldiçoada.”

Este conteúdo está disponível no Illusia. Se estiver lendo em outro lugar, acesse https://illusia.com.br/ para uma melhor qualidade e maior velocidade.

O sorriso desapareceu de seu rosto, e seus olhos negros brilharam com ódio frio por um momento.

“Ela… ela matou Elyas, arrancou meu coração e jogou meu corpo no Céu Abaixo. Felizmente para mim, esse corpo de demônio tem dois corações, e foi por isso que não morri imediatamente. Solvane ou não sabia disso ou não se importou, pensando que o abismo acabaria comigo. Mas eu sobrevivi e encontrei meu caminho de volta para as Ilhas, graças às minhas Memórias.”

Ele suspirou.

“… Eu sobrevivi, mas não estava na melhor forma, nem física nem mentalmente. Meu único coração restante não era o suficiente para manter este corpo funcionando, então eu estava efetivamente morrendo, embora lentamente. Eu segui para o sul, planejando eventualmente chegar ao nosso ponto de encontro no leste. No entanto, antes que eu pudesse, tropecei em Noctis na Ilha do Sul.”

Sunny sorriu amargamente.

“Aquele bastardo louco ficou muito feliz em me ver. Ele pensou que o destino tinha nos unido… e quem sabe, talvez tenha. Fizemos um acordo, ele e eu… Noctis substituiria meu coração perdido, e eu descobriria a localização da Faca de Vidro de um Terror que residia na fortaleza próxima. Aquele Terror, veja bem, pertenceu a um dos Lordes das Algemas antes… pertenceu ao Lorde das Sombras. Então havia um candidato melhor para encontrá-lo do que um demônio das sombras?”

Ele não falou por um tempo, então soltou um suspiro pesado.

“O problema era que os séculos de solidão e de ser submetido ao veneno da Esperança deixaram a criatura louca. Então, ela me atacou. Aquele Terror tinha poder sobre sonhos e pesadelos, e ele me sujeitou a algumas centenas deles. Em cada um, fui horrivelmente torturado, experimentei uma tristeza inimaginável e acabei morto. Felizmente, eu tinha esquecido a maioria desses pesadelos… sim. A maioria deles…”

Sunny tomou um gole de chá e balançou a cabeça.

“… Ah, de qualquer forma, eventualmente, eu escapei dos pesadelos também, quebrando todos eles, e então matei o Terror. Noctis substituiu meu coração, como havia prometido, e me levou ao Santuário. Aqui, eu conheci Kai, e fomos recuperar a Faca de Vidro — e Effie — do Templo do Cálice. E aqui estamos.”

Este conteúdo está disponível no Illusia. Se estiver lendo em outro lugar, acesse https://illusia.com.br/ para uma melhor qualidade e maior velocidade.

Ele coçou a parte de trás da cabeça e então acrescentou pensativamente:

“No geral, acho que poderia ter sido pior…”

Effie xingou novamente e então enfiou outro doce na boca. Ela mastigou furiosamente e então sibilou, fazendo migalhas voarem pela mesa:

“… O que diabos poderia ter sido pior do que isso?!”

Sunny olhou para ela por um momento e deu de ombros.

“Eu não sei… Eu poderia ter sido enviado para o corpo de um verme? Ou pior ainda… uma criança…”