Capítulo 331: Cerco da Torre Carmesim (17)

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O mar escuro desapareceu.

E todos os horrores que habitavam suas profundezas amaldiçoadas também se foram com ele.

O mundo estava banhado em pura luz solar. A superfície do Labirinto de repente se tornou vibrante e brilhante, com sombras rígidas se escondendo sob os pilares irregulares do coral carmesim. O furioso sol branco queimava acima da Torre Carmesim, como se congelado no meio do céu.

Sunny até teve que cobrir os olhos por alguns segundos.

Deitado no chão, ele se permitiu alguns momentos de descanso. Uma risada curta escapou de seus lábios.

“Eu realmente consegui?”

Infelizmente, ele ainda não conseguiu descansar.

A batalha não havia acabado. A horda de Criaturas do Pesadelo ainda não havia sido derrotada.

…E em algum lugar na Torre, o próprio Terror Carmesim também não foi derrotado.

Com um suspiro profundo, Sunny se recompôs e se levantou. Eles estavam quase lá. Eles quase escaparam. Agora, tudo o que restava era fazer um último esforço. Mesmo que fosse o mais difícil até agora…

Olhando para o alto monte de coral que se erguia acima dele, ele apertou os olhos contra a luz e começou a escalá-lo.

Sempre foi tão brilhante?

Enquanto Sunny subia, ele invocou as runas e olhou para elas.

“Graças a Deus.”

Ele sabia que a Santa estava bem, mas ainda queria checar. O demônio taciturno tinha sido muito danificado e estava fadado a passar um longo tempo se restaurando, no entanto, sua existência não estava em perigo.

Então, seus olhos deslizaram para baixo:

‘… Hm.’

Sunny cerrou os dentes. Ele estava simultaneamente animado e assustado para descobrir o que aconteceria quando ele saturasse o Núcleo de Sombra. Era para ser benéfico, mas a que custo?

Ele entraria em um sono por várias semanas, como a Santa fez? Ou de repente ficaria incapacitado em meio a um combate furioso, como Nephis tinha ficado após derrotar Gunlaug?

Isso poderia custar-lhe a vida…

“Não que eu possa fazer algo sobre isso agora.”

Cheio de inquietação, ele continuou sua escalada e logo chegou ao topo do pilar de coral. De pé sobre ele, Sunny olhou na direção do Exército de Adormecidos.

Algo molhado caiu de repente em sua mão. Olhando para baixo, ele viu uma gota de sangue rolando de sua pele. Um momento depois, outra caiu no braçal do Manto do Marionetista.

Surpreso, Sunny levantou a mão e passou-a pelo lábio superior. Saiu molhada de sangue.

‘…Um sangramento nasal? Que diabos?’

Pensando bem, por que ele se sentia tão fraco?

Enquanto Sunny olhava confuso para sua mão, uma onda violenta de repente percorreu sua sombra.

***

Do outro lado do fosso profundo que cercava a ilha, os remanescentes do Exército de Adormecidos estavam prestes a virar o jogo da batalha a seu favor.

Apenas alguns minutos atrás, eles estavam se afogando na crescente inundação de água negra e no ataque implacável da horda, perdidos na fúria de uma tempestade cataclísmica. Mas agora, as coisas eram diferentes.

A tempestade não existia mais, e o mar escuro havia recuado. O sol brilhava intensamente no céu, inundando o campo de batalha com sua luz. Banhadas por ela, as Criaturas do Pesadelo pareciam hesitar… quase lentas.

Elas não estavam desistindo, no entanto. Os monstros continuaram a atacar os humanos em uma fúria frenética, suas garras e presas ceifando uma vida após a outra. Mas os sobreviventes do Exército de Adormecidos estavam avançando cada perda dez vezes mais.

Revigorados pelo presente estimulante da salvação repentina, eles endureceram seus corações e lutaram com zelo, fervor e vontade assassina. Mais e mais Criaturas do Pesadelo caíram sob suas lâminas, e a horda não parecia mais ser infinita.

Os Adormecidos não sabiam por que a tempestade havia se dissipado e por que o mar amaldiçoado havia recuado, mas sua fé na Estrela da Mudança agora queimava ainda mais forte. Ela havia prometido guiá-los para fora deste inferno e, de alguma forma, até mesmo a água negra havia cedido à sua luz radiante…

A vitória não era mais impossível. Eles praticamente podiam saboreá-la…

Mas a própria Nephis tropeçou de repente e diminuiu a velocidade de sua dança de espada. Uma carranca confusa e alarmada apareceu em seu rosto. Esquivando-se das garras de um monstro, ela enfiou sua espada em sua boca, então pulou para trás.

Livre dos monstros que a cercavam por alguns breves momentos, ela abaixou sua espada.

E olhou para o céu.

***

Bem acima dela, Kai ainda estava vivo… de alguma forma.

“O que está acontecendo?”

Ele passou tanto tempo voando a uma velocidade terrível, lutando contra o vento cortante, desviando de raios e dos amaldiçoados Mensageiros da Torre, ultrapassando os limites de seu corpo e mente… a exaustão estava tomando conta dele agora, tornando difícil pensar.

Muito menos reagir…

Ele realmente, realmente não se sentia bem. Seu corpo inteiro doía, e sua visão estava lentamente ficando turva. Uma sensação nauseante de fraqueza permeava seu corpo.

A tempestade surgiu do nada e então desapareceu sem deixar rastros. Os céus estavam ofuscantemente brilhantes.

…Isso foi um alívio.

Mas as malditas abominações ainda estavam lá.

Pelo menos não pareciam mais incansáveis.

Na verdade, os Mensageiros pareciam estar em um estado tão lamentável quanto o próprio Kai. Ele queria se gabar e assumir que era por causa de suas flechas. Ele havia ferido os malditos monstros muitas vezes, afinal…

Mas não, não fazia sentido algum.

Eles pareciam capazes de resistir ao efeito da Flecha de Sangue antes, pelo menos em grande medida, então por que isso mudaria agora?

‘Algo está errado…’

Usando o sol para cegar seus inimigos, Kai mergulhou na luz e correu para o lado, evitando por pouco as garras de um dos Mensageiros. Ou assim ele pensou — na realidade, não foi por pouco. Ele desviou com bastante espaço de sobra. A Dançarina Quieta nem precisou se envolver.

‘Eles estão… mais devagar?’

Com uma repentina sensação de desconforto, Kai hesitou por uma fração de segundo e então reduziu a velocidade para dar uma boa olhada na criatura aterrorizante.

O que ele viu o fez franzir a testa.

O Mensageiro parecia… errado.

Seus olhos pretos e vítreos eram erráticos e sem sentido. Eles estavam vazando sangue, que fluía pelas penas pretas como um riacho carmesim. Havia dois outros fios de sangue semelhantes, vindos das orelhas do monstro. Os músculos de seu corpo pálido estavam em espasmos, rolando sob a pele branca como vermes em pânico.

Enquanto Kai observava, o Mensageiro de repente abriu seu bico em um grito silencioso. Um momento depois, uma torrente de sangue irrompeu dele e se dispersou no vento como névoa vermelha.

Então, a criatura convulsionou uma última vez e perdeu o controle de suas asas. Nem mesmo tentando se corrigir, a terrível abominação mergulhou.

Kai estremeceu e arregalou os olhos, aterrorizado.

…O Mensageiro da Torre estava morto.