Índice de Capítulo

    [Início do volume 2: Demônio da Mudança]


    “Acorde, Sunless! O seu pesadelo…”

    “Cala a boca!”

    Tentando permanecer no abraço feliz do sono, Sunny sibilou entre os dentes e teimosamente fechou os olhos com mais força. Ele estava aquecido e confortável sob o cobertor, em sua própria cama, onde todos os problemas do mundo pareciam menos sérios e terríveis.

    Por um momento houve silêncio.

    ‘Isso é melhor…’

    “Acorde, Sunless! O seu…”

    ‘Droga!’

    Empurrando um braço para fora do cobertor, Sunny invocou uma de suas Memórias. Imediatamente, uma adaga de arremesso triangular em forma de folha apareceu em sua mão, apenas para ser atirada cegamente na fonte da voz irritante. Errando o alvo, a adaga bateu contra a parede de pedra e caiu no chão.

    No entanto, a voz desapareceu.

    Sunny suspirou. Já era tarde demais. Ele estava acordado.

    Ao longe, as ondas começaram a bater contra a muralha da cidade. A noite estava chegando, então era hora de levantar.

    Abrindo os olhos, Sunny sentou-se e olhou ao redor.

    Seu quarto era lindo e espaçoso. As paredes de pedra eram gravadas com padrões intrincados, criando uma atmosfera de santidade e elegância. A mobília era feita de madeira polida clara, com várias peças separadas que Sunny havia catado de diferentes lugares.

    O quarto não tinha janelas, no entanto, havia fontes de luz habilmente escondidas aqui e ali. Infelizmente, o engenhoso sistema de refletores que deveria banhar a câmara escondida com luz solar foi destruído há muito tempo, deixando apenas escuridão lá dentro.

    Sunny não se importou. Na verdade, essa era uma das características de seu covil secreto que ele mais gostava.

    A escuridão era sua melhor amiga.

    Bocejando, ele se levantou e esfregou o rosto para afastar os últimos resquícios de sono. Seu cabelo longo e sujo estava atrapalhando, então ele o colocou para trás.

    “Vamos fazer o café da manhã.”

    Mas primeiro as coisas mais importantes…

    Sunny moveu sua mão, puxando a corda invisível que conectava seu pulso no fim do punhal da adaga, em forma de anel. A adaga de arremesso saltou no ar e pousou em sua palma. Esse era um truque que Sunny levou um bom tempo para dominar: no começo, ele quase perdeu alguns dedos enquanto tentava aprender a controlar a lâmina voadora.

    Caminhando até uma parede vazia de gravuras, ele usou a adaga para riscar uma pequena linha na pedra. Ao redor dela, havia dezenas e dezenas de linhas semelhantes, agrupadas ordenadamente em conjuntos de cinco.

    Já fazia quatro meses que Sunny chegara àquela cidade repugnante e esquecida por Deus.

    Muitas coisas aconteceram durante esse tempo.


    A visão de Cassie se revelou verdadeira. Bem no oeste, eles de fato encontraram uma cidade vasta e em ruínas, cercada por muros altos, com monstros vagando por suas ruas estreitas. E no centro da cidade, havia uma colina com um castelo magnífico em seu topo.

    Milagrosamente, o castelo estava cheio de pessoas. No entanto, elas não eram Despertas, como os três esperavam. Em vez disso, elas eram, cada uma delas, meros Adormecidos.

    Porque não havia nenhum Portal no castelo.

    Centenas de humanos — aqueles que conseguiram sobreviver ao letal cenário infernal da Costa Esquecida devido à sua força ou sorte — estavam presos lá sem esperança de retornar ao mundo real. Não era nada além de um cemitério de esperança.

    Lembrando de seus primeiros dias no castelo, Sunny não conseguiu evitar rir alto. Oh, que tolo ele tinha sido. Tão cheio de esperança e fé recém-descoberta na humanidade… onde está essa fé agora, hein?

    Rindo histericamente, ele se abaixou e deu um tapa nos joelhos.

    “Ah, que engraçado! Essa foi boa, Sunny. O que você acha disso, hein, amigão?”

    A sombra não respondeu, encarando-o com reprovação. Seu silêncio só fez Sunny rir mais alto. Ele simplesmente não conseguia parar.

    Para ser honesto, ele tinha ficado um pouco louco há algum tempo. Provavelmente por volta da terceira semana vivendo sozinho na cidade. Ele estava mais ou menos bem depois de deixar o castelo devido àquela infeliz briga com… bem, não importava.

    O ponto era que em sua terceira semana, aquele maldito cavaleiro bastardo quase o estripou, deixando Sunny sem escolha a não ser rastejar para longe enquanto usava suas próprias mãos para impedir que seus intestinos caíssem. Depois de encontrar seu caminho para uma vala isolada e ficar deitado lá por alguns dias, fraco demais para se mover e simplesmente esperando para morrer, sem uma alma por perto para ajudá-lo, Sunny não era mais o mesmo.

    ‘Bons tempos…’

    De qualquer forma, ele sobreviveu.

    Dispensando a adaga, Sunny caminhou até uma mesa que ele havia recuperado das ruínas de uma biblioteca e olhou para a pedra cinza que estava no centro dela. 

    Não importa como você olhasse, era apenas uma pedra comum. No entanto, assim que o olhar de Sunny caiu sobre ela, a pedra falou:

    “Acorde, Sunless! O seu pesadelo acabou!”

    Aquela pedra era, de fato, uma de suas Memórias mais valiosas. Em todos os sentidos, exceto um, era de fato apenas uma pedra… o que já era útil o suficiente. Havia muitas coisas que alguém tão desonesto quanto Sunny poderia realizar com a ajuda de uma pedra. No entanto, esta pedra em particular também era capaz de repetir sons diferentes, o que a tornava simplesmente inestimável. 1

    Agora mesmo, ela estava repetindo a voz do próprio Sunny.

    “Acorde…”

    “Sua coisa maldita!”

    Lutando contra o desejo irracional de transformar a Pedra Papagaio em pó, Sunny a dispensou e removeu um pedaço de pano da mesa. Abaixo dele, algumas tiras de carne de monstro estavam em uma bandeja de prata.

    Ele havia caçado esse monstro sozinho, o que não era uma tarefa fácil nesta região. Na verdade, até onde Sunny sabia, ele era uma das poucas pessoas capazes de caçar na cidade sozinho. A razão para isso era que a maioria das Criaturas do Pesadelo que a povoavam eram da categoria Caída, com apenas um punhado de criaturas mais fracas se escondendo aqui e ali.

    Ninguém era louco o suficiente para caçar os Monstros Caídos. Em vez disso, grandes grupos de caça usavam guias experientes para evitar essas criaturas poderosas enquanto procuravam por presas mais fáceis.

    Mas para Sunny, matar Monstros Despertos perdidos era comparativamente fácil. Ele caçava à noite, usando sombras profundas para se tornar nada menos que invisível. Se ele não quisesse lutar contra uma abominação Caída, ele não precisava.

    Na maior parte das vezes…

    De qualquer forma, ele nunca passou fome.

    Sunny sorriu e disse num tom profundamente satisfeito:

    “Ah, como a vida é boa…”

    1. KKKKKKK essa pedra é do caralho, sem spoilers[]

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