Capítulo 2 – Breve Passeada
— Quando a gente chegar no acampamento, a gente pode conversar sobre algumas coisas que você esqueceu, daí eu te dou um contexto sobre o que está acontecendo no mundo. Tudo bem?
Niko teve uma curiosidade gigante em relação à Evellyn. Ele a observou por mais da metade do caminho sem falar nada, quase que a deixando desconfortável por isso. Olhando mais atentamente, Niko percebeu algo ao lado do rosto da garota.
— Suas orelhas, elas são pontudas.
Claro que ele havia visto muito mais diferenças físicas entre os dois, mas nenhuma chamou tanta sua atenção quanto aquele formato estranho de orelhas. O garoto não conseguiu guardar esse detalhe que havia percebido para si mesmo, decidindo por falar ela em voz alta, com a esperança de que Evellyn pudesse explicar o porquê tinha aqueles tipos de orelhas.
— É porque eu sou uma elfa. Uma raça dentre várias raças da sapienidade. Basicamente, eu só ganho essas orelhas estranhas e umas centenas de anos a mais do que outros seres, mantendo uma aparência jovem.
Niko teve uma dúvida ao ouvir essa resposta: “Quantos anos ela tem?”. Já que mantinha uma aparência jovem mesmo com centenas de anos, ela poderia ser muito mais velha do que Niko imaginava.
— Evellyn, quantos anos você tem?
— Eu tenho vinte e quatro.
— Ah. — sussurrou o garoto ao vento, pelo constrangimento de ter se enganado por uma diferença de no mínimo cem anos.
Como uma forma de continuar a conversa, não ficando um silêncio constrangedor no ar, Niko pensou em uma pergunta que poderia dar alguma resposta de onde veio.
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— Qual é a minha raça?
— Você é um albocerno. Eu não sei muito sobre sua raça, você é o primeiro albocerno que eu vi, inclusive. Geralmente, vocês ficam vivendo no norte. Eu não sei o que você está fazendo aqui no sul e acho que nem você sabe também.
— Entendi… E o que é sapienidade?
— É o nome para se referir aos seres conscientes. Antes, o termo era “humanos e não humanos”, mas isso colocava um protagonismo muito grande para os humanos, então alguns seres não humanos não gostavam tanto desse termo, inclusive eu. Mas depois de algumas centenas de anos, mudou. Elfos, albocernos, humanos, fadas, híbridos, orcs, todos são sapiens.
— E como são essas outras raças além dos elfos e albocernos?
— Bem… os humanos são iguais a mim, só que sem as orelhas pontudas. Eles são maioria no mundo, então você vai encontrar vários em qualquer lugar que for. As fadas são pessoas baixinhas que têm asas e conseguem voar, os híbridos são metade animal e metade sapien, os orcs têm a pele verde, são grandes e fortes. Também tem os gigantes, que… são gigantes, sereias e tritões, que são pessoas com cauda de peixe, anões, que são baixinhos, e os demônios… que são seres desgraçados com chifres e olhos de cabra.
Evellyn estava falando todas as raças de maneira levemente entusiasmada e didática, porém, quando foi falar dos “demônios”, ela de repente ficou séria e pareceu estar de certa forma irritada, além de ter chamado aquela raça de “desgraçada”. Niko obviamente percebeu isso, ficando com curiosidade da resposta de Evellyn.
— Por que você chamou os demônios de “desgraçados”, Evellyn?
— Porque eles são seres bárbaros que destroem tudo que tocam. Deram início à Era das Almas, matando milhares de pessoas, além de matarem pessoas em seus rituais. — Evellyn deu um suspiro — Odeio os demônios.
Niko queria continuar conversando sobre raças e o mundo com Evellyn, porém, ele sentiu que não era um bom momento para falar, já que a garota havia ficado irritada só de pensar nos demônios, então resolveu deixar o silêncio tomar conta do ambiente.
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Outra dúvida surgiu na cabeça de Niko. Ele não entendeu o porquê da moça, que não conhecia nem há vinte minutos, estar o chamando para um lugar confortável, que aquecesse seu braço, além de oferecer ajuda sobre algumas coisas que perdeu a memória, afinal, ele poderia ser um assassino ou oportunista, que assim que Evellyn terminasse de caçar o lufador, daria um golpe em sua cabeça que a faria perder a consciência, ou até mesmo matá-la, assim vendendo o animal para outra pessoa. Niko não aguentou segurar a curiosidade para si próprio e então perguntou a Evellyn.
— Por que você está fazendo isso?
— Uhm? fazendo o que?
— Me ajudando.
— Porque eu quero. — disse ela, entre um tom de genuinidade e apenas brincadeira.
— Eu estou falando sério. Por que você está me ajudando?
— Eu poderia responder a mesma coisa de antes, porque aquela é a verdade, mas eu acho que você não iria aceitar a resposta mesmo assim. Então, eu estou te ajudando porque você me lembra uma pessoa, uma pessoa que estava confusa sobre o mundo e sobre si mesma. Dá para ver isso em seus olhos, você tem os olhos iguais àquele pessoa.
A resposta de Evellyn fez Niko se calar instantaneamente e o silêncio tomou novamente conta do ambiente. Como ela disse, Niko aceitou bem a resposta, além de deixá-lo pensativo, ele ficou se questionando quem era aquela pessoa que Evellyn conhecia. Até pensou em perguntar a ela quem seria essa tal pessoa e sobre o que ela tinha passado, mas desistiu, pois teve a sensação de que isso não era algo que devia saber.
Ao mesmo tempo que Niko estava pensativo, estava mais tranquilo sobre a situação, porque não era a primeira vez que a moça passava por isso, então ela tinha uma noção do que fazer.
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