Capítulo 8 – A Capital
Passado um tempo, em meio às árvores e à neve, era possível ver algumas casas que, ao passar de minuto em minuto, dobravam de quantidade, até começarem a aparecer prédios de até seis andares e, quando menos percebeu, Niko estava no meio de uma movimentada estrada, onde cavalos, carroças e carruagens podiam ser vistas.
Veículos sendo puxados por diversos animais, cavalos, lagartos gigantes e até mesmo grandes lobos. Onde olhava, havia aqueles prédios de arquitetura gótica e clássica, com tons claros e vermelhos, com detalhes menores em azul em algumas construções. Alguns prédios eram escuros e outros eram feitos de madeira. Sem contar as árvores na calçada que pareciam formar um muro vivo, dividindo os pedestres dos veículos.
Na rua em que estavam passando no momento, havia uma sequência de bandeiras com linhas horizontais pretas, amarelas e brancas, respectivamente. Havia uma linha vertical amarela no centro, com um brasão de armas com três corvos pousados em uma tábua de madeira e metal. “Deve ser a bandeira do país”, pensou Niko, enquanto estava impressionado com a beleza da cidade.
Os dois então chegaram a uma avenida ao lado de um grande rio à direita, com alguns pedaços de gelo flutuando sobre as águas e algumas pontes conectando as duas partes da cidade. O rio era tão largo que com certeza chegava próximo de um quilômetro de largura.
— O que está achando de Velikdorf, Niko?
— Essa cidade é muito bonita.
— Se achou isso bonito olha a sua direita.
No instante em que os olhos de Niko viraram ao lado oposto ao que estavam, imediatamente suas íris se dilataram e ele abriu sua boca em uma emoção de surpresa. Era o castelo da cidade, ele estava em uma pequena ilha no meio do grande lago e coberto de neve.
Era um castelo gótico clássico completamente monocromático, principalmente com tons escuros. Uma construção absolutamente colossal, no total tinha treze torres pontiagudas no centro, uma central que parecia se estender por mais de duzentos metros de altura, enquanto outras quatro com a metade de seu tamanho, coladas à torre central e consequentemente às últimas oito torres, faziam o mesmo que as anteriores. O castelo era rodeado por uma muralha com algumas torres de vigilância.
Atrás dele havia um grande domo de vidro fosco e escuro, segurado por dezenas de pilares e uma pequena torre no centro. A construção tinha muitas vidraças coloridas, em tons de lilás, azul, vermelho e verde, formando desenhos geométricos.
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Gárgulas e estátuas estavam espalhadas pelo castelo, segurando armas e ferramentas, detalhes que se assemelham a um teto de caverna, várias partes pontiagudas, telhados inclinados, bandeiras por todo lado e tantos mais detalhes que seria quase impossível descrever todos eles, graças à complexidade e grandeza daquele lugar magnífico.
Niko já estava impressionado com a capital, mas aquilo o fez se apaixonar de verdade por ela. Sua expectativa pela cidade havia sido superada e não só isso, como ele queria visitar todos os pontos que pudesse, queria aproveitar ao máximo aquele lugar e ver todo o conteúdo que ele oferecia.
— Então, o que achou?
— É incrível. Aquele castelo é incrível. Eu amei essa cidade.
— Sabia que você iria gostar. Certo, agora a gente tem que ir para o museu de ciências.
— Para o quê?
— Para entregar a carga, é claro. Só preciso fazer uma coisinha primeiro.
Dado um tempo, Evellyn estava em uma “cabine telefônica”, isso era o escrito em cima da cabine de metal e vidro pelo menos. Niko estava na carroça, enquanto se perguntava se Evellyn iria entregar o lufador para o museu ou se o museu era somente um ponto de encontro, mas essa dúvida acabou não tendo uma resposta porque Niko não perguntou isso a Evellyn.
Vários minutos haviam se passado, Niko e Evellyn estavam em uma rua com uma praça ao lado, enfeitada de árvores com neve, bancos e algumas pessoas caminhando. Dentro da praça, havia uma grande e larga construção vazia, de cor creme, vidraças azuis, pilastras enormes e detalhes clássicos, uma construção que se destacava dos demais prédios e comércios que havia na região. Aquele com certeza era o museu de ciências de Velikdorf.
Evellyn entrou com a carroça na praça, parando atrás do museu, onde um homem elegante de cabelos loiros com um grande carrinho de bagagem aguardava. Indo em direção à carroça no momento em que ela parou.
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— Esse museu está em reforma, daí me contrataram para ter um lufador empalhado em exibição.
Evellyn saiu da carroça e foi em direção a sua traseira.
— Você vem ou vai ficar parado aí?
— Ah, eu vou com você sim.
Niko pensou que ele não poderia ir com Evellyn, eram negócios dela e ele poderia estragar tudo sem querer, afinal aquilo não era de sua conta. Mas esse pensamento de Niko havia sido esmagado com o convite de Evellyn. O homem de antes parou atrás da carroça, ficando na frente de Evellyn e Niko.
— Você foi bem rápida. Em apenas três dias, já voltou. Acho que me enganei um pouco sobre você. — disse o homem elegante.
Era um homem de mais ou menos quarenta anos, vestia um sobretudo longo e preto, com camisa social branca e gravata também preta, além de botas de couro escuro. Ele parecia ser alguém da alta sociedade, da elite.
— Isso só aconteceu por conta desse carinha chifrudo aqui. Ele que encontrou o lufador.
Ao ouvir que Evellyn teve ajuda do garoto ao seu lado, o homem ficou com uma expressão de surpresa, tendo um interesse enorme sobre Niko.
— Você estava com a Evellyn também? Acho que devo parte dos agradecimentos a você também. Muito prazer, meu nome é Louis, sou o dono deste grande museu.
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O homem esticou a mão esquerda para cumprimentar Niko, que pareceu não entender muito bem aquele gesto. Não compreendendo direito o que era para fazer, Niko também esticou a mão esquerda, imitando. Quando as mãos se aproximaram, o aperto aconteceu, com Louis dando uma leve e elegante sacudida. Niko estava com a mão relaxada enquanto o homem com a mão firme e, mesmo não podendo ler sua mente, ele estava claramente decepcionado. Quando Niko percebeu a reação de Louis, ficou envergonhado e olhou para baixo.
— P-prazer, pode me chamar de Niko.
Depois dessa desconfortável apresentação, o aperto de mão que durou cinco segundos, parecendo durar algumas horas na perspectiva de Niko, foi desfeito. O homem então olhou para Evellyn.
— Posso dar uma olhada na carga?
— É claro.
Evellyn então abriu o zíper que fechava a parte de trás da carroça e mostrou o cadáver do animal ao homem, que quando o olhou ficou com uma cara de nojo, frustração e estresse, com a boca aberta. Mesmo com aquela expressão facial, o homem não perdeu a postura refinada.
— O que é isso?
— É o resultado de três dias de trabalho e uma batalha épica!
Evellyn estava em uma pose em que colocava os punhos no quadril, tão orgulhosa do resultado que teve no trabalho que não percebeu que a fala de Louis se tratava de uma reclamação. Ao ouvir a elfa despreocupada, o homem deu um grande suspiro e começou a examinar o animal.
— Esse animal está com muitos danos. Ele tem dois buracos gigantes nas costas, a cabeça dele está quase arrancada e ainda por cima o rosto dele está em carne viva. Eu vou ter que descontar quarenta por cento de seu pagamento para tratar dos danos da mercadoria.
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A garota, que antes estava orgulhosa, de repente ficou incrédula e aborrecida, saiu de sua pose e começou uma discussão com seu contratante.
— O quê?! Quarenta por cento?! Isso não é justo! Eu trouxe o que você pediu e eu mereço o pagamento completo! Sem contar que eu nem sabia que, dependendo do estado do lufador, eu perdia o valor dele. — disse a mercenária enquanto estava cruzando os braços, avaliando Louis com uma expressão suspeita.
— Como assim você não sabia? Isso estava literalmente na primeira página do contrato!
— Se eu não vi, então eu não sabia da regra, logo, isso não valeu e eu mereço ganhar o pagamento completo.
— Não é assim que isso funciona!
Antes, o homem elegante que sempre mantinha sua postura como se estivesse no controle havia caído ao ser confrontado por Evellyn. Os dois estavam trocando palavras para o ar como se fossem duas crianças mimadas. Enquanto isso, Niko somente observava a discussão enquanto se perguntava: “Será que eu devia fazer algo? …Melhor não, não quero estragar a conversa deles”
— Você é tão pobre assim a ponto de oitocentos Yzakels fazerem alguma diferença para você?
No instante em que Louis ouviu essas palavras, ele instantaneamente se espantou. Ele já havia sido xingado de muitas coisas durante toda sua vida, mas nunca de “pobre”, aquilo o deixou extremamente aflito, não só por ferir seu ego, mas também por potencialmente arruinar sua reputação. Louis viu a imagem de pessoas de seu círculo social e de negócios chamando-o de plebeu e miserável por apenas míseros oitocentos Yzakels o fazer perder a postura refinada que sempre devia manter, não importando o que acontecesse.
Percebendo a instabilidade emocional do homem, Evellyn abriu um sorriso, o mesmo sorriso maligno de sempre quando vê uma oportunidade de ganhar dinheiro fácil.
— Ora, acho que você está realmente quebrado, né? Essa reforma deve estar sendo tããão cara, não é? Se quiser, pode ficar com todo o meu pagamento, você parece precisar mais dele do que eu. Pode ficar, eu não me importo em ajudar quem passa por dificuldades. — disse a elfa maligna, fazendo gestos dramáticos e falando de um jeito irônico intencionalmente irritante.
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— E-eu não estou quebrado! Oitocentos Yzakels para mim não fazem diferença nenhuma! Então, pode ficar com os dois mil mesmo. Não. Quer saber? Toma mais quinhentos só porque você precisa de mais dinheiro do que eu, plebe.
Louis tirou de seu sobretudo um maço de papéis desenhados, eles tinham as cores em preto e dourado, parecendo até mesmo serem feitos de ouro de verdade, entregando a Evellyn, que pegou imediatamente as cédulas.
— Muito obrigada! Amei fazer negócios com você! Se precisar de novo do meu serviço, é só me ligar.
Evellyn, antes irônica, mudou de emoção instantaneamente quando viu o dinheiro. Agora estava com tanta felicidade que parecia transbordar de seu sorriso aberto.
— Niko, coloca o lufador no carrinho, por favor.
— Ah, sim, sim, claro.
Durante a discussão, Niko ficou perdido em seus pensamentos, mas, assim que Evellyn o chamou, voltou à realidade. Ele então colocou uma de suas facas no carrinho de carga gigante e usou seu portal para mandar o cadáver do animal para o carrinho sem dificuldades. Louis, que a princípio ficou confuso pela ação do garoto colocar uma faca em seu carrinho aparentemente sem motivo, ficou surpreso quando o animal simplesmente surgiu no carrinho.
— Incrível! Garoto, você é um independente? Você pode ser útil para mim no futuro, estaria interessado em fazer alguns trabalhos para mim? Tem algum contato que eu possa te chamar?
— Quando eu precisar, eu posso fazer alguns trabalhos para você. Se quiser me chamar, é só ligar para a Evellyn.
Louis olhou para Evellyn, que fez um sinal de atender um telefone com as mãos enquanto ficava com um olho fechado e um pouco da língua de fora. O homem respondeu a esse sinal com um olhar de desgosto.
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— Ah, certo, tudo bem. Obrigado pelo serviço e tenham um bom dia.
— Tenha um bom dia também, senhor. — disse Niko, tentando ser educado enquanto voltava para a carroça com Evellyn.
Sentados novamente no veículo, a garota estava passando algumas notas entre suas mãos, parecendo contá-las. Enquanto isso, Niko aguardava Evellyn terminar o que estivesse fazendo.
— Eeeee aqui, Niko.
Evellyn esticou a mão com algumas notas de vinte, cinquenta e até mesmo cem Yzakels para Niko. A garota estava dando todo aquele dinheiro para o garoto, que nem tinha noção do valor daquilo.
Quando Niko pegou as notas, observou instantaneamente a nota de cem com bastante interesse. Ela era feita de linhas pretas, com o fundo dourado. A cédula tinha um retrato de um homem jovem à direita, de cabelos e olhos claros, o número cem junto de “Yzakeл” embaixo, escrito nas partes inferior esquerda e superior direita um selo. Ao lado esquerdo, na vertical, a frase “Kzayn iz Фranëll” escrita, em um fundo extremamente bem detalhado do que parecia ser um desenho do castelo de Velikdorf, junto de vários outros detalhes presentes na nota.
— Por quê você me deu isso, Evellyn?
— Você me ajudou a caçar o lufador. Nada mais justo do que ganhar uma recompensa por isso.
Niko ficou verdadeiramente agradecido pela recompensa que a garota lhe deu, o que o fez dar um leve sorriso. Graças a ela, Niko conseguiu ganhar um bom dinheiro, que nem pensava receber. Para ele, Evellyn ficaria com todo o dinheiro só para ela. Mais uma vez, Niko se enganou sobre o caráter da elfa mercenária.
— Obrigado, Evellyn.
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— De nada, moleque. Enfim, bora lá, a gente tem algumas coisas para fazer hoje.
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