Capítulo 5 - A Caçada
Estava anoitecendo, então Niko usou a lanterna que tinha. Como o lufador era praticamente cego, não havia riscos de ser atraído pela luz da lanterna, então era seguro. Olhando melhor o objeto, tinha um botão que abria e fechava a lente, mas dava para perceber que, mesmo fechada, havia um pouco de luz saindo das juntas da lente, como se tivesse algum objeto brilhante na parte interna da ferramenta, talvez uma pedra ou minério, e a parte externa fosse somente uma proteção e um mecanismo de desligar e ligar.
Com isso, lembrou-se da fala de Evellyn, “eles são bem difíceis de encontrar, ao menos se não quiser que eles te encontrem primeiro”.
— Será que é seguro continuar andando assim como estou? Não só seguro, como seria melhor se procurasse o lufador de outro jeito? Afinal, o animal pode me encontrar primeiro, seja por cheiro ou barulho, e se isso acontecesse, eu estaria em desvantagem e poderia até morrer. — questionou Niko para si enquanto olhava para cima, até que teve uma ideia.
Se locomovendo de árvore em árvore, Niko usava seu portal à procura do lufador, usando os galhos grossos das árvores como apoio. Essa ideia foi bem eficiente, assim ele poderia ter mais chances de encontrar o animal, já que tinha uma visão privilegiada de cima das árvores.
— Eu estou há horas procurando esse bicho. Quando ele vai aparecer? — disse Niko enquanto arremessava sua faca para outra árvore, relativamente perto dele. — Acho que eu vou já volt-
Um grande rugido, seguido de um estrondo monstruoso, cortou sua fala. Niko sentiu o coração disparar e as íris contraírem, engoliu seco, se desequilibrando, quase caindo de onde estava, enquanto observava a árvore em que tinha arremessado a faca se despedaçar ao meio, jogando pedaços de madeira ao ar e fazendo com que ela caísse logo em seguida. A árvore havia sido destruída absolutamente do nada.
Niko estava confuso devido ao susto repentino, mas depois de alguns segundos retomou a consciência, com a respiração mais acelerada e suando frio. “Com certeza, aquilo foi um lufador”, pensou ele. O garoto, portanto, guardou sua lanterna, segurou o rifle com as duas mãos em posição de atirador, olhou do lado de onde os destroços da árvore voaram e se posicionou, procurando pelo causador da queda da árvore.
Mesmo Niko não estando com uma fonte de luz, conseguiu enxergar muito bem no escuro depois do susto. Assim, um animal grande branco de oito patas foi avistado pelo albocerno, era um lufador.
Niko deu um grande suspiro ao olhar aquele monstro. Mesmo pensando estar preparado para aquilo, não conseguia parar de tremer, uma mistura de medo, frio, ansiedade, todos esses elementos combinados traziam um sentimento enervante a Niko, que estava próximo de completar sua tarefa. Bastava um tiro na cabeça e o animal cairia no chão sem vida.
Ele, mesmo tremendo, posicionou seu olho no visor da arma e mirou na cabeça do monstro. O ser de chifres ficou relutante em atirar, tanto por medo de errar o disparo quanto por matar um animal por praticamente nada. Ele não mataria o animal para se alimentar dele, ou em autodefesa, então não faria sentido tirar a vida de um ser que não fez absolutamente nada para nada. Ele nem sabia o que era vida direito, então contemplar a morte com certeza não o agradaria. Esse pensamento fez Niko hesitar o tiro, tirando a mira da cabeça do animal.
O lufador então expeliu um pouco de ar pela boca e, de repente, se virou na posição de Niko, soltando um rugido feroz. Pelo susto, Nko atirou sem querer, com o projétil atingindo a pata dianteira do animal, fazendo escorrer bastante sangue. Um rugido imenso foi ouvido por Niko, junto de um som de ar sendo aspirado em alta velocidade.
— Esse som…
“Quando um lufador está prestes a soltar sua rajada de ar, ele começa a sugar todo o ar do ambiente para sua garganta e boca. Então, quando ouvir um som de um aspirador de ar, corre na hora”, lembrou ele das palavras de Evellyn ao ouvir esse som.
Niko, por instinto, se jogou da árvore, em uma queda de alguns metros, batendo de galho em galho e depois caindo de costas no chão, se separando de seu rifle. No mesmo instante, um rugido, seguido de um estrondo, e som de madeira se rachando ecoou pelo ambiente. Niko havia se salvado por um triz.
O peito e as costas de Niko doíam, mas nada que não o impedisse de se levantar e começar uma briga com o animal pela sobrevivência. Assim o fez, Niko se levantou, pegou seu rifle e mirou em direção ao lufador, que, nessa altura, já estava preparado para outra rajada.
Percebendo que não foi rápido o suficiente, Niko pulou desesperadamente para sua esquerda, buscando desviar do ataque. Mais uma vez, Niko se salvou por pouco. A rajada de ar quase o atingiu.
O garoto estava no chão, mesmo assim mirou em direção ao animal e, quando foi puxar o gatilho…
“Droga!”, Niko estava tão aflito que nem conseguiu falar. O cano do rifle estava obliterado. Ele não era um especialista em armas de fogo, mas sabia que com certeza não era seguro atirar com um rifle sem seu cano, isso poderia fazer a bala ir em uma direção em que não estava esperando ou até mesmo causar danos a ele.
Enquanto Niko estava pensando em alguma forma de atacar o monstro que estava na sua frente, aquele som de ar sendo aspirado novamente cobriu o local. Em uma tentativa desesperada de sobrevivência, arremessou uma de suas facas para seu lado direito com toda a força que tinha, usando logo em seguida seu portal, cambalhotando logo depois. Uma rajada de ar enorme foi na direção em que Niko estaria caso não fosse rápido o bastante.
Niko logo se levantou e começou a correr entre as árvores em volta do monstro com o máximo de esforço que suas pernas aguentavam. Mesmo com elas doendo pela queda mais cedo, o ser de chifres não mancava ou desacelerava seu passo.
O lufador ouviu os passos de Niko sobre a neve e, ao invés de usar sua rajada de vento igual às outras três vezes, ele decidiu fazer uma abordagem mais agressiva, correndo em direção à sua presa. A cada segundo que se passava, o animal chegava mais e mais perto de Niko, sendo muito mais rápido que o mesmo. Quando ele percebeu, o lufador estava atrás dele, muito próximo, quase o pegando.
Um frio na espinha de Niko surgiu. Aquele monstro gigante estava bem atrás dele, mesmo assim continuou a correr, não só isso como esticou sua mão direita, a mão em que o rifle estava, e atirou no animal, um tiro à queima-roupa. Uma explosão foi causada na direção do lufador, que acabou queimando suas patas e peito, deixando sua carne exposta, além de receber o projétil no peito, fazendo-o sangrar e grunhir de dor, parando instantaneamente para se recuperar da ferida causada. Ao contrário do lufador, Niko não havia se machucado nem um pouco, a única consequência do disparo que acabara de fazer foi de sua mão ficar dormente, pela vibração e força da explosão. De repente, Niko desapareceu no meio da fumaça.
Quando o animal se recuperou da explosão, havia perdido Niko de vista. Ele, portanto, soltou um rugido rouco terrível, afetado pelos ferimentos de mais cedo, e começou a procurar pelo ser de chifres. Ele voltou a sentir o cheiro de Niko, mesmo misturado com seu sangue e a fumaça do que sobrou do rifle, seu olfato ainda era incrivelmente apurado. O animal então olhou para a direção em que havia sentido seu cheiro e somente observou Niko caindo rapidamente nele, cravando sua enorme foice em suas costas com a mão direita e segurando seus pelos com a outra.
Novamente, o animal fez o mesmo rugido de antes, agora saindo sangue de sua boca. Num ato de desespero para tirar Niko de suas costas, o lufador começou a se chacoalhar, bater nas árvores e se atirar no chão, mas Niko não saiu do seu corpo. Então, Niko tirou sua foice das costas do animal e começou a ir em direção à sua cabeça com o objetivo de cortar a sua garganta. Quando Niko chegou ao pescoço do lufador, o monstro inesperadamente parou, lançando Niko para frente, se desprendendo do animal.
O animal estava literalmente na sua frente. Niko não pensou em nenhuma possibilidade de como sairia daquela situação. Aquele som, aquele maldito som de ar sendo aspirado novamente, cobriu o local, agora mais alto do que nunca. Aquele parecia um momento em que o tempo não passava, enquanto aquele som de ar sendo aspirado que aumentava exponencialmente de repente parou. “É assim que eu vou morrer?”, pensou ele, o único arrependimento que tinha era de não ter puxado o gatilho naquela hora quando teve a chance. Aquele monstro estava pronto para lançar aquele ataque de novo, aquele maldito ataque, aquele ataque acabaria com sua vida.
Um rugido ecoou na região, seguido de um estrondo, com uma fumaça branca surgindo, cobrindo Niko e a criatura. O garoto não foi atingido pela rajada do lufador, por algum milagre, ele ainda estava vivo, provavelmente, alguma coisa relacionada aquela fumaça foi o que o salvou.
Quando a fumaça branca se dissipou, Niko avistou, bem na sua frente, uma grande parede de gelo grosso e azul. Ela estava levemente rachada e tinha um rastro de gelo que seguia até sua esquerda.
Com uma tentativa de descobrir a origem da camada de gelo que havia salvado sua vida, Niko olhou para sua esquerda. Lá estava uma mulher, de cabelos brancos e penteado curto, junto a cicatrizes na bochecha e na parte inferior do seu olho.
— Evellyn!
— Você quase morreu de novo, hein. Quantas vezes eu vou ter que te salvar?
— O que você está fazendo aqui?
Niko estava surpreso por Evellyn não ter simplesmente o abandonado. Ele estava certo sobre ela, ela não era tão malvada como parecia até algumas horas atrás.
— Eu não podia deixar você sozinho nessa floresta. Vai que você machucasse o dedinho e precisasse de alguém para passar um antisséptico, por isso eu estou aqui.
— Espera um pouco… Você estava me seguindo?
— Estava sim. Qual é o problema? — disse Evellyn com os ombros encolhidos. Ela genuinamente não parecia entender o problema da situação.
— Você sabia que podia só ter ficado do meu lado, né!?
— Sim, mas eu queria saber se você caçava ou lutava bem. E como não dar o melhor de si se sua vida está ameaçada, não é? — respondeu a moça, enquanto fazia uma pose que mostrava o polegar para cima com a mão direita e mantinha a mão na cintura com a mão esquerda, além de fechar um dos olhos e dar um sorriso.
— A sua pose não condiz em nada com o que você acabou de dizer
Mesmo estando feliz em encontrar Evellyn, Niko estava zangado pela garota ter o deixado sozinho por tanto tempo só com o objetivo de “saber se ele caçava ou lutava bem”, quando simplesmente poderia aparecer e ajudar Niko, assim os dois nem estariam nessa situação.
Enquanto estavam conversando, aquele mesmo rugido do lufador foi ouvido do lado deles. Ao ouvir, os dois instantaneamente se viraram para a direção do barulho. O lufador estava correndo na direção dos dois, buscando por uma ofensiva direta. Somente o arranhão seu era capaz de arrancar metade do estômago deles, e um de seus tapas arremessar suas cabeças para longe.
Como uma resposta ao ataque, Evellyn esticou seu braço esquerdo e fincou uma estaca de gelo vinda do chão no peito do animal, não o penetrando tão fundo, mas sendo capaz de prendê-lo e o fazer sangrar.
— Niko, foge daqui agora!
O lufador se preparava para carregar mais um ataque. Evellyn criava outra barreira de gelo com a mesma mão esticada, com a outra pegava uma adaga de seu casaco.
— O quê?
— Pode sair, eu cui-Ah!
Evellyn teve sua fala cortada. O monstro destruiu sua proteção de gelo.
Mesmo não querendo que Niko percebesse, Evellyn estava em desvantagem. Se o garoto saísse agora do local, era capaz dela se machucar gravemente e, se não tivesse tanta sorte, morrer.
Sem contar o sentimento de incômodo que tinha. Evellyn salvou a vida de Niko duas vezes no mesmo dia, enquanto isso, ele nem ao menos conseguiu pagar sua dívida, que a essa altura já aumentou ainda mais. Ele não conseguiu simplesmente fugir, nem pensar nessa possibilidade ele conseguia. Ele falhou na tarefa de Evellyn e não conseguia se conformar com isso, ele não queria aceitar isso, ele não poderia aceitar isso. O garoto não só queria salvar Evellyn mais do que tudo agora, como também queria provar a si e a Evellyn que não era uma falha, que conseguia terminar uma “simples tarefa”.
O ser pálido então correu para longe enquanto Evellyn e o lufador ficavam juntos. Quando Niko saiu do campo de visão de Evellyn, a garota deu um suspiro de alívio.
O lufador agora conseguiu quebrar a estaca de gelo, que ainda estava fincada em seu peito, e agora era Evellyn quem estava no chão e o lufador perto de matá-la com sua habilidade.
Quando o animal estava prestes a obliterar a garota, parou e deu um rugido para trás. Niko havia perfurado novamente sua foice no lufador, que grunhiu de dor. Assim, toda sua atenção foi voltada para o garoto de chifres, que havia sumido das costas do caçador enquanto ele se virava para trás.
Lá estava Niko, parado de frente ao monstro. O lufador soltou sua rajada de ar em direção ao ser de chifres, que somente usou seu portal e apareceu um pouco à direita de onde estava, o que faz o animal rugir de raiva. O lufador lançou de novo sua rajada de ar e novamente Niko apenas usou seu portal, desviando sem nenhum esforço das rajadas de ar, que até um tempo atrás eram fatais a ele.
O animal feroz, mesmo que irracional, percebeu que seus ataques a longa distância não estavam funcionando, então correu em direção a Niko com toda a sua velocidade e o garoto somente utilizou seu portal novamente, aparecendo atrás dele.
— Isso não é tão difícil quando não se está com medo ou tem um plano em mente.
O monstro então rugiu com uma ferocidade maior do que estava antes e se preparou para lançar outra rajada de vento. Dessa vez, o lufador aspirou muito mais ar em sua garganta do que nas últimas vezes. Ele estava realmente irritado.
Quando o animal iria atacar Niko, duas estacas de gelo enormes surgiram do chão, perfurando suas costelas muito profundamente. O animal grunhiu perceptivelmente de uma dor absurda, o que fez Niko chegar até ter um pouco de pena do lufador em sofrimento.
— Deixo para você finalizar ele, tá bem? — disse a elfa.
Niko então lançou sua faca para frente do animal imobilizado e usou seu portal. No instante seguinte, que surgiu na frente daquele monstro em sofrimento, cortou sua garganta. O lufador aos poucos perdeu suas forças, perdeu sua consciência e deu seu último suspiro, fazendo seu espírito sair de seu corpo, assim finalmente descansando em paz, após tanto sofrimento.
Niko estava com a respiração muito pesada, tanto pelo esforço físico que fez durante a caçada, quanto por ser a primeira vez que matou alguma coisa. “Complexo”, essa era a definição ideal do sentimento que Niko estava passando no momento, enquanto olhava o lufador, agora sem vida.
— Você mandou muito bem, cara! Meus parabéns! — comemorou Evellyn enquanto dava um abraço de ombro em Niko, hipnotizado pelo cadáver do animal.
— Qual foi, está animado não? Devia se orgulhar, essa foi tecnicamente sua primeira luta e você já ganhou. Além de que ganhar de um lufador sem ter experiência em combate é um feito e tanto!
Evellyn percebeu que Niko estava estranho, por isso falou aquelas mensagens positivas a ele. Para Evellyn, Niko devia se orgulhar por aquela conquista, porém, Niko não sabia o que devia sentir e o que fazer em seguida.
— Evellyn…
— Uhm? O que é?
— Como foi matar alguma coisa pela primeira vez? Como você se sentiu?
Niko pensou que, se soubesse o que Evellyn fez em seguida quando teve a mesma experiência que acabou de ter, talvez ele iria ficar mais calmo e acabar com aquela inquietação que estava tendo.
— A primeira vez em que eu matei algo? A primeira coisa que eu matei foi um inseto, então eu não liguei muito para aquilo. Agora, se você está falando de animais, a primeira vez que eu matei um animal foi quando eu fui pescar e eu também não senti muita coisa. Então, relaxa, maninho, não fica tão pensativo sobre isso, você não fez nada de errado. — falou a garota, enquanto acariciava rapidamente a cabeça de Niko, que não pareceu se importar tanto, ainda estando hipnotizado pelo cadáver do lufador.
— Ehh, Niko, você precisa mandar a gente de volta para o acampamento.
— Ah sim, desculpa.
Niko encostou em Evellyn e no cadáver do lufador, voltando ao acampamento instantaneamente, agora completamente escuro, porém que estava do mesmo jeito de quando Niko saiu. O garoto pegou sua lanterna, acendendo-a em seguida, para ele e Evellyn enxergarem melhor durante a noite escura.
— Eu não sabia que você tinha isso. Já estava indo pegar a minha lá na carroça. Certo, agora é só colocar esse bicho na carroça e a gente já pode ir para a capital. Quero chegar lá o mais cedo possível e, como é uma viagem de treze horas, bora zarpar!
— Mas a carroça não tem nada que possa puxar ela.
— Hehehe. É por isso que eu trouxe isso comigo! — disse Evellyn de forma animadora, até mais do que devia, enquanto mostrava a Niko um frasco brilhante que acabou de tirar da mochila que estava no chão.
— O que é isso?
— É um frasco de vidro que tem um espírito material de um cavalo. O nome dela é Aguro, é um amorzinho de égua.
— Então tem um espírito de cavalo aí dentro e vai usá-lo?
— É um espírito material. — Evellyn levantou o seu dedo indicador e deu um grande suspiro. — Existem dois tipos de espírito: os materiais e os celestiais. Os materiais, ou artificiais, são “vivos” e estão no plano material. Eles são quase que inteiramente feitos de Alma e são transformados em espíritos artificialmente, não morrendo no processo, por isso sendo considerados “vivos” ainda, mesmo que alguns pesquisadores não concordem com essa definição. Por serem feitos de Alma, têm uma vida bastante longa que pode ser prolongada ainda mais caso sejam alimentados com mais Alma pura. Já os celestiais, ou naturais, são espíritos não vivos que residem no plano celestial e não podem atravessar o plano material. Os espíritos celestiais nascem sempre quando qualquer ser vivo morre. — após a explicação, a garota respirou pesadamente, graças à perda de fôlego.
— Entendi.
— Eu falei tudo isso para você, e recebo isso de resposta? Estou indignada. De qualquer jeito, vamos já indo, a gente tem uma longa estrada pela frente.
Evellyn abriu o frasco de vidro, saindo dele uma esfera brilhante, igual à que Niko imaginou quando foi usar sua Alma pela primeira vez. A esfera brilhante então se transformou em um cavalo de raça frísio, quase que transparente, apenas possuindo um contorno pouco brilhante da sua aparência e nas suas pernas uma névoa branca e espessa.
— Senti saudade de você, garota. Você também sentiu saudades de mim? — disse a elfa enquanto arriscava o animal. Ela parecia ter um forte vínculo com aquela égua fantasma.
— Niko, consegue colocar o lufador na carroça, por favor?
— Claro.
Niko realizou o pedido de Evellyn. Ele colocou uma de suas facas na parte traseira da carroça, onde ficava um compartimento grande, o lugar onde o cadáver do lufador iria ficar, encostou no animal, mandando-o para a carroça, balançando um pouco, mas se estabilizando depois.
— Nossa, a gente destruiu esse bicho mesmo. Ainda bem que meu contratante não disse nada sobre “trazer o lufador no melhor estado possível”, se não, com certeza a gente iria ter uma perda na hora do pagamento.
Evellyn então andou na direção da parte dianteira da carroça, se sentando em um banco de madeira conectado ao veículo.
— Barraca guardada e mochila pega. É isso, Niko, vambora! — disse ela enquanto batia de leve à direita do banco, como forma de dizer a Niko para sentar ao seu lado.
Niko sentou-se ao lado de Evellyn. O banco não era muito confortável, mas era o esperado, levando em conta seu material. Evellyn acendeu uma grande lanterna que estava conectada ao veículo, o que fez Niko desligar a sua lanterna de mão.
— Próxima parada: Velikdorf. Ah, que é o nome da capital de Franell.
Após isso, a dupla seguiu em frente, pegando um caminho que levava à estrada que Niko caminhou mais cedo, em direção à capital.
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