Capítulo 48 - A Tempestade
O vento cortava nos túneis estreitos conforme Brigitte corria, seus rápidos passos ecoavam pelo labirinto subterrâneo como um motor a vapor. A lanterna que tinha recebido de Niko antes agitava-se em sua mão na medida em que seu coração acelerava, lançando sombras frenéticas pelas paredes de pedra.
Já fazia um tempo desde que havia se separado de Evellyn e Niko. Ela não sabia exatamente quanto, mas algo em seu instinto dizia que já estava longe o bastante. Afinal, correr próximo da velocidade do som, mesmo que se passassem somente alguns segundos, já faria com que uma pessoa normal demorasse horas para chegar onde Brigitte estava.
A mina se dividia em múltiplos caminhos, alguns estreitos demais até mesmo para alguém de sua agilidade. A cada curva, a cada bifurcação, seu corpo se movia por instinto enquanto seus olhos avaliavam as estruturas podres e os trilhos enferrujados.
Foi então que viu algo estranho à sua frente. Uma escada. Brigitte parou na hora, fazendo parte da poeira deslizar para frente. Ela acabou parando um pouquinho depois do que queria, tendo que dar alguns passos para trás.
Chegando ao ponto de interesse, seus olhos brilharam com curiosidade. Aquilo não era como o restante da mina. A madeira da escada parecia ser estranhamente nova. Acima, havia algo mais intrigante ainda: um alçapão, de madeira igualmente nova, com dobradiças de ferro sem ferrugem. Isso definitivamente não pertencia originalmente ao complexo abandonado em que estava.
Ela esticou o braço na escada, passando a mão ao redor da madeira, testando sua força. A garota fez uma força para baixo e nada aconteceu, o material era bem resistente, além de que não havia poeira sobre ele, reforçando ainda mais a ideia de que aquilo era algo construído recentemente. Desse jeito, Brigitte posicionou sua outra mão e pernas para a escada, subindo em seguida.
A garota empurrou o alçapão com força, sentindo a madeira mover-se com um rangido abafado. Subiu de um salto, saindo das sombras subterrâneas e emergindo em algo completamente diferente. Uma floresta, semelhante à que estava patrulhando horas atrás.
As folhas balançavam suavemente ao seu redor, movidas pelo vento da noite. A lua, parcialmente escondida pelas nuvens e folhas das árvores, lançava um brilho pálido sobre a face de Brigitte. O cheiro da terra molhada e das plantas surgiu em seus pulmões assim que subiu para o chão coberto de folhas.
Ela saiu da moita onde estava escondido o alçapão e olhou ao redor. A transição do subsolo claustrofóbico para o espaço aberto da floresta deveria ser reconfortante para uma amante da natureza como ela, mas não foi.
Algo estava errado. A sensação veio antes da visão. Uma presença. Alguém a esperava ali. Brigitte se virou rapidamente, pegando a lança prateada de suas costas e preparando-se para o combate.
A mulher estava a poucos metros de distância de pé, limpando as unhas com uma faca, não olhando para Brigitte em nenhum momento, mesmo sabendo de sua presença ali, somente estando concentrada em sua atividade no momento.
Ela estava vestindo roupas escuras, ajustadas com detalhes em vermelho, sem excesso de tecidos que atrapalhassem os movimentos. Uma máscara branca cobria seu rosto, mas não era sem expressão, havia quatro estreitos e angulares olhos, possuía pequenos chifres sobre o capuz e a boca da máscara exibia um sorriso dentado ameaçador.
O silêncio não se estendeu por mais de um segundo. Brigitte engoliu seco e apertou as mãos na arma branca.
— Quem diabos é você?
A mulher não fez nenhum movimento brusco, apenas elevou a faca para cima, fazendo suas grandes unhas pretas darem um pequeno estalo.
— Alguém que esperava ver outra pessoa saindo desse alçapão. — a estranha finalmente fez algo além de cuidar das unhas. Virou seus olhos em direção a Brigitte. — Por acaso viu um cara baixinho com longos chifres de cervo passando por aqui?
Mesmo com a abordagem que não esperava, Brigitte não deixou a guarda aberta, pelo contrário, ficou ainda mais atenta em relação àquela mulher. Algo falava dentro de si que aquilo não iria acabar bem.
— Está falando do Niko?
A mulher girou a faca entre os dedos, como se estivesse entediada.
— Então você o conhece. Ótimo. Isso facilita as coisas.
Naquele momento, Brigitte reconheceu a pessoa em sua frente como sua inimiga. A garota manteve os olhos fixos nela. Algo naquela mulher era diferente de qualquer oponente que já enfrentou, não somente por ser sua primeira oponente de verdade, logo, naturalmente seria alguém diferente, mas também e especialmente pela forma como ela falava e agia, como se já tivesse vencido antes mesmo da luta começar. Uma atitude arrogante.
— E por que você está procurando ele? — perguntou Brigitte, posicionando a lança para trás, preparando-se para atacar a qualquer momento.
A estranha deu um pequeno suspiro e deu um passo em direção a Brigitte. A garota sentiu o impulso de atacar ali mesmo, mas se conteve. “Ainda não”.
— Não posso te dizer isso. Se você quer uma resposta que satisfaça sua curiosidade, aqui está uma: porque ele me interessa. Mas, infelizmente… não foi ele que saiu desse alçapão, logo terei que tomar alguma medida.
— E isso significa o quê?
— Significa que eu vou ter que te deixar ocupada a partir de agora.
— Tsc… eu odeio esse tom de superioridade. — disse Brigitte, mordendo o lábio inferior.
A mulher deu uma pequena risada, guardando sua faca em um compartimento em seu cinto.
— Eu sei. Por isso, vou adorar ver sua cara quando perceber que não pode fazer nada contra mim.
Brigitte não perdeu mais tempo e avançou em direção à mulher. Seu corpo disparou para frente como um raio, com sua lança prateada zunindo no ar. Sua velocidade rasgou o chão, sumindo com a neve em um rastro reto, levantando poeira e folhas para o ar.
Ela mirou um golpe direto no peito da oponente. Uma estocada fatal que a mataria na hora. Mas algo aconteceu antes da lâmina tocar o alvo. Houve um impacto seco, como se tivesse atingido uma muralha. A força do bloqueio fez seus braços vibrarem, e seus pés deslizaram alguns centímetros para trás sobre o solo congelado.
A lança de Brigitte parou no ar, bloqueada por uma grande lâmina curvada vermelha, translúcida e cristalina. A espada da mulher não estava ali nem um segundo antes, mas agora tinha aparecido em sua mão como mágica.
Brigitte ficou surpresa. Ela não esperava por aquilo. Enquanto isso, a oponente não se moveu. Apenas segurou a espada com uma mão apenas, sem esforço, sem tensão, sem medo. Brigitte forçou mais pressão na lança, porém nada aconteceu.
A face das duas estava separada pelo vermelho transparente, assim se entreolharam pela arma, vendo uma a outra em tons de sangue. A mulher inclinou a cabeça, como se analisasse a força dela.
— De que adianta você ser extremamente rápida se é tão previsível assim?
Brigitte rosnou. Se não podia atravessar a proteção, então iria contorná-la. Em um movimento relâmpago, ela girou no ar, virando a lança em um golpe horizontal contra o flanco da mulher. Porém, o impacto nunca veio. A oponente deu um passo para trás no momento exato, desviando sem pressa, como se já soubesse o que Brigitte faria.
— Como eu disse: previsível.
A garota franziu o cenho, correndo para trás em alta velocidade e reformulando sua estratégia. Enquanto pensava em algo, a inimiga abaixou a arma, colocando-a na frente de seu corpo. Aquilo era uma armadilha. Ela queria que Brigitte pensasse que a inimiga tivesse abaixado a guarda para então atacá-la no último instante.
— Vou admitir, você me surpreendeu, mas aposto que você nem aguenta minha força. — terminou ela com um sorriso determinado no rosto.
— Para me quebrar, primeiro teria que atravessar sua espada. Ela já sobreviveu a coisas muito piores do que você.
Após o termino da fala houve um breve silêncio. O vento soprou, carregando pequenas faíscas elétricas que dançavam ao redor dos olhos da garota, carregando poder e iluminando levemente a noite. Brigitte respirou fundo, se posicionando para a investida.
— Vamos ver.
A garota se lançou novamente contra a mulher mascarada, mas dessa vez não foi em um ataque direto. Sua velocidade explodiu pelo campo e seu corpo se tornou um borrão de eletricidade roxa.
Ela desapareceu e reapareceu atrás da oponente, desferindo um golpe horizontal. A lâmina prateada da lança cortou o ar, mas não a carne da inimiga.
Ela já havia desviado do golpe no instante exato, girando sua espada de sangue para bloquear a lança. O impacto ecoou como uma lâmina batendo em uma pedra em alta velocidade.
Brigitte desapareceu de novo. Ela saltou para o lado, para cima, para baixo, atacando de múltiplos ângulos em segundos. Em alguns ataques, seus pés nem tocavam o solo. Se alguém estivesse assistindo à luta, veria apenas flashes de luz e lâminas se chocando.
Mesmo com todos aqueles ataques, nada acertava a inimiga. Cada golpe de Brigitte era bloqueado ou desviado por milímetros, como se a mulher já soubesse exatamente onde ele cairia antes mesmo de ser desferido. Brigitte rangeu os dentes. “Como isso é possível?!”
Ela deu um último salto para trás, aterrissando com os pés, deslizando sobre o chão coberto de neve. A inimiga nem parecia cansada. A assassina enfiou a lâmina de sangue no solo, inclinando a cabeça em seguida, sua respiração era calma como se estivesse apenas se aquecendo.
— Vendo seus movimentos melhor agora, você luta como uma amadora, com pouca experiência de luta. — disse a mulher mascarada, com sua voz carregada de uma tranquilidade irritante.
Brigitte não respondeu. Ela flexionou os joelhos e se impulsionou ainda mais rápido, com um cone de vapor surgindo atrás dela no momento da corrida.
Dessa vez, ao invés de atacar diretamente, ela começou a correr ao redor da inimiga em círculos, aumentando cada vez mais a velocidade. O mundo ao redor se tornou um vórtice de vento e estática que aumentava de velocidade e potência exponencialmente. Brigitte não iria atacar de um ângulo previsível, ela pensou em outra estratégia agora.
Enquanto Brigitte corria em círculos, a inimiga ficou parada, somente observando de onde viria o próximo ataque, enquanto sua roupa e cabelos balançavam junto das folhas das árvores.
E então, Brigitte desapareceu completamente, acabando com o vórtex de vento e eletricidade, havendo um instante de silêncio durante a luta. A mulher mascarada levantou a espada do chão, sem se mover. Brigitte podia atacar em qualquer lugar agora e não seria uma boa ideia ficar de guarda aberta.
Brigitte reapareceu no alto dos céus, descendo como um raio em uma tempestade. Assim que avistou um brilho roxo no céu, a mulher mascarada girou levemente, e sua lâmina de sangue subiu em um arco preciso, bloqueando o golpe no último instante, fazendo um som estrondoso, semelhante a um trovão, ecoar pela floresta.
Quando o som passou, a mulher percebeu algo. Brigitte não estava em cima dela. Ela não havia feito aquele ataque. Foi nesse instante que sentiu o vento se mexer atrás de si.
Olhando para trás, a mulher avistou uma silhueta negra de olhos atentos e púrpura brilhando como um relâmpago em uma tempestade. A silhueta estava se aproximando dela em uma velocidade surpreendente.
Ela tentou desviar do ataque se movendo para o lado, mas já era tarde demais. Brigitte atacou, desferindo um golpe da haste da lança no busto da mulher. O ataque foi forte o bastante para lançar a mulher em uma alta velocidade, atravessando o tronco de uma árvore e caindo no chão.
— Acertei! — disse Brigitte, levantando o punho e dando um pequeno sorriso.
A mulher permaneceu caída por alguns instantes antes de se levantar. Tentou manter a respiração controlada, mas não conseguiu, deu algumas tossidas. Brigitte manteve a lança firme, ainda envolta por rastros de eletricidade. Ela sabia que aquilo não tinha terminado.
A assassina levantou a cabeça devagar em direção a “Relâmpago de Alzen Vich” que se aproximava de sua posição. Sua lâmina de sangue estava no chão ao lado dela, pulsando levemente, como se tivesse vida própria. A mulher não deu nenhum sinal de raiva, nem de frustração. A mulher apenas analisou a situação.
— Você devia ter me matado nesse ataque.
Assim que ouviu a voz rouca, Brigitte parou a poucos metros da mulher.
— Eu te acertei. Isso já é o suficiente.
A mulher deu uma risada baixa, apoiando um joelho no chão enquanto começava a se levantar com a respiração ofegante.
— O suficiente? Não, não. — ela ergueu o rosto para encarar Brigitte com seus olhos vazios. — Você nunca mais terá um momento como esse.
— É o que veremos. — falou Brigitte enquanto apertava a empunhadura da lança.
Totalmente de pé, a mulher mascarada esticou a mão em direção à lâmina de sangue, que foi atraída para sua mão, se conectando ao seu pulso e seus vasos sanguíneos, deixando algumas gotas de sangue caírem na neve.
A lâmina pulsou como um coração batendo quando se conectou ao pulso da inimiga. Brigitte fez uma cara de nojo, sentindo um arrepio subir pela espinha graças àquela cena bizarra.
Assim que sua lâmina se fundiu completamente ao corpo da mulher mascarada, ela avançou em direção à Brigitte. Atacando em diversos golpes em sequência. Ela não se movia rapidamente. Comparada à Brigitte, era quase lenta. Mas cada golpe era preciso, cada milímetro que a espada cortava parecia ser planejado com cautela.
Brigitte desviou facilmente do primeiro ataque. Depois do segundo. Terceiro. Mas então, o quarto veio de um ângulo impossível, dobrando a matéria e chegando perto de onde o relâmpago estava.
Ela ergueu sua lança para bloquear, mas a lâmina se alongou de repente. Os olhos de Brigitte se arregalaram quando a arma viva se estendeu em sua direção, como uma grande lança.
Brigitte se jogou para trás, escapando da arma, cortando apenas um fio de seu cabelo. Mesmo longe, a lâmina se contraiu e mudou de forma mais uma vez, desferindo um golpe lateral. Brigitte não esperava por isso. Ela tentou desviar, mas a arma a alcançou primeiro, deixando uma linha de corte em sua bochecha.
A garota levou a mão até o rosto. Não era um corte profundo, mas isso não importava, aquilo já era motivo o suficiente para deixá-la preocupada. A mulher mascarada ergueu sua arma fazendo ela voltar a sua forma original, enquanto o material se contorcia e pulsava.
— Ah, o que foi? Não esperava por isso? Que peninha, acho que sua velocidade não vai conseguir acompanhar a espada dele. Foi o que eu disse, você devia ter me matado quando teve chance.
Brigitte se preparou para avançar, mas dessa vez foi a mulher mascarada quem atacou primeiro. O golpe veio de forma imprevisível. A espada cresceu repentinamente, tentando perfurá-la. Brigitte correu em círculos, tentando escapar da lâmina que a perseguia a todo momento, mas mesmo com sua velocidade, a arma já havia se contraído e se estendido novamente, ficando na sua frente.
Ela mal teve tempo de reagir. Com um movimento rápido, deu um contra-ataque, lançando a arma de sangue para longe. Mesmo assim, o impacto foi violento, fazendo seus braços vibrarem.
A assassina continuou atacando. Cada vez que Brigitte se esquivava, a lâmina já estava no próximo ataque antes que ela pudesse sequer pensar direito em como evitá-lo. Cada vez que tentava ganhar espaço, a arma se expandia para impedi-la de fugir.
A cada novo ataque, Brigitte ficava cada vez mais sufocada. Quando menos esperava, um golpe lateral vinha a centímetros de onde estava. A garota tentou pular para trás, mas a lâmina se ajustou no último instante, mudando o ângulo no meio do movimento. Dessa vez, o golpe pegou. A lâmina cortou o ombro de Brigitte, atravessando parte de sua roupa.
Ela sentiu o calor do sangue escorrendo, mas não teve tempo de sentir a dor. A mulher mascarada girou a espada novamente e desferiu outro ataque na mesma fração de segundo, ferindo Brigitte novamente, agora no peito.
Um novo ataque, um novo ferimento. A garota sabia que não podia continuar assim. Se a luta se mantivesse desse jeito, era só questão de tempo até ela cair. Ela tinha que mudar o resultado da luta a todo custo. Se ela não fizesse isso, a assassina iria atrás de Niko e até mesmo de Evellyn. Ela não podia deixar isso acontecer. Aqueles dois a acolheram sem nunca tê-la visto na vida. Mesmo conhecendo-os há poucos dias, já os considera seus amigos, os únicos amigos que teve na vida. Ela tinha que ajudar eles. Salvar eles como a heroína que sonhava ser.
Mesmo que ela perdesse um braço, mesmo que sua coragem se dissipasse, mesmo que seu coração parasse de bater, ela continuaria lutando. Foi isso que ela aprendeu que era ser uma heroína, foi isso que dava motivos para ela continuar acordando e vivendo, a esperança de que ela deixaria o mundo um lugar melhor de quando veio a ele.
Brigitte manteve uma distância razoável da mulher mascarada, que mal se moveu desde que mostrou a habilidade de sua arma. Vendo a garota parar, a assassina cessou seus ataques, voltando a arma ao seu tamanho original.
— O que foi? Por que parou? Já aceitou sua morte e vai deixar eu tirar sua vida mais rápido agora? — disse a mulher anônima de ombros.
Brigitte ficou em silêncio por um minuto, com a cabeça completamente baixa. Ela então levantou a visão para frente, dando um olhar penetrante em direção à mulher.
— Não… Eu vou acabar com essa luta de uma vez a partir de agora. Não vou deixar você machucar ninguém que eu amo.
— Ohhh, estou animada por isso. Vamos, venha log-
A assassina sequer teve tempo de terminar sua provocação. Brigitte apertou os dedos na lança e correu em direção à inimiga em uma velocidade muito mais alta que todas as vezes que correu antes. O mundo ao redor pareceu se dobrar, os flocos de neve ficaram congelados no ar enquanto ela desaparecia e reaparecia em outro ponto.
A assassina tentou acompanhar Brigitte, seus olhos corriam de um lado para o outro, mas era como tentar seguir um raio antes de cair. Era impossível.
O primeiro golpe atingiu seu flanco. O segundo, sua perna. O terceiro, suas costelas. Era como se o próprio ar a cortasse com lâminas invisíveis.
A mulher mascarada atacou, girando a espada em todas as direções possíveis, mas ela estava atacando o nada. Sua espada rachou o chão e levantou a neve, mas nenhum golpe encontrava a garota. Parecia até mesmo que ela tinha deixado de existir desde quando disse que iria acabar com a luta.
“Como… como isso é possível?”, ela pensou, os olhos arregalados sob a máscara. Ela nunca tinha visto algo assim. Nunca. Nenhum oponente havia conseguido essa velocidade absurda. Era um poder que chegava ao nível das pessoas mais fortes que ela conhecia, as pessoas que admirava e queria ser.
Então, por um instante, ela finalmente viu a garota. Atrás dela, com o braço direito estendido contra o solo, a lança estendida para trás e os joelhos flexionados. Seu corpo parecia pura energia, estava envolto de faíscas de eletricidade e poder, um poder tão forte que parecia distorcer o espaço em volta dela. Seus cabelos flutuavam como se estivesse em queda livre.
“Eu não me importo se minha Alma está quase acabando, eu prometi que viveria assim”, disse a garota para si mesma.
Foi ali que a assassina percebeu que, desde o começo da luta, o resultado já estava decidido. A garota estava apenas se segurando e ela nunca teve chance de vencer. Foi ali que ela percebeu que essa seria a última visão de sua vida, a silhueta negra de olhos púrpuras. A mulher abriu os braços e aceitou a sua morte.
— Vronti Mundia: Angra Avatch.
E então, a visão de Brigitte se clareou, tudo ficou branco como a neve. No horizonte, viu uma silhueta, uma silhueta confortável e acolhedora, que sorriu como se estivesse dizendo “Bom trabalho, Brigitte”. A garota não conseguiu esconder a felicidade, sorriu de volta para seu mentor. “Tudo graças a você, Leon”.
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