Capítulo 34 - Ataque em Trio
O dia ensolarado revelou-se incômodo para Tiko, que novamente havia se esquecido de fechar a janela de seu quarto na noite anterior. O sol invadiu o ambiente com força e atingiu seu rosto com uma luminosidade quase torturante. Tiko abriu os olhos e passou a mão pelo rosto.
Sua mão estava…
Leve.
De alguma forma, todo o seu corpo parecia leve. Recuperando algo que havia perdido há muito tempo, seu corpo agora refletia sua vontade. Já não era mais apenas um meio de preencher o vazio em seu coração; ele realmente possuía a convicção necessária para avançar.
Após se levantar e vestir a roupa de linho habitual, ele tomou cuidado com o “intruso” deitado no chão forrado.
— Richard… — Tiko pensou em acordá-lo, mas ao vê-lo dormir tão tranquilamente, como se fosse a primeira vez em muito tempo que descansava assim, desistiu da ideia.
Tiko caminhou cuidadosamente para não pisar em Richard e foi até a porta.
Na sala, GolbZedh já estava acordado, segurando um copo de água.
— Água? — Perguntou GolbZedh, erguendo o copo.
— N-Não… valeu. — Respondeu Tiko.
— Você que perdeu a oportunidade.
GolbZedh bebeu a água, antes de soltar um sorriso ligeiramente pomposo.
Tiko se dirigiu até a cadeira e se sentou, completamente relaxado. O plano que havia elaborado com a ajuda de Richard e GolbZedh na noite anterior seria a porta de entrada para o seu novo objetivo.
— Dormiu bem? — Perguntou GolbZedh.
— Hm… Sim.
— E isso é resposta, moleque?
— Haha… — Tiko soltou uma risada fraca. — Eu dormi bem, estou bem. Consegui relaxar depois de muito tempo…
— Fico feliz por você. — GolbZedh se aproximou e colocou a mão no ombro de Tiko, um gesto de respeito e satisfação, antes de desviar o olhar para o corpo de alguém deitado no quarto de Tiko. — Mas tenho certeza de que nem eu nem você tivemos uma noite de sono tão boa quanto a daquele cara ali.
— Idem…
Os dois se entreolharam e riram fracamente.
— Parece que a situação melhorou… de certa forma. — Comentou GolbZedh.
— Um pouco… mas não o suficiente, ainda tenho muito o que fazer.
— É assim que se fala. — GolbZedh sorriu amplamente, exibindo seus dentes brancos e perfeitos, o que fez até Tiko sentir uma leve inveja da dentição impecável dele. — Vou preparar o café da manhã. O que você vai querer?
— Aceito o que tiver, não sou do tipo que escolhe o que comer. — Respondeu Tiko, de forma seca. — Devo acordar o fortão ali?
GolbZedh, já se dirigindo à cozinha, respondeu sem desviar o olhar.
— Acorda ele, vamos tomar o café nós três juntos…
Foi nesse momento, como se tivesse surgido magicamente dentro da casa, que o barulho de vidro quebrando ressoou. O corpo de GolbZedh caiu no chão com violência.
Tiko demorou a processar o que havia acontecido. Só depois de levantar-se, percebeu a flecha cravada no peito de GolbZedh.
⧫⧫⧫
Sons de uma batalha em curso ecoavam por toda a floresta, vindos de uma clareira repleta de ferramentas de lenhadores. Uma figura foi arremessada da parte sombreada pela densa vegetação para o centro da clareira — era um homem, um elfo negro.
O elfo iria cair e se estatelar no chão, mas, como se uma força invisível o guiasse, ele girou no ar de maneira sobrenatural e pousou com os pés firmemente plantados, conseguindo manter-se de pé.
Sua vestimenta estava manchada de sangue, mas não era o seu sangue; era o da criatura que ele enfrentava.
— Está vindo! — Exclamou uma voz, vinda de outra pessoa correndo.
Era outro elfo, que carregava uma espada flamejante.
— Onde está a Número Cinco? — Perguntou Denzel, encarando Número Sete, que se aproximava a passos rápidos.
— Ela entrou em ação, mas do jeito dela. — Número Sete alcançou Denzel, posicionando-se para o combate e apontando a espada flamejante para as copas das árvores à frente, de onde a ameaça se aproximava.
A escuridão ali dificultava toda a visão.
Por mais que possuíssem uma visão ampliada devido à sua natureza élfica, tanto Denzel quanto Número Sete não conseguiam enxergar na penumbra.
Mas logo, uma criatura grotesca, tingida de vermelho, emergiu, arranhando profundamente as árvores ao seu redor.
A criatura adentrou a clareira e os observou com um olhar faminto, mas não uma fome comum, uma fome assassina, uma sede de destruição.
— Vamos contra-atacar juntos. — Disse Número Sete.
— Você gosta de dar ordens, não? — Brincou Denzel.
A criatura soltou um rugido fino e estridente, fazendo seu corpo se deformar, e então disparou em direção aos dois, com uma velocidade mortal.
O primeiro a agir foi Número Sete, que rapidamente girou a espada flamejante contra o corpo da criatura, preparando um golpe certeiro para cortá-la ao meio. Durante o trajeto, o corpo da criatura se contorceu de maneira grotesca, curvando-se até o chão com um movimento completamente desordenado, como se seus ossos estivessem sendo quebrados. Quando o golpe passou, ela se reverteu à sua forma original, como se nada tivesse acontecido, e atacou Denzel com uma das garras.
Denzel bloqueou o golpe usando as lâminas de seu katar, cruzando os braços à sua frente. O impacto foi forte o suficiente para lançá-lo para trás no ar, mas ele aterrissou suavemente, auxiliado pela brisa ao seu redor.
Um som de pancada ressoou, e a criatura sentiu uma dor aguda que fez seu corpo se arrepiar. Sua cabeça se curvou para baixo, e ali, uma mulher apareceu, cravando dois estiletes em seu peito. Ela havia mirado exatamente onde estaria o coração de um elfo.
Número Cinco não sentiu o impacto de um coração, e era lógico presumir que tal criatura possuía um sistema biológico completamente diferente das raças nativas do continente, considerando que ela era uma invocação proveniente de uma dimensão estranha. Na realidade, a ideia de que ela teria órgãos sequer podia ser considerada certa, já que não havia informação suficiente sobre essa criatura para fazer tal suposição.
Quando a mão da criatura desceu em direção a ela, Número Cinco saltou e girou para trás, afastando-se com rapidez e se ocultando novamente na floresta.
Ela havia atacado com os dois estiletes, Neon e Michele, mas a frustração era palpável. Atacar algo e não sentir nenhum impacto em um órgão vital era exasperante. Apesar de ter injetado veneno na criatura, seus movimentos não mostraram sinais de desaceleração, o que sugeria que ela talvez não fosse afetada pelo veneno.
Se a criatura realmente não possuísse órgãos, isso faria sentido, visto que o veneno que Neon injeta tem como objetivo desacelerar as funções motoras. Essa criatura seria uma entidade totalmente diferente, e portanto, o estilo de luta de Número Cinco poderia não ser eficaz contra ela.
Enquanto observava atrás de uma árvore, Número Cinco viu Número Sete travando uma luta acirrada contra a criatura com sua espada flamejante. Ela não pôde deixar de refletir sobre o quão inteligente foi ele por solicitar a ajuda de Denzel, o assassino das sombras. Afinal, se fossem apenas os dois, teriam encontrado dificuldades ainda maiores para lidar com a criatura, já que ela parecia estar inibindo completamente os efeitos dos encantamentos de seus estiletes gêmeos.
Denzel aguardou o momento oportuno para atacar.
Ao contrário de Número Sete, seu estilo de combate era pautado na espera, agindo apenas após o movimento do inimigo e utilizando sua ação contra ele. Algo semelhante ao estilo de Número Cinco, mas que podia ser ainda mais direto quando Denzel se utilizava de magia.
Ele abriu o jaleco, revelando dois cintos cruzados, cada um com adagas presas ao seu peito.
— Se ele quer tanto ocupar a linha de frente, vou auxiliar. — murmurou Denzel, seus olhos fixos em Número Sete.
Quando Sete fez um movimento de ataque e a criatura desviou com a garra, ambos buscavam apoio no chão para desferir um novo golpe.
O centro gravitacional é crucial durante uma troca de lâminas; ele é o que determina o quão bem guerreiros com habilidades físicas similares podem derrotar um ao outro.
Enquanto Sete contava com um vasto repertório de conhecimentos e técnicas de combate com espada, a criatura, por sua vez, possuía um corpo que se deformava à sua vontade, realizando movimentos estranhos e dificultando qualquer tentativa de aproximação.
Embora Sete tivesse acertado dois golpes na criatura desde o início da luta, ele o fizera apenas por ter sido rápido no começo do combate. Agora, ele aguardava o momento certo, e esse momento chegou.
Deixando os katar caírem no chão, Denzel puxou quatro adagas entre os dedos e as lançou simultaneamente. Usando seu feitiço, o vento guiou as lâminas diretamente para a perna da criatura, a qual ela usaria como base. As quatro adagas atingiram a perna da criatura com precisão, de cima para baixo.
A criatura emitiu um grunhido de dor, e a perna falhou, causando-lhe perda de equilíbrio. Era a oportunidade que Denzel oferecera a Número Sete.
Quando a criatura perdeu o equilíbrio, Sete girou com força, sua espada pronta para cortar a criatura. Mas ela contorceu o corpo e colocou o braço na frente da lâmina, praticamente o sacrificando.
Ela preferiu perder o braço a ser morta naquele momento. Sem dúvida, era uma criatura inteligente, embora lutasse movida apenas por instinto e uma sede insaciável de sangue.
Recuperando o equilíbrio ao usar a outra perna, a criatura girou de forma não natural e lançou o outro braço contra Sete com toda a força. Este, ainda se recuperando do movimento anterior, não teria tempo para desviar do ataque certeiro.
— M-Merda…! — murmurou Sete, ao perceber a mão vindo em sua direção.
No entanto, a mão foi desviada para o lado.
Número Cinco, ainda no ar, utilizou seus dois estiletes e sua velocidade máxima para empurrar a mão da criatura para longe do rosto de Sete.
Funcionou. Sete estava vivo. Embora tenha sido arranhado no rosto pela criatura, se tivesse recebido o golpe completo, teria sucumbido ali mesmo. Em contrapartida, o corte no rosto era o menor de seus problemas naquela situação.
O próximo a agir foi Denzel, que lançou duas adagas diretamente no rosto da criatura, atingindo seus olhos.
— Corta ela! — gritou Denzel, sua gama se esgotando completamente, agora incapaz de usar magia.
Com um grito de guerra que parecia vir do fundo de sua alma, Sete, sangrando pelo rosto, desceu com força a espada contra a cabeça da criatura. A espada flamejante cortou sua cabeça, queimando e dissecando sua carne de cima para baixo até o fim.
Os dois lados separados da criatura caíram ao chão, um após o outro, jorrando sangue vermelho carmesim por toda a clareira.
O cheiro de carne queimada invadiu as narinas dos três presentes. Era repulsivo, mas, ao menos, a criatura estava finalmente morta.
Os três respiravam pesadamente.
Denzel foi o primeiro a se lançar ao chão, buscando descansar da melhor maneira possível. Seu peito ardia, e ele, com certeza, desejava livrar-se daquela dor.
Número Cinco e Sete o observavam de longe, e então trocaram olhares rápidos, um para o outro.
Ambos, membros da Numerous, pensavam exatamente a mesma coisa.
Denzel havia sido o mais útil durante todo o combate. Essa foi a conclusão que se formou em suas mentes naquele instante. Além de suas habilidades extraordinárias e inteligência, que os próprios haviam experimentado em carne própria algumas horas antes, ele havia revelado sua astúcia apenas ao descobrir o nome de seu empregador. Esse homem também demonstrava um controle refinado de magia, capaz de estar acima até de dois elfos armados com lâminas encantadas.
Sem dúvida alguma, Denzel era alguém fora da curva.
— Esse sujeito… — murmurou Cinco, irritada.
— Ele é realmente excepcional. Se tivesse nascido elfo… — parou para respirar um pouco — Teria se tornado, sem dúvida, capitão de divisão.
Sete imaginou o que Denzel poderia alcançar se tivesse acesso ao conhecimento e treinamento militar de um cavaleiro sagrado. Quão longe ele poderia ir?
Sete caminhou até onde Denzel estava sentado no chão.
— Parece que acabou. — disse Sete, com um sorriso fraco.
— É… parece. — respondeu Denzel, de maneira indiferente.
— Denzel, você teria interesse em se juntar à Numerous?
— Hã?!
— O quê?
Tanto Cinco quanto Denzel, que raramente demonstravam surpresa, ficaram intrigados com aquela proposta repentina.
— O que você disse? — repetiu Denzel, ainda sem acreditar no que acabara de ser proposto.
— Junte-se à Numerous. — repetiu Sete, com firmeza.
Era possível ver a convicção no olhar dele. Era algo que ele realmente desejava, e Denzel sentiu isso claramente.
— Ei! — gritou Cinco, agarrando o ombro de Sete e o virando para ela. No entanto, mesmo com o corpo virado, Sete continuava a olhar fixamente para Denzel, esperando sua resposta. — Que diabos você está fazendo?! Acha que só porque é o líder desta missão pode sair convidando qualquer um para a equipe?!
Sete virou o rosto para Cinco com uma expressão completamente séria.
— Tenho plena certeza de que o líder concordaria com minha decisão.
— Você está tomando uma decisão que não é sua, com base em pensamentos exclusivamente seus.
— Até você ficou impressionada com o nível dele, sabe que ele seria uma excelente adição à equipe.
— A Numerous é uma organização do reino, então não podemos…
— Chamar um elfo negro? — completou Sete sem deixar Cinco terminar. — Isso é uma completa estupidez. Vai mesmo ignorar um talento puro só por causa de uma disputa de raça? Achei que fosse mais inteligente que isso, Cinco.
Ela ficou furiosa com aquele olhar de superioridade que ele lhe dirigia, algo que ela considerava inaceitável. Que mudança repentina era aquela? Cinco conhecia bem o Número Sete e sabia o quão fraco ele era no campo da defesa mental. Entre os Números, ele era o elo fraco quando se tratava de decisões emocionais. A maior parte da equipe seguia rigorosamente as missões estipuladas, mas sempre que ela era designada para trabalhar com Sete, ele agia de maneira impulsiva, tomada por sentimentos, o que levava a pequenos erros.
O maior erro até agora foi ele ter enfrentado a criatura sozinho, mais cedo, arriscando sua vida para salvar um peão descartável de um vilarejo, pondo toda a missão em risco.
Nenhum outro membro da Numerous, absolutamente nenhum, arriscaria a própria vida para salvar um homem comum de um vilarejo pacato. Ninguém iria colocar em risco a missão por causa disso.
Era por isso que ela o odiava tanto.
Ela o detestava com todas as forças porque não conseguia entender suas ações impensadas e emocionalmente motivadas. Viver ao lado dele na mesma casa, atuar como sua esposa, era algo que ela simplesmente não suportava. Para ela, ele era a personificação do que significava ser “patético”.
— Se você puder me soltar agora… — disse Sete, encarando-a.
Cinco afastou sua mão do ombro de Sete, mas não cessou o olhar agressivo que lhe dirigia.
— Você não tem esse direito. — ela cuspiu, com desdém.
— Se o líder quiser me punir depois disso, aceitarei o castigo com prazer. — O tom de Sete era o de alguém convicto de que sua decisão era a correta, o que deixou Cinco ainda mais irritada.
— Olha, não quero estragar a festinha de vocês dois, mas para adiantar logo minha resposta… — Denzel estava exausto, e isso transparecia em sua fala. O uso excessivo de mana e os combates simultâneos haviam drenado completamente suas energias; ele precisaria descansar a noite toda para conseguir se mover adequadamente no dia seguinte. — Eu recuso.
Sete e Cinco o encararam, mas Sete, embora não demonstrasse muito, estava visivelmente desapontado com a resposta negativa à sua oferta sincera.
— Posso saber o motivo? — perguntou Sete, desejando entender os motivos por trás de sua decisão.
Denzel apenas apontou para Número Cinco, que o olhou surpreso. Ela não esperava que ele fosse tão direto em seus gestos, especialmente para se referir a ela.
— O comportamento dela já diz tudo. — respondeu Denzel, com um movimento de mão, indicando Cinco.
— Entendo… — balbuciou Sete, desanimado, olhando para o chão.
— Não tenho interesse em trabalhar para pessoas como ela. Por mais que você seja uma anomalia entre os elfos, sei bem como os outros elfos tratam elfos negros como eu. Prefiro lidar com meu próprio povo, em um lugar miserável como minha cidade natal, do que ter que me submeter a elfos presunçosos que se acham superiores a mim apenas por nascerem como elfos.
— Repete essa porra, estava falando de mim por acaso? — questionou Número Cinco, com um tom ameaçador.
— Não estou falando só de você. Os outros da sua equipe devem ter a mesma mentalidade imbecil que você, por isso não vale a pena para mim, mesmo sendo uma oferta de alguém em quem, particularmente, vejo como confiável.
Número Sete sentiu-se satisfeito ao ouvir de Denzel que o considerava alguém digno de confiança. Embora não fossem realmente amigos, ambos tinham uma relação de respeito mútuo.
Denzel continuou, firme:
— Eu sou mais forte do que você.
Número Cinco torceu o rosto, tomada por uma raiva crescente que se espalhou por todo o seu corpo. Denzel havia dito isso olhando diretamente em seus olhos. Então, ele virou o rosto em direção a Sete.
— E também sou mais forte do que você.
— É… eu sei disso. — respondeu Sete, com um sorriso bobo no rosto, o que fez Cinco odiá-lo ainda mais.
— E sou mais forte que muitos elfos nas malditas cidades. E, ainda assim, esses elfos fracos se acham superiores a mim só porque nasceram elfos. Engraçado, não é?
Com a raiva transbordando em cada palavra, Cinco perguntou:
— O que é engraçado…?
— O engraçado é que os fracos se escondem atrás de seu próprio preconceito, sem conseguir enxergar a verdade, assim como você que… — ele fez uma pausa e lançou a Cinco um olhar de pura superioridade — Só está viva porque eu permito.
Cinco disparou na direção de Denzel, que, exausto, já não tinha forças para reagir, após ter consumido toda sua energia durante o combate. No entanto, ele sabia que seus estiletes nem sequer chegariam a tocá-lo, pois havia alguém ali em quem ele confiava para impedi-la.
Como ele havia previsto, quando o ataque estava prestes a atingir seu pescoço, uma mão firme agarrou o braço de Número Cinco. Seu rosto estava retorcido pela fúria, mas sua expressão era imperturbável.
Era Sete, sem qualquer emoção visível em seu rosto.
— Eu poderia acabar com a sua vida aqui e agora… — rosnou Cinco.
— Você não vai fazer isso. — disse Denzel, completamente sereno e indiferente à tensão que permeava o ambiente.
— Não vou, é? E quem vai me impedir? Você, que está tão exausto que mal consegue se manter em pé? — Ela lançou um olhar ácido para Sete. — Ou esse homem patético que gosta de lamber as botas de um elfo negro de merda?!
— Nem eu e nem ele. Você mesma vai parar com isso aqui e agora.
— Hã? Que diabos você está…
Denzel a interrompeu de imediato, e sua voz assumiu um tom de escárnio.
— Vai mesmo me matar depois de eu ter feito muito mais do que você durante nossa luta, mesmo estando completamente esgotado? Para alguém que se considera melhor do que eu, isso seria a atitude mais patética e covarde possível.
— Filho da puta!
— Se quiser viver com essa vergonha para sempre, vá em frente. — Ele olhou para Sete. — Pode soltá-la.
Sem hesitar, Sete relaxou sua mão, e Cinco foi solta. No entanto, seu braço amoleceu imediatamente.
— E então? — perguntou Denzel. Cinco apertava os estiletes com tanta força que seus dedos tremiam. Ela queria matá-lo, mas as palavras dele ecoavam em sua mente, trazendo um peso de vergonha que a impedia de agir.
Finalmente, ela virou-se e começou a caminhar para longe.
— Quando nos encontrarmos novamente, Denzel, eu vou matar você. Com toda certeza, vou acabar com você! — disse enquanto se afastava pela clareira, entrando na escuridão da floresta.
Sete foi o primeiro a suspirar, aliviado. Ele olhou para o colega ao lado com uma expressão de extremo relaxamento.
— Cara… você é completamente louco por fazer uma coisa dessas.
— Você acha? — Denzel perguntou com um leve sorriso.
— O quanto você confiava que eu conseguiria deter o ataque dela? Aquele golpe, com toda certeza, tinha a intenção de matá-lo, cara…
— Como eu já disse, Sete, você é uma das poucas pessoas em quem confio neste mundo.
— Hm.
Sete ficou constrangido com a afirmação, mas não conseguiu evitar um sorriso de satisfação.
— Agora… poderia me ajudar? — perguntou Denzel, mantendo a mesma pose confiante que utilizara para desdenhar de Cinco minutos antes.
— Hã?
— Estou exausto demais para caminhar de volta. Acho que vou desmaiar a qualquer momento…
Seu corpo cedeu, e ele caiu no chão, desmaiando completamente logo após a última frase.
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