Capítulo 80 - Rei Lion Vermilion
Douglas atravessou os largos corredores do castelo em direção à sala de reuniões do rei. Diferente da imponente sala do trono, onde os soberanos recebiam dignitários estrangeiros e resolviam questões cerimoniais, esta sala era mais intimista.
Parecia um refúgio reservado para decisões que moldariam o futuro do reino. O ambiente era adornado com estantes de livros que exalavam o cheiro envelhecido do papel, mapas detalhados de regiões do reino pendurados nas paredes, e uma mesa de madeira maciça que dominava o centro, carregada de pergaminhos, tinteiros e selos reais.
Atrás dessa mesa, sentado com postura firme, estava Lion Vermilion Desares, o oitavo rei do Grão-Vermelho. Embora o peso dos anos fosse visível em suas rugas profundas e em seus olhos cansados, seu corpo traía a fragilidade esperada de um homem em sua idade.
Era robusto e envergava vestes cerimoniais de vermelho e branco, ornamentadas com joias reluzentes que denotavam sua posição. A coroa em sua cabeça — uma relíquia que atravessara sete gerações — brilhava com uma dignidade quase palpável.
Ao entrar, Douglas inclinou-se respeitosamente, e o rei respondeu com um gesto simples, mas autoritário. Sem demora, os dois ficaram a sós. O peso das portas de carvalho se fechando abafou os sons do mundo exterior, mergulhando-os em um silêncio solene.
Douglas tomou assento em frente ao monarca, a tensão palpável de um encontro reservado para assuntos de alta importância.
Lion abriu a conversa de forma quase casual, pedindo que Douglas narrasse em detalhes os eventos recentes. Mesmo com o relatório escrito diante de si, havia algo que ele preferia ouvir da boca do líder da Ponto Escuro. Era um homem que valorizava a presença e a perspectiva humana, especialmente em situações de tamanha gravidade.
Douglas falou por longos minutos, relatando o trajeto perigoso que sua equipe percorrera para capturar os homens-lagartos, as dificuldades enfrentadas e a missão urgente que surgira no meio do caminho.
Ele detalhou cada escolha feita, cada obstáculo superado. A cada palavra, os olhos do rei brilhavam com atenção. Quando Douglas terminou, Lion inclinou-se ligeiramente para frente.
— Entendo. Pelo que vejo, não há discrepâncias entre seu relato e o que está registrado aqui. — Ele tamborilou os dedos no pergaminho sobre a mesa, em um gesto pensativo.
— Majestade, eu mesmo me assegurei de que o relatório fosse o mais preciso possível.
— Agradeço seu empenho, Douglas. Sua dedicação é sempre louvável. — O rei permitiu-se um leve sorriso, mas logo sua expressão voltou ao semblante austero de sempre.
Lion Vermilion Desares era um rei como poucos. Sob sua liderança, o Grão-Vermelho tornara-se o primeiro reino a se libertar da dependência militar dos nobres. Ele absorvera a guilda de aventureiros e recrutara mercenários de elite, como os Ponto Escuro, para serviço da coroa.
Essas ações, embora visionárias, haviam gerado intrigas constantes. Os nobres, privados de sua influência militar, canalizavam suas ambições em disputas territoriais e manobras políticas.
— Se o ataque ao vilarejo foi premeditado, não resta dúvida de que um nobre do reino está por trás disso — resmungou Lion, quebrando o silêncio. Seus olhos se estreitaram, como se tentasse desvendar um quebra-cabeças complexo.
Douglas assentiu, mas logo levantou outra questão:
— Majestade, e os dois prisioneiros? Como estão sendo tratados?
— Foram detidos e interrogados. Eles revelaram tudo o que podiam, ou assim acreditamos. Não foi necessário recorrer às métodos mais severos.
— Há a possibilidade de estarem ocultando algo?
— Sempre há. Mas duvido que possuam informações cruciais. Quem quer que os tenha contratado cuidou para que os laços fossem cortados. — Lion suspirou, como se carregasse o peso de cada decisão que tomara ao longo dos anos.
Douglas concordou em silêncio. A habilidade do mandante em ocultar sua identidade tornava quase impossível rastreá-lo, e a frustração de Lion era compreensível. Ainda assim, ele se permitiu um momento de alívio.
— Ao menos conseguimos acalmar o nobre Ualis, destruindo a organização que atacou seu vilarejo. Isso deve conter a tensão por agora. — Lion sorriu brevemente antes de voltar à seriedade habitual.
Douglas reparou nos documentos sobre a mesa. Um deles trazia um pedido formal de ressarcimento do vilarejo destruído, enviado por Ualis. Claramente, o nobre buscava usar o incidente como uma forma de enfraquecer a coroa.
— Mas ainda estamos em uma posição delicada, Douglas. Sem informações concretas sobre o verdadeiro culpado, as repercussões podem ser desastrosas.
— Majestade, o senhor já carrega fardos demais. Talvez seja hora de delegar essa questão a alguém em quem confie.
Lion soltou uma risada baixa.
— Você sempre foi generoso, Douglas. Mas, como rei, este é meu dever. — Apesar do tom leve, havia cansaço em sua voz.
O rei não apenas lidava com a política interna, mas também com sua própria mortalidade. Sua idade avançada não o impedia de cumprir suas obrigações, mas era um lembrete constante de que o tempo era um inimigo implacável.
A independência militar do reino, conquistada com tanto esforço, havia desencadeado uma nova dinâmica entre os nobres, que agora competiam entre si por territórios e status. As disputas, se mal administradas, poderiam desestabilizar tudo o que ele havia construído.
— Cada escolha carrega um preço, Douglas. Minha esperança é que um dia estas terras possam prosperar sem a necessidade de tanto sangue e intriga.
Douglas apenas inclinou a cabeça em respeitosa concordância, ciente de que as batalhas mais difíceis de um rei muitas vezes não eram travadas no campo de guerra, mas em salões como aquele, diante de uma mesa cheia de problemas a serem resolvidos.
Ele respirou fundo antes de se dirigir ao monarca. Apesar de seu histórico de cautela, a situação exigia que ele rompesse suas próprias barreiras.
— Se me permite, meu rei, gostaria de sugerir uma ideia para a atual circunstância. — Sua voz carregava uma mistura de ousadia e receio, o que não passou despercebido.
Lion, sentado em seu trono ornamentado com intrincados detalhes dourados que refletiam a luz dos candelabros, ergueu uma sobrancelha, divertido com a repentina iniciativa de seu conselheiro.
— Ora, Douglas, parece que o tempo a meu serviço realmente o mudou. O homem que conheci jamais ousaria propor algo diretamente à Coroa sem um planejamento minucioso e semanas de hesitação. — Um sorriso se formou em seus lábios. — O que lhe deu tamanha coragem?
Douglas permitiu-se um leve sorriso em resposta.
— Acredito que tenha sido o exemplo do senhor, majestade. Sua liderança inspira a mudança em nós.
Lion riu suavemente, satisfeito com a resposta. Era raro receber elogios genuínos, e ele sabia reconhecer quando vinham do coração.
— Muito bem, prossiga. Desejo saber o que passa na mente de um de meus homens mais confiáveis.
Douglas ajeitou-se na cadeira de madeira maciça.
— Minha proposta é simples em intenção, mas pode ser vista como ousada. Gostaria de sugerir que os dois mercenários capturados se juntassem à organização militar sob meu comando, Ponto Escuro. Assim, eles poderiam trabalhar diretamente para mim.
O ar na sala pareceu pesar, e o olhar atento do rei focou-se intensamente em Douglas. A sala de audiência, decorada com tapeçarias que narravam as antigas conquistas da dinastia, parecia suspensa no tempo enquanto Lion ponderava.
— Entendo. — O tom do rei era calculado, mas suas palavras vieram rapidamente. — Você pretende usar esses homens, que trabalharam para o mandante do ataque, como iscas. Ao colocá-los sob sua supervisão, planeja atrair o verdadeiro mentor por trás desse complô, esperando que ele tente silenciá-los. Assim, poderia criar uma armadilha para ele, não?
Douglas piscou, surpreso com a dedução imediata do rei. Ele havia explicado tão pouco, mas Lion já desvendará todo o plano com uma precisão impressionante.
— E-exatamente, majestade! — disse, ainda atônito. — Não imaginei que pudesse compreender toda a estratégia com tão poucas palavras. O senhor é realmente admirável.
Lion esboçou um leve sorriso, mas sua postura continuou firme.
— Isso não é nada, Douglas. Faz parte do papel de um rei antecipar os pensamentos daqueles que lhe pedem algo. Avaliar a intenção por trás do pedido é essencial para que as decisões sejam tomadas com sabedoria.
Douglas acenou com a cabeça, ainda impressionado, mas manteve o foco.
— Nesse caso, acredita que minha ideia seja viável, majestade?
Lion reclinou-se em seu trono, a expressão carregada de ponderação.
— Possível, sim. Mas não sem consequências. Aceitar esses homens nas fileiras militares, especialmente em uma organização como Ponto Escuro, levantará questionamentos. Os nobres, sempre atentos a cada passo meu, usarão isso contra mim. Muitos verão isso como um ato de loucura, uma afronta à moralidade do reino.
O silêncio seguiu. Douglas, sentindo o peso da decisão que propusera, inclinou-se ligeiramente em um gesto de desculpa.
— Compreendo, meu rei. Se for o caso, peço que desconsidere minha sugestão.
Mas antes que pudesse concluir, Lion ergueu uma mão, interrompendo-o.
— Espere. Não disse que é impossível. Na verdade, a situação pode nos favorecer.
Douglas franziu o cenho, intrigado.
— Como assim, majestade? Não compreendo.
Lion inclinou-se para frente, pegando um pergaminho aberto ao seu lado. O selo do reino dos elfos ainda era visível, rompido apenas o suficiente para permitir a leitura. Ele entregou o documento a Douglas.
— Leia. Esta mensagem chegou há semanas. Não compartilhei com ninguém até agora. O que está escrito aqui influenciará todas as nossas decisões daqui por diante.
Douglas aceitou o pergaminho, desenrolando-o com cuidado. Conforme seus olhos percorriam as palavras gravadas com caligrafia impecável, sua expressão tornou-se cada vez mais sombria. Quando terminou, ele encarava o rei com uma mistura de horror e incredulidade.
— Richard Ravens… foi assassinado? — murmurou, quase sem forças. O nome carregava um peso imensurável.
Lion acenou lentamente com a cabeça.
— Com a morte de Richard Ravens, o reino dos elfos declara que gostaria de sugerir uma reunião de emergência com todos os regentes atuais dos reinos do continente… — Douglas releu em voz alta. — Isso… uma reunião de todos os reis…
— Isso mesmo, por isso o chamei aqui. Este era para ter sido o assunto principal. — disse Lion.
— Espere, senhor… está me dizendo que a Ponto Escuro irá escoltar-lo até o reino dos elfos para essa reunião?
— Perspicaz como sempre Douglas. — disse Lion sorrindo. — Mas temo que errou em uma parte. Não posso deixar o reino no momento atual, ainda mais depois do ataque ao vilarejo. Os nobres estão esperando qualquer pequena chance para poder atacar a minha influência pelos bastidores e devo tomar conta disso com todas as minhas forças.
— Então no caso… o senhor irá enviar sua filha?
— Isso mesmo. Ela irá para essa reunião representando todo o reino. Sei que ela é jovem, mas a menina é bastante talentosa e tem bastante inteligência também. Acho que um pouco de experiência na linha de frente das decisões de monarcas vai lhe dar o necessário para que no futuro assuma meu lugar como a primeira rainha do reino Grão-Vermelho.
Coincidência ou não, mas todos os primeiros filhos dos reis de Grão-Vermelho até hoje foram homens. A única diferença foi a filha do rei atual, que nasceu mulher e que herdaria o trono após o seu pai como rainha.
— Então a Ponto Escuro vai escoltar a princesa… — murmurou Douglas. — Senhor! Devo perguntar, porque a Ponto Escuro? Somos uma organização usada em serviços mais secretos e que não são tão destinados ao público.
— Por conta desse motivo. Quero que a viagem seja o mais seguro possível, se eu ordenar um paladino ou então os cavaleiros sagrados para levar minha filha para outro reino, isso pode atrair olhares de curiosos.
— Entendo… então é por isso.
— Não só por isso, também confio na Ponto Escuro para levá-la e trazê-la em segurança. De todas as organizações militares do reino, vocês foram os que mais concluem missões todo o ano e tem um alto índice de sucesso. Estou apostando simplesmente no meu melhor cavalo.
O sorriso de Douglas revelou que gostou daquele elogio vindo do rei.
— Entendo, meu senhor. Iremos concluir essa missão com tudo o que temos.
— Conto com isso. Mas pode ficar tranquilo, a reunião ainda vai demorar um pouco para acontecer, te mostrei isso para que você escolha a dedo os homens que vão com você para essa missão. E é claro, se prepare com antecedencia. — disse Lion com um rosto contemplativo.
— Acho que agora entendi o que o senhor quis dizer que a situação atual ajudou um pouco a gente. — Comentou Douglas.
— Percebo. A morte de Richard Ravens, o homem conhecido como o mais forte de todo continente e único paladino do reino dos elfos vai ressoar por todos os lados do continente. Mesmo que eu tire dois mercenários e coloque nas fileiras militares, essa notícia vai ser praticamente abafada por conta da notícia da morte de Richard que vai passar na boca de todo o povo.
Douglas leu novamente o pergaminho em suas mãos, como se buscasse nas palavras ali inscritas alguma revelação que pudesse suavizar o peso da mensagem.
— Com a morte de Richard Ravens, o reino dos elfos declara que gostaria de propor uma reunião de emergência com todos os regentes atuais dos reinos do continente…— Ele parou, a voz ligeiramente hesitante. — Uma reunião de todos os reis…
Lion, o Rei de Grão-Vermelho, inclinou-se levemente em seu trono, os dedos entrelaçados sustentando o queixo enquanto um leve sorriso dançava em seus lábios.
— Exatamente, Douglas. Esse era o verdadeiro motivo para chamá-lo aqui hoje.
Douglas estreitou os olhos, seus pensamentos girando rapidamente enquanto ponderava as implicações daquela convocatória.
— Senhor… — ele começou, ainda cauteloso. — Isso significa que a Ponto Escuro será encarregada de escoltá-lo até o reino dos elfos para essa reunião?
Lion riu baixinho, um som que ecoou pela sala como um trovão distante.
— Perspicaz como sempre, meu amigo, mas temo que se enganou em um detalhe crucial. Eu mesmo não poderei partir. A situação atual em nosso reino é delicada demais. O ataque ao vilarejo recente deixou os nobres em alerta, e muitos deles estão apenas esperando uma oportunidade para tentar minar minha influência.
Douglas franziu o cenho, confuso por um momento, até que uma compreensão sombria tomou forma em sua mente.
— Então… o senhor pretende enviar sua filha?
— Isso mesmo. — A voz de Lion era firme, mas carregava um tom de ternura. — Ela representará nosso reino nessa reunião. Sei que é jovem, mas é incrivelmente talentosa e possui uma mente afiada. Creio que essa experiência será valiosa para o futuro, quando assumir meu lugar como a primeira rainha de Grão-Vermelho.
Douglas não conseguiu esconder sua surpresa. Desde a fundação do reino, todos os monarcas haviam sido homens. A ideia de uma rainha não apenas era inédita, mas também carregava a promessa de mudanças profundas.
— E a Ponto Escuro será encarregada de escoltá-la… — murmurou Douglas, pensativo. — Senhor, devo perguntar: por que escolher a Ponto Escuro para uma missão tão delicada? Somos uma organização secreta, especializada em operações discretas.
— Justamente por isso. — respondeu Lion, com um brilho astuto nos olhos. — Se eu enviar paladinos ou cavaleiros sagrados, atrairei atenção indesejada. No entanto, com a Ponto Escuro, posso garantir que a viagem será segura e discreta. E, francamente, confio em vocês mais do que em qualquer outra organização militar sob meu comando. Vocês são meu cavalo mais veloz e confiável.
O sorriso de Douglas foi imediato, um reflexo da satisfação que sentiu ao ouvir aquele elogio.
— Entendido, majestade. Faremos tudo o que estiver ao nosso alcance para garantir a segurança da princesa.
Lion assentiu, mas seu semblante permaneceu contemplativo.
— A reunião ainda levará algum tempo para ser organizada. Por isso, quero que use esse período para selecionar pessoalmente os membros da Ponto Escuro que o acompanharão. Escolha com sabedoria, Douglas. Esta missão é mais do que escoltar minha filha; é também uma oportunidade para demonstrarmos ao mundo a competência e lealdade de nossa organização.
Douglas curvou-se ligeiramente, reconhecendo a gravidade de suas palavras.
— Senhor, agora compreendo o que quis dizer sobre a situação atual nos beneficiar.
— Exato. A morte de Richard Ravens — o mais poderoso cavaleiro do continente — vai ressoar em todos os cantos. Qualquer outro evento será praticamente ofuscado por essa notícia. Mesmo que eu aceite mercenários nas fileiras de nosso exército, isso passará despercebido diante de uma perda tão monumental.
Fazia já alguns anos, mas Douglas se lembrava vividamente do dia em que Richard Ravens, o elfo prodígio, pisou na arena do torneio.
Era o palco onde os cavaleiros sagrados de todos os reinos vinham não apenas para provar sua força, mas para gravar seus nomes na história. Aquele torneio, em particular, não era um evento comum; era algo que pulsava com a energia de eras, reunindo heróis e jovens promessas de toda parte do continente.
O espetáculo fora grandioso. Entre os veteranos que carregavam a glória de incontáveis batalhas e os novatos que brilhavam como estrelas ascendentes, o público mal conseguia conter sua excitação.
Cavaleiros renomados, conhecidos por façanhas que desafiavam o próprio destino, retornaram para mais uma vez medir forças. E, entre os novos talentos, um grupo começava a moldar sua lenda. Eles eram seis: Axis, a “Rainha de Gelo”, conhecida por sua serenidade implacável; Dubadur, apelidado de “Gordola”, que usava um chicote como se fosse um brinquedo de criança; Breck, o glamouroso de lâmina ligeira; Flink, que se movia como um raio; Zonu, o defensor inabalável. E, por fim, Richard Ravens, cuja simples presença parecia deslocar o ar ao seu redor.
Mesmo entre aquele grupo de prodígios, Richard era uma anomalia. Ele tinha apenas onze anos. Onze! E, ainda assim, entrou na arena como se fosse seu domínio natural.
Cada golpe seu era perfeito, cada movimento parecia coreografado pelo próprio destino. O público, assistia em silêncio reverente, quebrado apenas pelo rugido da vitória quando o garoto derrubava um oponente após o outro.
Naquele torneio, ele não apenas derrotou seus adversários; ele os esmagou, deixando claro que o talento natural e a determinação inabalável podiam superar até mesmo as barreiras da idade.
Quando ele foi declarado o campeão, o continente o aclamou como o mais poderoso dos cavaleiros sagrados. Até mesmo os humanos, muitas vezes desconfiados dos elfos, não podiam evitar torcer por ele. Era como se, naquele momento, Richard transcendesse sua origem e se tornasse algo maior: um símbolo de força, coragem e potencial ilimitado.
Agora, anos depois, Douglas ainda se via atormentado pela notícia de sua morte. Richard Ravens, o invencível, o prodígio que desafiara todas as probabilidades, estava morto. Assassinato — uma palavra pesada que parecia trair a própria lógica do mundo. Como algo assim poderia acontecer? Ele, que parecia invencível até para os deuses, havia caído de maneira tão abrupta.
Douglas cerrou os punhos, a raiva e a incredulidade queimando como brasas dentro dele. Ainda assim, ele sabia que não havia espaço para lamentações. O destino seguia seu curso cruel, e aceitar aquela realidade era a única escolha.
— A partir de amanhã, a morte de Richard Ravens será conhecida por todo Grão-Vermelho. — disse Lion, rompendo o silêncio com uma voz carregada de gravidade.
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