Índice de Capítulo

    A madrugada ainda estava envolta na escuridão quando o primeiro rugido das explosões cortou o silêncio, anunciando o início do ataque. 

    As forças da Ponto Escuro, bem organizadas em seus grupos, desataram um bombardeio furioso contra a base da Avat. 

    Cada detonação enviava colunas de terra e detritos para o céu, enquanto os arqueiros da linha de frente lançavam uma chuva mortal de flechas contra qualquer figura que se movesse nos destroços.

    O campo de batalha transformou-se em um caos ensurdecedor. O som incessante das explosões misturava-se aos gritos e ordens abafadas. Para os membros da Avat, cada momento era um pesadelo de confusão e desorientação.

    Os soldados da Ponto Escuro agiam com precisão metódica. 

    Um grupo lançava bombas cuidadosamente calculadas contra as defesas inimigas, enquanto outro usava cargas explosivas no solo, procurando revelar os caminhos subterrâneos que levavam ao coração da base. 

    O som das detonações ecoava como trovões soterrados, mascarando o progresso furtivo das tropas.

    Após alguns minutos de destruição controlada, o grupo 4 conseguiu localizar a primeira entrada subterrânea. Bruce, sem perder tempo, organizou suas forças. 

    Parte do grupo permaneceu na superfície para garantir o controle do terreno, enquanto ele liderava a outra metade para dentro do túnel recém-revelado.

    O interior da passagem surpreendeu os soldados. Tochas fixadas nas paredes iluminavam o caminho, revelando um corredor amplo e bem projetado, com espaço suficiente para seis homens caminharem lado a lado.

    As paredes de pedra úmida pareciam ter sido reforçadas com cuidado, sugerindo que a Avat não subestimava a importância de sua base submersa.

    Bruce avançava com passos rápidos, a urgência queimando em seu peito. Apesar disso, havia cautela em seus movimentos. Ele confiava no especialista em armadilhas do grupo, que mantinha os olhos atentos a qualquer irregularidade. No entanto, a pressa prevalecia, e as explosões acima, que sacudiam o teto, eram um lembrete constante do pouco tempo que tinham.

    Ao passar por uma curva estreita, o grupo avistou a primeira resistência: uma barricada improvisada bloqueava o corredor, e homens armados com arcos e lanças aguardavam atrás dela. O inimigo os viu primeiro, e a primeira flecha zuniu pelo ar, obrigando o grupo de Bruce a se cobrir e revidar.

    O combate inicial foi tenso, uma troca feroz de projéteis em meio à poeira e ao tremor incessante causado pelas explosões. Bruce sabia que o tempo não estava a seu favor. Com um gesto firme, ele ordenou que os escudos avançassem, formando uma linha de proteção móvel. Atrás deles, soldados ágeis preparavam-se para saltar sobre a barricada e enfrentar os arqueiros corpo a corpo.

    O plano funcionou. Sob a cobertura dos escudos, os soldados saltaram a barreira e mergulharam na luta. O inimigo foi subjugado com eficiência, e a barricada foi superada. Mas a vitória foi curta.

    Poucos metros à frente, outra barricada surgiu. Dessa vez, o inimigo estava mais preparado. Havia óleo espalhado pelo chão, refletindo as chamas das tochas como um aviso sinistro. Um dos homens da Avat, com um sorriso cruel, ergueu uma tocha acima da cabeça, ameaçando incendiar o caminho caso tentassem avançar.

    Bruce parou, avaliando a situação. O cheiro acre do óleo misturava-se ao ar carregado de poeira e suor. Atrás dele, Shayax estreitou os olhos, claramente ansioso para agir.

    — Não podemos forçar a passagem sem um plano, — murmurou Bruce, mais para si do que para os outros.

    — Um deslize e perderemos mais do que homens, — disse Shayax, ainda atento aos movimentos dos inimigos.

    Os tremores das explosões continuavam a sacudir o chão, fragmentos de pedra e terra caindo das abóbadas do túnel. O grupo sabia que hesitar era arriscado, mas avançar sem cuidado poderia significar uma catástrofe. A tensão crescia, o calor das tochas e o eco das explosões tornando o ambiente ainda mais sufocante.

    — O que fazemos? — Shayax perguntou, sua voz carregada de tensão enquanto os sons de batalha ecoavam ao longe.

    Bruce respirou fundo, observando as chamas que dançavam perigosamente no óleo que bloqueava o caminho. Seu olhar analisava cada centímetro das paredes do túnel, como um predador calculando o próximo movimento.

    — Podemos usar as paredes — ele disse, sua voz firme.

    Shayax ergueu uma sobrancelha, incrédulo. 

    — O quê? Isso é loucura! Não estamos em uma floresta cheia de galhos para nos ajudar!

    Bruce cruzou os braços, o tom desafiador em sua resposta. — Talvez fosse impossível para nós antes. Mas agora temos o fluxo. Com ele, nossas capacidades físicas estão muito além do que costumavam ser. Podemos saltar de parede em parede rápido o suficiente para passar antes que os homens inimigos consigam reagir.

    Shayax hesitou por um momento, seus olhos vasculhando os rostos cansados, mas determinados, de seus homens. Finalmente, ele assentiu. 

    — Vamos tentar.

    Com o plano traçado, Bruce liderou o movimento. Ele ativou o fluxo em seu corpo, sentindo a energia pulsar em seus músculos e nervos como fogo líquido. 

    O primeiro salto o impulsionou para a parede da direita, e, com um impulso poderoso, ele atravessou o espaço em chamas e aterrissou no meio dos inimigos. Atrás dele, os outros guerreiros seguiram, suas manobras acrobáticas formando um espetáculo quase surreal em meio ao caos.

    Os homens que guardavam o local tentaram incendiar o óleo, mas já era tarde demais. Bruce e Shayax estavam sobre eles antes que pudessem reagir. O confronto foi brutal e direto — espadas, adagas e escudos chocando-se em um frenesi mortal. 

    Embora alguns soldados fossem atingidos por flechas durante o trajeto, o grupo avançou sem hesitar.

    Os humanos feridos foram rapidamente levados para a retaguarda, mas os homens-lagartos continuaram. Suas feridas começaram a regenerar antes mesmo de deixarem de sangrar, uma vantagem natural que lhes permitia permanecer na linha de frente por mais tempo.

    Acima deles, o bombardeio finalmente cessou, um silêncio inquietante tomando conta do campo de batalha. Era o sinal de que o ataque terrestre estava prestes a começar, tornando a missão nos túneis ainda mais urgente.

    Avançando com rapidez, eles atravessaram uma abertura e se depararam com um salão vasto, repleto de caixas e barris empilhados. Era um depósito, e logo descobriram que também era uma armadilha. 

    Homens escondidos atrás das caixas emergiram, disparando flechas em um ataque repentino. Outros saltaram com espadas e machados em mãos, iniciando um confronto corpo a corpo.

    — Malditos…! — Bruce rosnou, ao ver cinco de seus homens abatidos no primeiro ataque surpresa. Sua voz era um rugido. — Arqueiros, deem cobertura agora!

    Um humano, com o fluxo ativado, avançou contra Bruce, sua espada brilhando com intensidade mortal. Mas Bruce era mais rápido. Ele desviou com um movimento preciso e cortou a garganta do oponente com um golpe limpo de sua adaga. 

    Outra flecha passou zunindo perto de sua cabeça, mas Bruce reagiu sem perder tempo. Com uma destreza impressionante, ele pegou a adaga pela lâmina e a lançou em direção ao arqueiro que havia disparado. O projétil cravou-se no rosto do homem, que caiu sobre uma pilha de caixas, morto.

    — Temos que acabar com os arqueiros primeiro! — gritou Shayax, desviando de um golpe de machado e contra-atacando com precisão.

    — Concordo. Organizem uma linha com os escudos grandes! Protejam nossos homens e avancem lentamente! — Bruce respondeu, enquanto terminava outro oponente com um golpe preciso na nuca.

    Shayax rapidamente reuniu os soldados com escudos grandes, organizando-os em uma formação defensiva. Os arqueiros inimigos tinham menos chances de acertar, e o avanço tornou-se metódico e implacável. Os homens-lagartos, apesar de feridos, continuavam a lutar, sua regeneração rápida permitindo-lhes permanecer no combate mesmo após ataques críticos.

    Finalmente, quando os escudos estavam próximos o suficiente para desestabilizar os arqueiros inimigos, Shayax deu o sinal. Ele e outros soldados ativaram o fluxo, saltando por cima das proteções e aterrissando como predadores famintos entre os arqueiros. O massacre foi rápido e decisivo.

    A vitória naquele salão era deles, mas Shayax sabia que o tempo era curto. As explosões acima haviam cessado, e o som de marcha pesada ecoava pelos túneis. O ataque terrestre estava começando, e eles precisavam alcançar o coração da base inimiga antes que a próxima onda de resistência surgisse.

    Bruce limpou o sangue da adaga em sua túnica e olhou para Shayax. 

    — Contagem! 

    Shayax olhou rapidamente para os soldados restantes, sua respiração pesada pela exaustão.

    — Ainda temos quarenta homens! — respondeu, firme, mas com uma ponta de preocupação em sua voz.

    Bruce assentiu, um brilho determinado em seus olhos.

    — Serve! Vamos continuar. Aqueles que foram atingidos e não podem avançar serão levados de volta. Quero três homens para escoltar os feridos até a retaguarda!

    Enquanto os soldados feridos eram organizados, Bruce fechou os punhos com força, sentindo o cansaço tomar conta. O fluxo já havia sido ativado duas vezes, e ele sabia que restava pouco antes de seu limite. Usá-lo novamente o deixaria à beira do colapso.

    O grupo avançou com cuidado pelos corredores sombrios. As paredes eram úmidas e carregavam um cheiro pesado de ferrugem e morte. Quando chegaram a outro salão amplo, Bruce ergueu a mão, sinalizando para pararem.

    — Preparem as bombas — ordenou.

    Os soldados rapidamente acenderam os pavios e lançaram as bombas para dentro do salão. As explosões ecoaram como trovões, levantando poeira e o som horripilante de gritos abafados. 

    Quando a poeira começou a se dissipar, o grupo avançou, passando pelos destroços e corpos dos inimigos que haviam sido pegos de surpresa.

    — Isso foi mais fácil do que eu esperava — comentou Shayax, com um suspiro de alívio.

    — Não baixe a guarda — Bruce respondeu, seus olhos atentos ao ambiente.

    De repente, uma voz soou acima deles, carregada de desdém e desprezo.

    — Eita… parece que estamos bem fodidos.

    Todos olharam para cima, onde um homem estava de pé sobre uma pilha de caixas. Ele segurava uma espada com casualidade, mas seus olhos brilhavam com uma ameaça latente. O cabelo azul curto contrastava com sua aparência despreocupada, como se o caos ao redor fosse apenas um jogo para ele.

    — Posso saber como conseguiram localizar nossa base principal? Isso é bem angustiante, sabia? — Sua voz era quase debochada, e o sorriso que carregava não combinava com a gravidade da situação.

    — No alto! Mire e atire! — Bruce ordenou.

    Uma chuva de flechas cortou o ar, mas antes que pudessem atingir o homem, um vendaval súbito as desviou, espalhando-as pelo salão.

    — O que foi isso?! — Shayax perguntou, incrédulo.

    — Magia… — murmurou um dos soldados humanos. — Um feitiço de vento.

    O inimigo riu, um som desprovido de verdadeira alegria.

    — Ah, vocês realmente não sabem brincar, né? Mas já que nossa base foi descoberta, não há mais razão para segredos. É hora de mostrar o que vocês enfrentam!

    Com um movimento rápido, o homem cortou a caixa abaixo de seus pés, partindo-a com facilidade. O som de madeira estilhaçada ecoou, mas, ao mesmo tempo, um rangido metálico reverberou no ar, um som que fez todos os presentes gelarem.

    A caixa quebrou, liberando uma criatura gigantesca. Quando a poeira baixou, eles viram uma figura monstruosa: um troll de pele vermelha, quase seis metros de altura, com músculos enormes e olhos que brilhavam como brasas. Ele rosnava, seu hálito quente e fétido emanando enquanto entortava as barras de ferro que o aprisionavam.

    — Um troll! — gritou um soldado humano, recuando em pânico.

    — Não é apenas um troll… — murmurou outro, sua voz carregada de terror. — É um troll vermelho.

    Bruce franziu a testa.

    — Qual a diferença? Nunca lutei contra um desses!

    — São mais fortes, mais agressivos, e podem usar feitiços de fogo! Como eles conseguiram capturar um desses?!

    O troll rugiu, um som que sacudiu o chão e fez a poeira cair das paredes. Com um salto poderoso, aterrissou no centro do salão, rachando o chão sob seu peso. A criatura olhou para o grupo, saliva pingando de suas presas afiadas.

    — Bruce? — Shayax chamou, seu tom vacilante.

    Bruce rangeu os dentes, sentindo o suor escorrer por sua testa.

    — Recuar! Recuem agora! Não conhecemos o nível do inimigo!

    Mas o comando de Bruce veio tarde demais. O troll avançou em frenesi, agarrando um soldado antes que ele pudesse escapar. Com um movimento brutal, mordeu o torso do homem, deixando apenas as pernas caírem no chão com um som surdo.

    — Droga… Droga! — Bruce murmurou, seus olhos fixos no humano de cabelo azul, que agora se retirava por uma das passagens, acenando com um sorriso sarcástico.

    A batalha apenas começava, e a verdadeira luta pela sobrevivência estava prestes a começar.

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