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    O que Fernando estava dizendo era basicamente que ele iria aplicar para se tornar um Capitão Nomeado e, consequentemente, o Batalhão Zero teria que passar por uma missão de Trucidação!

    Deve-se saber que, normalmente, era impossível ser promovido por meio de aplicações. O meio mais comum era ser nomeado em um evento por meio de conquistas ou por indicação de um superior direto, como havia acabado de acontecer com Lenny.

    Até mesmo aplicar um pedido de promoção era algo raro que pouquíssimas e seletas pessoas tinham as qualificações para tal, sendo possível apenas em tempos de guerra.

    Primeiramente, para que a requisição fosse aceita, seria necessário ser uma Tropa Nomeada, o segundo requisito era ter grandes conquistas em seu nome e o último, era conseguir o apoio de ao menos dois terços do Alto Comando.

    Fernando acreditava que as duas primeiras condições já haviam sido cumpridas. Mesmo que o Batalhão Zero ainda fosse uma tropa ‘jovem’, as conquistas que eles haviam obtido nos últimos meses, os tornavam mais do que dignos para tal. Sua única preocupação era em conseguir o apoio de dois terços do Alto Comando.

    Até então, ele tinha o apoio incondicional de Dimitri e alguma simpatia de alguns outros Generais e Majores. No entanto, a situação atual com o velho General era incerta desde que ele havia dado um ultimato e Fernando sabia que sua relação com Oliver, Zado e alguns outros havia ficado relativamente nublada devido aos últimos acontecimentos. Também haveria a oposição garantida de Herin durante o processo.

    Além disso, ainda havia um requisito secreto sobre o qual o jovem Tenente havia ouvido falar e que sem dúvidas seria usado por aqueles que eram contra ele. Mesmo que não houvesse exigências específicas em relação à força do candidato que estava fazendo a solicitação ou de suas tropas, isso claramente era levado em conta durante a decisão.

    Então caso ele realmente quisesse transformar o Batalhão Zero em uma Brigada, não somente sua própria força deveria aumentar, como a dos seus subordinados.

    “Você tá falando sério sobre isso?” Ilgner perguntou, franzindo a testa. “Não acha que é cedo demais para isso? Nós nem enterramos nossos mortos e você realmente quer se meter em algo assim?”

    O bárbaro loiro havia visto com seus próprios olhos o potencial de Fernando e acreditava firmemente que ele seria alguém importante no futuro. Mas no momento, ele simplesmente não tinha o necessário para se tornar um Capitão. Seja em questão de idade, força ou experiência, ele faltava em todos esses aspectos.

    Ademais, todos estavam exaustos das batalhas recorrentes e perdas de companheiros, enfrentar uma Missão de Trucidação significaria que provavelmente sofreriam ainda mais perdas no processo e mesmo assim não era garantido de que teriam sucesso.

    Ao redor, Theodora, Thom, Anane e muitos outros pareciam pensar o mesmo que o Subtenente.

    “Sim, eu estou certo sobre isso. Eu também acho que é cedo demais… mas não é como se tivéssemos o luxo de esperar.” Fernando respondeu, com um olhar sério. Ele próprio sentia que não tinha o que era necessário para ser um Capitão, mas sabia que isso também não era um impeditivo definitivo, já que ele próprio havia sido nomeado Tenente sem ter a força necessária para o cargo.

    Ele também estava ciente sobre a dificuldade e riscos envolvidos, mas sentia que se não tentassem ficar mais fortes, suas forças seriam lentamente diluídas com o tempo, o que era ainda mais perigoso.

    Mesmo que um Batalhão fosse poderoso, havia um limite do que poderiam fazer e do quão independentes poderiam ser, quase sempre estando subordinados a ordens dos superiores. Mas uma Brigada Nomeada era diferente, a autoridade de um Capitão Nomeado era equivalente a de um Major, possuindo um alto grau de autonomia. Até mesmo Herin pensaria duas vezes antes de tentar mexer com um Capitão Nomeado.

    A sala de reuniões ficou em silêncio total com a afirmação do rapaz, com alguns deles se entreolhando, como se buscassem a opinião uns dos outros.

    A maioria parecia hesitante e alguns pareciam ser contrários a ideia. Eles mal haviam se acostumado a ser um Batalhão e Fernando já queria que eles se tornassem uma Brigada Nomeada? Não importa como vissem isso, essa ideia parecia loucura.

    “Nós sequer temos números suficientes para um Batalhão, como exatamente formaríamos uma Brigada? Isso me parece algo muito precipitado, considerando nossa situação atual.” Noah afirmou.

    Nesse momento, Thom, que não havia falado nada desde a última reunião, levantou a mão.

    “Se é isso que o Chefe quer, nós, como subordinados, temos o dever de apoiá-lo. É isso que sempre fizemos e é o que precisamos continuar a fazer.”

    Lenny, Gabriel, Damon e algumas pessoas mais experientes olharam para o rapaz balançando a cabeça, sentindo que ele era muito inocente. Mesmo que sua devoção quase fanática ao Tenente e ao Batalhão fossem louváveis, isso só era bom até certo ponto.

    “O dever de um subordinado também é apontar erros de seu Líder. Caso contrário seríamos apenas marionetes sem pensamento próprio.” Leo falou, com algum sarcasmo.

    “Uma Missão de Trucidação não é algo simples… Além disso, mesmo que não seja exatamente necessário que você tenha altos Atributos para conseguir uma promoção, sem termos ao menos alguém de nível Capitão, parece improvável que até mesmo a aplicação seja aceita…” Damon disse, com alguma preocupação. Ele havia jurado lealdade ao jovem Tenente, mas nessa situação, era obrigado a concordar com os demais.

    “Isso é simples de resolver.” Fernando falou, com um sorriso confiante em seu rosto. “O Batalhão Zero apenas precisa produzir alguém de nível Capitão até lá.”

    Quando todos os membros na sala ouviram isso, olharam para seu líder com expressões estranhas em seus rostos. Se fosse tão simples criar um Capitão, todos em Avalon não fariam isso o tempo todo?

    Atualmente no Batalhão Zero, as pessoas mais próximas de se tornarem um Capitão eram Theodora, Fernando, Thom e Ilgner, com os três primeiros estando relativamente distantes, mal tendo atingido os Status necessários para a posição de Tenente, então a próxima patente parecia algo incansável num curto espaço de tempo.

    “Eu sei o que estão pensando, mas tenho algumas ideias para resolver esse problema.” O jovem Tenente disse, sua expressão ficando séria. “E se eu dissesse que tenho uma forma de aumentar a força de alguns de vocês num curto espaço de tempo?”

    Ao ouvir as palavras de Fernando, as expressões de Theodora, Ilgner, Thom, Noah, Karol e alguns dos membros originais do Esquadrão Zero mudaram, sabendo sobre o que ele estava se referindo.

    “Tenente, você… realmente está certo sobre isso?” Ilgner perguntou, com uma expressão escura.

    Mesmo que ele soubesse que as pessoas ali eram todas de confiança, esse não era um assunto pequeno. Se algo sobre as Veias de Mana Expandidas vazasse para fora do círculo de pessoas que sabem sobre elas, muito menos o Batalhão Zero, a totalidade dos Leões Dourados poderiam ser implicados. 

    Isso sem levar em conta o efeito oculto das Veias em aprimorar o nível da Compatibilidade de alguém que é usuário de Habilidades. Se algo assim chegasse aos ouvidos das Grandes Legiões, toda Avalon iria à loucura e poderia desencadear uma série de guerras, tanto internas quanto externas, já que as outras raças não ficariam de braços cruzados vendo a Humanidade ganhar vantagem.

    “Eu tenho certeza sobre isso, Subtenente.” O rapaz pálido respondeu diretamente. Anane, Gabriel, Lenny, Damon, e alguns dos outros membros que entraram depois, olharam para os dois homens se encarando, sem entender do que estavam falando. “Eu não vou enganar nenhum de vocês, o método que possuo pode aumentar consideravelmente sua força, mas é extremamente perigoso e vocês podem morrer no processo. Se alguém nessa sala não está disposto a correr esse risco ou não confia em mim o suficiente para isso, peço que saiam agora mesmo e isso inclui os membros mais velhos que ja sabem do que se trata.”

    Todos se entreolharam, em silêncio, mas ninguém se moveu. Vendo que ninguém saiu, Fernando assentiu, então levantou-se.

    “Muito bem, isso é tudo por hora.” O rapaz declarou, indo em direção à porta. “Amanhã a noite daremos início ao plano de ‘ascensão para a Brigada Zero’, se alguém ainda quiser desistir, pode fazer isso até esse momento. Logo mais vocês receberão uma mensagem indicando o horário e local do próximo encontro.”

    Após dizer tudo isso, Fernando apenas saiu, deixando todos no local atordoados. Após deixar a sala de reuniões, o rapaz enviou uma série de mensagens, enquanto andava pelos corredores do prédio. Seu olhar era sério e preocupado.

    Eu preciso fazer isso dar certo, não importa o que aconteça! pensou, decidido.

    Desde Ferman, Argos e Raul, com o último tendo dado-lhe um aviso sobre, Fernando nunca mais havia se atrevido a criar Veias de Mana para outras pessoas. No entanto, mesmo sem testes práticos, ele vinha pensando em formas de aperfeiçoá-las e sabia que essa era a hora de finalmente por suas teorias em prática.

    Inicialmente, ele pensou em levar as coisas com mais calma, mas com Herin o visando e Dimitri ameaçando afastar-se, Fernando sabia que não havia mais tempo para prudência.

    Em pouco tempo o rapaz pálido chegou até os armazéns do subsolo, assim que chegou em frente a uma porta e estava prestes a bater, ela foi subitamente aberta.

    “Estava te esperando.” Uma voz soou de dentro, quando Wedsnagauer apareceu na porta, o encarando. O olhar do velho homem não estava alegre como de costume, mas carrancudo.

    “Professor, eu…” Fernando estava prestes a dizer algo, mas o sujeito o ignorou, virando-se e entrando, tratando-o com frieza.

    Vendo isso, o rapaz pálido ficou um pouco surpreso e confuso, mas logo suspirou, ele não sabia o que estava chateando o Mestre de Runas, mas apesar disso o seguiu, fechando a porta atrás dele.

    Dentro da sala, Alfie Caiman estava distraído, lidando com uma série de Matrizes em cima da bancada, ao redor dele era como se houvesse várias telas de computador e suas mãos, que se moviam com agilidade. No entanto, ao notar a chegada do Tenente, seus movimentos lentamente desaceleraram, até pararem por completo.

    “Eu soube que você havia sido preso novamente. Isso é algum tipo de hobby seu?” O sujeito perguntou.

    Ouvindo a pergunta irônica, Fernando forçou um sorriso.

    “Não é como se eu fizesse de propósito…”

    “Hm, não é o que parece.” Alfie disse, quando voltou a mover suas mãos.

    Esse cara… Apesar de não gostar da forma de falar do sujeito, o jovem Tenente não demonstrou sua insatisfação. Então voltou seu olhar para Wedsnagauer, que havia ido organizar uma série de materiais na outra bancada.

    “Porque o Professor parece irritado?” perguntou, sem entender.

    “Oh, você ainda pergunta?” Alfie Caiman falou, com algum sarcasmo. “Pela segunda vez você foi preso pela sua própria Legião, a mesma Legião a qual você serve e se recusa a abandonar. Como imagina que o doutor se sentiu ao ouvir sobre isso depois de perder tantos discípulos para as Legiões?”

    Ouvindo isso, o rapaz finalmente entendeu do que se tratava. Isso o fez suspirar internamente.

    Não era como se ele fosse leal aos Leões Dourados ou algo assim, mas simplesmente a maior parte das pessoas em quem confiava fora do Batalhão Zero eram parte da Legião. Além disso, sua relação com eles era de total mutualidade, enquanto ele lutava por eles, também estaria recebendo sua proteção e recursos, ao mesmo tempo, em que acumulava dinheiro e poder, que eram fundamentais para sobreviver em Avalon.

    Por mais que não gostasse do sistema de Legiões tanto quanto Wedsnagauer ou Alfie Caiman, sabia que sem a força necessária, reclamar ou se revoltar sobre isso era algo inútil.

    “O que está fazendo?” perguntou, ao olhar para as Matrizes que estavam sendo feito pelo homem, numa tentativa de mudar de assunto. Observando algumas das Runas desenhadas, ele viu algumas como Destruir, Intercalar e Explodir, o que o surpreendeu. “Isso é… Algum tipo de Matriz Ofensiva?” perguntou, chocado.

    Mesmo que ainda não conseguisse entender direito do que se tratava, ele era capaz de identificar as Runas que havia visto antes e analisando o conjunto, sentiu que essa Matriz não tinha uma função de defesa ou outra programação similar, mas algo focado em ataque!

    A pergunta de Fernando fez o sujeito se surpreender, olhando-o novamente com um olhar peculiar.

    “Você já consegue fazer uma leitura de função até esse ponto? Impressionante.” Alfie elogiou, verdadeiramente impressionado. “Mas você fez uma leitura parcialmente equivocada. Não é exatamente uma Matriz Ofensiva, é algo um pouco mais personalizado…”

    Levando em conta que o rapaz mal havia começado os fundamentos de Runas e Matrizes, era anormal que já pudesse compreender algo assim, mesmo que de forma simplória.

    A resposta do homem deixou Fernando confuso.

    Do que ele está falando, afinal?

    Vendo a expressão do rapaz, o sujeito de longa barba negra parou de mover uma das mãos, quando ajustou seus óculos caídos.

    “Você deve ter achado que é alguma Matriz de Ataque devido às Runas de Explosão e Destruição, além da bifurcação que dão ênfase em poder bruto, certo? Mas você não pode se guiar apenas pelo tipo de Runa e as Ligações centrais, mas tem que analisar também as Ligações de Mana como um todo. Um mesmo conjunto de Runas pode assumir diversas funções diferentes a depender da sua finalidade e configuração durante a criação. No caso dessa em específico, ela é chamada de Matriz de Superaquecimento.”

    Fernando ficou impressionado com a explicação.

    “E qual seria o propósito dela?”

    Ouvindo a pergunta, Alfie virou-se para o rapaz, sorrindo.

    “Nós iriamos usa-lá para atacar o Salão da Recepção de Garância.”

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