Capitulo 182 - Nunca saia do meu lado
“Cabo Fernando, isso não é necessário. Todos, eu atesto a veracidade do fato, na noite passada eu mesmo vi os corpos.” Argos disse, interrompendo Fernando.
Os Cabos no local ficaram espantados com a afirmação.
“Mas isso… Como ele eliminou um Pelotão… Teria que ser necessário pelo menos um Subtenente liderando a investida e mesmo assim não seria garantido vitória.” Um dos homens questionou, mas independente do que achassem, não discutiram mais o assunto. Esse era o prestígio que Argos tinha em meio aos outros esquadrões.
A Cabo ainda estava assustada, pois o jovem pálido ainda a observava secamente. Só sentiu conforto quando se colocou mais próxima a Argos.
Fernando se sentiu estranho em relação ao líder do Esquadrão Lazuli, era um homem estranho, hora causava confusão, hora apaziguava a situação. Sentiu quase como se o sujeito estivesse brincando com ele.
Suspirando consigo mesmo, resolveu se retirar, ele só aceitou o convite para não parecer alguém arrogante, sentiu que se continuasse mais alguns segundos ali, acabaria estapeando a mulher.
Antes das 10:00h o Esquadrão Zero partiu da mina, um comboio de civis e prisioneiros seguiram de perto.
“Líder, você vai mesmo deixá-los partir assim? E quanto às ordens de se livrar de todos…” Bianco, o braço direito de Argos falou, seu rosto redondo balançava conforme falava.
“Ordens? Quem se importa com isso.” Argos respondeu, um leve sorriso cruzando seu rosto.
“M-mas ontem você disse…”
“Bianco, eu só queria testá-lo, queria saber que tipo de homem o líder do Esquadrão Zero é.” Argos disse com um rosto meio sério, meio rindo. Mesmo Bianco que o servia a anos não conseguia entendê-lo completamente.
“Você acha que realmente venceram contra um Pelotão… Aqueles corpos…”
“É claro que sim, não há dúvidas. Você não percebeu? Cada um dos soldados dele é tão forte quanto um Cabo comum,”
“O que? Isso é impossível, seria necessário ser tropas de elite para atingir esse nível!” Bianco exclamou, sem acreditar nas palavras de seu líder.
“Quanto ao Fernando, ele é quase tão forte quanto eu. Além disso, sinto que havia alguém mais forte ainda.” Argos completou, com um leve sorriso, seus olhos penetrantes pareciam ver muitas coisas.
“Q-quase tão forte que você? Você fala…”
“Hm, da minha força real, não dá que eu deixo as pessoas saberem.”
Bianco parecia chocado ao ouvir isso.
“Esquadrão Zero, um lugar cheio de surpresas, interessante.”
…
No caminho de volta, os membros do esquadrão mantiveram a guarda, eliminando rapidamente qualquer criatura que atacasse o comboio. Em poucas horas, Vento Amarelo já estava à vista.
Assim que notaram a aproximação de um grande grupo de pessoas, os guardas ficaram atentos.
Quando estavam próximos, Fernando foi a frente, mostrando sua insígnia de Cabo.
“Eu sou o Cabo Fernando Nobrega, líder do Esquadrão Zero.”
O guarda que ouviu isso tinha uma expressão incomum.
“O que está acontecendo Cabo? Por que tantas pessoas estão com você?” O homem perguntou de forma desconfiada.
Fernando então contou calmamente o que houve, como uma guilda mercenária havia atacado e destruído uma das vilas próximas. Então ele os eliminou e salvou essas pessoas,[
Os guardas pareciam não acreditar muito na história do jovem, mas não tinham poder para dizer algo. Logo enviaram uma mensagem à Décima Terceira relatando o acontecido. Surpreendentemente o QG da Décima Terceira autorizou a entrada do jovem Cabo junto a multidão.
Ao ser autorizado a entrar, até mesmo Fernando se surpreendeu com a facilidade. Então guiou o esquadrão e o restante para a Décima Terceira.
Chegando a Guarnição, foi avisado que teria que levar essas pessoas até sua residência e aguardar por ordens lá.
Uma série de olhares acompanhou o Esquadrão Zero e todos que vinham junto. Afinal, era incomum civis adentrarem nas guarnições sem autorização.
“S-senhor Fernando??” August exclamou ao ver a multidão.
“August, prepare um local para essas pessoas ficarem e também estou com alguns prisioneiros, quero pessoas de guarda ao seu lado.” Fernando ordenou.
“Sim senhor, sem problemas.” Apesar da estranheza do comando, August aceitou as ordens e rapidamente começou a guiar os guardas para lidar com a situação.
Fernando e o restante do esquadrão soltaram suspiros de alívio ao voltarem para casa. Apesar de terem retornado e estarem gratos a isso, não havia clima de felicidade, afinal, perderam pessoas novamente.
“Ei, Fernando, tem certeza que está tudo bem me trazer diretamente para cá? Soube que Vento Amarelo é um tanto rígida quanto ao acesso e saída de pessoas.” Ilgner perguntou em tom de dúvidas.
“Não se preocupe, minha professora deve conseguir resolver sua situação. Por hora, escolha uma das residências vagas e descanse.” Logo Fernando mandou que Simon guiasse Ilgner.
Antes haviam três residências vazias, que foram das pessoas que morreram na primeira missão, agora havia mais uma.
Adentrando na mansão, Fernando subiu diretamente para seu quarto junto a Karol. Ambos estavam exaustos e sujos, então entraram juntos no banho.
Embaixo do chuveiro, ele ficou levemente nervoso, afinal, era a primeira vez que tomava banho com ela.
“O que é? Por que essa cara?” Karol perguntou, notando a expressão tímida de Fernando.
“Nada…” respondeu sem jeito.
Vendo isso, ela sorriu, apesar de namorarem a algum tempo e desenvolverem muita intimidade, era difícil mudar completamente em alguns aspectos.
“Lava minhas costas.” Karol disse, entregando uma bucha a Fernando, enquanto lavava o cabelo.
Aceitando a bucha, ele delicadamente começou a esfregá-la em suas costas, desde que seu Físico melhorou, sua força era muita alta, então temia acabar machucando-a acidentalmente. Felizmente, desde que ela consumiu as Poções Fauser, elevando seu próprio Físico ao Nível 11, a diferença havia diminuído consideravelmente.
Enquanto esfregava suas costas, notou o ferimento em seu ombro, mesmo tendo tomado poções de cura, não havia cicatrizado completamente.
Ver aquilo, que a mulher que ele tanto amava havia corrido tal risco, que poderia algum dia não estar mais a sua frente, não podendo mais tocá-la, beijá-la e trocar palavras suaves. Só de pensar nisso, seu coração se apertou, preenchido por uma dor inexistente.
Fernando percebeu que sua força ainda estava longe de ser suficiente, enquanto as pessoas importantes para si pudessem ser tomadas sem que ele pudesse fazer nada, então ele ainda era um fraco.
“E-ei, o que foi?!” Karol exclamou, ao notar Fernando abraçando-a por trás.
“Me desculpe.”
Vendo-o massagear levemente seu ombro ferido, Karol imediatamente entendeu suas preocupações. Entrelaçando sua mão na dele sob o ombro, ela recostou seu rosto.
“Está tudo bem.”
Virando-se contra ele, Karol olhou Fernando nos olhos, notando a melancolia em sua expressão, então inclinou-se, até alcançar seu rosto, pressionando suavemente seus lábios nos dele.
Fernando não esperava por isso, mas rapidamente retribuiu o beijo, pressionando seu corpo no dela e divagando livremente com suas mãos. A sensação suave de toque em sua pele macia, levemente ensaboada, foi subitamente interrompida quando Karol segurou sua mão e parou de beijá-lo.
“Fernando, tem algo que vem me incomodando há algum tempo.” Karol disse, olhando-o seriamente.
“I-isso… O que seria?” perguntou nervosamente, o olhar sério em seu rosto o deixou imediatamente nervoso.
Eu fiz alguma coisa de errada? pensou consigo mesmo.
“Sabe Fernando… Nós estamos juntos a algum tempo, mas você nunca…”
“Eu nunca?”
“Você nunca… Nunca disse que me ama!” Karol falou, suas bochechas ficando levemente vermelhas.
Essa declaração o pegou de surpresa, mas ao pensar com cuidado, percebeu que realmente nunca havia dito de forma direta, mesmo que demonstrasse com ações.
Depois de algum tempo em silêncio, Fernando tocou suavemente seu rosto, vendo Karol envergonhada, ele sorriu consigo mesmo, já que eram raras as ocasiões em que isso acontecia. Então olhou-a nos olhos, por algum motivo seu coração começou a bater forte e sua respiração ficou pesada, então percebeu que em algum momento ele mesmo ficou nervoso.
“Karol, eu te amo!”
Eram apenas algumas palavras, mas carregavam um peso imenso. O coração de Fernando estava acelerado, isso o lembrou da sensação de quando a pediu em namoro.
Karol por sua vez não parecia diferente, sua respiração estava desregulada e seu rosto tão vermelho quanto um pimentão, mas ela pareceu reunir algum ímpeto e fixou seu olhar nos dele.
“Eu também te amo, Fernando!”
Ambos se sentiram tão envergonhados com a situação que mal conseguiam se olhar, era estranho, pois apenas haviam expressado sentimentos que sabiam que tinham um pelo outro, esse era o quão incrível e forte palavras poderiam ser.
Alguns segundos se passaram, Fernando então puxou-a contra si mesmo, quebrando o clima estranho.
“Nunca saia do meu lado.” sussurrou nos ouvidos de Karol, então a beijou profundamente.
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