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    Raul, que em algum momento havia aparecido atrás do Orc Lord, tinha uma expressão decidida e cheia de ímpeto. Apesar de mal ter atingido o nível de um Capitão ao subir no sistema de Habilidades e finalizar o Corpo Tirânico, sabia que tinha força suficiente para ferir a criatura, entretanto a principal questão era conseguir se aproximar.

    Para criar uma oportunidade, ele arriscou a vida de todos, só quando o Orc Lord estivesse convicto de que não eram uma real ameaça o mesmo faria um movimento.

    Barai, que estava prestes a esmagar o mago humano, de repente sentiu algo. Virando levemente o rosto, conseguiu captar pela visão lateral uma figura em seu ponto cego. Ao perceber isso, pela primeira vez desde o início dessa batalha, sentiu um medo real.

    Ao seu ver, todos os humanos, exceto o sujeito que usava magia elétrica, eram meros insetos que ele poderia esmagar a qualquer momento, mas agora, um desses ‘insetos’ havia se aproximado dele sem que sentisse.

    Uma névoa vermelha evaporava da pele de Raul, cada poro, cada pequeno ponto emitia resquícios de mana. Ele havia ativado o Corpo Tirânico em sua máxima capacidade. Sabia que tinha uma única chance, uma única oportunidade, se falhasse, o Orc Lord jamais cometeria o mesmo erro novamente.

    Sentindo a ameaça, Barai moveu seu torso, tentando virar o corpo e defender-se do atacante desconhecido.

    Fernando, que viu toda a cena bem em frente a seus olhos, tinha uma expressão ambígua, há menos de um segundo sentiu que morreria, sem chances de escapar, mas no momento seguinte o Orc Lord o ignorou completamente, focando-se em Raul.

    Você deveria ter me matado quando teve a chance. Fernando pensou, seus olhos demonstrando uma pitada de frieza e seu rosto completamente inexpressivo.

    No momento em que Raul atacou as costas do Orc Lord com sua espada, Fernando moveu-se.

    Ziiii!

    Ambas as espadas em suas mãos vibraram quase que incontrolavelmente, ele havia ativado sua habilidade Vibração. Entretanto seu corpo estava tão exausto da luta prolongada que era difícil controlar, tanto que seus braços doíam tanto que pareciam que iriam quebrar-se em pedaços.

    Apesar disso, de toda a dor e agonia, apertou com força as mandíbulas, ele não poderia hesitar ou fraquejar! Era tudo ou nada!

    Barai torceu o corpo desajeitadamente, tentando virar seu torso e enfrentar seu emboscador, mas Raul parecia preparado. Mesmo com a velocidade e reação absurdos da criatura, já era tarde demais.

    Perfura!

    “Gruuuh!!” Barai grunhiu, seus olhos cheios de descrença ao sentir a lâmina do humano o atravessando. 

    Com seu poderoso corpo, humanos fracos e normais não poderiam causar mais do que arranhões e alguns ferimentos superficiais, mas esse humano, envolto em uma neblina vermelha, havia perfurado sua lâmina em si, atravessando a partir de suas costelas até o peito esquerdo.

    Apesar de ter conseguido atravessar o corpo do Orc Lord com seu ataque surpresa, a expressão de Raul não era de alegria, mas uma expressão de derrota, ele sorriu ironicamente consigo mesmo.

    A lâmina não acertou o coração… pensou, ele havia visto que no último segundo a criatura, percebendo que não poderia evitar o ataque, decisivamente moveu-se, fazendo-o errar o ponto vital. Ele desviou, huh, já era pra mim.

    Como se respondesse aos seus pensamentos, um par de olhos vermelhos furiosos viraram-se contra ele, o olhar era tão penetrante e intimidador que faria qualquer homem normal perder todas as forças e cair no chão, tremendo. Entretanto, no rosto de Raul não havia medo, hesitação ou desamparo, apenas aceitação. Como um guerreiro experiente, sabia que morrer ou viver era algo rotineiro e normal no campo de batalha.

    Mesmo com o Corpo Tirânico ativo, Raul sabia que não conseguiria ser mais veloz ou reagir mais rápido que um Orc Lord, então desistiu completamente de recuar. No lugar disso torceu a espada em suas mãos, arrancando um grunhido furioso da criatura.

    Hahahaha, grava bem meu rosto, seu maldito! Raul gritou mentalmente, com um largo sorriso.

    Bam! Baque!

    Com a palma da sua mão, Barai acertou seu emboscador no tórax, o enviando para longe.

    Raul foi jogado a mais de dez metros de distância, rolando de forma incontrolável pelo chão, esse era o poder de um Orc Lord!

    Barai não parecia satisfeito, seu rosto estava cheio de crueldade, esses humanos, que considerava meros insetos, haviam ousado feri-lo. Seu orgulho e sua honra não permitiriam que ele vivesse com isso caso não os exterminasse naquele dia.

    Movendo seu corpo, ainda com a espada fincada em seu tronco, levantou seu machado, pronto para perseguir o humano que jogou longe.

    Dimitri, que nesse ponto havia se recuperado do choque de antes, viu a cena se desenrolar bem na sua frente, surpreso com a força que Raul demonstrou. 

    Esse merdinha da Décima Terceira atingiu o nível de um Capitão!

    Então o viu ferir o Orc Lord e ser jogado longe. Quando percebeu as intenções da criatura, rapidamente moveu-se, numa tentativa de interceptá-lo. Entretanto, por mais rápido que fosse, já sabia de antemão que não chegaria a tempo. Como um humano que usa magia, era simplesmente impossível se comparar a um Orc em termos de velocidade absoluta.

    Barai, ainda com a espada negra fincada em seu corpo, preparou-se para perseguir seu alvo, porém, quando impulsionou-se para frente, seu corpo caiu desajeitadamente.

    Sem entender o que havia acontecido, tentou se levantar, apenas para perceber um par de cortes na parte de trás de seus calcanhares. Olhando para trás, viu o mago humano, o observando, com um rosto calmo. Em suas mãos, um par de lanças de chamas queimavam furiosamente.

    BOOM! BOOM!

    Fernando lançou duas Lanças de Fogo diretamente nas costas de Barai que estava no chão, por mais que um Orc Lord fosse poderoso, tinha certeza que isso deveria tê-lo ferido.

    Anteriormente, quando a criatura o ignorou e atacou Raul, Fernando havia ativado sua habilidade Vibração, apesar disso, não estava confiante em feri-lo. Mesmo um Orc Líder, que era mais fraco, tinha um corpo tão poderoso, ele duvidava que pudesse causar ferimentos significativos, então teve uma ideia diferente.

    Eu só preciso neutralizar sua mobilidade. pensou.

    Havia uma história na mitologia grega, em que mesmo um guerreiro imbatível, pereceu ao ser atacado em seu ponto fraco, este era conhecido como Aquiles e seu ponto fraco era seu calcanhar. Ou seja, não importa quão forte alguem seja, sempre havera pontos fracos.

    Com essa ideia em mente, usou todas suas forças no exato momento que o Orc Lord virou-se, então cortou para frente com suas duas espadas. Porém, não mirou na cabeça, torso ou qualquer outro ponto vital, o objetivo de Fernando era seus tendões. Por mais poderoso que fosse, com os ligamentos danificados, o Orc estava fadado a se tornar um alvo vivo. Além disso, era uma região fácil de danificar em relação ao restante do corpo.

    Assim como planejado, quando viu o Orc Lord cair, Fernando o bombardeou com duas Lanças de Fogo.

    Dimitri e todos os outros ao redor ficaram chocados com isso.

    GAHHH!” O Orc Lord gritou em agonia, as chamas queimavam sua pele com intensidade. Tentando apagá-la, rolou pelo chão desesperadamente.

    Além disso, duas grandes perfurações estavam em suas costas. Isso somado a espada de Raul, o fizeram perder uma grande quantidade de sangue.

    “Viz!!” (Inseto!) Barai gritou, lançando um olhar enfurecido para o jovem mago.

    Mesmo Fernando ficou estupefato com essa situação, não esperava que sua magia seria tão efetiva.

    Os olhos de Barai estavam vermelhos brilhantes, cheios de uma fúria nunca antes sentida por ele. Com o corpo ainda em chamas, desistiu de apagá-lo e se arrastou em direção a Fernando, ele precisava de vingança!

    Ao ver isso, Fernando virou as costas e correu, correu o máximo que pôde, mas o que o surpreendeu é que mesmo arrastando-se com as mãos, a criatura estava quase o alcançando. O Orc Lord usou seus braços como alavancas, parecia um gorila saltando.

    Porra! Que merda é essa!!

    Correndo desesperadamente por sua vida, Fernando tentou usar seus Passos Tirânicos, mas havia gasto tanto esforço ao usar Vibração anteriormente, que seu corpo ainda espamava hora e outra, logo não conseguia ter controle suficiente para usá-lo.

    Sentindo que o Orc estava prestes a alcançá-lo, preparou-se para virar e tentar lutar.

    Swish! Bzzzt! 

    No exato momento em que virou-se, presenciou uma cena espetacular. Bem acima do Orc Lord, que arrastava-se como um morto vivo, Dimitri surgiu, com sua alabarda em mãos, arcos elétricos permeavam seu corpo.

    Antes que Barai, que estava cego pela fúria, pudesse entender o que estava acontecendo, sua cabeça foi perfurada pela alabarda do Major.

    Sem gritos, sem lamentos, sem sequer conseguir fazer qualquer coisa, foi assim que o mais talentoso Orc Lord do Clã Gazuru pereceu.

    “Isso… O Orc Lord está morto!!” Nina gritou, lágrimas escorrendo de seus olhos.

    “NÓS VENCEMOS!” Túlio gritou, cheio de uma mistura de alegria e pesar pelos companheiros caídos.

    Todos levantaram suas armas, gritando, como se para extravasar toda a excitação que tinham por sobreviver.

    “Não é hora de comemorar, caralho.” Uma voz soou, não muito longe. Era Raul, ele caminhava mancando, todo seu corpo estava cheio de machucados e fraturas.

    Com o alerta de Raul, todos perceberam que a horda de Orcs estava próxima, logo eles estariam cercados.

    Dimitri, que tinha sua alabarda fixa na cabeça do Orc, tinha uma expressão calma. Apesar disso, sua mente estava cheia de pensamentos complicados.

    Inicialmente ele estava confiante em vencer, contanto que tivesse tempo suficiente, mas com o talento que o inimigo havia mostrado na última troca de golpes, entendeu que não conseguiria matá-lo mesmo numa batalha de desgaste.

    Levantando seu rosto, olhou para o jovem pálido que estava parado empunhando suas espadas. Era um rosto familiar, um jovem que ele pessoalmente puniu na primeira vez em que se viram, depois, premiou na segunda. Agora, na terceira, o garoto havia o ajudado a derrotar um inimigo tão poderoso.

    Se ele dissesse que teve a ajuda de um mero Oficial numa batalha contra um Orc Lord, todos iriam chamá-lo de maluco, mas bem ali, diante dele, isso havia realmente acontecido.

    Depois de dar uma última olhada em direção a Fernando, que retribuiu com um olhar calmo e impassível, Dimitri olhou para a horda que se aproximava. Então olhou para o ‘grupo suicida’ que o ajudou, todos pareciam não saber o que fazer.

    “Levantem suas armas seus molengas, hora de derramar algum sangue! Ou saímos daqui hoje com vida, ou pelo menos vamos arrastar o máximo desses bostas pra cova com a gente!”

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