Capítulo 218 - Tão natural

Todos no local ficaram perplexos com a cena, uma Subtenente foi dominada e capturada por um simples Oficial. Sejam aliados, ou inimigos, ninguém acreditou a primeiro momento, mas logo um dos representantes agiu.

Com o comando de Fernando de “Matem todos” ele imediatamente entendeu, eles precisavam acabar com todos os soldados rasos e impedir que a notícia se espalhasse.

“Ataquem!”

Com um dos homens avançando, logo outros seguiram atrás.

“Hah!”

Ting!

Swish!

O grupo de cerca de quarenta soldados foi pego de surpresa, sem a Subtenente os liderando, eles foram rapidamente mortos, um a um, afinal estavam lidando com um grupo de Oficiais, cada uma dessas pessoas eram líderes de cem homens, pessoas que subiram com sua força até uma patente que estava acima de muitos.

Nina Baumer avançou com duas espadas curtas, cada uma tinha um turbilhão de vento girando freneticamente.

Blac!

“Ah!!”

Assim que um dos homens tentou se defender do ataque, foi simplesmente destroçado pelos ventos furiosos em torno das lâminas, sem parar a mulher avançou, cortando inimigo após inimigo.

Vendo isso, Fernando levantou uma sobrancelha.

Magia de vento, assim como do Capitão Viktor. 

Tirando magia de fogo e a rara magia sonora de Kelly, Fernando teve pouco contato com magias de outros elementos, então para ele era interessante ver algo assim de perto. Não só isso, mas a força geral de Nina também era surpreendente.

Em poucos momentos, a confusão barulhenta e sangrenta se dissipou, apenas algumas guardas femininas ainda resistiam bravamente, sua força era de pelo menos nível Cabo, mas foram rapidamente mortas pelos representantes.

A Subtenente que foi capturada por Fernando, tinha um rosto pálido, sem acreditar no que estava vendo. Não só ela tinha tido sua mão decepada, como foi feita de refém e teve sua unidade exterminada, ela havia falhado completamente em sua missão.

Amarrando firmemente os braços da mulher, Fernando tinha um rosto indiferente diante de toda a matança. Depois de se certificar que a Subtenente estava presa, ele rapidamente se abaixou, pegou a mão decepada no chão e arrancou sua Pulseira de Armazenamento.

A mulher tinha olhos vermelhos de raiva, não só o jovem diante dela arrancou sua mão, como estava até mesmo saqueando suas posses na sua frente.

Enquanto os representantes se recuperavam do choque da batalha, ainda estavam confusos sobre o que fazer, afinal estavam em meio a território inimigo, mesmo que tivessem ganho dessa vez, era apenas uma questão de tempo até serem cercados, mortos ou capturados.

Vendo que os outros fizeram uma pausa e não estavam fazendo nada quanto aos corpos no chão, Fernando rapidamente se abaixou e começou a habilmente coletar as Pulseiras de Armazenamento e quaisquer coisas que achasse valioso.

Ao ver o jovem que derrotou a mulher de nível Subtenente se arrastando em meio aos corpos e os despojando, muitos tinham expressões escuras, cheios de nojo e raiva. Eles nem sabiam se viveriam por mais algumas horas, qual era o sentido em ser ganancioso?

“O que você está fazendo? Pare com isso, está envergonhando nossa Décima Terceira!” Nina gritou, enfurecida, o olhar dos outros pareciam pinicar em sua nuca.

Olhando de soslaio, só então Fernando notou todos o observando com expressões estranhas, ele percebeu que suas ações pareciam incomodá-los. Depois de lutar contra inimigos e sempre saquear seus corpos, já havia virado algo natural para si.

Apesar de levemente envergonhado, não interrompeu suas ações, cada Pulseira de Armazenamento poderia conter dinheiro e outros itens úteis, por que ele deveria deixar todos esses tesouros no chão? Apenas por vergonha? Ele não era o tipo que se importava com a opinião dos outros a esse ponto. Além disso, muito da sua força pessoal e de seu grupo veio dos saques.

Nina Baumer estava tão vermelha quanto um pimentão, se não fosse o fato de Fernando ter salvo a todos, ela já teria pulado em seu pescoço.

“Huh! Ignore-o, temos que pensar sobre o que fazer agora.” Um dos homens disse, tomando a frente. Era um Oficial da Primeira Guarnição, além da Décima Terceira, as tropas da Primeira Guarnição eram consideradas as mais poderosas e talentosas de Vento Amarelo, então as palavras do sujeito rapidamente chamaram a atenção.

“Devemos usar a mulher de refém, só assim vão nos deixar sair da cidade.” Um dos homens sugeriu.

Essa era a ideia que muitos deles tinham em mente, então rapidamente concordaram.

A Subtenente que estava no chão tinha uma expressão de pânico, mas internamente estava rindo.

Me usar de refém? Só nos seus sonhos, vocês todos vão morrer aqui.

Vendo que todos concordaram com a ideia, o sujeito deu um passo à frente.

“Muito bem, já que todos concordaram, vamos seguir com o pla-” Assim que o homem estava prestes a concluir sua fala, foi subitamente interrompido.

“Que ideia idiota.”

Todos voltaram sua atenção para o jovem pálido do Décimo Terceiro Batalhão que terminara de recolher tudo que achou interessante. O Oficial do primeiro Batalhão tinha um rosto escuro, ele estava prestes a decidir as coisas quando foi indiretamente chamado de idiota.

“Idiota? O que você quer dizer com isso?! Nós estamos bem no meio de uma cidade hostil, temos apenas vinte e seis de nós aqui, que outra alternativa temos se não negociar? Não foi por isso que você capturou aquela mulher?” O homem indagou, numa mistura de confusão e raiva.

Fernando caminhou por entre os corpos com um rosto calmo e indiferente, os olhares questionadores dos outros Oficiais não o intimidaram, as próximas ações do grupo determinariam se viveriam ou morreriam, ele não podia deixá-los tomar uma decisão que considerava tola.

“Vocês não acham estranho? Uma Legião com a qual não temos qualquer inimizade nos atrair para uma armadilha? O que a Legião Pantera tem a ganhar transformando os Leões Dourados em inimigos?” O jovem pálido em armadura negra disse, mantendo uma expressão calma, mesmo sob essa situação extrema.

“O motivo realmente importa? O que importa é sairmos daqui!” Um dos homens disse, nervoso pelo jovem fazê-los perder tempo. Se não fosse o fato do mesmo ter de alguma forma capturado a Subtenente, eles nem dariam-lhe atenção.

Fernando olhou para o sujeito como se ele fosse retardado, perguntando-se como alguem com esse nivel de inteligência teria virado um Oficial.

“Se eles ousaram armar essa armadilha e nos fazer de inimigos, você realmente acha que vão trocar uma mera Subtenente por nossa liberdade?”

Ao ouvir essas palavras, todos tiveram uma leve mudança de expressão, ao pensar com cuidado, fazia sentido.

“Você, nos diga, qual o objetivo da sua legião? Dessa cidade?” O homem do Primeiro Batalhão disse, com um rosto severo.

“Hahaha! Como se eu fosse dizer algo! Me matem de uma vez!” A mulher gritou, mesmo estando amarrada, emanava uma aura perigosa.

Muitos olharam para o jovem pálido com rostos curiosos, perguntando-se como um Oficial venceu um Subtenente, isso era simplesmente algo muito anormal!

“Não vai falar, é? Vamos ver!” Nina Baumer gritou, saltando sobre a mulher.

Swish!

Sem um pingo de misericórdia, cravou duas adagas nas pernas da mulher, fazendo-a gritar brevemente.

“Fale!”

“Pro inferno!” A mulher retrucou.

A expressão de Nina escureceu, então tornou a causar ferimentos no corpo da Subtenente, mas apesar dos gritos de agonia, a mesma não cedeu.

Alguns dos Oficiais eram contrários a esse tipo de prática de tortura, principalmente os que recem ascenderam ao cargo, mas devido a situação, não se atreveram a demonstrar seu descontentamento.

Caminhando calmamente em direção às duas mulheres no chão, Fernando parou a poucos passos.

“Saia.” disse, com uma expressão fria.

“O que?” Nina perguntou, ela estava fazendo seu melhor tentando conseguir informações.

Quem esse merda pensa que é?

“Saia.” Fernando repetiu, dessa vez com um olhar frio, focado diretamente em seus olhos.

Nina estremeceu por um segundo, principalmente ao lembrar como o rapaz cortou a mão de alguém de nível Subtenente. Mesmo que a contragosto, levantou-se e se afastou.

Esse cara… Droga! Ele parece ser um usuário de Habilidades, só assim para atingir aquela velocidade monstruosa, será que além da Bruxa, o Urso Tirânico também era seu mentor? Nina pensou, tentando decifrar esse jovem à sua frente.

“É sua última chance, eu não me responsabilizo pelo que vai acontecer com você se não disser o que precisamos.” Fernando disse, com uma expressão fria e indiferente.

“Hahaha, me cortem! Me perfurem! Me decepem! Eu jamais trairei as Panteras!”

Ouvindo isso, a expressão de Fernando mudou. De certo modo ele simpatizou com a mulher, afinal, era raro alguém ter tal integridade perante a morte, mesmo que fossem inimigos, sentiu-se culpado. Não pela morte dela, mas pela ação que tomaria a seguir.

“Me desculpe.” Com um movimento de sua mão direita, um anel vermelho brilhou em seu dedo, sugando a mulher para dentro. Todos ficaram estupefatos com a cena.